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História de Organizações Criminosas

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GF Platina
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N`drangheta Calabresa

Ao sul da Itália, na Calábria fica outra organização mafiosa, a N`drangheta, cujo nome deriva do grego «andranghtos» que significa «homem corajoso e astuto»; ou mesmo de outro nome grego «andragathía» que significa «heroísmo e virtude». Esta organização mafiosa foi fundada e em grande medida restringida à Calábria, que é o distrito mais pobre e com mais criminalidade da Itália. A Calábria é a região italiana onde as taxas de homicídio são as mais elevadas.

A N`dranghet não é tão famosa quanto a siciliana Cosa Nostra, mas actualmente é a mais influente e considera-se ainda mais fechados e mais difícil de penetrar do que a Máfia Siciliana. Pouco ou nada se sabe de suas actividades. Tanto controla indirectamente o território através das câmaras, que nenhum polícia lhe conseguiu pôr fim. Durante muito tempo, a sua organização absolutamente descentralizada favoreceu as lutas de clãs. Esta sociedade secreta surgiu depois de a polícia correr com os bandidos das montanhas de Aspromonte, para proteger uma novo caminho ferroviário que avançava de Reggio di Calabria até Eboli. Os bandidos deslocados formaram novas organizações de orientação familiar, prosseguindo as carreiras criminosas em cidades e vilas. Um cenário alternativo proposto por alguns historiadores traça ligações com a sociedade criminosa Gardunha, importada por conquistadores espanhóis nos séculos passados.
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Para se tornar membro desta sociedade secreta é necessário ter cometido um crime a sangue frio. Apenas depois se participa no esquema iniciático que assimila a sociedade a uma árvore: as ramificações são os novos recrutas; os ramos, os membros existentes; o tronco, o coração e centro do poder. Quanto as folhas, simbolizam os traidores destinados a cair um dia ou outro. Embora os membros do crime organizado italiano sejam livremente chamados mafiosi, um membro de qualquer clã n`drangheta é conhecido mais especificamente como um ndrinu, e o próprio clã em si como ndrina. Além de ter a vantagem do parentesco (os casamentos são feitos entre parentes), os ndranghetistas misturam-se bem nos seus ambientes, mantendo aparência externa humilde e não ostentando suas riquezas.

Ao contrário das outras organizações mafiosas que possuem sistema piramidal de chefia, os grupos N`drangheta são baseados em famílias de sangue (chamados Ndrine). Há em torno de 50 a 200 dessas famílias, totalizando aproximadamente 6000 integrantes. Há ainda diversos sobre-nomes famosos na Máfia, apesar de alguns famosos mafiosos terem deixado a Itália.

Como o italiano António Nigro, que herdou do pai uma parcela significativa da Máfia. António Nigro fugiu para o Brasil com seu irmão e abriu uma indústria de tecidos para cama, mesa e banho, principalmente para cometer actividades ilícitas, como lavagem de dinheiro, apesar de ser uma das maiores indústrias do Brasil na época. Descoberta a farsa, Nigro se suicidou, deixou uma esposa (Condessa) e o casal de filhos menores e gémeos. Sabe-se apenas que a menina seguiu a carreira de cantora lírica. Desde então nada mais se soube sobre esta fracção da família Nigro. Na N`drangheta, o filho mais velho com o último sobrenome do pai deve assumir o controlo, assim como o filho dele e sucessivamente. Logo depois do desaparecimento de Tony, a sua área foi dada ao seu primo, Francesco Berroni.

A N`drangheta começou por ser conhecida como uma influente organização criminosa, graças ao chefe Paolo De Stefano, considerado responsável por ter feito de um grupo criminoso rural, uma das maiores organizações criminosas do mundo. Em poucas décadas, a N`drangheta passou da extorsão artesanal dos mercados de frutas e de legumes ao contrabando de tabaco, depois ao tráfico de droga, em conivência com os produtores da Albânia. Apesar da proximidade geográfica da Calábria à Sicília, as várias famílias da N`drangheta mantêm a sua independência em relação à Máfia Siciliana, colaborando principalmente no tráfico de narcóticos que traz para a N`drangheta cerca de 30 milhões de dólares por ano.

De acordo com a Direzione Investigativa Antimafia e da Guardia di Finanza, N`drangheta é actualmente uma das organizações criminosas mais poderosas do mundo. As suas actividades incluem tráfico internacional de drogas, descarte de resíduos ilegais, contrabando de armas, extorsão, usura, prostituição, falsificação e tráfico de seres humanos. Com relação ao tráfico de drogas, os investigadores italianos calculam que 80% da cocaína da Europa passa pelo porto calabrês de Gioia. Actividades adicionais incluem lavagem de dinheiro e crimes tradicionais como usura e extorsão. N`drangheta investe seus lucros ilegais em bens imóveis legais e actividades financeiras. As autoridades italianas calcularam em 2013 uma movimentação de 53 biliões de euros.

