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Revolução Russa de 1917

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Revolução Russa de 1917

A Revolução Russa de 1917 foi uma série de eventos políticos na Rússia, que, após a eliminação da autocracia russa, e depois do Governo Provisório (Duma), resultou no estabelecimento do poder soviético sob o controle do partido bolchevique. O resultado desse processo foi a criação da União Soviética, que durou até 1991.

A Revolução compreendeu duas fases distintas:

* A Revolução de Fevereiro de 1917 (março de 1917, pelo calendário ocidental), que derrubou a autocracia do Czar Nicolau II da Rússia, o último Czar a governar, e procurou estabelecer em seu lugar uma república de cunho liberal.
* A Revolução de Outubro (novembro de 1917, pelo calendário ocidental), na qual o Partido Bolchevique, liderado por Vladimir Lênin, derrubou o governo provisório e impôs o governo socialista soviético.

Antecedentes

Até 1917, o Império Russo foi uma monarquia absolutista. A monarquia era sustentada principalmente pela nobreza rural, dona da maioria das terras cultiváveis. Das famílias dessa nobreza saíam os oficiais do exército e os principais dirigentes da Igreja Ortodoxa Russa.

Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha a maior população da Europa, com cerca de 171 milhões de habitantes em 1914 . Defrontava-se também com o maior problema social do continente: a extrema pobreza da população em geral. Enquanto isso, as ideologias liberais e socialistas penetravam no país, desenvolvendo uma consciência de revolta contra os nobres. Entre 1860 e 1914, o número anual de estudantes universitários cresceu de 5000 para 69000, e o número de jornais diários cresceu de 13 para 856.

A população do Império Russo era formada por povos de diversas etnias, línguas e tradições culturais. Cerca de 80% desta população era rural e 90% não sabia ler e escrever, sendo duramente explorada pelos senhores feudais. Com a industrialização foi-se estabelecendo progressivamente uma classe operária, igualmente explorada, mas com maior capacidade reivindicativa e aspirações de ascensão social. A situação de extrema pobreza e exploração em que vivia a população tornou-se assim um campo fértil para o florescimento de idéias socialistas.

A decadência da monarquia czarista

Para compreender as causas da Revolução Russa, é fundamental conhecer o desenvolvimento básico das estruturas socioeconômicas na Rússia, durante o governo dos três últimos czares.

Alexandre II (1858 - 1881)

Alexandre II tinha consciência da necessidade de se promover reformas modernizadoras no país, para aliviar as tensões sociais internas e transformar a Rússia num Estado mais respeitado internacionalmente. Com sua política reformista, Alexandre II promoveu, por exemplo:

* a abolição da servidão agrária, beneficiando cerca de 40 milhões de camponeses que ainda permaneciam submetidos ao mais cruel sistema de exploração de seu trabalho;
* a suspensão da censura aos livros e à imprensa;
* o incentivo ao ensino elementar e a concessão de autonomia acadêmica às universidades;
* a concessão de maior autonomia administrativa aos diferentes governos das províncias.

Mesmo sem provocar alterações significativas na estrutura social existente na Rússia, a política reformista do czar encontrou forte oposição das classes conservadoras da aristocracia, extremamente sensíveis a quaisquer perdas de privilégios sociais em favor de concessões ao povo.

Apesar das medidas reformistas, o clima de tensão social continuava aumentando entre os setores populares. A terra distribuída aos camponeses era insuficiente, estando fortemente concentrada nas mãos de uma aristocracia latifundiária. A esta faltavam no entanto recursos técnicos e financeiros para uma modernização da agricultura. Esses problemas se traduziam na baixa produtividade agrícola, que provocava freqüentes crises de abastecimentos alimentares, afetando tanto os camponeses como a população urbana.

Em 1881, o czar Alexandre II foi assassinado por um dos grupos de oposição política (os Pervomartovtsky) que lutavam pelo fim da monarquia vigente, responsabilizada pela situação de injustiça social existente.

Alexandre III (1881 - 1894)

Após o assassinato de Alexandre II, as forças conservadoras russas uniram-se em torno do novo czar, Alexandre III, que retomou o antigo vigor do regime monárquico absolutista.

Alexandre III concedeu grandes poderes à polícia política do governo (Okhrana), que exercia severo controle sobre os setores educacionais, imprensa e tribunais, além dos dois importantes partidos políticos (Narodnik e o Partido Operário Social-Democrata Russo), que queriam acabar com a autocracia passaram a actuar na clandestinidade. Impedidos de protestar contra a exploração de que eram vítimas, camponeses e trabalhadores urbanos continuaram sob a opressão da aristocracia agrária e dos empresários industriais. Estes, associando-se a capitais franceses, impulsionavam o processo de industrialização do país. Apesar da repressão política comandada pela Okhrana, as idéias socialistas eram introduzidas no país por intelectuais preocupados em organizar a classe trabalhadora.

Alexandre III faleceu em 1894.

Nicolau II (1894 - 1917)

Nicolau II, o sucessor de Alexandre III, procurou facilitar a entrada de capitais estrangeiros para promover a industrialização do país, principalmente da França, da Alemanha, da Inglaterra e da Bélgica, esse processo de industrialização ocorreu posteriormente à da maioria dos países da Europa Ocidental. O desenvolvimento capitalista russo foi ativado por medidas como o início da exportação do petróleo, a implantação de estradas de ferro e da indústria siderúrgica.

