Parto de emergência
Parto de emergência
Para não ser apanhado de surpresa, leia este plano de acção que lhe diz o que fazer neste tipo de situação inesperada
A parturiente e sua família devem ter um plano para parto normal e um plano de emergência. Este último passa por ter todo o material necessário a uma situação de parto iminente disponível como, por exemplo, lençóis e resguardos limpos, compressas fita de nastro, etc.
A parturiente deve consultar o médico regularmente em consulta pré-natal e fazer uma alimentação adequada durante toda a gravidez, sendo o ácido fólico e o ferro particularmente importantes (o ácido fólico pode ser encontrado nos legumes e frutas cítricas e o ferro em carne de vaca ou aves, peixe, vegetais de folhas verdes e legumes).
Sintomas e primeiros-socorros
O parto desenvolve-se em 3 fases: dilatação, expulsão e dequitadura.
1. Fase da dilatação
Surgem os primeiros sinais de início de trabalho de parto. Estes são variáveis e incluem o aparecimento de uma dor na região lombar ou na parte inferior do abdómen, com a saída do rolhão mucoso ensanguentado, até ao rompimento da «bolsa de águas», correspondendo à saída do líquido amniótico que envolveu e protegeu o bebé durante a gravidez.
Esta fase pode demorar 16 horas para o primeiro filho e, por vezes, somente quatro horas ou menos, para os seguintes. As contracções surgem com intervalos regulares de aproximadamente 20 a 30 minutos, tornando-se, ao longo do tempo, cada vez mais intensas e frequentes. É aconselhável manter a parturiente em decúbito lateral, preferencialmente do lado esquerdo evitando assim a compressão da veia cava inferior e não fazer orça ou contrair o abdómen.
2. Fase da expulsão
O intervalo das contracções passa a ser de dois minutos e, quando a parturiente sentir necessidade de fazer força como se fosse defecar, é sinal de que o parto está iminente. Nesta altura, torna-se necessário preparar a parturiente assim como o material necessário à segunda fase de trabalho de parto.
A futura mãe deverá ser deitada em decúbito dorsal (de costas) colocando um lençol e um resguardo por debaixo das nádegas, com os joelhos levantados e a cabeça e os ombros recostados e apoiados, numa posição de conforto. Deverá efectuar-se uma limpeza cuidadosa da parte inferior do abdómen, períneo e coxas da mulher utilizando um antiséptico, pelo que de igual forma o socorrista deve procurar lavar escrupulosamente os seus antebraços, mãos e unhas e usar luvas esterilizadas.
Durante as contracções, a parturiente deve ser aconselhada a afastar os joelhos, agarrar a zona posterior da coxa ou da perna, inclinar a cabeça para a frente, suster a respiração e puxar fazendo força como se fosse defecar, procurando relaxar nos intervalos. Após cada contracção aparecerá uma porção cada vez maior da cabeça do bebé. O socorrista deverá colocar uma mão transversalmente na região perineal, fazendo pressão para evitar lacerações desnecessárias, e com a outra mão deve fazer o apoio da cabeça do bebé permitindo uma saída gradual e não repentina.
Quando se der a exteriorização completa da cabeça, deverá ter-se o cuidado de fazer a limpeza da face e aspiração da boca e do nariz, permeabilizando assim as vias aéreas superiores do recém-nascido e a limpeza de todas as secreções e sangue expulsos durante esta fase.
É importante verificar se o cordão umbilical se encontra à volta do pescoço do bebé. Normalmente consegue-se aliviar a circular do cordão e tirá-lo por cima da cabeça com alguma facilidade, nunca devendo puxar ou cortar sem cuidados prévios.
Quando a maior parte da cabeça tiver passado pelo canal de parto, este tenderá a fazer uma rotação lateral durante as contracções seguintes. Mantendo o apoio, deixa-se descair ligeiramente a cabeça para libertar o ombro superior, de seguida, inclina-se para cima para permitir a saída do ombro inferior. A partir deste momento, todo o corpo do bebé sairá facilmente nas seguintes contracções.
Ainda ligado à mãe pelo cordão umbilical, a criança deve ser colocada em decúbito ventral (barriga para baixo) com a cabeça mais baixa de modo a drenar quaisquer fluidos ou muco e deve ser envolvida num pano quente.
O cordão umbilical deve ser laqueado utilizando duas fitas de nastro ou dois pedaços de ligadura ou em alternativa dois clumps umbilicais, colocando-se o primeiro, firmemente, a cerca de 10 a 15 cm do bebé e o segundo 5 cm depois, tornando-se necessário que os clumps estejam bem colocados para que não origine uma hemorragia quando o cordão for cortado. Se possível, este deve ser cortado no hospital, caso seja mesmo necessário, poderá utilizar uma tesoura esterilizada, lâmina ou bisturi.
3. Fase da dequitadura
Ligada à outra extremidade do cordão umbilical está a placenta, que se solta da cavidade uterina normalmente 10 a 30 minutos após o nascimento do bebé. Quando prestes a sair a parturiente sentirá novamente contracções.
A saída da placenta nunca deve ser provocada pelo socorrista, devendo acontecer de forma espontânea e natural. Após a sua expulsão deverá ser guardado num recipiente limpo para posterior observação médica.
Erros a evitar
- Cruzar ou segurar as pernas da parturiente
- Empurrar a cabeça do bebé para dentro da vagina ou puxar para fora
- Puxar ou cortar o cordão umbilical sem indicação médica. Só deve ser cortado em situações de perigo imediato, nomeadamente quando o cordão umbilical envolve o pescoço do bebé
Situações de risco
O parto é um processo natural do qual não deverá em circunstâncias normais, decorrer qualquer perigo tanto para a mãe como para o bebé. No entanto, há casos em que o parto poderá apresentar-se complicado, como por exemplo, na apresentação pélvica, situação que requer um transporte rápido para o hospital e assistência médica especializada. Também a gravidez múltipla é uma situação que, embora não tão emergente, merece atenção redobrada já que os bebés têm menor peso e logo mais complicações.
Quando procurar ajuda médica
Deve ser sempre promovido o transporte para o hospital tanto da mãe como do bebé, pois ambos necessitam ser examinados por um médico.
saude.sapo