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Lendas de Portugal

Satpa

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A Lenda Do Milagre Da NazarÉ

A LENDA DO MILAGRE DA NAZARÉ

Creio que toda a gente conhece a lenda do milagre do Sítio da Nazaré, na qual D. Fuas Roupinho escapou por pouco às teias do Diabo, que o tentou sob a forma de um veado.

Mas antes de recordarmos essa velha história vamos conhecer um pouco mais da figura desse semi-herói do tempo do primeiro rei de Portugal.

D. Fuas Roupinho era um guerreiro de nobre ascendência, companheiro indómito de Afonso Henriques.

Diz a lenda que era seu meio-irmão, mas na verdade foi aio de um filho bastardo do velho conde D. Henrique, D. Pedro Afonso, este sim meio-irmão e companheiro de armas de Afonso Henriques.

Em 1179, D. Fuas era alcaide-mor de Coimbra. Certo dia, encontrava-se ele no Castelo de Leiria, vieram trazer-lhe a notícia de que se encontrava na Alcáçova de Porto de Mós o rei mouro de Mérida, Gamir, que, como era seu costume, repousava das batalhas naquela região sobre todas preferida pelas belezas naturais.

O cristão pensou que aquela era uma oportunidade única de livrar a Península de mais alguns muçulmanos, já que nessa altura tinha consigo um grupo de guerreiros suficientemente forte e coeso para cair sobre os infiéis.

Assim, mandou os charameleiros, tocarem a reunir e algum tempo depois tinha reunidos no terreiro do Castelo de Leiria todos os cavaleiros que minutos antes andavam espalhados pela vila.

Era um burburinho no terreiro. Os ginetes de guerra escoiceavam impacientes, batendo com os cascos na terra seca e solta, obrigando os condéis a prodígios de força e equilíbrio para os segurarem.

Os cavaleiros, reunidos em trono de D. Fuas Roupinho, acompanhados pelos seus criados, combinavam a táctica da surtida. Era um grupo ricamente colorido com os seus briais de cores vivas onde se viam as armas de suas casas, por debaixo dos quais brilhavam as cotas de malha.

De capacete debaixo do braço e com as espadas e punhais prontas a utilizar, discutiam acaloradamente o melhor caminho a tomar para Porto de Mós de modo a não serem avistados pelas vigias mouras.

Por fim, montaram precipitadamente e a hoste saiu de Leiria num trote alegre e descuidado, parecendo querer desmentir a sanha guerreira com que viriam a atacar Gamir e a sua gente.

Destes, uns passeavam despreocupadamente pelos campos em redor de Porto de Mós e os outros descansavam na Alcáçova. Nem uns nem outros deram pela chegada dos cristãos, e, apesar de serem muito mais numerosos do que a hoste de D. Fuas, foram derrotados e chacinados, quase sem terem tido oportunidade de se defender.

Os mouros sobreviventes foram levados como prisioneiros para Coimbra, onde o alcaide-mor os entregou a D. Afonso Henriques. E, como recompensa, o Rei deu a D. Fuas a alcaidaria de Porto de Mós.

Em seguida, D, Fuas Roupinho dirigiu-se a Lisboa incumbido pelo Rei de organizar, juntamente com os homens-bons da cidade, uma armada que fizesse frente aos mouros que na costa faziam corso e impediam a pesca e o tráfego comercial. Já bem intenso nessa época.

Os portugueses de então não tinham grande prática da faina marítima, mas, utilizando os conhecimentos náuticos dos pescadores e a coragem e audácia natural dos guerreiros, foi-lhes possível vencer os piratas mouros.

Esta batalha deu-se junto ao cabo Espichel e os vencedores trouxeram apresados vários navios que, segundo conta a lenda, lhes possibilitaram a surtida seguinte, até Ceuta. Aí surpreenderam os mouros, que novamente sofreram muitas baixas e perderam um grande número de navios, uns porque foram afundados, outros porque vieram para o reino.

Conta-se que, depois destas batalhas, D. Fuas Roupinho foi para Porto de Mós repousar e praticar a dua distracção favorita: a montaria.

Diz a nossa história que tudo se passou no dia 14 de Setembro de 1182. D. Fuas saíra com os companheiros para a mata do Sítio. Levavam lanças e bestas, os seus olifantes ou buzinas de caça e iam vestidos mais levemente do que quando partiram para a guerra.