N`drangheta no estrangeiro

No estrangeiro, a N`drangheta opera com 400 chefes em 30 países com 60.000 pessoas. Possui postos avançados na América: Canadá, Estados Unidos, Argentina e Colômbia. Possui também divisões reconhecidas na Europa: Bélgica, França, Alemanha e Holanda.
 
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Jovens Máfias

Para além das grandes organizações criminosas tradicionais há muito implantadas no sul de Itália, começaram a surgir a partir dos anos 80, novas sociedades criminosas secretas. Na região de Apúlia actuam vários grupos mafiosos que nasceram a partir da década de 1980. O mais importante de entre elas é a Sacra Corona Unita que se terá formado por volta de 1980. Esta nova Máfia, com um ritual de iniciação místico, conseguiu transformar o banditismo local e antigo no núcleo criminoso hierarquizado, com múltiplas actividades. Soube tirar partido da sua localização geográfica, próximo da costa da antiga Jugoslávia, junto das quais contrabandeiam cigarros, mas também imigrantes ilegais que fogem dos Balcãs devastados pelos anos de guerra. Por outro lado, as Máfias de Moscovo ou da Albânia fornecem-lhe a droga e as armas, que são disseminadas por toda a Europa, nomeadamente através da Bélgica.

Sacra Corona Unita

A Sacra Corona Unita surgiu pela primeira vez em Maio de 1983, fundada por Giuseppe Rogoli, um recluso da prisão de Bari, capital da região de Apúlia, no sul da Itália. Foi criada especificamente para resistir às incursões da Nova Camorra Organizada de Raffaele Cutolo. Os membros da organização criminosa seguem todas as actividades ilícitas tradicionais do crime organizado, especialmente no tráfico humano, o que levou a que os seus membros fossem alcunhados de «comerciantes de escravos dos tempos modernos». De acordo com a polícia italiana, estima-se que a Sacra Corona Unita seja composta por 50 clãs locais, governados por um chefe (crimine) que domina uma estrutura piramidal com soldados (cammoristi) nos postos mais baixos. Como acontece na rival Máfia Siciliana, os postos intermédios levam títulos diferentes.
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A Sacra Corona Unita é composta por cerca de 50 clãs com aproximadamente 2000 membros e é especializada no contrabando de cigarros, drogas, armas e pessoas. A Família Magliozzi Legendary é conhecida por lavagem de dinheiro internacional. A Sacra Corona Unita recolhe retornos de outros grupos criminosos para o desembarque de direitos na costa sudeste da Itália. Este território é uma porta de entrada natural para o contrabando de e para países como Montenegro e Albânia. Muito poucos membros da Sacra Corona Unita foram identificados nos Estados Unidos, no entanto, existem alguns grupos em Illinois, Flórida, e possivelmente, em Nova Iorque. A Sacra Corona Unita também está envolvida em extorsão e corrupção política.

Com a importância decrescente do corredor do Adriático como um canal de contrabando (graças à normalização da zona dos Balcãs) e operações de sucesso movidos pelas forças policiais e judiciais contra a sociedade, nos últimos anos, a Sacra Corona Unita foi reduzido a uma fracção de seu antigo poder, que atingiu o pico em torno de meados dos anos 1990. O reconhecimento público desta sociedade criminosa secreta como ameaça nacional ocorreu em 1990, depois de cammoristi (soldados) conhecidos colocarem bombas no tribunal de justiça em Lecce, a segunda maior cidade da Apúlia.

Entretanto, guerras de mútuo extermínio geraram pelo menos três facções rivais a partir do corpo principal:
- A Nova Famiglia Salentina, fundada em 1986 por De Matteis Pantaleo, opere principalmente nos arredores de Salento.
- A Remo Lecce Libera foi criada por dissidentes da Sacro Corona Unita em Lecce, opondo-se à intrusão de mafiosos não pertencentes à organização.
- A facção separatista mais recente, a Rosa dei Venti, foi supostamente criada na prisão de Lecce, durante 1990, por um recluso chamado De Tommasi.

Stidda: A Nova Estrela da Sicília?

A polícia italiana considera a Stidda (estrela em siciliano), a organização criminosa mais recente e significativa da nação. Foi fundada pelos membros da Máfia Giuseppe Croce Benvenuto e Salvatore Calafato, no início da década de 1980, durante a disputa agressiva de Salvatore "Totò Riina" contra as outras Famílias da Máfia. Os membros da Stidda são conhecidos como Stiddari. Aparentemente, alguns membros usam uma estrela como tatuagem nos seus corpos. Os membros mais velhos usam uma agulha e tinta preta e azul para esculpir uma estrela de cinco pontas na mão direita, entre o polegar e o dedo indicador.
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Pouco se sabe sobre as origens da organização, embora acredita-se que tenha surgido de forma semelhante à Máfia Siciliana, no mesmo ambiente rural da Sicília. Ao contrário da Mafia, o Stidda foi principalmente rural até a década de 1980, quando se tornou um pouco mais expansionista e começou a se mover para as cidades, trazendo os dois grupos sicilianos em competição uns com os outros. Difere da Máfia por não ter um sistema de honra, mas está interessado apenas em actividades criminosas e lucrativas. Presentemente, a Stidda opera sobretudo no sul da Sicília, com quartéis-generais nas cidades de Agrigento, Caltanisetta e Gela, Vittoria e Niscemi.

