• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Quando o soninho aperta...

Luz Divina

GF Ouro
Entrou
Dez 9, 2011
Mensagens
5,990
Gostos Recebidos
0





482304.jpg






Quando existem queixas persistentes, os pais devem recorrer a uma avaliação em consulta do sono


Dormir a quantidade certa de horas de sono é fundamental para um bom desenvolvimento psíquico das crianças, para um bom sucesso escolar e para um dia-a-dia equilibrado.

Quantas horas de sono o seu filho deve dormir? E quais as rotinas que deve ter? Porque é que as crianças têm pesadelos e terrores nocturnos? A resposta a esta e outras dúvidas já de seguida!


Quais os horários de sono recomendados para as crianças?

A duração do sono recomendada para as crianças varia com a idade e na avaliação da duração do sono diário têm de ser contabilizados tanto o sono nocturno como as sestas (ver abaixo).

A hora de deitar pode variar de acordo com a hora de levantar e comos horários da família devendo ser, para a maioria dos casos, entre as 21h00 e as 22h00.

É importante que as crianças tenham algum tempo bem passado com os pais no fim de um dia em que estiveram separados. No entanto, quando as crianças se deitam muito tarde, muitas vezes, já não conseguem dormir as horas de que necessitam durante a noite, mesmo que não sejam acordadas de manhã.

O sono durante o dia também pode ter uma estrutura diferente e não ser tão reparador. Assim, para a regularização do sono, é muito importante que a hora de deitar se torne numa rotina.


Total de horas de sono recomendado (com sestas),
consoante o grupo etário:

#dos 3 aos 11 meses: 14 a 15 horas

# dos 12 aos 35 meses: 12 a 14 horas

#dos 3 aos 6 anos: 11 a 13 horas

#Idade escolar: 10 a 11 horas

#Adolescentes: 9 horas


Quais as perturbações de sono mais comuns nas crianças em idade pré-escolar e escolar?

A perturbação mais comum é a chamada insónia comportamental das crianças, que inclui a resistência em ir para a cama e os despertares frequentes. Afecta 10 a 30% das crianças em alguns estudos.

Depois vem o grupo das chamadas parassónias, que inclui o falar durante o sono, o bruxismo (ranger os dentes), os terrores nocturnos, os movimentos rítmicos e o sonambulismo.

São também frequentes as perturbações respiratórias obstrutivas do sono. Habitualmente, estas crianças ressonam quase todas as noites e, nos casos mais graves, existem paragens na respiração com diminuição dos níveis de oxigénio no sangue e fragmentação do sono.


“Aprender a adormecer sozinho é fundamental porque todos temos pequenos despertares durante a noite entre os vários ciclos de sono"


De que forma se pode promover uma rotina de sono para as crianças que seja semelhante dia após dia?

A rotina da hora de dormir constrói-se todos os dias pela repetição de acontecimentos e de acções com uma sequência. Pode incluir o banho, o vestir do pijama, o lavar dos dentes, a história, a oração, as despedidas, entre outras coisas. Varia de família para família.

A repetição e o afecto tornam a rotina agradável e previsível, transmitem segurança e ajudam a acalmar os medos da noite. A rotina também facilita a aceitação da interrupção da brincadeira e ajuda a preparar o cérebro para adormecer.

Todos nós temos vários ciclos de sono e despertares durante a noite mas, se aprendermos a adormecer sem assistência, costumamos adormecer rapidamente. Assim, parece-nos que dormimos tudo de seguida e temos um sono reparador.


Como é que as crianças conseguem explicar que sonham?

Pensamos que as crianças sonham desde o final da gestação, à sua maneira. De facto, todas apresentam períodos de sono REM (“Rapid Eye Movement”, com “movimentos rápidos dos olhos”) no registo poligráfico do sono, que é a fase do sono em que os sonhos o ocorrem.

A capacidade de partilhar acerca do que sonharam está muito dependente das capacidade de linguagem que a criança já desenvolveu, para pensar e explicar o que vivenciou no sonho e depois de acordar. É por este motivo que habitualmente começam a falar dos sonhos por volta dos 3 a 4 anos.

Os sonhos são uma janela muito interessante para o mundo interior das crianças, onde se podem ver experiências, desejos, conflitos e medos que aparecem representados de forma mais ou menos simbólica. É bom ouvir os sonhos dos filhos, compreendê-los (quando possível!) e falar acerca das emoções e ameaças que neles aparecem.


Qual a importância de uma boa noite de sono para o adequado desenvolvimento da criança?

As perturbações do sono, com número de horas insuficiente ou sono muito fragmentado, têm vindo a ser associadas a uma diversidade de problemas em muitos estudos. São descritos problemas a nível da capacidade de concentração e do desenvolvimento cognitivo, da regulação das emoções, do humor e do comportamento.

