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Qual o Futuro da Terra?

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Qual o Futuro da Terra?


O que acontecerá à Terra quando o Sol morrer? Esta é uma das perguntas que atormentam os astrónomos desde tempos imemoriais. A descoberta de um planeta em torno da estrela V 391 Pegasi poderá trazer alguma luz sobre esse problema.

O Sol vive pacatamente o seu dia-a-dia produzindo energia através da fusão de Hidrogénio em Hélio no seu núcleo. No entanto, daqui a 5 mil milhões de anos, esse Hidrogénio irá acabar e o Sol irá entrar na sua velhice. Com um núcleo quase exclusivamente composto por Hélio, a fusão deixará de ser possível e o Sol irá encolher, comprimindo o gás no seu centro. O aumento da temperatura que resultará dessa compressão fará com que as camadas imediatamente acima do núcleo iniciem a fusão do Hidrogénio em Hélio. Essa fusão irá aquecer ainda mais o núcleo até este atingir a temperatura necessária para produzir energia a partir da fusão do Hélio. Simultaneamente, o envelope da nossa estrela irá inchar como um balão, engolindo os planetas Mercúrio, Vénus e possivelmente a Terra. Nessa fase o Sol será uma gigante vermelha. Durante o período que se seguirá à fase de Gigante Vermelha, o Sol irá expelir uma grande parte da sua massa para longe, ficando praticamente reduzido ao seu núcleo. O núcleo arrefecerá então lentamente, dando origem a uma anã branca.

Mas o que acontecerá à Terra nessa altura? Para respondermos a essa pergunta temos de olhar para outros cantos do Universo. Com cerca de 0,9 vezes a massa do Sol, V 391 Pegasi era uma estrela do tipo solar que, ao fim de 10 mil milhões de anos, ficou sem combustível. Entrando na sua velhice, passou pela fase de gigante vermelha, expelindo as suas camadas exteriores e engolindo o que estava na sua vizinhança.

Ao analisar a luz desta estrela, uma equipa internacional de 23 astrónomos descobriu que em redor da mesma orbita um planeta que terá sobrevivido à fase de gigante vermelha. Esse planeta, chamado de V 391 Pegasi b (o "b" indica que é um objecto secundário do sistema), é um gigante gasoso com 3 vezes a massa de Júpiter e orbita a estrela a uma distância de cerca de 1,7 unidades astronómicas (distância média da Terra ao Sol - aproximadamente 150 milhões de km) em aproximadamente 3,2 anos. Apesar de estar mais longe da estrela do que a Terra está do Sol, como V 391 Pegasi tem uma temperatura de cerca de 30 000 ºC à superfície, o planeta será muito mais quente do que a Terra: cerca de 200º C à superfície! Com 10 mil milhões de anos de idade, este deverá ser o planeta mais antigo que se conhece.

O objectivo desta equipa de investigação não era a descoberta de planetas extra-solares, mas o estudo da variabilidade de V 931 Pegasi, uma estrela variável com um período de cerca de 6 minutos. Ao analisarem irregularidades no período da estrela, os astrónomos desconfiaram que estas pudessem dever-se à presença de um planeta. Verificaram que o máximo de intensidade da luz da estrela chegava aos telescópios terrestres atrasado, ou adiantado, cerca de 5 segundos em relação ao momento esperado. Essa diferença sugere que a estrela está a mover-se de forma periódica, levando a sua luz cerca de 5 segundos a mais, ou a menos, a cobrir a distância que a separa de nós. Após 7 anos de análise detalhada da luz, a equipa concluiu que a diferença observada ficava a dever-se a um planeta com as características acima descritas.

Uma vez que já se conhecem mais de 200 planetas extra-solares, a descoberta do V 391 Pegasi b não é inesperada. Na realidade, hoje pensa-se que cerca de 5% de todas a estrelas terão planetas orbitando em seu redor. O mais interessante nesta descoberta é o facto deste planeta ter sobrevivido à fase de gigante vermelha da sua estrela. Isso permite levantar um pouco do véu sobre o futuro da Terra.

Esta descoberta mostra que é possível que a Terra venha a sobreviver à fase de gigante vermelha que o Sol atravessará daqui por 5 mil milhões de anos. No entanto, mesmo que isso aconteça, o nosso belo planeta tornar-se-á totalmente inabitável. Por essa altura os oceanos ter-se-ão evaporado totalmente e a atmosfera terá sido completamente varrida para ao espaço. Tudo isso acontecerá antes do Sol atingir as suas dimensões máximas. Se não for engolida pelo Sol, ou cair para ele, a Terra será fustigada pela matéria expelida pelo mesmo, tornando-se numa rocha inóspita e abrasadora.

No entanto, ainda não se tem a certeza do que irá acontecer: Roberto Silvotti (INAF-Osservatorio Astronomico di Capodimonte), um dos membros da equipa afirma: "De certeza que esta descoberta levará outras pessoas a procurar sistemas semelhantes, pelo que daqui a alguns anos teremos muitas restrições aos modelos actuais, [...] Nessa altura, será possível desenvolvermos modelos relativamente bons sobre o que acontece aos planetas em geral durante a fase de gigante vermelha. Assim sendo, podemos acabar por saber o que vai acontecer à Terra" .

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Abraço
 
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