No início de 1990, a Stidda esteve envolvida numa guerra contra a Máfia Siciliana. Uma das suas vítimas famosas foi o juiz Rosario Angelo Livatino (1952-1990).
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O juiz Rosario Angelo Livatino morreu assassinado em 21 de Setembro de 1990, enquanto viajava sem guarda-costas, na auto-estrada Canicattì a Agrigento, para o tribunal. Os assassinos tinham sido pagos pelo Stidda de Agrigento, uma organização criminosa semelhante à Cosa Nostra.
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Durante sua carreira, Livatino trabalhou contra a
corrupção, e obteve sucesso numa série de casos,
apreendendo grandes somas de dinheiro e bens, e a
prisão de figuras importantes do crime organizado.

A sua história inspirou um romance "The Boy Juiz", escrito por Nando Dalla Chiesa em 1992, e foi feito um filme com o mesmo título em 1994 pelo realizador Alessandro di Robilant.
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O filme "Il Giudice Ragazzino" que aborda a vida do jovem juiz, realizado por Alessandro di Robilant, em 1994.

Processo de beatificação

Em 1993, o Bispo de Agrigento pediu ao ex-professor do Rosario Livatino, Ida Abate, para recolher qualquer testemunho disponível para a beatificação de Livatino. Uma pessoa, Elena Valdetara, afirma ter sido curada de uma forma grave de leucemia, graças à milagrosa intervenção do juiz, que apareceu no sonho trajando vestes sacerdotais e pediu-lhe para encontrar em si mesma a força, a fim de derrotar a doença. O Papa João Paulo II disse que Rosario Livatino foi um mártir da justiça e de uma maneira indirecta da fé cristã.
 
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Máfia Americana: La Cosa Nostra

No século XIX a Europa passava por grandes transformações provenientes da luta contra o Antigo Regime e a instalação de regimes liberais. Nesse processo, várias nações experimentaram crises económicas que motivaram a emigração para a América. Entre os imigrantes que chegam, contavam os italianos, responsáveis pela chegada de mais de quatro milhões de pessoas ao continente americano.
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Na maioria dos casos, tratava-se de camponeses pobres vindos das regiões da Sicília, Nápoles e da Calábria. Longe de sua terra natal, muitos desses imigrantes se reuniam em bairros que, em pouco tempo, se tornaram guetos concentrados de italianos dispostos a superar as hostilidades de seu tempo. Preservando as suas relações sociais enraizadas na sua terra natal, buscaram a mesma ascensão e o prestígio anteriormente conquistado por judeus, alemães e irlandeses. A condição económica um pouco mais privilegiada de certas famílias italianas acabou impondo relações de poder semelhantes àquelas impostas dos grandes latifundiários sobre os pequenos camponeses. Através da violência, empréstimos e actividades económicas ilegais, essas famílias um pouco mais privilegiadas, formaram as máfias que seriam tão conhecidas nas primeiras décadas do século XX.

Mão Negra

Nesse período, a Mão Negra foi a primeira organização criminosa formada por várias famílias sicilianas. Dedica-se à extorsão dos mercadores e lojistas italianos, tendo influência sobre o comércio das frutas e do óleo. Particularmente activa em Nova Iorque, em Chicago, mas também em Nova Orleães, a Mão Negra é mais criminosa do que a sua semelhante siciliana.
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A Mão Negra nunca existiu como organização coesa, trata-se antes de uma expressão descritiva para designar a prática de extorsão a longo prazo que foi inicialmente posta em prática na Sicília em meados do século XVIII e exportado depois para a América, 100 anos mais tarde. Referências a uma sociedade da Mão Negra surgidas na imprensa americana, por volta de 1890 até 1915, confundiram um padrão de comportamento com uma organização criminosa global. A Mão Negra extorquia às suas vítimas pagamentos em dinheiro, através de cartas com ameaças de violência, assinadas com a marca de uma mão a tinta negra. As vítimas que não pagassem na altura devida sofriam de várias formas: as suas casas ou lojas podiam ser destruídas à bomba ou queimadas. As suas mulheres e filhos podiam ser raptados; ou as suas vítimas podiam ser assassinadas de imediato.

Por volta de 1900, a polícia americana assinala a existência de gangues da Mão Negra activos nas cidades de Nova Iorque, Chicago, Nova Orleães e São Francisco. Os ricos constituíam os alvos mais atractivos, mas alguns investigadores calculam que 90% dos imigrantes italianos em Nova Iorque eram alvos de ameaças da Mão Negra.
 

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O Assassinato de David Hennessy

Um surto da Mão Negra contribuiu para o assassinato do chefe da polícia de Nova Orleães David Henessy, em 1890, e conduziu directamente à chacina do tenente de Polícia Giuseppe Petrosino, durante uma visita à Sicília em 1909.

