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Estratégia climática divide países ricos

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Estratégia climática divide países ricos


A mudança do clima será um dos factores dos conflitos no século XXI, mas a sua ligação com a emissão de gases com efeito de estufa é, só por si, motivo de discussões. George W. Bush opôs-se à ratificação do Protocolo de Quioto, de 1997, e resiste às pressões europeias para cortes voluntários. Os EUA são o país decisivo e qualquer avanço dependerá do seu próximo presidente.

A UE lidera as reduções a nível mundial, pois concordou em fazer, até 2020, cortes substanciais, primeiro 8% abaixo dos níveis de 1990, depois 20%. Isto possui custos elevados e em Março alguns Estados membros afirmaram ter dúvidas. Entretanto, esta semana, Bush, num gesto criticado no Congresso dominado pelos democratas, anunciou uma proposta voluntária sobre as emissões dos EUA: paragem da subida, até 2025.

O Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas afirma que isto não chegará, pois para impedir o aumento da temperatura no planeta terá de haver uma paragem na subida das emissões antes de 2015. Esta organização da ONU divulgou nova estimativa sobre o nível dos oceanos e as perspectivas não são optimistas. Até ao fim do século, o mar pode subir 150 centímetros. Só um metro seria suficiente para deslocar mais de 7o milhões de chineses e 10% da população vietnamita. O Bangladesh, um dos países com maior densidade populacional, perderia um terço do seu território. A alteração dos padrões climáticos pode provocar secas extremas, inundações, fomes localizadas, deslocações maciças de população. Se a camada de gelo do Árctico derreter, haverá consequências geoestratégicas. E a falta de água ou comida agravará conflitos existentes.

Isto torna estranho o passo lento das negociações multilaterais. O Protocolo de Quioto produziu as maiores esperanças, foi ratificado por 175 países e entrou em vigor em 2005, com objectivos definidos até 2012. Mas estes estão distantes, o que dá um argumento à administração Bush, segundo a qual as metas são irrealistas. A outra crítica contesta o facto dos objectivos não serem obrigatórios para países em desenvolvimento, cujas emissões continuam a aumentar. A China, por exemplo, entre 1990 e 2004, aumentou as emissões de dióxido de carbono em 47%. Mas são os EUA o maior produtor deste gás.

A sequência da negociação internacional deverá ter o mesmo passo lento de Quito. Em 2007, em Bali, foi aceite um calendário para a negociação sobre pós-Quioto - a negociação das regras nas emissões de gases com efeito de estufa após 2012. Mas países com taxas de crescimento elevadas (China e Índia) dificilmente aceitarão cortes nas suas emissões. A cimeira de Copenhaga, em 2009, pode ser importante, mas os avanços dependerão do próximo Presidente dos EUA. Um democrata na Casa Branca irá querer avançar com a questão. Mas a redução de emissões é mais fácil quando a economia cresce e a próxima administração irá começar o mandato com uma recessão económica.|


LUÍS NAVES
DN
 
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