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Biometrias das espécies nidificantes ...

billshcot

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BIOMETRIAS



A obtenção de medidas biométricas durante as operações de captura e anilhagem de aves sempre se mostraram importantes, porque podem servir para separar espécies parecidas, sub-espécies ou populações dentro de uma mesma espécie. Por exemplo, a medida do comprimento das caudais de Hirundo rustica permite a separação dos sexos.

A importância da obtenção de um grande numero de parâmetros biométricos adquiri-a quando comecei a capturar Gallinula chloropus e cedo verifiquei que seguindo o livro Identification Guide to European Non-Passerines os indivíduos capturados eram identificados quase todos como fêmeas. Portanto, a população com que estava a trabalhar possuía características morfológicas diferentes das que estavam descritas até ao momento.

Assim, quando procedo a sessões de capturas de aves durante o período compreendido entre 25 de Março e 25 de Julho (período de funcionamento das Estações de Esforço Constante), obtenho os seguintes dados biométricos:

IDADE

Para caracterizar a idade das aves anilhadas são utilizados os códigos propostas pela Euring. Este código está baseado no calendário ocidental e tem validade até 31 de Dezembro, reiniciando-se a 1 de Janeiro. Os números pares indicam desconhecimento quanto ao ano de nascimento da ave e os impares indicam que o ano de nascimento é conhecido.

0 Idade desconhecida
1 Juvenil no ninho ou que ainda não voa
2 Voador de idade incerta
3 Ave nascida no ano corrente
4 Ave não nascida no ano corrente (ano exacto desconhecido)
5 Ave nascida no ano anterior ao corrente
6 Ave não nascida no ano corrente nem no anterior
7 Ave nascida há 2 anos (3º. ano de vida)
8 Ave nascida há mais de três anos (ano exacto desconhecido)
9 Ave nascida há três anos (4º. ano de vida)
A Ave nascida há mais de quatro anos (ano exacto desconhecido)
B Ave nascida há quatro anos (5º. ano de vida)

SEXO

Se para algumas espécies a distinção entre os dois sexos é fácil, outras, por vezes só se distinguem pela pelada de incubação ou por certos parâmetros biométricos. Na base de dados são utilizados os seguintes códigos.

0 Desconhecido
1 Macho
2 Fêmea
7 Desconhecido - melhor estimativa quando anilhador e captor discordam
8 Macho - melhor estimativa quando anilhador e captor discordam
9 Fêmea - melhor estimativa quando anilhador e captor discordam

MASSA MUSCULAR

No musculo peitoral acumulam-se grandes quantidades de proteínas, que a ave pode utilizar quando já não dispõe de acumulação de gordura. O tamanho do musculo peitoral pode ser um bom indicador da condição física das aves.

0 - Quilha muito acentuada. Musculatura côncava.


1 - Quilha distinguível. Musculatura plana


2 - Quilha ainda distinguível. Musculatura convexa.


3 - Quilha não distinguível. Musculatura muito convexa


PELADA DE INCUBAÇÃO

A pelada de incubação desenvolve-se em muitas aves para incubar melhor a postura de ovos. Esta situação provoca uma importante alteração fisiológica, com a retirada de penas da zona ventral e o registo do aumento da circulação sanguínea nessa zona.

São as fêmeas que melhor desenvolvem a placa de incubação, porque são normalmente elas que passam mais tempo a incubar os ovos. Os machos podem apresentar placa de incubação, mas nunca numa forma tão desenvolvida como a que é apresentada pelas fêmeas.

Assim, podemos utilizar a presença de pelada de incubação como um dos métodos para separação dos sexos em aves.