Nova Orleães, no Estado da Louisiana, tornou-se palco de violência devido a rivalidades entre dois gangues italianos, Matrangas e Provenzanos. Em 1888, Joseph Shakspeare, candidato da Associação Democrática, ganhou a eleição para Presidente da Câmara de Nova Orleães com o apoio dos republicanos, expulsando os democratas do Anel de Facção liderados por Joseph Macheca, líder da comunidade italiana, e supostamente ligado ao gangue Matranga. Os partidários de Shakespeare eram conhecidos como reformistas ou Facção Bourbon. Shakspeare nomeou Hennessy como seu chefe de polícia. Hennessy aliado à força policial e com o apoio do gangue Provenzanos, como testemunha, atacou o gangue Matrangas, que considerava ser a mais perigosa dos dois bandos.
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David Hennessy era um típico polícia, jovial e corrupto, que foi despedido por ter disparado sobre um colega na esquadra da polícia. Regressou em 1888 para comandar o departamento, sob os auspícios de uma administração municipal mais submissa. Pouco depois, lançou as fundações para o seu próprio assassinato.

Em 1890, as duas famílias da Máfia, os Matrangas e os Provenzanos, combatiam pelo controlo da zona costeira de Nova Orleães. Hennessey apoiou os Provenzanos. Em Junho de 1890, quando seis atiradores dos Provenzanos foram condenados por terem tentado assassinar Tony Matranga, Hennessey ajudou os advogados de defesa dos Provenzanos a descobrirem provas de perjúrio em tribunal. As condenações foram anuladas após interposição de recurso, e um novo julgamento marcado para 22 de Outubro. Uma semana antes do início agendado desse julgamento, a 15 de Outubro de 1890, cinco atiradores emboscaram Hennessey perto da sua casa. Hennessy foi atingido a tiro fora de sua casa quando regressava de uma reunião. Estava disposto a prestar depoimento no julgamento dos Provenzanos, mas os seus assassinos impediram-no. No hospital, Hennessy gravemente ferido, ainda estava consciente, horas depois do tiroteio, e falou com os amigos, mas não revelou os nomes dos atiradores. As complicações do dia seguinte contribuíram para a morte de Hennessy. Ao exalar o último suspiro, culpou os «dagos» pelo tiroteio. Cinco armas foram apreendidas relacionadas com o atentado.
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O assassinato de Hennessy foi o primeiro incidente da Mafia amplamente divulgado nos Estados Unidos. O seu assassinato em 1890 levou a um julgamento sensacional. O Presidente da Câmara de Nova Orleães, Joseph Shakespeare rotulou a morte de Hennessey, como uma vingança siciliana. Um grande júri indiciou 19 suspeitos a 13 de Dezembro de 1890. Charles Matraga e outros oito homens foram a julgamento em Fevereiro de 1891. A 13 de Março, os jurados absolveram Cahrles Matranga e mais cinco dos seus homens, e não conseguiram chegar a um veredicto sobre três dos suspeitos. Os jornais, desde Nova Orleães até Manhattan fizeram acusações de manipulação e intimidação do júri.
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Um grupo de veredictos não culpados chocou a nação, e no dia seguinte, formou-se uma enorme multidão fora da prisão. As portas da prisão foram arrombadas e 11 de 19 homens italianos que haviam sido indiciadas pelo assassinato de Hennessy foram linchados. Além das 11 vítimas linchadas, 5 presos ficaram gravemente feridos no ataque e morreram logo em seguida. Charles Mantranga sobreviveu. Essa execução em massa levou a Itália a cortar relações diplomática com os Estados Unidos, até que Washington concordou em pagar uma indemnização de 25.000 dólares pelo linchamento. A partir daí, a palavra "Máfia" entrou no uso popular devido à cobertura jornalística do julgamento e linchamentos. A morte de Hennessy tornou-se um grito de guerra para a aplicação da lei para parar a imigração dos italianos para a América. Muito depois desse episódio, os racistas de Nova Orleães ainda atormentavam os italianos com a frase jocosa: «Quem é que matou o Chefe?».

Os linchamentos foram o tema do filme realizado em 1999 feito para a TV Vendetta, com a participação do actor Christopher Walken.
A quadrilha Matranga evoluiu para a Família do crime de Nova Orleães com Charles Matranga, como chefe até que se aposentou em 1922.

Família Matranga

A Família Matranga estabelecida por Charles Matranga (1857-1943) e Tony Matranga foi a primeira das famílias mafiosas registadas em Nova Orleães, operando desde o final do século XIX até ao início da lei Seca em 1920. Nascido na Sicília, Carlos e António Matranga estabeleceram-se em Nova Orleães, durante a década de 1870, onde abriram um saloon e um bordel. Usando seu negócio como uma base de operações, os irmãos transformaram a Família Matranga numa organização de crime organizado dedicado à extorsão. Recebiam pagamentos de tributos de operários e trabalhadores portuários italianos, bem como da Família rival Provenzano, que detinha o monopólio da navegação comercial com os embarques de frutas da América do Sul.

