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A Escolinha do Mar

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Fev 29, 2008
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a escola de dona Ostra fica lá no fundo do mar. Nesta escola, as aulas
são muito diferentes.

O dr. Camarão, por exemplo, dá aulas aos peixinhos menores: — Um peixe
inteligente presta atenção àquilo que come. Não come minhoca com anzol
dentro. Nunca!

O peixe-elétrico ensina a fazer foguetes: — Quando o nosso foguete
ficar pronto, vamos à Terra. Os homens não vão à Lua?

E o maestro Villa-Peixes ensina os alunos lindas canções: “Como pode um
peixe vivo Viver fora da água fria…”

Os alunos desta escola não são apenas peixes. Há, por exemplo, Estela, a
pequena estrela-do-mar, tão graciosa, que é a primeira aluna da aula de
balé.

Há Lulita, a pequena lula, que é a primeira em caligrafia que já tem,
dentro dela pena e tinta.

E há o siri-patola, que só sabe andar de lado e por isso nunca acompanha
a aula de ginástica.

Mas nem todos os alunos são bem-comportados. Quando o dr. Camarão se
distrai, escrevendo na concha, Peixoto, o peixinho vermelho, solta
bolhas tão engraçadas que os outros riem, riem.

O dr. Camarão se queixa: — Estes meninos estão ficando muito marotos,
fazem estripulias nas minhas barbas!

No fim do ano, dona Ostra, que é uma professora muito moderna, leva seus
alunos para uma excursão pelo fundo do mar.

Naquele ano, os preparativos para a excursão foram animadíssimos. Vocês
sabem, o melhor da festa é esperar por ela.

Um grande ônibus foi contratado para levar os alunos e professores.
ônibus marítimo, é claro, puxado por cavalos-marinhos.

No dia da partida, todas as mamães foram despedir-se dos filhinhos e
todas faziam muitas recomendações:

– Veja lá, hein? Não vá chegar à beira do ar, e cuidado com as
gaivotas! — Meu filho, não chegue perto do peixe-elétrico quando ele
estiver ligado. É muito perigoso! — Adeus, adeus, boa viagem,
aproveitem bem!

E eles aproveitaram mesmo. Que beleza é o fundo do mar! Como aprenderam!
– Veja, dona Ostra, que peixão tão grande, dando de mamar ao peixinho!

– Aquilo não é peixe, não, é uma baleia. As baleias são de outra
família. Aparentadas com o homem. Por isso dão de mamar aos filhotes.

E aprenderam muitas outras coisas. Viram os peixes-voadores, que davam
grandes mergulhos no ar; viram os golfinhos, que são parentes das
baleias, inteligentíssimos.

E os tubarões, muito emproados, que andam sempre com seus ajudantes, os
peixes-pilotos.

O mais emproado de todos é o Barão Tubarão. Mora num grande castelo de
madrepérola, com seu filho, o Tubaronete.

Naquela noite, acamparam perto do castelo do Barão. Todos ajudaram a
armar o acampamento e, quando tudo ficou pronto, juntaram-se e começaram
a cantar: “Roda, roda, roda, pé, pé, pé. Caranguejo só é peixe na
enchente da maré…”

Ouvindo aquela cantoria, o Tubaronete veio espiar o que havia. Ele era
um peixe muito mal-educado, não ia à escola, nem nada, era um verdadeiro
play-peixe.

Começou a caçoar de todos, a imitar o jeito de cada um, que é uma coisa
muito feia. Dona Ostra ficou aborrecida. — Olha aqui, menino, se você
quiser, pode ficar, mas tem que se comportar direitinho, como os outros.

Tubaronete era mesmo muito mal-educado. Avançou para dona Ostra,
vermelhinho de raiva: — Eu não preciso de vocês, seus peixes de água
doce, seus peixes de lata!

Arrancou a pérola de dona Ostra e fugiu, espirrando água para todos os
lados.

Dona Ostra se pôs a chorar: — Ai, minha pérola! Como é que vou passar
sem ela? Já estava tão acostumada…

– Ah, dona Ostra, não se aflija, não — disse Peixoto que, apesar de
pequenino, era muito valente. — Eu vou já ao castelo buscar a pérola.
Se ele não devolver, falo com o pai dele!

Dona Ostra empalideceu: — Ai, não vai não! Eu tenho tanto medo de
tubarão, ainda mais de tubarão barão. — Eu vou, sim. Se a gente ficar
de braços cruzados, sua pérola não volta nunca mais.

Chegando ao palácio do Barão, Peixoto bateu as barbatanas com toda a
força: PLAC, PLAC, PLAC! Veio atender ao portão uma senhora enguia, de
uniforme preto e touquinha branca na cabeça:

– Boa noite, dona Cobra, diga ao Tubaronete que aqui está o Peixoto,
que quer falar com ele sem demora.

– Cobra, não! Dobre a língua, ouviu? Meus patrões não têm tempo a
perder com os senhores Peixotos… E foi entrando, sem querer escutar o
que Peixoto estava dizendo.

Mas Peixoto não desanimou. Rodeou a casa até que encontrou uma janela
meio aberta e foi entrando, mesmo sem convite.

Lá estavam o Barão e o Tubaronete jantando. Peixoto, com o coração
batendo muito, adiantou-se: — Desculpe, seu Barão, eu ir entrando
assim, mas tenho umas contas a ajustar aqui com o seu filho.

Cadê a pérola de dona Ostra? Devolva já, já! Tubaronete até engasgou de
susto: — Eu ia devolver, eu ia, sim! Tome a pérola, eu estava
brincando… O Barão Tubarão levantou-se, furioso: — De que é que vocês
estão falando?

Pelo que vejo, o senhor meu filho já aprontou mais uma das suas! É a
vergonha da família Tubarão! Vou-lhe aplicar um castigo tremendo!

Peixoto ficou com pena de Tubaronete: — Olhe, seu Barão, eu acho que o
Tubaronete é assim, porque ele não sabe nada. Por que é que ele não vai
à escola como os outros peixes?

O Barão não disse nada, mas, no dia seguinte, Tubaronete foi o primeiro
aluno que se matriculou na escola de dona Ostra.

Faz muito tempo que essa história se passou. Tubaronete já não é mais
aquele peixe sem educação que era naquele tempo.

Ele, agora, é aluno de dona Ostra, dos mais aplicados. É ele quem apaga
a concha para os professores, e é agora o melhor amigo de Peixoto!

Os dois já combinaram que, quando se formarem, vão ser sócios. Vão
fundar uma grande agência de turismo, para fazerem sempre outras
viagenbs pelo fundo do mar.
 
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