Os investimentos industriais foram concentrados em centros urbanos populosos, como Moscovo, São Petersburgo, Odessa e Kiev. Nessas cidades, formou-se um operariado de aproximadamente 3 milhões de pessoas, que recebiam salários miseráveis e eram submetidas a jornadas de 12 a 16 horas diárias de trabalho, não recebiam alimentação e trabalhavam em locais imundos, sujeitos a doenças. Nessa dramática situação de exploração do operariado, as idéias socialistas encontraram um campo fértil para o seu florescimento.

O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)

Com o desenvolvimento da industrialização e o maior relacionamento com a Europa Ocidental, a Rússia recebeu do exterior novas correntes políticas que chocavam com o antiquado absolutismo do governo russo. Entre elas destacou-se a corrente inspirada no marxismo, que deu origem ao Partido Operário Social-Democrata Russo.

O POSDR foi violentamente combatido pela Ochrana. Embora tenha sido desarticulado dentro da Rússia em 1898, voltou a organizar-se no exterior, tendo como líderes principais Gueorgui Plekhanov, Vladimir Ilyich Ulyanov (conhecido como Lênin) e Lev Bronstein (conhecido como Trotski).

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Stalin, Lenin e Kalinin em 1919.

A divisão do Partido: mencheviques e bolcheviques

Em 1903, divergências quanto à forma de ação levaram os membros do partido POSDR a se dividir em dois grupos básicos:

* os mencheviques: liderados por Martov, defendiam que os trabalhadores podiam conquistar o poder participando normalmente das atividades políticas. Acreditavam, ainda, que era preciso esperar o pleno desenvolvimento capitalista da Rússia e o desabrochar das suas contradições, para se dar início efetivo à ação revolucionária. Como esses membros tiveram menos votos em relação ao outro grupo, ficaram conhecidos como mencheviques, que significa minoria.

* os bolcheviques: liderados por Lênin, defendiam que os trabalhadores somente chegariam ao poder pela luta revolucionária. Pregavam a formação de uma ditadura do proletariado, na qual também estivesse representada a classe camponesa. Como esse grupo obteve mais adeptos, ficou conhecido como bolchevique, que significa maioria. Trotsky, que inicialmente não se filiou a nenhuma das facções, aderiu aos bolcheviques mais tarde.

A Revolta de 1905: o ensaio para a revolução

Em 1904, a Rússia, que desejava expandir-se para o oriente, entrou em guerra contra o Japão devido à posse da Manchúria,mas foi derrotada. A situação socioeconômica do país agravou-se e o regime político do czar Nicolau II foi abalado por uma série de revoltas, em 1905, envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como a revolta no navio couraçado Potemkin^ ) e soldados do exército. Greves e protestos contra o regime absolutista do czar explodiram em diversas regiões da Rússia. Em São Petersburgo, foi criado um soviete (conselho operário) para auxiliar na coordenação das várias greves e servir de palco de debate político.

Diante do crescente clima de revolta, o czar Nicolau II prometeu realizar, pelo Manifesto de Outubro, grandes reformas no país: estabeleceria um governo constitucional, dando fim ao absolutismo, e convocaria eleições gerais para o parlamento (a Duma), que elaboraria uma constituição para a Rússia. Os partidos de orientação liberal burguesa (como o Partido Constitucional Democrata ou Partido dos Cadetes) deram-se por satisfeitos com as promessas do czar, deixando os operários isolados.

Terminada a guerra contra o Japão, o governo russo mobilizou as suas tropas especiais (cossacos) para reprimir os principais focos de revolta dos trabalhadores. Diversos líderes revolucionários foram presos, desmantelando-se o Soviete de São Petersburgo. Assumindo o comando da situação, Nicolau II deixou de lado as promessas liberais que tinha feito no Manifesto de Outubro. Apenas a Duma continuou funcionando, mas com poderes limitados e sob intimidação policial das forças do governo.

A Revolução Russa de 1905, mais conhecida como "Domingo Sangrento", tinha sido derrotada por Nicolau II, mas serviu de lição para que os líderes revolucionários avaliassem seus erros e suas fraquezas e aprendessem a superá-los. Foi, segundo Lenin, um ensaio geral para a Revolução Russa de 1917.

Revolução de 1917

A queda do Czar e o processo revolucionário

Mesmo abatida pelos reflexos da derrota militar frente ao Japão, a Rússia envolveu-se noutro grande conflito, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em que também sofreu pesadas derrotas nos combates contra os alemães. A longa duração da guerra provocou crise de abastecimento alimentar nas cidades, desencadeando uma série de greves e revoltas populares. Incapaz de conter a onda de insatisfações, o regime czarista mostrava-se intensamente debilitado.
Palácio Tauride, sede da Duma e posteriormente do Governo Provisório e do Soviete de Petrogrado
Palácio Tauride, sede da Duma e posteriormente do Governo Provisório e do Soviete de Petrogrado

Numa das greves em Petrogrado (actualmente São Petersburgo, então capital do país), Nicolau II toma a última das suas muitas decisões desastrosas: ordena aos militares que disparem sobre a multidão e contenham a revolta. Partes do exército, sobretudo os soldados, apóiam a revolta. A violência e a confusão nas ruas tornam-se incontroláveis. Segundo o jornalista francês Claude Anet, morreram em São Petersburgo cerca de 1500 pessoas e cerca de 6000 ficaram feridas.

