• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Gabriel García Márquez (1927-2014)

mjtc

GF Platina
Entrou
Fev 10, 2010
Mensagens
9,471
Gostos Recebidos
9
ggmarquez.jpg

Gabriel García Márquez (1927-2014).

O escritor colombiano e Prémio Nobel da Literatura, Gabriel García Márquez morreu na quinta-feira, no dia 17 de Abril de 2014, na Cidade do México aos 87 anos. Estava na sua casa, com a sua mulher Mercedes e os seus dois filhos.

Infância:


Gabriel García Márquez, também conhecido por Gabo, nasceu no dia 6 de Março de 1927, na cidade de Aracataca (Colômbia). Filho de Gabriel Eligio García e de Luisa Santiaga Márquez, que tiveram ao todo 11 filhos. Logo depois que García Márquez nasceu, seu pai tornou-se farmacêutico. Em Janeiro de 1929, seus pais se mudaram para Barranquilla, enquanto García Marquez permaneceu em Aracataca. Foi criado por seus avós maternos, Doña Tranquilina Iguarán e o coronel Nicolás Ricardo Márquez Mejía. Quando ele tinha 8 anos, seu avô morreu, e ele se mudou para a casa de seus pais em Barranquilla, onde seu pai era proprietário de uma farmácia. O seu avô materno Nicolás Márquez, que era um veterano da Guerra dos Mil Dias, cujas histórias encantavam o menino, e sua avó materna Tranquilina Iguarán, exerceram forte influência nas histórias do autor. Um exemplo são os personagens de Cem Anos de Solidão.

Estudos:

Gabriel estudou em Barranquilla e no Liceu Nacional de Zipaquirá. Passou a juventude ouvindo contos das Mil e Uma Noites. Em 1947 muda-se para Bogotá para estudar Direito e Ciências Políticas na Universidade Nacional da Colômbia, mas abandonou antes da graduação. Em 1948 vai para Cartagena das Índias, na Colômbia, e começa seu trabalho como jornalista.

Empregos:

O seu trabalho como jornalista foi no jornal El Universal. Em 1949 vai para Barranquilha e trabalha como repórter para o jornal El Heraldo. Neste mesmo período participa de um grupo de escritores para estimular a literatura. Em 1954 passa a trabalhar no El Espectador como repórter e crítico. Em 1958 trabalha como correspondente internacional na Europa, retorna a Barranquilha e casa-se com Mercedes Barcha com quem tem dois filhos, Rodrigo e Gonzalo. Em 1961 vai para Nova Iorque para trabalhar como correspondente internacional, mas suas críticas a exilados cubanos e suas ligações com Fidel Castro o fizeram ser perseguido pela CIA e com isso muda-se para o México. Em 1994 funda juntamente com seu irmão, Jaime Abello, a Fundação Neo Jornalismo Iberoamericano.

Literatura:

Os seus livros alcançaram repercussão na Europa nos anos 1960 e 1970. Reflectiam sobre os rumos políticos e sociais da América Latina.

Teve como seu primeiro trabalho o romance "La Hojarasca" publicado em 1955. Em 1961 publica "Ninguém escreve ao coronel".

A obra "Relato de um Náufrago", muitas vezes apontada como seu primeiro romance, conta a história verídica do naufrágio de Luis Alejandro Velasco e foi publicado primeiramente no El Espectador, somente sendo publicada em formato de livro anos depois, sem que o autor soubesse.

O escritor colombiano possui obras de ficção e não ficção, tais como "Crónica de uma Morte Anunciada e "O Amor nos Tempos de Cólera".

Em 1967 publica "Cem Anos de Solidão", livro que narra a história da família Buendía na cidade fictícia de Macondo, desde sua fundação até a sétima geração, considerado um marco da literatura latino-americana e exemplo único do estilo a partir de então denominado "Realismo Fantástico".

As suas novelas e histórias curtas (fusões entre a realidade e a fantasia), o levaram ao Nobel de Literatura em 1982. Em 2002 publicou sua autobiografia "Viver para contar", logo após ter sido diagnosticado um cancro linfático.

Cinema:


Teve interesse por cinema e trabalhou principalmente como realizador. Em 1950 estudou no Centro experimental de cinema em Roma. Participou directamente de alguns filmes tais como "Juego peligroso", "Presságio", "Erendira", entre outros. Em 1986 fundou a Escola Internacional de Cinema e Televisão em Cuba, para apoiar a carreira de jovens da América Latina, Caraibas, Ásia e África. Em 1990 conheceu Woody Allen e Akira Kurosawa, realizadores pelos quais teve admiração.

Morte:

Em Abril de 2009, Gabriel García Márquez declarou que se reformaria e que não pretendia escrever mais livros. Essa notícia viu-se confirmada em 2012, quando o seu irmão, Jaime Garcia Marquez, anunciou que foi diagnosticada uma demência a Gabriel Garcia Marquez e que, embora estivesse em bom estado físico, havia perdido a memória e não voltaria a escrever. Gabriel García Márquez morreu em 17 de Abril de 2014, na Cidade do México, vítima de uma pneumonia, pouco mais de um mês após completar 87 anos. O autor lutava contra a reincidência de um cancro que atingiu seus pulmões, gânglios e fígado. Gabriel García Márquez foi um dos maiores e mais visionários escritores da humanidade e um dos grandes pilares da cultura latino-americana.

Opinião do escritor a nível mundial:

Por todo o mundo, desde governantes a escritores, Gabriel García Márquez, foi lembrado como uma personalidade a vários níveis notável.

Algumas reacções:

"Os gigantes nunca morrem" - Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia.

O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, qualificou García Márquez como o maior colombiano de todos os tempos, considerando que os gigantes nunca morrem. O Presidente colombiano decretou três dias de luto nacional no país.

"Como quem apresenta um mundo novo a uma criança" - Dilma Rousseff, Presidente do Brasil.

A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, lamentou a morte do escritor colombiano Gabriel García Márquez, através de uma mensagem colocada na sua conta na rede social Twitter: "Foi com tristeza que soube da morte do escritor colombiano Gabriel García Márquez. Dono de um texto encantador, Gabo conduzia o leitor pelas suas Macondos imaginárias como quem apresenta um mundo novo a uma criança. Seus personagens singulares e sua América Latina exuberante permanecerão marcados no coração e na memória de seus milhões de leitores".

"Cem anos de amor pelo seu espírito eterno" - Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela.

Gabriel García Marquez foi um amigo sincero e leal dos líderes revolucionários que ergueram a dignidade da América de Simão Bolívar e José Martí", escreveu na sua conta no Twitter, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A acompanhar a mensagem, Maduro adicionou uma fotografia, a preto e branco, de Gabriel García Márquez, acompanhado pelo ex-Presidente de Cuba, Fidel Castro. Nicolás Maduro destacou ainda que "Gabo deixou gravada uma marca espiritual na nova era da nossa América, cem anos de amor pelo seu espírito eterno". "Pertenceu à geração fundadora do jornalismo criador e comprometido com o direito do povo à sua felicidade", escreveu Maduro, ilustrando a mensagem com uma imagem em que se lê um pensamento do escritor: "A ética deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido ao moscardón (mosca-varejeira)".

"Imaginação, clareza de pensamento e honestidade emocional" - Bill Clinton, ex-Presidente dos E.U.A.

O ex-Presidente norte-americano Bill Clinton manifestou tristeza pela morte de García Márquez, referindo: ”Desde que leu "Cem anos de solidão", há mais de 40 anos, sempre ficou assombrado pela imaginação, clareza de pensamento e honestidade emocional do escritor. Ele sempre soube captar a dor e a alegria da humanidade em cenários tanto reais como imaginários. Tive a honra de ser seu amigo e de conhecer o seu grande coração e mente brilhante por mais de 20 anos".