Sobre as túnicas curtas tinham colocado uma capa que esvoaçava quando galopavam e em substituição da loriga tinham coberto os cabelos com gorros de pele.

Lentamente, embrenharam-se nos caminhos da mata, olhando à volta com atenção para descortinarem entre o arvoredo as hastes de um veado ou rastos de lebres e javalis. Estava um nevoeiro espesso e D. Fuas acabou por perder-se dos companheiros.

De repente, viu um veado enorme, de porte real, que parecia desafiá-lo, e esporeou a montanha para não perder aquela oportunidade. O veado deixou que o cavaleiro se aproximasse audaciosamente e lançou-se em louca correria em direcção à beira do penhasco rochoso.

D. Fuas, que galopava meio cego de entusiasmo, não reparou onde se encontrava senão quando viu o veado atirar-se no abismo. Tentou sopear o cavalo, mas a velocidade era tal que nenhuma força humana o conseguiria parar.

Num segundo, o cavaleiro anteviu as consequências e insensivelmente invocou a Senhora da Nazaré que, de imediato, surgiu no céu, frente à montada. O cavalo estacou imediatamente, fincando com tanto desespero os cascos traseiros na rocha, que ainda hoje existe.

No fundo do precipício, nas rochas frente ao mar, o veado estatelou-se e desfez-se em fumo negro: era o Diabo a tentar o cavaleiro.

Em agradecimento deste miraculoso salvamento, D. Fuas mandou construir a capela da Memória, ali, junto à lapa onde fora encontrada a imagem da Senhora da Nazaré, no mesmo sítio onde o seu cavalo estacara.

Dois anos mais tarde, D. Fuas morreu, não em perseguição de demónios com corpo de veado, mas dando luta aos mouros com a sua armada de vinte e dois navios, nas costas de Ceuta.


Retirado do livro “Lendas Portuguesas” Investigação, Recolha e textos de Fernanda Frazão, Amigos do Livro, Editores, LDA.
 

Satpa

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O Milagre Das Rosas

O MILAGRE DAS ROSAS

Isabel de Aragão foi, e é ainda, a mais popular rainha de Portugal.

A mulher d'el-rei D. Dinis é talvez muito mais conhecida como Rainha Santa Isabel, santa de muitos altares por esse país fora, lendária pelos seus prodígios que o povo lhe atribui, entre os quais o célebre milagre das rosas.

Com doze anos apenas, veio ela para Portugal, tendo casado em Trancoso com D. Dinis, que muito a amou então.

Trazia consigo a fama de excepcionais virtudes que a natureza acrescentara aos dotes físicos de uma beleza pouco vulgar, calma e equilibrada.

Tão maravilhado ficou o rei-poeta que logo lhe fez tantas doações de senhorios de terras como nenhuma outra rainha portuguesa até então possuíra.

Uma antiga Relação descreve do seguinte modo a benemerência desta mulher sem par:

«Mandava Isabel vestir os farrapos que avistava, visitava os enfermos ulcerosos, punha sem repugnância as mãos sobre as cabeças dos doentes e fazia-os tratar pelos seus médicos e enfermeiros. Distribuía, nos dias solenes do ano, numerosos socorros pelos domicílios às pessoas necessitadas e a muitos mosteiros, tanto do reino como estrangeiros. Os seus haveres entravam sempre, em quantidade maior ou menor, para todas as edificações eclesiásticas e, algumas vezes, para as de utilidade geral, como fontes, pontes e caminhos.(...) Deleitava-se em compor as frequentes discórdias entre as casas nobres; procurava por todos os modos proteger as donzelas e viúvas, para que a miséria as não lançasse na perdição. Os seus costumes eram, em tudo, modestos, humildes e castos.»

Porém, esta mulher, que toda a vida tentou distribuir e dar amor, não foi feliz.

Bem depressa D. Dinis a trocou por várias outras mulheres, de quem tinha filhos que trazia para a corte. Quase esquecida pelo marido, Isabel procurou manter, sempre, uma serenidade exemplar e tratou, frequentemente, de apaziguar os ódios e lutas que as intrigas palacianas acendiam no filho, o futuro rei Afonso IV, e no próprio Rei, como de resto é bem conhecido.

