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A Pesca Da Faneca

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Visitante
A faneca foi em tempos não muito longínquos um peixe com grande valor no campo da pesca desportiva. Hoje em dia, infelizmente, já não o é tanto mas um melhor conhecimento dos seus hábitos alimentares e habitacionais permite ainda capturarem-se muitos exemplares desta espécie.
A faneca espécie "Trisopterus luscus" muito vulgar no litoral costeiro de toda a nossa plataforma continental. A faneca aproxima-se mais da costa durante os meses de Outono e Inverno, quando atingiu já a maturidade. No seu estado juvenil prefere os estuários para nidificar. Este peixe varia consideravelmente de tamanho, sendo o seu comprimento médio cerca de 25 cm.

HABITAT


A faneca nada geralmente em grandes cardumes nas águas frias das profundidades da nossa plataforma continental. De natureza muito gregária é no cardume que ela encontra meios de defesa contra possíveis predadores.
Existem na sua morfologia dois factores que nos permitem determinar, em parte, algumas características alimentares e zonas preferidas de nidificação. São, concretamente, os olhos e o barbilho. O barbilho que ostenta na maxila permite-nos concluir (já que ele é utilizado como órgão sensitivo) que é um peixe que procura o seu alimento junto aos fundos à semelhança de muitos outros, como o bacalhau e o salmonete. Em relação aos olhos, eles são muito salientes e desenvolvidos, porque os fundos onde evolui são as zonas do mar mais rarefeitas em luz solar e até, por ambas as razões, ter hábitos alimentares nocturnos.
A grande maioria dos peixes não gosta de subir nem de descer na água. Escolhem para as suas evoluções um certo nível da plataforma continental (dos 0 aos 200 metros) e aí se mantêm como inquilinos de um andar bem determinado. Repugna-lhes fazer o esforço de se adaptarem a mudanças de pressão. Em locais bastantes profundos as fanecas quando chegam à tona de água, os olhos parecem que saltam das órbitas, devido à mudança brusca de pressão. Ainda em relação às zonas de nidificação, contanto que não os incomodem (neste caso as fanecas), os peixes não parecem fazer mais do que deslizarem eternamente nas águas. Poder-se-ia perguntar em que ocupam os dias? Nadam, alimentam-se, morrem (servindo de alimento a outras espécies) e reproduzem-se para naturalmente garantirem o equilíbrio da cadeia alimentar marinha.

ALIMENTAÇÃO: UMA VIDA DE DEPREDADOR

A faneca é essencialmente um peixe carnívoro. Carnívoro quando atinge a maturidade e desta forma se encontra adaptado a perseguir pequenos peixes bem como manchas planctónicas de crustáceos e alevins. No entanto, durante o seu estado juvenil, pode adquirir outros hábitos alimentares como são as algas e os vegetais em geral. Tudo indica, olhando os pequenos mas afiados dentes que ostenta nas suas maxilas, que na sua forma definitiva leve uma vida de depredador, alimentando-se desde as formas animais já descritas até a uma gama muito extensa de pequenos invertebrados. Ao alimentar-se junto aos fundos, a faneca tem por hábito soprar contra estes pequenos jactos de água, criando desta forma nuvenzinhas de areão, o qual ela ingere conjuntamente com possíveis seres que ela contenha.


MORFOLOGIA EXTERNA: FINA CAMADA DE ESCAMAS

No aspecto morfológico da faneca têm especial realce os olhos muito grandes e salientes, especialmente adaptados para a visão em águas onde a visibilidade é escassa. A sua boca, além de grande, está repleta de pequenos dentes. 0 corpo tem configuração fusiforme, o que deixa antever tratar-se de um bom nadador, e está revestido por uma fina camada de escamas, que deixam transparecer a quase totalidade dos seus músculos. Tanto as anteriores como as posteriores, são de natureza espinhosa apresentando um aspecto muito franjoso. A sua cor é o tom beje-escuro, com tonalidades mais escuras no dorso, cabeça e barbatanas, com excepção das regiões dos flancos e do ventre que são mais claras ou prateadas. A característica especial da faneca mais importante, que é comum a muitas outras espécies de peixes, como o bacalhau e o salmonete, é o barbilho que ostenta no maxilar inferior, que o peixe utiliza como órgão sensitivo.