Mas as duas famílias começaram depois a entrar em guerra devido aos carregamentos de frutas detidos pelos Provenzanos. Como os dois lados começaram a empregar um grande número de mafiosos sicilianos da sua terra natal, Monreale, na Sicília, a guerra de gangues começou a atrair a atenção da polícia, particularmente a partir do chefe de polícia de Nova Orleães, David Hennessy que começou a investigar as organizações rivais. Poucos meses depois de sua investigação, Hennessy foi baleado e morto por vários atacantes não identificados enquanto caminhava para casa na noite de 15 de Outubro de 1890. Esta foi uma forma de a Máfia matar o funcionário do governo que se tinha atravessado no seu caminho.

Apesar de Charles e vários membros das Matrangas terem sido presos por envolvimento no assassinato de Hennessy, foram finalmente julgados e absolvidos em Fevereiro de 1891. Matranga foi capaz de escapar dos linchamentos de vigilantes, e ao voltar para Nova Orleães, retomou sua posição de chefe da Família mafiosa de Nova Orleães, forçando os Provenzanos ao seu declínio até ao final da década. Matranga reinaria sobre o submundo de Nova Orleães até pouco depois da Lei Seca, quando passou a liderança para Sylvestro "Sam" Carollo no início de 1920.
 
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Giusepe Morello "Mão de Gancho"

Inicialmente, Giuseppe Lupollo, Mont Tennes e Big Jim Colosimo, foram os grandes nomes da Máfia, responsáveis por coordenar a jogatina, as extorsões e a prostituição nos grandes centros urbanos como Chicago e Nova Iorque. Giuseppe "Mão de Gancho" Morello (1867-1930) também conhecido como "The Old Fox", foi o primeiro chefe da organização criminosa da Família Morello. Tinha uma deformação de nascença na sua mão direita que lembrava um gancho, daí sua primeira alcunha.
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Natural de Corleone, na Sicília, Morello emigrou com a sua família para Nova Iorque, no início da década de 1890. Seu pai Calogero Morello faleceu em 1872, e sua mãe Angelina, casou-se novamente um ano depois, com Bernardo Terranova, membro da Família Corleonesi, um dos clãs da Cosa Nostra Siciliana. Bernardo e Angelina tiveram três filhos: Vincenzo (nascido em 1886), Ciro (1888) e Nicholas Terranova (1890), todos se tornaram membros da Máfia. Além de duas filhas: Lúcia (nascida em 1877) e Salvatrice Terranova (1880). Fala-se também de uma irmã Critchey, nascida do primeiro casamento de Angelina: Maria Morello-Lima (1869). As crianças Terranova e Morello cresceram juntas, e possivelmente seu padrasto Bernardo teria ajudado Giuseppe a ser aceito como membro na Cosca da Máfia local. Giuseppe casou-se com Maria Rosa Marvalisi (1867-1898) com quem teve um filho chamado Calogero "Charles" Morello (1892-1912).

Em meados da década de 1890, Giuseppe e sua numerosa família se mudaram para Louisiana em busca de emprego. No ano seguinte, mudaram-se para o Texas onde trabalharam na plantação de algodão. Fugindo de um surto de malária, a família regressou a Nova Iorque por volta de 1897. Dois anos depois, a esposa de Giuseppe, Maria Rosa veio a falecer. Morello casou-se novamente no início dos anos 1900 com Nicolina "Lina" Salemi (1884-1964), com que permaneceu casado até ao fim de sua vida. Em 1902, Giuseppe abriu um bar na 8 Prince Street em Manhattan. Este local viria a se tornar um dos pontos de encontro do gangue de Morello. Na década de 1890, Giuseppe fundou no Harlem Italiano o gangue conhecido com 107th Street Mob, posteriormente chamada de Família Morello. Em linhagem directa, essa organização é hoje denominada de Família Genovese, uma das Cinco Famílias de Nova Iorque. Em 1903, Ignazio "The Wolf" Lupo, líder do crime organizado no bairro de Little Italy, no sul de Manhattan, casou-se com Salvatrice Terranova, meia-irmã de Morello. A união dos dois selou uma aliança entre as duas organizações e o controle sobre dois dos principais enclaves italianos na cidade, Little Italy no sul e o Harlem Italiano no norte.

Morello e os irmãos Terranova construíram de forma violenta e impiedosa um império no submundo do crime. Uma das práticas dessa organização era despejar os corpos desmembrados de seus rivais em grandes barris de madeira. Esses barris normalmente eram abandonados em becos, depositados no mar ou mesmo abandonados nas próprias ruas, visando provocar um terror psicológico nos seus inimigos e nas autoridades. As principais actividades da organização incluíam: extorsão, agiotagem, fraude fiscal e exploração ilegal de jogos de azar. Os lucros nos negócios ilegais eram lavados utilizando os diversos estabelecimentos legais da Família como restaurantes, bares e lojas. Além disso, implementaram o secular sistema de pagamentos por protecção praticados pelos antigos clãs italianos. Prática essa conhecida como Mão Negra.