O célebre milagre das rosas aconteceu numa época em que D. Dinis decidira pôr cobro àquilo que dizia ser um esbanjamento do tesouro público, por sua mulher.

Segundo conta a lenda, tão querida do nosso povo, passou-se o caso como vou contar:

Foi D. Dinis avisado por um homem do Paço que no dia seguinte, contrariando as ordens reais, sairia Isabel com ouro e prata para distribuir pelos pobres.

Exaltado, D. Dinis resolveu imediatamente que ao outro dia iria surpreender a Rainha quando ela fosse a sair com o carregamento de esmolas.

Na manhã seguinte, uma gélida manhã de sol de Janeiro, estava D. Isabel com as aias no jardim, trazendo a ponta do manto recolhida e plena de moedas, quando lhe surgiu el-Rei fingindo-se encontrado.

Empalideceu a Rainha, conhecendo como conhecia os acessos do marido, receosa do que diria se descobrisse o dinheiro que trazia.

Saudaram-se, contudo, cortesmente e D. Dinis perguntou:
- Onde ides, senhora, tão pela manhã?
- Armar os altares do Convento de Santa Cruz, meu senhor!
- E que levais no regaço, minha rainha?
Houve um instante de hesitações antes que a Rainha respondesse:
- São rosas, real senhor!
- Rosas, senhora rainha? - gritou encolerizado D. Dinis. - Rosas, em Janeiro?! Quereis, sem dúvida, enganar-me!
Digna e muito muito lentamente, largando a ponta do manto, respondeu Isabel:
- Senhor, não mente uma Rainha de Portugal!
E todos viram cair-lhe do manto, do local onde sabiam só haver moedas, uma chuva belíssima de rosas, brancas, ímpares.


Retirado do livro "Lendas Portuguesas" dos Amigos do Livro, Editores, LDA.
 

Satpa

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O Monstro De Aljubarrota

O MONSTRO DE ALJUBARROTA

Há muito que os dois exércitos estavam frente a frente, sem que se decidissem a iniciar o ataque. O meio-dia tinha passado sobre o campo há muitas horas atrás. Os castelhanos eram muito superiores em número e contudo mantinham-se à torreira do sol, dentro de armaduras de ferro que mais pareciam fornalhas infernais, sem darem um passo, sem fazerem um gesto.

Perguntar-se-á como é possível que 22 000 combatentes sejam capazes de esperar quase um dia inteiro de Verão frente a cerca de 7000 adversários, tão cansados de esperar quanto eles, tão cheios de sede e de calor. Assim aconteceu, porém, nesta batalha memorável, nos campos de Aljubarrota, no dia 14 de Agosto de 1385.

Conta a lenda que os invasores hesitavam em atacar por sentirem da parte do exército português uma serenidade quase sobrenatural. E, contudo, do outro lado, os portugueses sentiam a mesma expectativa que antecede a batalha, a mesma sede que os castelhanos, o mesmo calor infernal que os invasores, o mesmo pânico interior.

Há horas, pois, que os dois exércitos estavam frente a frente, à espera de ordens para atacar.

Passariam cinco horas depois do meio-dia quando os invasores se decidiram a atacar, depois de um imenso estrondo que transtornou de medo os combatentes de ambas as partes.

Feria-se dura a batalha. Os portugueses, entrincheirados nas suas posições, defendiam com denodo ante as cometidas furiosas dos castelhanos. Apesar da sua superioridade numérica, estes não conseguiram desfazer o quadrado que as gentes de D. João I havia formado no terreno, e o desespero começava a nascer no coração dos invasores.

Diz-se que entretanto os castelhanos souberam que andava por entre as fragosidades do terreno uma fera horrorosa, um monstro infernal. Mandaram um grupo de homens procurá-la e trazê-la à tenda do Rei de Castela.

Nesse grupo de homens que partiu em busca do monstro dos infernos ia o famoso bruxo de Castela, lá das bandas de Toledo, para que com os seus sortilégios e conhecimentos diabólicos pudesse convencer ou compelir a fera a auxiliar o seu exército.

Assim que o monstro foi achado no campo, o bruxo de Toledo fez sobre ele sinais cabalísticos, rezou em surdina misteriosos abracadabras e o bicho tornou-se num cordeirinho manso.

