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Caçadores aceleram a evolução das espécies

Matapitosboss

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Set 24, 2006
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Caçadores humanos estão fazendo com que suas presas evoluam mais rápido do que naturalmente evoluiriam, resultando em indivíduos menores e mais jovens com o passar do tempo, segundo um novo estudo.

A predilecção dos caçadores pelos animais maiores - os "troféus" - afecta populações da fauna e flora com maior rapidez do que a selecção natural, e até mesmo outros impactos humanos, como poluição e destruição de habitats. Tal preferência resulta em um número desproporcional de animais e plantas menores para reprodução.

O fenómeno da evolução forçada por humanos já era conhecido, disse o líder do estudo Chris Darimont. Mas o surpreendente sobre a nova pesquisa é o ritmo com que essas populações estão mudando.

"Organismos que são presas de humanos sofrem as transformações mais rápidas já observadas no meio ambiente," disse Darimont, biólogo evolucionário da Universidade da Califórnia, Santa Cruz, cujo trabalho recebe apoio da Universidade de Victoria, no Canadá.

Um exemplo clássico de selecção natural são os pássaros de Darwin nas Ilhas Galápagos, que rapidamente evoluem com diferentes tipos de bico para explorar fontes de alimento variadas em períodos de seca. Organismos também podem se adaptar em resposta a adversidades, como poluição ou mudanças climáticas.

Velozes e Furiosos
Darimont e seus colegas examinaram previamente registos de mudanças induzidas pela caça de 29 espécies em 40 locais, incluindo peixes comercialmente visados, carneiros selvagens, caribus e diversos animais marinhos como moluscos. Duas espécies de planta também fizeram parte da análise: a flor de lótus do Himalaia e o ginseng americano.

Os pesquisadores compararam as mudanças nessas populações com as de 20 espécies que enfrentam apenas pressões "naturais," como clima, competição por recursos ou predadores animais. A equipe também comparou 25 espécies que não são caçadas por pessoas, mas que enfrentam outras pressões de seleção provocadas por humanos.

Os resultados mostraram enormes diferenças em duas áreas: o tamanho dos animais e seus padrões de reprodução. Além disso, os ritmos da evolução de organismos caçados por humanos são 300% mais rápidos do que em sistemas naturais, disse Darimont, cujos resultados aparecem no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

A tendência a se ter animais menores e de idade reprodutiva precoce também ocorre 50% mais rápido como resultado da caça do que de outros impactos humanos, como poluição e perda de habitat, descobriu o estudo.

Os tamanhos do corpo e dos chifres do carneiro selvagem, por exemplo, diminuíram cerca de 20% nas últimas três décadas devido à caça humana. O bacalhau do Atlântico da costa leste do Canadá agora se reproduz com cinco anos de idade, ao invés de seis - uma mudança que ocorreu em apenas duas décadas.

Ligações cortadas
Darimont aponta que as implicações vão além de peixes miúdos ou carneiros com chifres menores - tanto os caçadores comerciais quanto os desportivos também prejudicam a capacidade de recuperação de animais e plantas.

"Esses tipos de características (tamanhos maiores, chifres mais longos e assim por diante) são elementos centrais à condição física dos animais e aos índices de crescimento populacional" disse Jeff Hutchings, biólogo marinho da Universidade Dalhousie de Nova Scotia que não participou do estudo.

Em geral, os humanos caçam em um ritmo mais elevado do que os predadores naturais, como lobos ou tubarões. Enquanto os predadores animais podem levar 10% da população de espécies de peixes altamente visadas, por exemplo, humanos podem levar até 70%.

"Especialmente em peixes," Darimont disse, "animais menores e precoces produzem menos crias, e isso prejudica a capacidade das espécies de se recuperar para a próxima ação predatória."

Tais mudanças também podem colocar em risco espécies que se desenvolvem junto a animais visados, como seus predadores, presas ou competidores, Darimont acrescentou. "A preocupação é que o funcionamento do ecossistema possa mudar quando uma espécie diminui tão rapidamente," ele disse. "Imagine todas essas ligações ecológicas sendo cortadas."

Dispensando os troféus?
Não está claro se tais diferenças resultam da sobrevivência de curto-prazo de animais menores e mais jovens ou de respostas genéticas de longo prazo, disse Phillip Fenberg do Museu de História Natural de Londres. A despeito disso, ele escreveu em um e-mail, a solução é a mesma: reduzir a caça de animais troféus.

Uma gestão sustentável, ele disse, "exige que as pessoas deixem de caçar preferencialmente os animais maiores e mais férteis das populações, se focando mais em uma estratégia que preserve a estrutura do tamanho histórico das espécies."

Darimont concordou, acrescentando que a melhor maneira de manter tamanhos saudáveis de animais alvos de caça é "imitar os predadores naturais."

"Isso significa reduzir amplamente nossas caças e abrir mão dos animais maiores."


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