Em 15 de março de 1917, o conjunto de forças políticas de oposição (liberais burguesas e socialistas) depuseram e assassinaram o czar Nicolau II com sua familia, dando início à Revolução Russa.

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Palácio Tauride, sede da Duma e posteriormente do Governo Provisório e do Soviete de Petrogrado​

Revolução de Fevereiro ou Revolução Branca

A primeira fase, conhecida como Revolução de Fevereiro, ocorreu de março a novembro de 1917.

Em 23 de Fevereiro (C.J.) (8 de Março, C.G.), uma série de reuniões e passeatas aconteceram em Petrogrado, por ocasião do Dia Internacional das Mulheres. Nos dias que se seguiram, a agitação continuou a aumentar, recebendo a adesão das tropas encarregadas de manter a ordem pública, que se recusavam a atacar os manifestantes.

No dia 27 de Fevereiro (C.J.), um mar de soldados e trabalhadores com trapos vermelhos em suas roupas invadiu o Palácio Tauride, onde a Duma se reunia. Durante a tarde, formaram-se dois comités provisórios em salões diferentes do palácio. Um, formado por deputados moderados da Duma, se tornaria o Governo Provisório. O outro era o Soviete de Petrogrado, formado por trabalhadores, soldados e militantes socialistas de várias correntes.

Temendo uma repetição do Domingo Sangrento, o Grão-Duque Mikhail ordenou que as tropas leais baseadas no Palácio de Inverno não se opusessem à insurreição e se retirassem. Em 2 de Março, cercado por amotinados, Nicolau II assinou sua abdicação.

Após a derrubada do czar, instalou-se o Governo Provisório, comandado pelo príncipe Georgy Lvov, um latifundiário, e tendo Aleksandr Kerenski como ministro da guerra. Era um governo de caráter liberal burguês, intensamente interessado em manter a participação russa na Primeira Guerra Mundial. Enquanto isso, o Soviete de Petrogrado reivindicava para si a legitimidade para governar. Já em 1 de Março, o Soviete ordenava ao exército que lhe obedecesse, em vez de obedecer ao Governo Provisório. O Soviete queria dar terra aos camponeses, um exército com disciplina voluntária e oficiais eleitos democraticamente, e o fim da guerra, objectivos muito mais populares do que os almejados pelo Governo Provisório.

Com ajuda alemã, Lenin regressa à Rússia em Abril (C.J.), pregando a formação de uma república dos sovietes, bem como a nacionalização dos bancos e da propriedade privada. O seu principal lema era: Todo o poder aos sovietes.

Entretanto, o processo de desintegração do Estado russo continuava. A comida era escassa, a inflação bateu a casa dos 1.000 %, as tropas desertavam da fronte matando seus oficiais, propriedades da nobreza latifundiária eram saqueadas e queimadas. Nas cidades, conselhos operários foram criados na maioria das empresas e fábricas.A Rússia ainda continuava na guerra.

Revolução de Outubro ou Revolução Vermelha

A segunda fase, conhecida como revolução de Outubro, teve início em novembro de 1917.

Na madrugada do dia 25 de outubro os bolcheviques, liderados por Lênin, Zinoviev e Radek, com a ajuda de elementos anarquistas e Socialistas Revolucionários, cercaram a capital, onde estavam sediados o Governo Provisório e o Soviete de Petrogrado. Muitos foram presos, mas Kerenski conseguiu fugir. À tarde, numa sessão extraordinária, o Soviete de Petrogrado delegou o poder governamental ao Conselho dos Comissários do Povo, dominado pelos bolcheviques. O Comitê Executivo do mesmo Soviete de Petrogrado rejeitou a decisão dessa assembléia e convocou os sovietes e o exército a defender a Revolução contra o golpe bolchevique. Entretanto, os bolcheviques predominaram na maior parte das províncias de etnia russa. O mesmo não se deu em outras regiões, tais como a Finlândia, a Polônia e a Ucrânia.

Em 3 de Novembro, um esboço do Decreto sobre o Controle Operário foi publicado. Esse documento instituía a autogestão em todas as empresas com 5 ou mais empregados. Isto acelerou a tomada do controle de todas as esferas da economia por parte dos conselhos operários, e provocou um caos generalizado, ao mesmo tempo que acelerou ainda mais a fuga dos proprietários para o exterior. Mesmo Emma Goldman viria a reconhecer que as empresas que se encontravam em melhor situação eram justamente aquelas em que os antigos proprietários continuavam a exercer funções gerenciais. Entretanto, este decreto levou a classe trabalhadora a apoiar o recém-criado e ainda fraco regime bolchevique, o que possivelmente teria sido o seu principal objetivo. Durante os meses que se seguiram, o governo bolchevique procurou então submeter os vários conselhos operários ao controle estatal, por meio da criação de um Conselho Pan-Russo de Gestão Operária. Os anarquistas se opuseram a isto, mas foram voto vencido.