A PESCA: 0 AFASTAMENTO TIRA A POSSIBILIDADE DE FERRAR

A faneca não tem actualmente um valor na pesca desportiva tão elevado como outrora detinha. Isto devido ao progressivo rareamento da espécie das águas mais costeiras, em particular dos estuários, locais que frequentava durante os meses de Primavera e Verão, quando o seu comprimento não excedia o de um palmo. Esta escassez deve-se sobretudo à constante contaminação das águas dos rios, o que faz com que a faneca em particular e outras espécies em geral demandem outras zonas mais puras e mais oceânicas e por conseguinte mais afastadas do litoral. Como consequência, este afastamento tira a muitos a possibilidade de ferrar alguns destes extraordinários peixes. Já que se falou em tempos idos, importa referir que, há longos anos, em condições normais e durante a época adequada, se chegavam a pescar centenas de fanecas por dia e em dois pesqueiros especiais, excelentes por eleição, que eram os chupadores de Belém e a doca dos Espanhóis.
Devido à sua abundância e por consequência o seu valor comercial ser também muito baixo, os pescadores de arrasto quando entravam no rio, deitavam pela borda fora toda a quantidade deste peixe que tinham logrado capturar anteriormente. Como devem saber, a faneca morta não se afunda, bóia, e ficava deste modo a servir de repasto às esfomeadas gaivotas que por ali pairavam.
Uma modalidade utilizada é a pesca à rabada com linha de fundo, que de resto ainda hoje se pratica. Esta técnica consiste em empatar numa linha de fundo tantos anzóis quanto o comprimento da linha o permita e também o da profundidade do pesqueiro. Regra geral: os anzóis têm de ter estralhos curtos e o seu número varia entre os 10 recomendados para rabadas de terra e o máximo de 30 para aquelas que são utilizadas a partir de uma embarcação.

A PESCA: EMPATES E ANZÓIS PEQUENOS

Depois disto pode surgir a dúvida que a pesca à faneca é inútil, já que a quantidade deste peixe é menor. Ainda que não seja completamente verdadeira, esta afirmação não anda longe da verdade e isto porque o pescador se não se munir do material adequado, se não pescar em épocas favoráveis e ainda se não optar pelos melhores pesqueiros, então sim, de certeza que não sente as fanecas. Para mais fácil compreensão poder-se-á sintetizar o seguinte: no caso da pesca com a rabada montada numa cana de lançamento, o importante é o pesqueiro apresentar profundidades médias na ordem das 16 a 20 braças, que corresponde a cerca de 30 metros, isto no caso da pesca costeira, porque se for ao largo, há toda a vantagem em tirar proveito das maiores funduras.
Como já foi referido, quer os empates quer os anzóis têm de ser de um tamanho reduzido, n.º 3 para os anzóis e cerca de 10 cm de comprimento para os estralhos. O isco a utilizar é a sardinha salgada e cortada em filetes ou então, dentro da gama dos vermes, o casulo e a minhoca-do-mar. Aconselha-se desde já a sardinha para pescar em locais com maior teor salino e correntes mais fortes. É extremamente importante que a natureza do fundo sub-aquático da zona em que se situa o pesqueiro, para além de apresentar profundidades já referidas, apresente um fundo heterogéneo, isto é, alternando o fundo rochoso com o arenoso.
Uma zona deste tipo é o garante da abundância de várias espécies, já que é muito diversificada em alimentos. A faneca prefere as águas lusas, frias e sujeitas a fortes correntes submarinas, pois são muito oxigenadas e muito abundantes em alimentos trazidos por aquelas. Poder-se-á pôr em dúvida que, ao preferirem as águas mais fundas, as fanecas apareçam nas zonas costeiras. Sim, mas, como não há regra sem excepção, importa referir que só no estado adulto ela arriba e passa a nidificar nessas zonas, preferindo os estuários para passar a sua "juventude". No entanto, frequentemente cardumes inteiros, na ordem das centenas de indivíduos (por qualquer razão biológica - será fome?) aproximam-se o bastante da costa para que, se na altura estivermos aptos em todos os aspectos, então sim, enchemos o saco, dado a sua natureza voraz. Quando se pesca com cana e se nos depara uma situação deste tipo, a melhor solução é fazer a pesca ao sentir não esquecendo no entanto de aumentar o número de anzóis e procurar ter a linha sempre bem esticada.
A modalidade da pesca às fanecas com aparelho já só pode ser praticada, como se compreende, por quem possua barco. A técnica é também muito semelhante e o isco o mesmo. A única alteração consiste no aumento significativo do tamanho dos anzóis, pois nestas zonas (mar aberto) as espécies são de porte considerável. Caso pesque à rabada a partir de uma embarcação, convém iscar alguns anzóis (os que ficam a meia-água) com pedaços de lula, para a eventualidade de por ali andarem pargos, douradas, sargos e até mesmo choupas

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