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Concentrações elevadas de radioactividade natural na zona histórica de Vila Real

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Ambiente: Concentrações elevadas de radioactividade natural na zona histórica de Vila Real

09 de Setembro de 2008, 10:35

Vila Real, 09 Set (Lusa) - Algumas habitações e fontanários do centro histórico de Vila Real possuem elevadas concentrações de radão, um gás radioactivo natural que pode provocar doenças pulmonares, revelou hoje um estudo efectuado pela universidade local a que a Lusa teve acesso.

Embora a radioactividade seja normalmente associada às centrais, testes nucleares e aos exames de diagnóstico médico, a principal fonte da radiação a que os seres humanos estão sujeitos é a radiação natural.

Nesta destaca-se o gás radão que existe nas rochas, nos solos e na água.

As alunas da licenciatura de Engenharia Ambiental da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Ana Carvalho e Marília Sousa, realizaram um estudo sobre a radioactividade natural na região de Vila Real, que foi coordenado pela professora Maria Elisa Preto Gomes.

Esta docente disse à Lusa que o trabalho pretendeu avaliar a concentração de radão em 25 habitações do centro histórico de Vila Real e determinar os parâmetros radiológicos em 10 amostras de água e do fundo radiométrico, no solo, de diversos locais da cidade.

"Vila Real apresenta valores elevados de gás radão tanto nas habitações como nas águas", disse a docente.

Sustentou que "os resultados confirmaram o risco de potencial médio a elevado para o gás radão nesta região".

A média anual das habitações de Vila Real foi calculada em cerca de 800 becquerels por metro cúbico (Bq.m-3) quando a legislação da União Europeia sobre a qualidade do ar fixa em 200 Bq.m-3 o limite para a concentração média anual de radão para novas habitações.

A legislação portuguesa, designadamente o decreto-lei 79/2006 que se debruça sobre a qualidade do ar interior, fixa em 400 Bq.m-3 o limite para a concentração média anual de radão para novas habitações, sendo a sua pesquisa obrigatória apenas em edifícios construídos em zonas graníticas, nomeadamente nos distritos de Braga, Vila Real, Porto, Guarda, Viseu e Castelo Branco.

Segundo Maria Preto Gomes, o estudo sobre a água revelou ainda que o fontanário de São Mamede, localizado no bairro com aquele nome, é o caso mais preocupante da cidade, já que apresentou valores de radão no limiar do permitido por lei, mil becquerels por litro (Bq/L).

No entanto, ultrapassa em muito outros dos parâmetros de avaliação na água, o alfa total, sendo que a média recomendada é de 0,1 Bq/L e a detectada foi de 1,22.

Para esta docente, o radão é um "factor de risco" na região de Vila Real, mas que deve ser tratado "sem alarmismos".

Maria Preto Gomes explicou que a concentração de radão no interior das habitações está relacionada com os teores de urânio que as rochas possuem.

O radão caracteriza-se por ser um gás inodoro e incolor, e por isso imperceptível pela população, daí não se tornar óbvio o risco a ele associado.

Em espaços abertos este gás tende a dissipar-se, contudo, no interior das habitações pode atingir concentrações, que ao longo de anos de exposição, são capazes de causar problemas de saúde, nomeadamente o desenvolvimento de neoplasias pulmonares.

Os Estados Unidos da América, com uma população de mais de 300 milhões, possuem uma taxa de mortalidade de 15 a 20 mil pessoas por ano derivado ao cancro no pulmão causado pelo radão.

Estudos efectuados no território português, pelo Instituto Tecnológico e Nuclear, no que concerne ao gás radão, apontam os distritos da Guarda e Viseu como os que possuem maiores concentrações deste gás nas habitações, associadas a um substrato geológico maioritariamente constituído por rochas graníticas.

Este estudo da UTAD foi apresentado às autoridades locais, para que os dados possam ser utilizados na elaboração do Plano Director Municipal.

"Não pretendemos proibir a construção mas informar sobre as medidas a tomar em determinadas áreas", disse a docente.

A primeira medida tomada pela autarquia de Vila Real, através do vereador Miguel Esteves, foi alertar a população do bairro de São Mamede para não consumir a água do fontanário local.

Maria Preto Gomes diz que uma das medidas preventivas é, por exemplo, a construção de caixas-de-ar ventiladas para que o radão deixe de entrar no interior das habitações através do solo.

Esta investigação veio confirmar o estudo elaborado por Fernando Coelho, no âmbito de uma tese de mestrado em Biologia e Geologia para o Ensino, da UTAD, que lançou um primeiro alerta sobre as elevadas concentrações de radão em Vila Real.


PLI.

Lusa/Fim
 
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