Era consenso entre todos os partidos políticos russos de que seria necessária a criação de uma assembléia constituinte, e que apenas esta teria autoridade para decidir sobre a forma de governo que surgiria após o fim do absolutismo. As eleições para essa assembléia ocorreram em 12 de Novembro de 1917, como planejado pelo Governo Provisório, e à exceção do Partido Constitucional Democrata, que foi perseguido pelos bolcheviques, todos os outros puderam participar livremente. Os Socialistas Revolucionários receberam duas vezes mais votos do que os bolcheviques, e os partidos restantes receberam muito poucos votos. Em 26 de Dezembro, Lênin publicou suas Teses sobre a assembléia constituinte, onde ele defendia os sovietes como uma forma de democracia superior à assembléia constituinte. Até mesmo os membros do partido bolchevique compreenderam que preparava-se o fechamento da assembléia constituinte, e a maioria deles foram contra isto, mas o Comitê Central do partido ordenou-lhes que acatassem a decisão de Lênin.

Na manhã de 5 de Janeiro de 1918, uma imensa manifestação pacífica a favor da assembléia constituinte foi dissolvida à bala por tropas leais ao governo bolchevique. A assembléia constituinte, que se reuniu pela primeira vez naquela tarde, foi dissolvida na madrugada do dia seguinte. Pouco a pouco, se tornou claro que os bolcheviques pretendiam criar uma ditadura para si, inclusive contra os partidos socialistas revolucionários. Isto levou os outros partidos a atuarem na ilegalidade, sendo que alguns deles passariam à resistência armada ao governo.

Durante este período, o governo bolchevique tomou uma série de medidas de impacto, como:

* Pedido de paz imediata: em março de 1918, foi assinado, com a Alemanha, o Tratado de Brest-Litovski, onde a Rússia abriu mão do controle sobre a Finlândia, Países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Polônia, Bielorússia e Ucrânia, bem como de alguns distritos turcos e georgianos antes sob seu domínio.
* Confisco de propriedades privadas: grandes propriedades foram tomadas dos aristocratas e da Igreja Ortodoxa, para serem distribuídas entre o povo.
* Declaração do direito nacional dos povos: o novo governo comprometeu-se a acabar com a dominação exercida pelo governo russo sobre regiões tais como a Finlândia, a Geórgia ou a Armênia.
* Estatização da economia: o novo governo passou a intervir diretamente na vida econômica, nacionalizando diversas empresas.


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O cruzador Aurora, navio que ajudou os bolcheviques a conquistar São Petersburgo, na época...

180px-Pantserkruiser_Aurora.jpg

...e atualmente, como museu em São Petersburgo.


Guerra civil

Durante o curto período em que os territórios cedidos no Tratado de Brest-Litovski estiveram em poder do exército alemão, as várias forças anti-bolcheviques puderam organizar-se e armar-se. Estas forças dividiam-se em três grupos que também lutavam entre si: 1) czaristas , 2) liberais, eseritas e metade dos socialistas e 3) anarquistas. Com a derrota da Alemanha em 1919, esses territórios tornaram-se novamente alvo de disputa, bem como bases das quais partiriam forças que pretendiam derrubar o governo bolchevique.

Ao mesmo tempo, Trotsky se ocupou em organizar o novo Exército Vermelho. Com a ajuda deste, os bolcheviques mostraram-se preparados para resistir aos ataques do também recém formado Exército polonês, dos Exércitos Brancos de Denikin, Kolchak, Yudenich e Wrangel(que se dividiam entre as duas primeiras facções citadas no parágrafo anterior), e também para suprimir o Exército Insurgente de Makhno e a Revolta de Kronstadt, ambos de forte inspiração anarquista. No início de 1921, encerrava-se a guerra civil, com a vitória do Exército Vermelho. O Partido Bolchevique, que desde 1918 havia alterado sua denominação para Partido Comunista, consolidava a sua posição no governo.

Criação da União Soviética

Terminada a guerra civil, a Rússia estava completamente arrasada, com graves problemas para recuperar sua produção agrícola e industrial. Visando promover a reconstrução do país, Lenin criou, em fevereiro de 1921, a Comissão Estatal de Planificação Econômica ou GOSPLAN, encarregada da coordenação geral da economia do país. Pouco tempo depois, em março de 1921, adaptou-se um conjunto de medidas conhecidas como Nova Política Econômica ou NEP. Entre as medidas tomadas pela NEP destacam-se: liberdade de comércio interno, liberdade de salário aos trabalhadores, autorização para o funcionamento de empresas particulares e permissão de entrada de capital estrangeiro para a reconstrução do país. O Estado russo continuou, no entanto, exercendo controle sobre setores considerados vitais para a economia: o comércio exterior, o sistema bancário e as grandes indústrias de base.

O Governo Operário na União Soviética

Desde 1918, após uma tentativa de assassinato de Lenin no mês de agosto com a participação de membros do partido Socialista Revolucionário, os comunistas tinham proibido os outros partidos políticos. Em abril de 1922, Stalin foi nomeado secretário-geral do Partido, encarregando-se de combater as facções de oposição no interior do Partido e de garantir os postos importantes da administração estatal para pessoas da inteira confiança do regime o que foi por ele utilizado para impor à administração interna a hegemonia do seu grupo pessoal.

Em dezembro de 1922, foi organizado um congresso geral de todos os sovietes, ocorrendo a fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O governo da União, cujo órgão máximo era o Soviete Supremo (Legislativo), passou a ser integrado por representantes das diversas repúblicas.

Competia ao Soviete Supremo eleger um comitê executivo (Presidium), dirigido por um presidente a quem se reservava a função de chefe de estado. Competiam ao governo da União as grandes tarefas relativas ao comércio exterior, política internacional, planificação da economia, defesa nacional, entre outros.

Paralelamente a essa estrutura formal, estava o Partido Comunista, que controlava, efetivamente, o poder da URSS. Sua função era controlar os órgãos estatais, estimulando sua atividade e verificando sua lealdade e manter os dirigentes em contato permanente com as massas. Também assegurava à população a difusão das ideologias vindas da alta cúpula.

A ascensão de Stalin

Lênin, o fundador do primeiro Estado socialista, morreu em janeiro de 1924. Teve início, então, uma grande luta interna pela disputa do poder soviético, Num primeiro momento, entre os principais envolvidos nesta disputa pelo poder figuravam Trotski e Stalin.

Trotski defendia a tese da revolução permanente, segundo a qual o socialismo somente seria possível se fosse construído à escala internacional. Ou seja, a revolução socialista deveria ser levada à Europa e ao mundo.

Opondo-se a tese trotskista, Stalin defendia a construção do socialismo num só país. Pregava que os esforços por uma revolução permanente comprometeriam a consolidação interna do socialismo na União Soviética.

A tese de Stalin tornou-se vitoriosa. Foi aceita e aclamada no XIV Congresso do Partido Comunista.

Trotski foi destituído das suas funções como comissário de guerra, expulso do Partido e, em 1929, deportado da União Soviética. Tempos depois, em 1940, foi assassinado no México, a mando de Stalin, por um agente de segurança soviético, que desferiu no antigo líder do Exército Vermelho golpes de picareta na cabeça.

O governo de Stalin

A partir de dezembro de 1929, Stalin converteu-se no ditador absoluto da União Soviética. O método que utilizou para a total conquista do poder político teve como base a sua habilidade no controle da máquina burocrática do Partido e do Estado, bem como a montagem de um implacável sistema de repressão política de todos os opositores. Desse modo, Stalin conseguiu eliminar do Partido, do Exército e dos principais órgãos do Estado todos os antigos dirigentes revolucionários, muitos dos quais tinham sido grandes companheiros de Lénin, como Zinoviev, Bukharin, Kamenev, Rikov, Muralov entre outros.

Depois de presos e torturados, os opositores de Stalin eram forçados a confessar crimes de espionagem que não haviam praticado. E, assim, conhecidos patriotas eram executados como traidores da pátria. Era a farsa jurídica que caracterizou as chamadas depurações estalinistas.

Durante o período stalinista (1924 - 1953) calcula-se que o terror político soviético foi responsável pela prisão de mais de cinco milhões de cidadãos e pela morte de mais de 500 mil pessoas.

Houve êxito na reconstrução do país e na elevação do nível econômico e cultural da população soviética tornando a URSS, juntamente com os Estados Unidos da América, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) uma das superpotências mundiais.

Com a vitória dos aliados sobre o eixo nazi-fascista formado por Alemanha, Japão e Itália, a União Soviética, o principal oponente da Alemanha na Europa passou a dispor de enorme prestígio internacional, mas teve enormes perdas humanas e materiais. O governo de Stalin terminou com sua morte no ano de 1953.



Fonte: Revolução Russa de 1917 - Wikipédia, a enciclopédia livre
 

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Revolução de Fevereiro

Revolução de Fevereiro

A Revolução de Fevereiro ou Revolução Menchevique de 1917 inaugurou a primeira fase da Revolução Russa de 1917. Seu resultado imediato foi a abdicação do Czar Nicolau II. Ela ocorreu como resultado da insatisfação popular com a autocracia czarista e com a participação do país na Primeira Guerra Mundial. Ela levou a transferência de poder do Czar para um regime republicano e democrático, surgido da aliança entre liberais e socialistas que pretendiam conduzir reformas políticas.

A Primeira Guerra Mundial

A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial teve efeitos catastróficos para o país. Após alguns sucessos iniciais contra a Áustria-Hungria em 1914, as deficiências Russas — particularmente a falta de equipamentos e o uso de armas obsoletas — se tornaram cada vez mais evidentes.

Em 1915, a situação piorou drasticamente quando a Alemanha tomou a iniciativa contra as forças russas. As forças alemãs, muito melhor armadas com metralhadoras e artilharia pesada, foram terrivelmente eficazes contra as forças mal-equipadas da Rússia. Ao final de 1916, a Rússia havia perdido entre 1,6 e 1,8 milhões de soldados em batalha, com um adicional de dois milhões de soldados feitos prisioneiros e um milhão de desaparecidos, o que teve um efeito devastador sobre o moral do exército. Motins começaram a ocorrer, e em 1916 começaram a surgir informações sobre fraternização com o inimigo. Os soldados estavam famintos e careciam de sapatos, munições, e mesmo de armas.

Confrontado com essa situação, Nicolau decidiu tomar pessoalmente o comando do exército em 1915, deixando a administração pública nas mãos de sua esposa, a Czarina Alexandra, e dos ministros de Estado. Notícias sobre corrupção e incompetência no governo imperial, e a influência cada vez mais intensa do místico Grigori Rasputin nos negócios do governo, intensificaram ainda mais a insatisfação popular.

Então, em Novembro de 1916, a Duma advertiu o Czar de que um desastre se abateria sobre o país caso uma forma constitucional de governo não fosse instituída. Como de costume, Nicolau ignorou-os.