Durante a década de 1900, a Família Morello transformou-se na mais poderosa organização criminosa de Nova Iorque. No entanto, durante essa processo, o único filho de Giuseppe, Callogero Morello foi assassinado por Rocco Tapano, membro da Kid Baker Gang. Tapano foi morto por Nicholas Morello-Terranova no Bronx algumas semanas depois. Morello foi indiciado por fraude fiscal em 1909, sendo sentenciado a 30 anos de prisão, juntamente com seu cunhado e segundo em comando, Ignazio Lupo. Giuseppe continua a comandar a organização de dentro da prisão durante o primeiro ano de detenção. Mas após esse período foi substituído pelo seu meio irmão Nicholas Morello-Terranova.

No entanto, em meados da década de 1910, eclodiu a guerra entre a máfia (sicilianos) e a camorra (napolitanos). Em 1916 Nicholas foi assassinado a mando de Pellegrino Morano, chefe da gangue de Navy Street no Brooklyn. No seu lugar, assumiram seus irmãos Vincenzo e Ciro Terranova que derrotaram a Camorra e comandaram a organização até ao início dos anos de 1920. Quando um dos capo-regimes da Família, Giuseppe "Joe The Boss" Masseria assumiu a organização. Salvatore D'Aquila, aliado dos Morello e antigo membro da organização, assumiu o território do Brooklyn.

Libertado da prisão e decidido a retomar seu antigo poder, Giuseppe Morello, agora conhecido como Peter Morello, recrutou Umberto Valenti, antigo soldado de Morello, na sua luta contra Joe "The Boss". Depois de fracassar em duas tentativas de assassinar Masseria, os dois lados decidiram marcar um encontro e selar a paz. Nenhum dos dois líderes apareceu na reunião em Agosto de 1922. Suspeitando de ter caído na armadilha, Rocco Valenti tentou escapar do estabelecimento mas foi assassinado pelos homens de Masseria. Apesar disso a paz entre os dois foi concretizada e mais tarde Giuseppe Morello se tornou o braço direito de Masseria na organização.

Entre os anos de 1929 e 1931, eclodiu no submundo do crime de Nova Iorque, o conflito que ficou conhecido como Guerra de Castellammarese. A facção de Joe Masseria entrou em confronto com a organização de Salvatore Maranzano e Joseph "Joe" Bonanno, provenientes da região de Castellammare del Golfo na Sicília. Devido a sua experiência e liderança, Giuseppe Morello foi escolhido por Masseria como seu conselheiro de guerra. No entanto, essa condição levou Giuseppe a ser uma das primeiras vítimas da guerra. Morello foi assassinado com um dos seus associados Joseph Perriano, em 15 de Agosto de 1930 no seu escritório no Harlem Italiano. Mais tarde, Lucky Luciano afirmou que tinham sido Albert Anastasia e Frank Scalise, os homens que premiram os gatilhos, enquanto o informador Joe Valachi punha as culpas no assassino anónimo de Chicago, conhecido por Buster. Alguns autores consideram Morello como a primeira vítima da Guerra dos Castellarmmarese entre Maseria e Salvatore Maranzano.
 
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A Lei Seca (Volstead Act)

Depois da Primeira Guerra Mundial, a história da Máfia Americana sofreu grandes transformações, principalmente com a implantação da Lei Seca (Volstead Act), lei que em 1920, proibia a venda e transporte de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos. Isso permitiu à Máfia Americana tornar-se poderosa. A proibição de fabricação e venda de bebidas alcoólicas foi vista pelos gângsteres como uma grande oportunidade lucrativa, pois os americanos não ficaram nada contentes com a nova lei e comprariam bebidas alcoólicas de qualquer forma não importando a procedência. Então, surgiram milhares de pequenas fábricas clandestinas por todo o país, assim como bares.
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A polícia não fez nada para impedir, já que era impossível conter a enorme demanda, e aproveitava para receber subornos para a "taxa de permissão" de álcool. Também surgiram várias rotas clandestinas de importação de bebidas estrangeiras, principalmente do Canadá. Tal época foi chamada de "Era de Ouro" para o crime organizado americano. E quando a Lei Seca foi revogada, os criminosos mais inteligentes, como Charles "Lucky" Luciano, legalizaram suas fábricas clandestinas, continuando no negócio ainda lucrativo como a bebida.

Antecedentes

Em Maio de 1657, a Corte Geral de Massachusetts tornou ilegal a venda de bebidas de forte teor alcoólico como rum, uísque, vinho e conhaque. Um dos médicos mais notáveis do século XVIII, Benjamin Rush, argumentou em 1784 que o uso excessivo de álcool era prejudicial à saúde física e psicológica, mas acreditava na moderação do seu consumo. Aparentemente influenciados pelas crenças do Dr. Rush, cerca de 200 fazendeiros de uma comunidade em Connecticut formaram a Associação de Temperança em 1789. Associações semelhantes também surgiram na Virgínia em 1800, e Nova Iorque em 1808. Durante a próxima década, outras organizações ligadas ao Movimento de Temperança foram formadas em 8 Estados, algumas delas tornando-se amplamente disseminadas nos seus respectivos estados.