Estão associados a sonolência diurna, irritabilidade, a Hiperactividade e o Défice de Atenção e Depressão Infantil. Outro aspecto importante do sono infantil é ser muito sensível aos problemas a outro nível, físico ou emocional, constituindo um sinal de que algo não está bem. Quando existem queixas persistentes, os pais devem recorrer a uma avaliação em consulta do sono.


O sono durante o dia também pode ter uma estrutura diferente e não ser tão reparador



No regresso às aulas, o sono é relevante para que a produtividade do dia seguinte seja assegurada?

Sem dúvida. Uma noite bem dormida é meio caminho andado para um dia produtivo. A privação do sono necessário, principalmente se for repetida, reduz a capacidade de concentração, a memória de trabalho e outras funções executivas, que se reflectem no comportamento e na capacidade de aprender. As crianças com perturbações importantes do sono têm piores resultados na escola.


Deve ou não permitir-se que a criança durma na cama dos pais sempre que o solicite?

Nem sempre, nem nunca. É desejável que as crianças aprendam a adormecer sozinhas na sua cama e no seu quarto entre os 6 e os 12 meses e a passar lá a noite. É mais fácil habituar uma criança mais pequena a esta rotina que, por si só, funciona como prevenção das perturbações do sono.

Poderão existir alturas excepcionais, principalmente por doença, em que a criança volta à cama dos pais mas, logo que possível, deve retomar-se a rotina normal. Dormir em cama própria faz parte do desenvolvimento da autonomia e de uma boa imagem de si próprio, como pessoa capaz, com recursos para enfrentar os seus medos e os desafios da vida.

Por outro lado, a partilha da cama com os pais também interfere com a estrutura familiar. Interfere com o espaço, intimidade e relação do casal com potencial de vir a afectar a vida da criança de outras maneiras.

É bom que, na cabeça da criança, existam ideias bem arrumadas sobre quem é quem na família e qual o lugar de cada um. Isto inclui compreender e aceitar que existe uma cama para os pais e uma cama para os filhos.


Gostaria de acrescentar alguma informação que considere relevante?

Gostava de acrescentar que o sono é uma parte importante na nossa vida (passamos cerca de um terço da vida a dormir) e influencia a qualidade de vida quando estamos acordados. As perturbações do sono das crianças são muitas vezes toleradas pelos pais durante muito tempo, com consequências para todos.

A intervenção a este nível não é nada complicada, tem bons resultados, e é mais fácil quando iniciada mais cedo. Comece por falar sobre as suas preocupações com o seu Pediatra. Se as coisas não melhorarem, deve procurar uma consulta do sono.


Os pesadelos são mais frequentes após situações de ansiedade, perda, tristeza, grande stress ou de experiências traumáticas



Pesadelos ou terrores nocturnos

Por Dr. Filipe Glória e Silva, pediatra do Hospital Cuf Descobertas

No processo de organização e armazenamento da informação que acontece durante a noite, os medos, a ansiedade e as angústias ganham forma de animais, monstros e outras personagens ou situações assustadoras. Faz parte do desenvolvimento normal das crianças.

Os pesadelos são mais frequentes após situações de ansiedade, perda, tristeza, grande stress ou de experiências traumáticas.

Os pesadelos são frequentes após mudanças ou transições significativas como o mudar para a sua cama, entrar ou mudar de escola, a separação de alguém que é importante ou uma hospitalização. Às vezes, ocorrem simplesmente por exposição a cenas assustadoras de filmes (que deve ser controlada).

Na maioria dos casos, as crianças acalmam com a presença dos pais e a explicação de que as personagens e acontecimentos do sono não são reais. Pode também ser proveitoso falar sobre os medos que aparecem nos sonhos. Isto pode ser feito, por exemplo, através de histórias em que a criança ou a personagem boa vencem o monstro ou animal assustador.

Se os pesadelos forem muito frequentes e persistentes ou estiverem associados a muitos medos e ansiedade também durante o dia, pode valer pena conversar com o pediatra ou psicólogo infantil acerca desse assunto.
Existe uma outra situação que pode ser confundida com os pesadelos que são os terrores nocturnos.

Os terrores nocturnos ocorrem numa fase diferente do sono, sem movimentos rápidos dos olhos, durante as primeiras horas da noite.

A criança acorda muito assustada, transtornada e difícil de acalmar. Na verdade, nem parece (e não está) bem acordada, de modo que não se lembra do sucedido no dia seguinte, ao contrário do que acontece nos pesadelos.

São mais frequentes entre os 2 e os 8 anos e a criança deve ser apenas amparada e tranquilizada até voltar a sossegar. Os terrores nocturnos são perturbações do sono benignas que desaparecem com a idade e não têm nada a ver com epilepsia, como às vezes se ouve dizer.





sapobebesaude
 
Topo