O Dia Internacional das Mulheres

Na primeira metade de fevereiro de 1917, a escassez de alimentos levou a distúrbios na capital, Petrogrado. Em 18 de Fevereiro (C.J.) a principal fábrica de Petrogado, a Usina Putilov, anunciou uma greve; os grevistas foram despedidos e algumas lojas fecharam, o que causou inquietação em outras empresas. Em 23 de Fevereiro(C.J.) (8 de Março, C.G.), uma série de reuniões e passeatas aconteceram por ocasião do Dia Internacional das Mulheres. Trabalhadoras têxteis em passeata apedrejaram janelas de outras fábricas para chamar os operários a se juntarem a elas, gritando "Abaixo a fome! Pão para os trabalhadores!". Depois começaram a virar bondes e saquearam uma grande padaria. Este tipo de agitação não era novidade. O que houve de novo, e foi notado pelas testemunhas da época, foi que a polícia não os reprimiu. Os grevistas não procuraram esconder seus rostos sob o casaco como de costume. Um oficial cossaco gritou a alguns grevistas liderados por uma velha, "Quem vocês seguem? Vocês são liderados por uma velha bruxa." A mulher respondeu "Não por uma velha bruxa, mas pela irmã e mãe de soldados no front". Alguém gritou, "Cossacos, vocês são nossos irmãos, vocês não podem atirar em nós." Os cossacos, símbolos do terror czarista, foram embora. [1]

Nos dias que se seguiram, a agitação continuou a aumentar, e mais tropas, por empatia ou por medo, se recusavam a atacar os manifestantes. Em meio aos conflitos de rua, policiais e oficiais que ordenavam aos seus soldados que atirassem eram linchados. O abastecimento de combustível e alimentos parou. E os telegramas informando a situação eram simplesmente ignorados pelo Czar e sua família.

O Governo Provisório

À uma hora da tarde do dia 27 de Fevereiro, um mar de soldados e trabalhadores com trapos vermelhos em suas roupas invadiu o Palácio Tauride, onde a Duma se reunia. Kerensky, um jovem advogado socialista, conhecido e respeitado pelo povo, e deputado, os recebeu. Durante a tarde, dois comitês provisórios se formaram em salões diferentes do palácio. Um, formado por deputados moderados da Duma, se tornaria o Governo Provisório. O outro era o primeiro Soviete de Petrogrado, o mesmo que havia se formado na Revolução de 1905. O soviete elegeu um comitê executivo permanente formado por representantes de todos os agrupamentos socialistas. Os bolcheviques tinham dois membros de um total de quatorze. O soviete decidiu publicar seu próprio jornal diário, chamado Izvestia.

Na manhã do mesmo dia Nicolau recebeu um telégrafo anunciando que apenas um punhado de suas tropas permanecia leal. O estado de sítio foi proclamado, mas inutilmente, pois não haviam tropas leais para colocá-lo em prática. Naquela noite, agitadores e políticos, exaustos, dormiram no Palácio Tauride, temendo uma reação do Czar. O Grão-Duque Mikhail ordenou que as tropas leais baseadas no Palácio de Inverno fossem retiradas, temendo que um choque delas com a população fizesse repetir os acontecimentos que dispararam a Revolução de 1905.

Na terça-feira 28 de Fevereiro, a cidade era dos amotinados. Embarcado em um trem que rumava em direção ao Palácio de Alexandre, o Czar foi obrigado a retroceder 90 milhas, já que a estação seguinte estava em poder dos rebeldes. O trem parou na Estação de Pskov, onde em 2 de Março, Nicolau assinou sua abdicação.

A contagem oficial de mortos foi de 1224, o equivalente a poucas horas de combate na guerra que ainda rugia. Assim, considera-se que a Revolução de Fevereiro foi um acontecimento praticamente pacífico. Entretanto, Petrogrado tinha agora dois governos paralelos: o Governo Provisório, dominado pela classe média e favorável à continuação da guerra, e o Soviete de Deputados dos Trabalhadores e Soldados, que queria instituir a jornada de 8 horas de trabalho, terra para os camponeses, um exército com disciplina voluntária e oficiais eleitos democraticamente, o fim da guerra, e separação da Igreja do Estado.

Revolução Branca

Revolução Branca foi a primeira fase da revolução que ocorreu de março a novembro de 1917.

O Czar, receoso da saúde do herdeiro do trono, o hemofílico czarevith Alexei, resolveu abdicar em favor do seu irmão, o Grão-Duque Miguel, mas este recusou a coroa. Em face desta situação, a Duma proclamou a República, pondo-se fim à Monarquia imperial e à Dinastia Romanov. O governo provisório elegeu o príncipe Georgy Lvov, que era latifundiário, para primeiro-ministro, tendo Aleksandr Kerenski como ministro da guerra e colocou o antigo Czar e a família imperial sob sua custódia, em prisão domiciliária. Já em 1 de Março, o Soviete de Petrogrado contestava o poder desse governo, ao aprovar a Ordem n° 1. Nesta, o Soviete ordenava ao exército que lhe obedecesse, em vez de obedecer ao Governo Provisório.