Após décadas de agitação contra a venda de bebidas alcoólicas, os fanáticos religiosos e os reformadores sociais conseguiram os seus objectivos, depois da Primeira Guerra Mundial. A campanha que fizeram fundia argumentos moralistas, apelos à responsabilidade fiscal e social e suspeitas de estrangeiros típicos dos períodos de guerra: uma vez que muitos produtores de cerveja eram alemães. Entre 1907 e 1918, 28 Estados baniram as bebidas alcoólicas no interior das suas fronteiras. O Congresso aprovou a 18ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, ilegalizando as bebidas alcoólicas, e foi ratificado pelos Estados em Janeiro de 1919. A legislação federal que a implementou foi aprovada pelo Congresso, 10 meses mais tarde, entrando assim a Lei Seca em 16 de Janeiro de 1920. A Lei Seca entrou em vigor em 1920, com o objectivo de salvar o país de problemas relacionados à pobreza e violência. A Constituição americana estabeleceu na 18ª emenda, a proibição, a fabricação, o comércio, o transporte, a exportação e a importação de bebidas alcoólicas. Essa lei vigorou por 13 anos, até 1933.
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Com a lei Seca em vigor, aumentou o poder da Máfia Americana. Mas na década de 1920, os mafiosos italianos travaram guerras contra os mafiosos irlandeses e judeus, sobre o controle de negócios ilegais da venda de bebidas alcoólicas. A Máfia Irlandesa-Americana representava um obstáculo à Máfia Ítalo-Americana.

Máfia Irlandesa

A Máfia Irlandesa é o mais antigo crime organizado nos Estados Unidos, tendo as suas origens no início do século XIX. Originários da rua 19 de Nova Iorque, os gangues irlandeses surgiram nas grandes cidades americanas, como Boston, Filadélfia, Chicago e Nova Orleães. No estrangeiro, além da Irlanda, a Máfia Irlandesa operava também no Canadá, Austrália e Reino Unido.
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Os gangues de rua irlandeses-americanos, como os Dead Rabbits e Whyos, dominaram o submundo de Nova Iorque por mais de um século antes de enfrentar a concorrência de outros gangues, principalmente italianos e judeus recém-chegados, durante os anos 1880 e 1890. No início de 1900, com as organizações criminosas italianas, como a Família Morello, vários gangues irlandeses uniram-se para formar o gangue Mão Branca. Embora inicialmente bem-sucedido em manter os seus rivais italianos na sua área, a liderança instável e disputas internas provocaria a sua queda. Os assassinatos de Dinny Meehan , Bill Lovett , e Richard Lonergan levou ao desaparecimento da quadrilha em 1925. O Gangue da Mão Branca nunca se recuperou totalmente do assassinato de Lovett, o que permitiu a Frank Yale estender o seu domínio por todo o Brooklyn.
 

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Frank Yale: Príncipe dos Compinchas

Frank Yale (1893-1928) foi um dos mais importantes gângsteres do início do século XX. É conhecido por ser o primeiro patrão de Al Capone. Nascido na Calábria, na Itália, Frank Yale e a sua família chegaram à América em 1901. Rapidamente se envolveu no crime de rua e tornou-se conhecido como um lutador maldoso. A sua primeira detenção de que há registo foi em 1912, por roubo de casacos de pele.
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No fim da Primeira Guerra Mundial, a Guerra da Máfia contra a Camorra terminou, John Torrio foi para Chicago, e Frank Yale dominou então, o crime organizado italiano no Brooklyn. Conhecido por sua generosidade com os amigos e sua brutalidade frente aos inimigos, Yale era chamado de "Príncipe dos Compinchas". Conhecido por apreciar histórias engraçadas, boa comida e bebida, Yale era uma pessoa de boa aparência. A sua canção favorita era «Santa Lúcia».
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Os serviços de Yale incluíam oferecer protecção aos comerciantes locais, o controle sobre fornecimento de produtos alimentícios aos restaurantes, assim como o fornecimento de gelo para os moradores do Brooklyn. O mais notório hábito de Frank era fumar seus charutos, guardados em caixas fedorentas, que sujavam seu rosto sorridente. Embora tivesse suas qualidades, Yale podia ser também bastante sórdido, empregando brutalidade física e verbal quando necessário. Embora por vezes esquecido nas histórias do crime organizado, Frank Yale foi um dos mais importantes gângsteres do início do século XX. Os membros da sua velha gangue deixariam sua marca no crime organizado de Nova Iorque durante anos: Joe Adonis, Albert Anastásia e Vincent Mangano.