Levado à tenda do Rei de Castela, combinaram então com ele o modo como assustaria o inimigo, do outro lado do campo, e puseram-no em liberdade, depois de o bruxo o livrar da sua influência, invertendo os sinais que antes fizera e proferindo os abracadabras no sentido contrário.

Largaram a fera à frente do exército castelhano para que esta devorasse os portugueses. Estes, assombrados e tomados de terror pelos terríveis rugidos e pelo aspecto do monstro que deitava fogo pelos olhos e estilhaçava homens com as suas garras aguçadas, começaram a fugir como se uma legião infernal os perseguísse.

D. João I, também ele cheio de medo e desespero, lembrou-se de repente do seu patrono S. Jorge e, invocando-o cheio de fé, pediu a intervenção da Virgem Maria.

Imediatamente se viu descer do céu, numa bola de fogo, o santo, que, montado num belíssimo cavalo branco e brandindo a sua lança, se precipitou sobre a fera.

Durante um momento, o tempo que durou a batalha entre o monstro e S. Jorge, não se ouviu um gemido em todo o campo; apenas os urros e rugidos do monstro e o bramar de S. Jorge alentando o seu cavalo se fizeram ouvir misturados com o silêncio da noite que vinha chegando.

S. Jorge derrubou a fera dos olhos de fogo, cravando neles a sua lança, e, em seguida, virou-se para os castelhanos e investiu contra eles desbaratando-lhes as sólidas formações.

Os portugueses, reanimados e de novo cheios de fé e coragem, avançaram com o Condestável à frente e completaram a destruição do inimigo, deixando no campo, por onde passavam, uma estrada de cadáveres e moribundos.

Estava ganha a batalha nessa mesma hora em que morria docemente o dia 14 de Agosto de 1385, um dia que fora quente e duro.

A lenda porém não termina com a chegada da noite. Diz ainda que, com os ossos dos castelhanos, os portugueses calcetaram uma rua em Aljubarrota, que já desapareceu com o uso. E acrescenta que em memória do socorro de S. Jorge, D. João e mandou edificar a ermida e fazer a imagem do santo, em pedra, a cavalo e matando o monstro.


Retirado do livro “Lendas Portuguesas” Investigação, Recolha e textos de Fernanda Frazão
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A Lenda Das Obras Da Santa EngrÁcia

A LENDA DAS OBRAS DA SANTA ENGRÁCIA

Simão Pires, um cristão novo, cavalgava todos os dias até ao convento de Santa Clara para se encontrar às escondidas com Violante. A jovem tinha sido feita noviça à força por vontade do seu pai fidalgo que não estava de acordo com o seu amor.

Um dia, Simão pediu à sua amada para fugir com ele, dando-lhe um dia para decidir. No dia seguinte, Simão foi acordado pelos homens do rei que o vinham prender acusando-o do roubo das relíquias da igreja de Santa Engrácia que ficava perto do convento. Para não prejudicar Violante, Simão não revelou a razão porque tinha sido visto no local.

Apesar de invocar a sua inocência foi preso e condenado à morte na fogueira que se realizaria junto da nova igreja de Santa Engrácia, cujas obras já tinham começado.

Quando as labaredas envolveram o corpo de Simão, este gritou que era tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem.

Os anos passaram e a freira Violante foi um dia chamada a assistir aos últimos momentos de um ladrão que tinha pedido a sua presença. Revelou-lhe que tinha sido ele o ladrão das relíquias e sabendo da relação secreta dos jovens, tinha incriminado Simão.

Pedia-lhe agora o perdão que Violante lhe concedeu.

Entretanto, um facto singular acontecia: as obras da igreja iniciadas à época da execução de Simão pareciam nunca mais ter fim. De tal forma que o povo se habitou a comparar tudo aquilo que não mais acaba às obras de Santa Engrácia.

in site “Lendas de Portugal” / Cidade de Lisboa
 

Satpa

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A Lenda Da Santa Joana Princesa

A LENDA DA SANTA JOANA PRINCESA

A princesa D. Joana, filha do rei Afonso V, revelou desde muito tenra idade uma grande vocação religiosa. Esta filha primogénita, apesar de ser obrigada a viver na Corte pela sua posição, afastava-se o mais possível de festas e convívios e passava grande parte do seu tempo a rezar e a meditar.