Durante todos esses acontecimentos, Lenin estava exilado em Zurique, na Suíça. As notícias da queda do Tzarismo a princípio o deixaram atônito. O Partido Bolchevique havia desempenhado um papel secundário em todos esses eventos. Entretanto, Lênin acreditava que o potencial Revolucionário ainda não havia se esgotado. Ele acreditava que "O povo quer paz. O povo quer pão e terra. E eles lhes dão guerra, fome, e a terra continua nas mãos dos latifundiários." O governo alemão reconheceu em Lênin um potencial para desestabilizar o Governo Provisório russo, possivelmente ao ponto de forçar o país a se retirar da Guerra. Assim, ofereceram ao bolchevique um carro de trem selado, para que passasse da Suíça à Rússia em segurança, e pudesse levar o caos aos seus inimigos. Assim, Lênin regressa à Rússia (abril de 1917), pregando a formação de uma república dos sovietes, bem como a nacionalização dos bancos e da propriedade privada. O seu principal lema era: Todo o poder aos sovietes. Durante esse período, as ordens do governo eram discutidas nos sovietes e nem sempre cumpridas. Trotsky chegaria em Maio, vindo de Nova Iorque, onde vivia após escapar de um exílio perpétuo na Sibéria.

Kerensky, ministro da guerra, tornou-se, após a renúncia de Lvov, primeiro-ministro, em 21 de Julho, mantendo a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, no que era extremamente criticado pelos socialistas. Entretanto, o processo de desintegração do Estado russo continuava. A comida era escassa, a inflação bateu a casa dos 1.000 %, as tropas desertavam do front matando seus oficiais, propriedades da nobreza latifundiária eram saqueadas e queimadas, e operários trabalhavam bêbados de álcool de cozinha, verniz ou qualquer outro substituto para a bebida. Assim como o governo do Tzar, o novo governo provisório não procurou solucionar os problemas que causavam a desgraça do povo e o levavam a se insurgir. Não havia como fazê-lo respeitando os limites aos quais se obrigou a respeitar, isto é, mantendo o país em guerra e com a mesma constituição social. "O poder estava suspenso no ar", esperando que alguém com uma plataforma ainda mais radical o tomasse. Eram enormes as perdas humanas sofridas pela Rússia na guerra, que os socialistas diziam só interessar às potências capitalistas.





Fonte: Revolução de Fevereiro - Wikipédia, a enciclopédia livre
 

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Revolução de Outubro

A Revolução de Outubro, também conhecida como Revolução Bolchevique ou Revolução Vermelha, foi a segunda fase da Revolução Russa de 1917. A Revolução de Outubro foi liderada por Vladimir Lenin e pelos bolcheviques, e se tornou a primeira revolução comunista marxista do Século XX.

Partidos Políticos

1. Monárquicos de várias tendências, estes grupos outrora poderosos trabalhavam às escondidas ou unidos aos cadetes que gradualmente se levantaram em prol do seu programa.

2. Cadetes, eram assim chamados devido às iniciais do seu nome em inglês, Constituicionais Democratas. O seu nome oficial era Partido da Liberdade do Povo. Sob o Czar, compunha-se de liberais das classes abastadas e era o partido da reforma política. Em Março de 1917 formaram o Primeiro Governo Provisório, tendo sido derrubado em Abril. À medida que a Revolução se tornou mais social e económica os Cadetes tornaram-se também mais conservadores.

3. Socialistas Populistas ou Trudoviques (Grupo Trabalhista). Partido numericamente diminuto, composto por intelectuais, dirigentes das sociedades cooperativas e camponeses conservadores.

4. Partido Russo Trabalhista, Democrático e Social de origem socialista marxista. No Congresso de 1903 deu-se uma cisão em duas alas, uma maioritária (Bolshinstvo)e uma minoritária (Menshinstvo) que viriam a dar lugar a dois partidos: Mencheviques e Bolcheviques

a) Menchevique incluia socialistas de vários tons e que acreditavam numa evolução natural da sociedade até ao socialismo. Estes intelectuais socialistas agiam instintivamente de acordo com as classes abastadas de quem haviam recebido a primeira instrução.

b) Internacionalistas Mencheviques formavam a ala radical dos mencheviques, opositores de uma coligação com as classes abastadas mas sem quebrar o contacto com os conservadores

c) Bolchevique que para dar mais ênfase à sua separação ao socialismo moderado e parlamentar passaram a chamar-se Partido Comunista. Era o partido dos desejos dos operários fabris e dos camponeses pobres.

5. Partido Socialista Revolucionário Esquerdista foi na sua origem o partido revolucionário dos camponeses.


O Poder Dual

Desde a Revolução de Fevereiro, a Rússia possuia dois governos paralelos, funcionando no mesmo palácio. Um, chamado de Governo Provisório foi formado pela antiga Duma e adotou a forma parlamentar de governo. O outro era o Comitê Central do Soviete de Petrogrado, composto por socialistas de vários matizes, e com a predominância dos mencheviques em primeira hora. O Governo Provisório era francamente a favor da continuação da guerra. O Comitê Central carecia de consenso sobre esta questão. Entretanto, por não participar do Governo Provisório, pôde repetidamente culpá-lo pela situação caótica sob a qual o país vivia.

Em 20 e 21 de Abril houve manifestações contra a guerra, e unidades militares se juntaram a estas, que assumiram o caráter de insurreição. Vários ministros se demitiram, e em 1 de Maio o comitê central, após votação, permitiu que seus membros participassem do Governo Provisório. Os bolcheviques foram contrários a isto. Seis socialistas se tornaram parte do gabinete, e Kerensky se tornou ministro da guerra. A partir daí, os bolcheviques se tornaram a oposição "oficial", enquanto que os agrupamentos socialistas participantes do governo se tornaram alvo das críticas direcionadas ao governo.

