• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Beatriz Batarda sozinha em palco em «De Homem para Homem»

Satpa

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Set 24, 2006
Mensagens
9,473
Gostos Recebidos
1
Beatriz Batarda sozinha em palco em «De Homem para Homem»

Beatriz Batarda vai estar sozinha em palco na peça «De Homem para Homem», a história de Ella, uma mulher que perde a sua identidade e que se dedica a sobreviver a qualquer preço.


A peça será apresentada de 11 de Setembro a 5 de Outubro no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, e tem encenação do espanhol Carlos Aladro, que há um ano dirigiu Beatriz Batarda e Luís Miguel Cintra em «O Construtor Solness», de Henrik Ibsen.

«Ella não tem identidade, perde a identidade por desespero. Com medo de fazer as escolhas erradas, faz sempre as escolhas erradas, em actos de valentia, no fundo, faz a escolha cobarde e vai perdendo a sua humanidade ao longo dos tempos por fazer essas más escolhas», declarou à Lusa a actriz, que agora se estreia num monólogo.

O texto, de Manfred Karge, conta a história desta mulher ao longo de quase 50 anos, que percorrem também a História da Alemanha dos anos 30 até ao início dos anos 80.

Ella é uma mulher que não consegue arranjar emprego e se casa com um homem mais velho e doente para ter casa e comida.

Quando descobre que o marido tem cancro, decide fazer-se passar por ele para não perder o emprego

«De certa maneira representa a cobardia das pessoas perante a guerra, o medo, a fome. Escolhe o caminho que lhe parece mais fácil, sem solidariedade, sem moral, sem responsabilidade, sem causa nenhuma. Vai-se transformando num verdadeiro monstro», resumiu a actriz.

«É uma mulher que não se sabe se é uma mulher, se um homem, se uma coisa intermédia e que basicamente se dedica a sobreviver a qualquer preço», acrescentou o encenador Carlos Aladro.Para Beatriz Batarda, o autor seguiu uma estrutura e uma herança dramatúrgica de Bertolt Brecht, «introduzindo, não só a denúncia política, mas também uma visão muito lúcida do que seria o futuro, que é o presente actual, a invasão do capitalismo, do individualismo e do vazio».

Há muito tempo que a actriz acalentava o desejo de fazer a peça.

«Vi uma actriz maravilhosa a fazer este papel em Inglaterra», indicou, referindo-se a Tilda Swinton.

Anos mais tarde, depois de ter ido estudar para Londres, Beatriz Batarda foi encorajada pelo encenador que dirigira Swinton na peça a representá-la.

Agora, o impulso decisivo veio do fundador do Teatro da Cornucópia, Luís Miguel Cintra.

«Tenho tido sempre nesta profissão uma postura de pura intérprete e nunca tive uma vontade ou coragem de empreendedora, de pôr um projecto a andar para a frente. Na verdade, não o teria feito se não tivesse sido provocada pelo Luís Miguel Cintra», confessou.

Depois surgiram apoios inesperados. A Cornucópia tinha um mês livre e cedeu o espaço (Teatro do Bairro Alto) e Batarda concorreu a um concurso de apoio pontual.

«Para mim era claríssimo que este projecto era uma coisa que eu queria fazer com o Carlos [Aladro], porque, para além de ter muitas qualidades, sabe muito bem como funciona a cabeça do actor, estimula imenso os actores», adiantou.

O encenador sublinhou, por sua vez, que este «é sobretudo um trabalho de interpretação».

«O trabalho que fizemos juntos foi ilustrar, criar as imagens que estão no texto. Apoio-me sobretudo no trabalho da Beatriz», referiu, apontando que esta peça, «com uma dramaturgia não convencional», apresenta 26 quadros com diferentes formatos de texto.

«Fazemos muitos jogos entre estas várias linguagens, o texto ajuda muito porque varia entre prosa e verso e tem muitas canções [tradicionais alemãs], também naquela tradição do Brecht», assinalou a actriz, que, questionada sobre a dificuldade de estar sozinha em palco, confessou que «é horrível».

O cenário, da autoria de Manuel Aires Mateus, é muito abstracto, com poucos objectos, sem efeitos.

«É o mínimo necessário para contar a história, para criar as imagens que criam a história», indicou o encenador.


Diário Digital / Lusa
 
Topo