ETA apanhada com mapa de Lisboa

O comando da ETA detido terça-feira pela polícia espanhola em Bilbau tinha em sua posse um mapa de Lisboa, escreve a imprensa espanhola. Autoridades consideram que a operação, que resultou na detenção de oito pessoas, permitiu travar o comando mais activo, responsável pela maioria dos atentados de 2007.

Um dos cinco mapas encontrados no apartamento onde foi preso Arkaitz Goikoetxea era da cidade de Lisboa. Outros mapas detalhavam a Costa do Sol e a Andaluzia.

ETA: 8 detidos no País Basco

O último relatório anual da agência policial europeia (Europol) sobre a situação do terrorismo na Europa menciona actividades da ETA em Portugal, cujas autoridades admitiram um «aumento inusual» da actividade de elementos do grupo no país em 2007.

Segundo o relatório, tudo indica que as actividades em Portugal da organização terrorista basca estejam «apenas relacionadas com o aluguer de viaturas posteriormente usadas em operações».

«Poderá ser uma tentativa de evitar a detecção pelas forças da ordem espanholas e francesas», observa a Europol, realçando a importância da criação de equipas mistas luso-espanholas de investigação. «Será agora necessária uma colaboração mais estreita com Portugal», defendeu o director da Europol, na conferência de imprensa em que foi divulgado o relatório.

O documento indica ainda que a ETA poderá estar a alterar os métodos de recrutamento, uso de explosivos e actuação, para iludir os controlos tradicionais. Elaborado a partir de informações prestadas por Madrid e outros membros da agência policial europeia, o texto menciona a utilização recorrente de explosivos artesanais e a emissão de vídeos para seduzir novos recrutas.

IOL :right:

Novo golpe contra a ETA

Espanha. As autoridades desmantelaram o comando Biscaia, responsável pela maioria dos atentados da organização terrorista basca desde o fim da trégua com o Governo. Numa operação liderada pelo juiz Baltasar Garzón foram detidos nove membros da ETA, incluindo o lider do comando, Arkaitz Goikoetxea
O comando mais activo da ETA, responsável pela maioria dos atentados da organização terrorista basca desde o fim da trégua no Verão de 2007, foi ontem desarticulado pelas autoridades espanholas. Durante a madrugada foram detidas nove pessoas, incluindo o suposto líder do comando Biscaia, Arkaitz Goikoetxea, o único procurado pela polícia.

"Não podemos garantir que é o único comando da ETA" ainda em actividade "mas é o mais activo, o mais dinâmico e o mais procurado", indicou o ministro do Interior espanhol. Alfredo Perez Rubalcaba confirmou que foi este o grupo responsável pelo atentado contra o quartel de Legutiano, em Maio, no qual morreu o guarda civil Juan Manuel Piñuel, mas ainda não há certezas de que tenha estado por detrás do assassinato do vereador socialista, Isaías Carrasco, em Mondragón, na véspera das legislativas.

De facto, terá sido o atentado em Legutiano que possibilitou à polícia fechar o cerco a Goikoetxea, de 28 anos. Segundo o El País, que citava ontem na sua versão online fontes próximas da investigação, um dos carros usados na fuga não chegou a incendiar-se, por falha no mecanismo de ignição deixando junto a uma garrafa com gasolina. Foi então possível recolher impressões digitais e ADN, permitindo a identificação de alguns dos elementos agora detidos.

A operação policial, que se desenrolou em Bilbau, mas também noutras localidades da província de Biscaia, como Getxo e Elorrio, foi supervisionada pessoalmente pelo juiz espanhol Baltasar Gárzon. No apartamento de Bilbau em que foi detido Goikoetxea (e duas mulheres) foram também encontradas duas armas e um detonador, além de documentos de identificação falsos da Guardia Civil e mapas da Costa do Sol, da Andaluzia e de Lisboa (ver caixa).

As autoridades lembram que este não é um comando normal da ETA, uma vez que só o seu líder era um "liberado" (libertado, em português), ou seja, era procurado pela polícia. Todos os restantes eram "legais", isto é, desenvolviam a sua actividade na organização terrorista ao mesmo tempo que levavam uma vida normal.

Goikoetxea era conhecido das autoridades por participar nas campanhas de kale borroca entre 1995 e 2005. O seu forte sotaque permitiu que fosse identificado num telefonema, no qual os serviços de emergência foram alertados para a colocação de bomba junto ao quartel da Guardia Civil, em Calahorra, a 21 de Março. O etarra era também facilmente reconhecível graças a uma cicatriz no lábio e ao facto de ter perdido vários dedos numa explosão acidental.

Este é o segundo golpe contra a organização terrorista basca em dois meses, depois de a 20 de Maio ter sido detida, em França, a chamada "cúpula da ETA". Francisco Javier López Peña, mais conhecido por Thierry, era o "número um" do aparato militar e político etarra, tendo participado nas reuniões com o Governo de José Luis Zapatero, após ter sido declarada a trégua em Março de 2006. As negociações foram abaladas em Dezembro do mesmo ano pelo atentado no aeroporto de Barajas, em Madrid, que resultou na morte a dois equatorianos.

Congratulando-se com as detenções de ontem, o ministro do Interior espanhol referiu que "não há nenhum etarra que vá salvar-se de ser presente a um juiz" e acrescentou: "Não há alternativa à violência que não seja o Estado de Direito e a Justiça." Rubalcaba lembrou que, só este ano, foram detidas 86 pessoas ligadas à ETA.

Por seu lado, o líder da oposição, Mariano Rajoy, ofereceu o seu apoio "incondicional" ao Governo. "Acreditamos que este é o caminho, a derrota da ETA com a lei, a polícia, a Guardia Civil e com a colaboração internacional." Rajoy reúne-se hoje com Zapatero.

SOL Com agências :right: