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O Puto

p.rodrigues

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«O Puto» corrobora tese sobre o roubo dos arquivos da PIDE pelo KGB.

O livro «O Puto – Autópsia dos Ventos da Liberdade», de Ricardo de Saavedra, que reproduz uma longa entrevista ao «Comandante Paulo», antigo operacional da rede bombista, corrobora a tese sobre os arquivos da PIDE roubados pelo KGB.

No livro, Manuel Gaspar ou “Comandante Paulo” relaciona a morte de Fernando Oneto, membro da Comissão de Extinção da PIDE/DGS e da Legião Portuguesa com o alegado roubo de parte dos arquivos da antiga polícia política pelos antigos serviços secretos da União Soviética, com a colaboração do PCP.

Fernando Oneto morreu no dia 14 de Maio de 1976, vítima de um ataque cardíaco supostamente provocado por um homem que o “Comandante Paulo” diz ter conhecido nos calabouços da PJ, enquanto decorria o julgamento da rede bombista em que esteve envolvido.

“Um dos prisioneiros que melhor recordo estava acusado da morte do impertinente político Fernando Oneto, que fizera parte da Comissão de Extinção da PIDE e da Legião Portuguesa e dela fora repetidamente expulso por saber demais” (página 374), refere o “Comandante Paulo”, entrevistado pelo jornalista Ricardo de Saavedra em 1979.

“A complicação derivava do facto de Oneto ter revelado que caixotes de documentos da PIDE levantaram voo para o KGB em Moscovo, com processos vários, incluindo provas da ligação da esquerda portuguesa exilada ao falecimento do General Delgado, e da influência da Aginter Press do Guérin-Sérac no exército secreto da direita, criado e alimentado com bênçãos da PIDE, da CIA e da própria NATO” (página 375), diz “Paulo” referindo-se ao encontro na cadeia com o suposto assassino do membro da Comissão de Extinção da antiga polícia política do Estado Novo.

A longa entrevista ao antigo sargento dos Comando do Exército português que combateu em Angola nas fileiras do braço armado da FNLA depois da independência e que mais tarde foi membro da rede bombista de direita em Portugal é revelada pela primeira vez no livro “O Puto – Autópsia dos Ventos da Liberdade”.

A conversa constitui várias horas de gravações efetuadas na África do Sul para onde o “Comandante Paulo” fugiu depois de se ter evadido da prisão de Alcoentre, em 1978.

Durante o tempo em que permaneceu nos calabouços da Polícia Judiciária, enquanto decorria o julgamento da rede bombista, o “Comandante Paulo” ou “o Puto”, tal como foi apelidado por Jaime Neves nos Comandos em Moçambique durante a Guerra Colonial, recorda Oneto como figura “incómoda”.

Fernando Oneto foi fundador da Ação Socialista Portuguesa que mais tarde deu origem ao Partido Socialista, colaborou com a Liga de União e Ação Revolucionária (LUAR) e foi preso pela PIDE três vezes tendo depois do 25 de abril de 1974 ter feito parte da comissão de extinção da polícia política portuguesa.

De acordo com o “Comandante Paulo”, o antigo membro da Comissão de Extinção da PIDE e da Legião Portuguesa, além do conhecimento que tinha sobre o assassinato de Humberto Delgado, também descobriu as ligações internacionais do exército secreto português que Guérin-Sérac (antigo membro da OAS – Organização do Exército Secreto em França) “manejava” através de uma agência de notícias em Lisboa.

Supostamente, o homem com quem Paulo se cruzou na cadeia foi o autor do meticuloso homicídio de Oneto.

“Com ele a morte fora uma obra-prima, cientificamente esquematizada, sem falha que se aponte e sem que alguém, alguma vez, consiga provar que foi assassinato nem descobrir o que lhe terá provocado o ataque cardíaco”, diz o Comandante Paulo, acrescentando que membros da Polícia Judiciária sabiam tudo sobre o homem que assassinou Oneto.

“Os comunas da PJ conheciam bem os parceiros envolvidos e ele até gostaria de explicar a sua versão, porque no princípio prometeram-lhe que não seria preso e agora sentia-se traído, com a agravante de que a mulher lhe implorava silêncio, devido às ameaças constantes”, sublinha.

Sobre este assunto, o livro transcreve na íntegra uma notícia do jornal espanhol El País do dia 16 de Maio de 1976, dois dias depois da morte de Oneto, o homem que além de ter denunciado a libertação indiscriminada de antigos agentes da PIDE também “afirmou que o Partido Comunista Português tinha roubado documentos importantes” da polícia política.

O livro “O Puto – Autópsia dos Ventos da Liberdade” do jornalista Ricardo de Saavedra (Editora Quetzal, 508 páginas) incluiu fotografias e o mapa do plano de fuga da prisão de Alcoentre, está nas livrarias a partir de sexta-feira.

Fonte: DD
 
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