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Conhecer o cancro"

migel

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Conhecer o cancro"

<TABLE cellSpacing=0 cellPadding=3 align=right><TBODY><TR><TD bgColor=#eeeeee>
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</TD></TR></TBODY></TABLE>Cancro da tiróide: as lições da história O cancro da tiróide, apesar de ser relativamente raro, é a neoplasia maligna mais comum do sistema endócrino. Consoante o tipo diagnosticado, é também o cancro que apresenta uma das melhores taxas de sobrevivência. A sua incidência mundial ronda os 141 mil casos por ano e a sua mortalidade os 35 mil, valores indicativos do seu óptimo prognóstico.
Em Portugal Continental, incluindo o arquipélago da MAdeira, foram registados 667 novos casos em 2001, ao passo que nos Açores, entre 2000 e 2002, o número de novos casos foi de 60.
A distribuição entre os sexos é bastante assimétrica. Em cada três casos de cancro da tiróide na mulher somente um é diagnosticado no homem. Esta tendência verifica-se em todas as regiões do mundo, incluindo os Açores. Dos 60 novos casos referidos 50 foram registados no sexo feminino e os restantes 10 no sexo masculino. Estes valores de incidência resultaram numa taxa bruta de 13.8 por 100.000 e de 2.8 por 100.000, respectivamente. Apesar de existirem algumas hipóteses para a explicação deste fenómeno, nomeadamente o papel desempenhado pelas hormonas sexuais femininas, ainda não é consensual que factores realmente estão na base desta diferença entre sexos.
Não obstante a existência destas questões ainda por esclarecer, o conhecimento actual dos factores que contribuem para o aparecimento do cancro da tiróide, em ambos os sexos, já é considerável.
A este respeito, é de realçar o factor de risco mais consistentemente associado ao desenvolvimento desta patologia: a radiação ionizante. Pelas suas características, este tipo de radiação é capaz de destruir as ligações químicas existentes nalguns componentes das células, nomeadamente no genoma (DNA), o que está na origem da transformação maligna das mesmas.
A possível associação entre radiação ionizante e desenvolvimento do cancro da tiróide foi sugerida pela primeira vez na década de 50 do século passado, altura em que era muito comum o uso de radioterapia -ç que faz uso de um tipo de radiação ionizante - em certas doenças não oncológicas, como é o caso das micoses do couro cabeludo provocadas por fungos do género Tricophyton e Microsporum.
Também a meados do século X, mais concretamente a 6 e 9 de Agosto de 1945, dá-se o trágico acontecimento da destruição das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, respectivamente. Como todos sabemos, tal destruição passou pelo uso de duas bombas atómicas que mataram ao todo 220.000 pessoas. Devese a este facto histórico o avanço considerável no conhecimento do efeito da radiação ionizante ao nível do organismo humano - a bomba atómica recorre à energia nuclear, que é um tipo de radiação ionizante. Os estudos epidemiológicos realizados nos sobreviventes concluíram que o significativo aumento de determinados cancros, como a leucemia e o cancro da tiróide, se deveu ao efeito dessa mesma radiação.
Passadas quatro décadas do lançamento das bombas atómicas no final da Segunda Guerra Mundial, dá-se outro acontecimento trágico, desta vez por razões acidentais. No dia 26 de Abril de 1986, a 20 Km da cidade ucraniana de Chernobyl, o reactor 4 da central nuclear aí existente sofre uma enorme explosão, libertando para a atmosfera cerca de 100 vezes mais radiação do que a já referida bomba atómica em Hiroshima. Daqui resultou uma exposição considerável das populações vizinhas da Rússia, da Bielorrúsia e da própria Ucrânia a elementos químicos ionizantes, dos quais se destacam, pela sua elevada concentração no ar, os isótopos radiactivos da iodina, um derivado do iodo.
As crianças foram o grupo etário mais afectado. A taxa de incidência do cancro da tiróide antes do acidente era de menos de 1 caso por milhão de crianças/ano. Após o acidente passou a ser de 90 casos por milhão de crianças/ano, na área mais contaminada.
Estamos habituados a ouvir que muitas descobertas científicas se devem ao acaso. Pensemos por exemplo na descoberta da penicilina, em 1928, por Alexander Fleming (1881-1955), que lhe valeu o prémio Nobel da Medicina em 1945. Mas se o acaso tem sido fundamental no progresso, por exemplo, da medicina, não nos podemos esquecer que o contrário também é verdade, ou seja, quando o que não acontece por acaso acaba por ser igualmente aproveitado para um melhor conhecimento dos fenómenos. Estas são, entre outras, as lições retiradas de duas das maiores tragédias do século XX.


Fonte:Correio dos Açores


 
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