A Ascensão do Partido Bolchevique

Os bolcheviques começaram um grande esforço de propaganda, triplicando a tiragem do Pravda em menos de um mês (de 100 mil cópias em Junho para mais de 350 mil em Julho). Outra tentativa de insurreição, liderada pelos bolcheviques, aconteceu entre 3 e 5 de Julho, mas sem sucesso. O comitê central adotou uma série de resoluções impedindo a prisão e julgamento dos bolcheviques. Sentindo sua fraqueza, o governo permitiu que vários fossem postos em liberdade.

Em 20 de Agosto os bolcheviques ganharam um terço dos votos nas eleições municipais. A atividade dos sovietes diminuía e suas reuniões se tornavam menos concorridas. Enquanto outros partidos socialistas abandonavam os sovietes, os bolcheviques aumentavam sua presença. Em 25 de Setembro eles conquistaram a maioria na Seção Trabalhista do Soviete de Petrogrado e Trotsky foi eleito presidente.

O Caso Kornilov

Após os acontecimentos de Julho, o General Lavr Kornilov foi apontado Comandante-em-Chefe do Exército Russo. Kornilov, assim como a maior parte da classe média russa, acreditava que o país estava se deteriorando e que uma derrota militar na guerra seria desastrosa para o orgulho e honra russas. Ele anunciou que Lenin e seus "espiões alemães" deveriam ser enforcados, os sovietes eliminados, a disciplina militar restaurada e o Governo Provisório deveria ser 'reestruturado'.

Kerensky o demitiu em 9 de Setembro, por suspeita de que este pretendia criar uma ditadura militar. Kornilov respondeu com um chamado a todos os russos para que 'salvassem sua pátria moribunda' e ordenou a seus cossacos e chechenos que avançassem sobre Petrogrado, com a ajuda de especialistas e equipamentos britânicos. Sem poder confiar em seu próprio exército, Kerensky buscou ajuda na organização militar bolchevique, os Guardas Vermelhos.

A população da capital mobilizou algumas milícias populares para defender Petrogrado. Muitas delas foram criadas com a ajuda dos bolcheviques. Estes também enviaram comissários aos acampamentos de Kornilov para disseminar sua propaganda. A tentativa de golpe de Kornilov foi frustrada sem derramamento de sangue, pois seus cossacos o desertaram.

O Comitê Central é posto de lado

Em 20 de Outubro (anunciado em 26 de Setembro) tomou lugar o Segundo Congresso Pan-Russo de Sovietes, por iniciativa dos bolcheviques, a despeito de que apenas 8 de 169 sovietes tenham expressado apoio a este. As eleições para a assembléia constituinte estavam próximas, e aparentemente os bolcheviques pretendiam ofuscá-la e tomar-lhe o poder com uma reunião paralela por eles controlada. O Comitê Central denunciou a manobra, mas repentinamente e sem explicação, a aprovou em 17 de Outubro.

O Comando Militar é posto de lado

Em 6 de Outubro, com o avanço alemão ameaçando Petrogrado, o governo planejou evacuar a cidade. O Comitê Central foi contra. O plano foi abandonado. No dia 9, o Soviete votou a favor de um Comitê Militar-Revolucionário (CMR) que o protegesse de possíveis golpes no estilo de Kornilov. Na prática, entretanto, esse comitê foi pouco mais que uma fachada para a atividade dos Guardas Vermelhos.

Na noite de 21 de Outubro, o CMR tomou o controle da guarnição de Petrogrado em nome da seção dos soldados do Soviete. O comandante do distrito, Coronel Polkovnikov, se recusou a ceder o comando, no que foi condenado publicamente como "contra-revolucionário".

A Insurreição

A insurreição bolchevique começou em 24 de Outubro, quando as forças "contra-revolucionárias" tomaram medidas modestas para proteger o governo. O CMR enviou grupos armados para tomar as principais agências telegráficas e baixar as pontes sobre o rio Neva. A ação foi rápida e sem impedimentos.

Um comunicado declarando o fim do Governo Provisório e a transferência do poder para o Soviete de Petrogrado foi emitida pelo CMR às 10 horas de 25 de Outubro – de fato escrito por Lênin. À tarde uma sessão extraordinária do Soviete de Petrogrado foi presidida por Trotsky. Ela estava cheia de deputados bolcheviques e socialistas de esquerda. O Segundo Congresso de Sovietes abriu naquela noite, escolhendo um Conselho de Comissários do Povo composto por três mencheviques e 21 bolcheviques e socialistas de esquerda, e que formaria a base de um novo governo. O Comitê Executivo do Soviete de Petrogrado rejeitou a decisão daquele congresso e convocou os sovietes e o exército para defender a Revolução.

Na noite do dia 26 o Congresso aprovou o Decreto da Paz, propondo a retirada imediada da Rússia da Primeira Guerra Mundial, e o Decreto da Terra, que propunha a abolição da propriedade privada e a redistribuição de terras entre os camponeses.

As tentativas de tomada de poder dos bolcheviques foram coroadas de sucesso na maior parte da Rússia. Entretanto, o mesmo não se deu em regiões etnicamente diferentes, como na Ucrânia. O conflito entre os bolcheviques e os vários grupos não-bolcheviques à direita (tzaristas, liberais, nacionalistas) e à esquerda (anarquistas) levaram à Guerra Civil Russa, que duraria até o final de 1921.





Fonte: Revolução de Outubro - Wikipédia, a enciclopédia livre
 
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