As características da pelada de incubação podem dar informações valiosas acerca das datas de incubação. Neste período a pele fica grossa, com liquido subcutâneo e com rugas grossas. Após a incubação este estádio altera-se e a pele fica com um aspecto seco e com rugas finas. Aliás em 2002, capturei vários Acrocephalus schoenobaenus que apresentavam peladas de incubação e usando o critério proposto no Manual para el anillamiento cientifico de aves estas peladas foram classificadas como em regressão, portanto, as fêmeas apesar de apresentarem pelada não queria significar que tivessem nidificado na área de captura. Foi confirmado este aspecto com a captura de um A. schoenobaenus com pelada de incubação em regressão e que era portador de anilha inglesa

0 Não apresenta pelada
1 Ausência de plumas na zona ventral, com pele lisa e de cor vermelho escuro
2 Irrigação evidente. Algumas rugas grossas e liquido debaixo da pele. Cor-de-rosa
3 Irrigação máxima. Bastantes rugas grossas e liquido visível. Cor-de-rosa pálido
4 Em regressão. Sem fluido e pouca irrigação. De aspecto seco, com rugas finas e secas
5 Penas da parte ventral em crescimento
9 Estado desconhecido

GORDURA

É bastante importante determinar a gordura que as aves possuem durante os períodos migratórios, mas também é interessante o seu estudo durante a muda ou no período de nidificação. A gordura acumula-se em distintas partes do corpo, mas eu só a verifico no abdómen e na região inter-clavicular. É observada a região inter-clavicular e abdominal em separado, estimando-se depois o código correcto.

0 - Ausência de gordura


1 - Indícios de gordura


2 - Região inter-clavicular com alguma gordura. Visível na região abdominal sob a forma de tira


3 - Depressão interclavicular totalmente coberta. Abdómen quase coberto de gordura.


4 - Região abdominal totalmente coberta


5 - Gordura da região interclavicular convexa. Gordura abdominal cobre parte do musculo peitoral.


6 - Gordura visível na zona lateral do musculo peitoral, que une a gordura interclavicular e a abdominal. Musculatura parcialmente coberta


7 - Somente uma pequena parte do musculo peitoral está visível


8 - Corpo totalmente coberto de gordura. Musculatura não é visível


MUDA DAS PENAS

Estratégia da muda das penas é a forma em que os processos de muda têm lugar ao longo do tempo numa dada espécie. A maior parte das estratégias de muda das aves do Paleártico podem resumir-se aos quatro tipos de muda seguintes:

Muda pós-nupcial e pós-juvenil completa
Muda pós-nupcial / pós-juvenil parcial e muda pré-nupcial completa tanto nos adultos como nos jovens
Muda pós-nupcial completa e muda pós-juvenil parcial
Igual à estratégia anterior mas com uma muda pré-nupcial parcial tanto em adultos como em jovens
Mas existem algumas variações importantes destes padrões e existem também diferentes populações ou sub-espécies que têm estratégias diferentes de muda.

Por vezes é somente realizada a formula sequencial da muda das primárias, iniciando-se do interior para o exterior, utilizando o código de 0-5


MEDIDA DA ASA

O método utilizado é o clássico Método da corda máxima descrito por Svensson no Identification Guide to European Passerines, baseado na longitude máxima da asa. Esta medida poderá ajudar a determinar o sexo da ave, nos casos em que não há dimorfismo sexual , ou a determinar a população a que a ave pertence.


COMPRIMENTO DA 8ª PRIMÁRIA

Este método começou a ser utilizado para eliminar a variabilidade de medidas obtidas por diferentes anilhadores. Esta medida, por ser mais exacta, favorece a comparação das medidas obtidas por diferentes investigadores. Assim, convencionou-se medir uma só pena primária e a escolhida foi a 8ª (numeração ascendente) por ser a mais larga na maioria dos passeriformes.


COMPRIMENTO DO BICO

Esta medida, no caso dos passeriformes, é feita desde a ponta da mandíbula superior até ao crânio. No caso dos passeriformes granívoros, opto por só medir a mandíbula superior, conforme é mostrado na fotografia.


COMPRIMENTO DO TARSO

Esta medida é obtida, medindo o comprimento do tarso desde a articulação com a tíbia, na parte posterior da articulação intertarsal até à ultima escama anterior ao ponto onde os dedos se formam.


PESO

Esta medida pode ser obtida tanto por balanças electrónicas ou por dinamómetros e é sempre feita até à décima da grama.
 
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GF Ouro
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Jun 2, 2010
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Este tópico cuidado ,muito bom,bem elaborado ,ajuda a identificar uma série pormenores ,muito importantes
E bem fixado .está muito explicito ,sem dúvida.
 
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