A princesa era, dizia-se, muito bela e teve muitos pretendentes, entre estes muitas cabeças coroadas, mas a todos recusou alegando a sua intenção de se tornar freira.

Com a autorização real, entrou D. Joana para Odivelas, mudando-se mais tarde para o Convento de Santa Clara de Coimbra, mas acabando por resolver professar no Convento de Jesus, em Aveiro.

Esta última decisão foi contestada tanto pelo rei como pelo povo, dado que o Convento de Jesus era muito pobre e, na opinião geral, indigno de uma princesa.

Por outro lado, o povo discordava da vocação da princesa e não queriam que ela professasse. Perante tanta discórdia D. Joana decidiu não professar, mas declarou que usaria o véu de noviça para sempre e insistiu em ingressar no Convento de Jesus, vivendo na humildade e na pobreza e aplicando as rendas que possuía no socorro dos pobres.

A sua caridade era tão grande que depressa ficou conhecida como santa. Mas a bela princesa adoeceu de peste e morreu em grande sofrimento.

Quando o seu enterro passou pelos jardins do convento deu-se um facto insólito: as flores que ela havia tratado em vida caiam sobre o seu caixão prestando-lhe uma última homenagem.

Após este primeiro milagre, muitos outros foram atribuídos a Santa Joana Princesa, levando a que, duzentos anos depois, o Papa Inocêncio XII concedesse a beatificação a esta infanta de Portugal.


in site “Lendas de Portugal” / Cidade de Lisboa
 

Candido

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Que belo trabalho "satpa"!...

Mesmo não acrediando nestas lendas, gosto muito de as ler.

Obrigado.

Abraço
 

xatux

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Lenda de Belmonte

LENDA DE BELMONTE




A lenda mais antiga é a que caminha de lá para cá, no sentido do curso do sol, e é assim:

Carámo era um pastor que apascentava ovelhas nas encostas dos montes da Grécia, onde então os deuses habitavam. Ora o nosso pastor vivia pobremente e dormia umas noites debaixo das estrelas, outras nos vãos que os penedos fazem nas grandes serranias.

E, já cansado, decidiu construir uma casa para si. Mas onde? Qual o lugar do Mundo onde ele pudesse ter a certeza de que o seu gado encontraria sempre pasto, quer na força das invernias quer no rigor da estiagem? Respostas destas só os deuses sabem dar. Ele foi a Delfos e lá trocou uma rês por um oráculo. O que os deuses lhe disseram foi isto: « Segue confiado as tuas cabras. Depois de um longo caminho elas acabarão por parar. É aí que deves edificar a tua moradia. ». O pastor obedeceu. Durante anos seguiu pacientemente o trilho do rebanho até parar ali exactamente na testa de um belo monte virado à veia rica onde corre o Zêzere e rodeado de pastagens verdes. Lá fez a sua casa com pedra arrancada à montanha e esse foi o começo de Belmonte.

A outra lenda também inclui um pastor, mas o percurso é diferente:

Nascera ali naqueles outeiros, mas nunca saíra da miséria. A força da neve e a fúria dos lobos nunca deixavam o rebanho crescer muito. Vivia portanto descontente e sonhava com uma vida melhor.

Ora aconteceu-lhe que, quando dormia no bardo, escutou vozes que lhe diziam: « Vai a Belém que lá está o teu bem. Vai a Belém que lá está o teu bem. » O sonho repetiu-se três vezes e, entre pastores, é certo e sabido que o mesmo aviso sonhado, quando se repete três vezes, é sinal de verdade. O pastor deixou portanto tudo o mais e meteu-se por esse mundo fora a caminho de Belém. O Belém da lenda de Belmonte só podia ser portanto o lugar célebre da Palestina, a cidade onde se venera a lembrança do presépio. E era esse o aviso dos sonhos: em Belém está o bem de todos, porque lá nasceu a revelação da Lei Nova.

