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Eugénia Melo e Castro:"Este disco é o retrato de uma vida"

florindo

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Uma ponte musical e afectiva entre Portugal e Brasil marca a carreira de Eugénia Melo e Castro nos últimos 30 anos. O dia 6 de Janeiro de 1981 ficará para sempre como um marco nessa viragem pessoal.

Eugénia Melo e Castro:"Este disco é o retrato de uma vida"

Foi nessa data que aterrou no Brasil levando consigo apenas meia dúzia de canções gravadas numa cassete que ela queria transformar no primeiro disco.

A persistência com que perseguiu esse sonho compensou-a. E agora, com mais de duas dezenas de álbuns editados, está de torna viagem com o duplo "Canta, canta mais", um disco que define como "o retrato de uma vida".

Celebra 30 anos de carreira com um duplo álbum. Como define este trabalho?

É um disco de muitos afectos. É o retrato de uma vida, de grandes amizades e cumplicidades. Entre os 16 duetos com nomes conhecidos da música popular brasileira incluo alguns inéditos. Um deles, "Surpresas", foi gravado com o Gonzaguinha pouco tempo antes de ele morrer. E o segundo CD também tem alguns temas inéditos. Optei por isso porque sempre foi dado muito maior destaque aos músicos brasileiros com quem trabalhei e não aos portugueses com quem também tenho parcerias. Curiosamente nunca fiz um dueto com um músico português.

Deu-lhe o título genérico de "Canta, canta mais", porquê?

Esse título explica tudo porque não estou na música com intenção de parar de cantar. Este é um disco que faz o ponto de situação de 30 anos de uma viagem onde tudo começou. Mas não fico por aqui. "Canta, canta mais" para mim é uma continuidade. Já estou a trabalhar na gravação de mais quatro discos. Um deles, chamar-se-á "Um gosto de sol" e estará terminado em Janeiro. Vai ter duetos com o Milton Nascimento . Depois estou a trabalhar num disco infantil com poemas da minha mãe (Maria Alberta Menéres) chamado "Conversas com versos contados" . Tenho ainda o projecto de um disco autoral e de outro que será gravado todo em inglês e que terá o título de "Happiness kills me".

Há 30 anos, sem nenhum disco editado, resolveu ir até ao Brasil convidar o Wagner Tiso para participar naquele que seria o seu disco de estreia. Como conseguiu que a levassem a sério?

Não conhecia ninguém . Fiquei hospedada em casa de uns familiares afastados que nunca conhecera. Então, plantei-me na porta da editora Ariola, três dias seguidos. Até que alguém se comoveu com a minha persistência e me deu a morada do Wagner. A partir daí, houve um conjunto de circunstâncias que jogou a meu favor. Uma delas foi o facto de, nesse instante em que lhe bati à porta ele ter acabado de chegar da maternidade com a mulher e a primeira filha. E eu entrei logo a dar banho à bebé porque a mulher estava um tanto atarantada com a situação

Estava à espera que fosse assim tão simples?

Quando a gente deseja muito uma coisa o universo conspira a nosso favor. Não tinha dinheiro, só a garantia de que, se Wagner me acompanhasse a Portugal, teria a passagem, estadia asseguradas e ainda oito dias de estúdio de gravação pagos pela Polygram, do Tozé Brito. Portanto, em Junho de 1981, o Wagner veio e gravamos e disco "Terra de Mel", que saiu emJaneiro em 1982 .

Esse trabalho foi muito elogiado na altura...

Foi uma grande surpresa para toda a gente, inclusive para a minha família, porque não era suposto eu fazer nada disso. Tinha estudado cinema e era fotógrafa. Cheguei a fotografar o Gabriel Garcia Marques durante um voo em trânsito por Lisboa e as fotos foram publicadas no jornal que, à época, era editado pela Associação Portuguesa de Escritores. Portanto, o disco saiu sem que tivesse falado nele antes. E o lançamento simultâneo em Portugal e no Brasil proporcionou de imediato um segundo álbum, "Águas de todo o ano", já com o Caetano Veloso como meu parceiro e o Ney Matogrosso a cantar a "Dança da lua".

À distância de 30 anos acha que teve sorte?

Não digo sorte mas antes visão. Essa foi a minha grande vantagem.Porque quando comecei a minha carreira profissional na música, comecei-a simultaneamente nos dois países. Não tive que batalhar num país e depois ir batalhar noutro. Para mim tudo o que estava a fazer em Portugal fazia em paralelo no Brasil, com todas as diferenças que isso significa.

JN
 
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