"O grande pilar da literatura latino-americana" - Isabel Allende, escritora.

A escritora chilena Isabel Allende afirmou que sente uma pena imensa pela morte do escritor colombiano Gabriel García Márquez, sublinhando que a sua obra é imortal. Isabel Allende disse, numa conferência de imprensa no Instituto Cervantes de Nova Iorque: "García Márquez era um maestro para todos, e que todos os escritores latino-americanos contemporâneos foram influenciados pela sua obra. Foi o grande pilar do boom da literatura latino-americana a nível internacional". Isabel Allende disse que não chegou a conhecer pessoalmente García Márquez mas afirmou: "Não sou amiga dele, mas a sua obra é minha amiga."

"Sua obra sobreviverá e continuará a ganhar leitores" - Mario Vargas Llosa, escritor.

O escritor peruano Mario Vargas Llosa, prémio Nobel da Literatura de 2010, mostrou-se muito incomodado com a morte de Gabriel García Márquez, mas salientou que as suas obras irão sobreviver no futuro. "Morreu um grande escritor cujas obras deram grande difusão e prestígio à literatura da nossa língua", declarou Vargas Llosa. O autor peruano acrescentou que as obras de García Márquez "sobreviver-lhe-ão e continuarão a ganhar leitores em todos os lugares".

"Continuaremos sempre reencontrando-o de livro em livro" - José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritor.

"É tal a magnitude da obra literária que nos deixou que continuaremos sempre reencontrando-o de livro em livro, das páginas dos seus romances mais aclamados até às que, enquanto jornalista, nos proporcionou e que são também momentos altos da sua escrita".

"Uma paixão intensa por processos revolucionários" - Otelo Saraiva de Carvalho.

"Politicamente foi um homem que sempre teve uma paixão intensa por processos revolucionários que pudessem fazer singrar a humanidade em termos de vida política, de acesso dos trabalhadores ao poder e à participação da vida política activa do país", disse o ex-militar português e estratega do movimento do 25 de Abril de 1974.

Cem Anos de Solidão:

"Cem Anos de Solidão" é actualmente considerada uma das obras mais importantes da literatura latino-americana. Esta obra tem a peculiaridade de ser umas das mais lidas e traduzidas de todo o mundo. Durante o IV Congresso Internacional da Língua Espanhola, realizado em Cartagena, na Colômbia, em Março de 2007, "Cem Anos de Solidão" foi considerada a segunda obra mais importante de toda a literatura hispânica, ficando apenas atrás de Dom Quixote de la Mancha.
cem_anos.jpg

Utilizando o estilo conhecido como realismo mágico, "Cem Anos de Solidão" cativou milhões de leitores e ainda atrai milhares de fãs à literatura constante de Gabriel García Márquez. A primeira edição da obra foi publicada em Buenos Aires na Argentina, em Maio de 1967, pela editora Editorial Sudamericana, com uma tiragem inicial de 8000 exemplares. Nos dias de hoje já foram vendidos cerca de 30 milhões de exemplares ao longo dos 35 idiomas em que foram traduzidos.

Considerado um dos melhores livros de literatura latina já escritos, sua história passa-se numa aldeia fictícia e remota na América Latina chamada Macondo. Esta pequena povoação foi fundada pela família Buendía – Iguarán.

"Macondo é uma aldeia de 20 casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos".

Assim começa o livro "Cem Anos de Solidão" do autor Gabriel García Márquez. Macondo é uma aldeia pacata, em que vivem 300 pessoas. Fora construída por José Arcadio Buendía na sua juventude, quando com os homens dele, mulheres e crianças e animais, atravessaram a serra procurando uma saída para conquistar o mar, contanto após 26 meses de luta, desistiram e fundaram a fitícia Macondo, no lugar onde José Arcadio Buendía havia sonhado com uma cidade onde as casas tinham paredes de espelho. Macondo foi baseada na cidade da Aracataca, onde Gabriel García Marquez viveu parte da sua infância.
 
Última edição:
Topo