Mas o pastor não era teólogo, e quando depois de muitas fadigas chegou a Belém, não viu lá nada do que buscava. Descoroçoado e arrependido, desabafou com um pastor dos muitos que então havia na Terra Santa: « Vá lá um homem fiar-se em avisos! Três noites a fio sonhei...» E contou-lhe a história toda. O outro consolou-o: também ele sonhava que muito longe dali um pastor tinha uma cabrinha branca que teimava em não se deitar senão em cima de certa pedra, e que quem levantasse aquela pedra iria achar um tesouro. Mas ele, homem de juízo, não acreditava em coisas dessas. O nosso bom pastor ouviu, calou, meteu pés a caminho e foi direito à pedra onde a cabrinha se deitava. Escavou e lá estava o tesouro: uma cabra e um cabrito em ouro maciço. O resto da história é o remate da esperteza campónia. Entrou no palácio e disse ao rei: « Trago ali um presente para Vossa Alteza. Quereis antes a cabra ou cabrito?. » O rei achou graça e preferiu o cabrito que sempre é mais tenro. Mas quando viu que era de ouro fez um reparo: « Maroto, não me preveniste que era de ouro...» « Pois fique Vossa Alteza com os dois e que lhe façam bom proveito. » Reconhecido, o rei mandou dar ao pastor tudo quanto se avistasse do mais alto da Serra de Belmonte. Assim começa o poder dos Cabrais e é isso o que as cabras do túmulo de D. Maria Gil estão a recordar.


Outros

Dada a sua excepcional situação como posição estratégica (ponto de convergência de antigas vias militares), Belmonte disputou desde cedo de um lugar privilegiado na organização espacial do território.

Com a conquista romana (60 a.C.), o velho castro lusitano, então existente foi transformado numa sólida fortaleza, capaz de servir de base à ocupação e de apoio à estrada que, vindo de Mérida, cruzava o Tejo em Alcântara, dirigindo-se por Idanha e Belmonte para a Guarda.

Da permanência romana, perduram pontes, troços de estrada e marcos milenários, mas é a Torre de Centum Cellas o testemunho mais famoso desta presença.

Em 1199, D. Sancho I deu foral à Vila de Belmonte. D. Dinis confirma o foral e restaura o Castelo Medieval.

Em 18 de Abril de 1385 D. João I dá autonomia ao Concelho, desligando-o do termo e foro da Covilhã.

Em 1442, D. Afonso V doa o Castelo de Belmonte a Fernão Cabral, pai de Pedro Álvares Cabral.

D. Manuel I concede a 10 de Junho de 1510, um segundo foral mais ampliado.

Sede de Concelho desde 1199, data do seu primeiro foral, só em 1898 se constitui em definitivo como tal, tendo até então sofrido diversas vicissitudes, que ora o extinguem, ora o restauram.

Na Vila de Belmonte existiram no passado duas Freguesias, a de São Tiago e a de Santa Maria.

Da Freguesia de Belmonte fazem parte a Vila de Belmonte, e as povoações da Gaia, Belmonte Gare e Quinta das Pereiras.

Desde pelo menos o Século XIII que coexistem em Belmonte, Cristãos e Judeus, presença esta testemunhada pela inscrição hebraica estudada por Samuel Schwarz em 1925, datada de 1297, e que segundo o estudioso, teria pertencido a uma sinagoga, indicando a existência de uma comunidade judaica relativamente numerosa, tanto na Vila como nos seus arredores.

Nos dias de hoje a Comunidade Judaica de Belmonte, pratica sem quaisquer condicionalismos a religião hebraica, dispondo de uma Sinagoga e de um Cemitério.

ACTIVIDADES ECONÓMICAS
Indústria de confecções, agricultura, comércio, serviços, turismo cultural.

MUSEUS:
Museu Judaico, Ecomuseu do Zêzere e Museu do Azeite.

PATRIMÓNIO CULTURAL E HISTÓRICO
Castelo de Belmonte, Igreja de São Tiago, Igreja Matriz, Igreja de São Tiago e Panteão dos Cabrais, Capelas de Santo António e de Santo Antão, Calvário, Pelourinho, Solar dos Cabrais, Tulha dos Cabrais e vestígios de calçada romana.

OUTROS LOCAIS DE INTERESSE TURÍSTICO:
Antiga Judiaria, Praia Fluvial e Piscinas Municipais de Belmonte.







 
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orban89

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O Incrível Milagre do Galo de Barcelos – Folclore Português​


 
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