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Golfinhos, companheiros tradicionais dos humanos

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Golfinhos, companheiros tradicionais dos humanos


Maria Carlos Reis



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Os golfinhos sempre maravilharam e intrigaram os humanos. Se procurarmos no nosso imaginário colectivo, encontramos um grande número de histórias e lendas, baseadas no seu comportamento amistoso e na facilidade com que se aproximam de nós.



Desde há muito que a graciosidade dos golfinhos despertou no Homem um fascínio muito especial, enriquecendo-lhe a imaginação para a composição de histórias lendárias onde estes animais desempenham os papéis principais. Durante muito tempo, os marinheiros acreditavam que os golfinhos eram reencarnações de homens, que divagavam pelos mares, praticando tantas boas acções quantos os pecados que haviam cometido durante as suas vidas humanas anteriores.

Mas existem muitas mais histórias. Segundo nativos do Pacífico sul, os golfinhos são parentes do Homem. Por este motivo, eles tentam aproximar-se e brincar com os seus primos terrestres "de duas pernas", tal como acontecia na altura da Criação, quando homens e golfinhos eram semelhantes. Também a mitologia grega é rica em referências a cetáceos. Numa das suas lendas, Poseidon, o Deus do Mar, de todas as criaturas marinhas escolheu um golfinho como mensageiro de amor para cortejar Amphridite, uma ninfa marinha, que mais tarde passeava pelo mar num coche de conchas puxado por golfinhos. Após casar com ela, Poseidon recompensou o golfinho mensageiro, transformando-o numa constelação.

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Tal como em todas as lendas, também as dos golfinhos contêm resquícios de veracidade. É que desde que o Homem se aventurou nos mares, estes mamíferos marinhos têm sido seus amigos e companheiros e são muitas as histórias que o documentam. Os primeiros sinais de contacto entre as duas espécies estão registados em desenhos, em cavernas na Noruega e na África do Sul. Mais tarde, os romanos escreveram sobre misteriosos salvamentos de vítimas de naufrágios, protagonizados por seres identificados como golfinhos. Também Aristóteles lhes devotou uma enorme atenção, não só como cientista, mas também como filósofo, pois estava crente que a predisposição dos golfinhos para o contacto com seres humanos mais não era do que uma tentativa de aproximação do animal ao Homem.

Existem, igualmente, inúmeras histórias deste século que testemunham a estreita relação estabelecida entre golfinhos e humanos. São histórias de amizade, preferencialmente com crianças, de cooperação com pescadores e de salvamento de naufragos. Embora muitas destas últimas não estejam "autenticadas", sabe-se que quando um golfinho está ferido e prestes a afogar-se, os seus companheiros trazem-no até à superfície e sustêm-no, para que possa respirar, agindo deste modo até que o companheiro se restabeleça. Talvez com o Homem se verique por vezes comportamento idêntico.
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Contrariamente a todas estas histórias, não existem evidências (nem histórias) de ataques de golfinhos a seres humanos, mesmo quando o Homem ataca os animais. Mas mesmo assim, não devemos esquecer que os golfinhos são animais selvagens, fortes e independentes, e que devem ser respeitados como tal. A única diferença relativamente à maioria das criaturas selvagens é que os golfinhos associam-se e interagem voluntariamente com pessoas. Qualquer marinheiro sabe que eles tendem a acompanhar os barcos e navios, não por procurarem alimento, mas aparentemente apenas por pretenderem companhia e divertimento.

Tem sido sugerido pelos mais fantasiosos admiradores de golfinhos que eles "sorriem" porque entendem a nossa linguagem e estão pacientemente à espera que nós entendamos a sua. O que é facto é que, mesmo sem partilharmos uma linguagem, os golfinhos são capazes de aprender comandos muito facilmente. Para além disso, têm a capacidade de localizar eficientemente objectos submersos e distinguir vários tipos de materiais, através de uma análise ultrasónica. Estas aptidões, aliadas à sua curiosidade natural e extraordinária versatilidade, fez emergir a ideia de utilizar estes "submarinos vivos", com o seu sistema altamente eficiente de navegação, em acções militares. A marinha americana começou a treinar golfinhos em 1962 e, em 1987, seis golfinhos foram enviados para o Golfo Pérsico com a missão de detecção de minas.

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Actualmente ensaia-se nos EUA o treino de golfinhos para salvamento de mergulhadores, vítimas de acidentes. Também se espera que estes animais venham a servir de veículos de ligação com o serviço de laboratórios submarinos, transportando mensagens e instrumentos de trabalho. Prevê-se, ainda, a sua utilização como sentinelas, que indiquem a aproximação de tubarões ou de mergulhadores inimigos.

Mas apesar da relação próxima que pode ser estabelecida entre humanos e golfinhos, não é verdadeira a ideia que centenas de espectáculos em aquários tentam transmitir - a de que os golfinhos vivem felizes em cativeiro, com a companhia humana. Sabe-se, por exemplo, que nestas condições, os indivíduos morrem mais cedo e a taxa de natalidade é mais baixa, dois indicadores que evidenciam a fraca adaptação a estas situações.

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Não são raros os relatos de capturas violentas de golfinhos, retirados dos seus grupos familiares, transportados sem cuidados e colocados em espaços exíguos. Estatísticas apresentadas pelo Dolphin Project mostram que 53% dos golfinhos que sobrevivem às capturas violentas, acabam por morrer dentro de 90 dias. Os que sobrevivem, geralmente não ultrapassam os cinco anos, perecendo de doenças e traumatismos relacionados com stress. Apesar das condições estarem a melhorar em muitos aquários, existem ainda espectáculos ambulantes, com golfinhos e leões marinhos transportados constantemente de localidade em localidade.

É, no entanto, perceptível uma alteração de mentalidades. Por exemplo, na Austrália já é proibido capturar ou importar golfinhos para cativeiro. Muitas pessoas olham mais positivamente para um futuro de reservas marinhas costeiras, com golfinhos livres para irem e voltarem, com a possibilidade de optarem ou não pelo estabelecimento de contactos com seres humanos.

São cada vez mais os locais onde é possível fazer passeios de barco para observar golfinhos na natureza, sem que os importunemos demasiado. Mas mesmo nestas situações, existem comportamentos menos correctos que devem ser evitados. Nos EUA é ilegal a aproximação aos animais, excepto em casos em que sejam os golfinhos a aproximar-se e a interagir. Existem, no entanto, operadores que tentam "iscar" golfinhos, dando-lhes alimento, o que é também ilegal nos EUA por alterar o comportamento dos animais.

Os golfinhos provocam uma atracção universal, simbolizando liberdade, alegria, graciosidade e serenidade, levantando o espírito de muita gente em todo o mundo. No entanto, muitas são as ameaças que os perseguem: são as redes dos pescadores, os barcos de grande velocidade e a poluição dos mares, já para não mencionar a caça ilegal.
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Seria bom continuarmos a ter a possibilidade, sempre envolvida de certo misticismo, de ver grupos de golfinhos divertidos a saltar fora de água ou a nadar sem esforço à proa de um barco. Sem tentarmos encontrar vínculos entre a espécie humana e os golfinhos ou atribuir-lhes estatutos de divindades, deveríamos apenas apreciar a sua alegria e liberdade.

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