Apesar de a década de 20 ter sido marcada pelos combates violentes entre os mafiosos italianos e irlandeses, Frank Yale sabia que o verdadeiro perigo residia em Al Capone. Em 1927 Yale começou a desviar álcool destinado às tabernas clandestinas de Al Capone. Um espião ao serviço de Capone em Nova Iorque, James DeAmato, morreu às mãos das tropas de Yale em Julho de 1927.
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Um ano depois, em 1 de Julho de 1928, o telefonema de um desconhecido atraiu Frank Yale para fora do seu Sunrise Club, afirmando que a sua mulher estava em perigo. Correndo para o seu carro, Frank Yale conduziu em direcção a uma emboscada, onde o crivaram de chumbo grosso e balas de metralhadoras, na West 44th Street. O seu funeral foi uma das mais sumptuosas despedidas de gângsteres da América, incluindo um caixão em prata no valor de 15.000 dólares e um cortejo de 133 automóveis. No cemitério, o cortejo fúnebre assistiu ao espectáculo de duas esposas que se batiam pelos restos mortais de Frank Yale.
 

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O Domínio da Máfia Ítalo-Americana

Com a queda dos mafiosos irlandeses, o domínio do negócio das bebidas ilegais foi controlado pelos italianos. Foi nessa época que surgiram nomes como Frank Costello, John Torrio e Al Capone, grandes ícones da Máfia Norte-Americana.

Frank Costello: Primeiro-Ministro da Máfia

Frank Costello, nascido Francesco Castiglia, ou Castilla (1891-1973) subiu ao topo do submundo americano, controlando um vasto império de jogos de azar em todos os Estados Unidos, e gozava da influência política como nenhum outro chefão da Cosa Nostra.
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Apelidado de "O Primeiro-Ministro do Submundo", tornou-se um dos mais poderosos e influentes chefes da Máfia na história americana e acabou por liderar uma organização criminosa apelidada pela Lei de Rolls-Royce do crime organizado, a Família Luciano (mais tarde chamada de Família Genovese).

Nascido na Calábria, em Itália, Frank Costello emigrou para os Estados Unidos em 1900, aos 9 anos de idade, com a sua mãe e o irmão Edward. A família estava ansiosa por encontrar o seu pai, que tinha imigrado para os Estados Unidos há vários anos. Morando no East Harlem em Nova Iorque, o irmão mais velho de Francesco, Eddie, iniciou-o nas actividades de gângster. Até os 13 anos, Francesco tinha-se tornado um membro de um gangue local e começou a usar o nome de Frankie. Dois anos depois, cumpriu uma pena de 10 meses de prisão por andar com armas escondidas. Durante a Lei Seca fez equipa com o contrabandista de bebidas irlandês William Dwyer. Tornou-se fabulosamente rico por essa ligação de Dwyer com a Máfia Italiana. Essa aliança ajudou Costello a forjar laços políticos com o Tammany Hall (sociedade política formada por membros do Partido Democrata dos Estados Unidos, que dominou o governo municipal da cidade de Nova Iorque entre 1854 e 1934, quando Fiorello La Guardia, do Partido Republicano dos Estados Unidos, foi eleito presidente da câmara da cidade. A sociedade foi fundada em 1786, e deixou de existir na década de 1960).

Costelo alinhou ao lado de Lucky Luciano na Guerra dos Castellammarese (1930-1931), e emergiu como lugar-tenente da Família do crime de Luciano. Quando Luciano foi preso em 1936, Costello ficou a dirigir a operação no seu lugar, ascendendo ao estatuto de patrão absoluto com a deportação de Luciano, em 1946. Durante esse tempo, expandiu as operações de jogo na Louisiana, em colaboração com os líderes da Máfia de Nova Orleães, e Huey Pierce Long, Jr. (1893-1935), de alcunha "The Kingfish", membro do Partido Democrata e Governador da Louisiana de 1928 a 1932, Senador pelo mesmo Estado no Congresso dos Estados Unidos, de 1932 a 1935.
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Kingfish da Louisiana era um verdadeiro fenómeno americano, adorado por
alguns como herói popular do homem comum, e amaldiçoado e temido por
outros devido à sua corrupção.

Kingfish negociava com os mafiosos Frank Costello e Meyer Lansky para permitir de forma ilegal, o jogo em Nova Orleães, ganhando à conta disso, cerca de 3,5 milhões de dólares por ano. No dia 8 de Setembro de 1935, Kinfish foi atingido a tiro no Capitólio Estadual em Baton Rouge, na Louisiana, tendo sofrido ferimentos fatais. Consta-se que Meyer Lansky terá ordenado ao médico de Kingfish para o deixar morrer.

O invejoso subchefe Vito Genovese conspirou durante a década de 1950 para depor Costello, ajudado pela prisão deste por desrespeito ao Congresso em 1952-1953, e por condenações sucessivas por evasão fiscal em 1953 e 1956. A segunda condenação mandou Costello de volta para a prisão, mas acabaria por ser libertado após interposição de recurso em 1957. Em Outubro de 1957, Genovese enviou Vicente Gigante para liquidar Costello, mas a bala de Gigante atingiu apenas de raspão o crânio de Costello. A polícia encontrou uma folha de papel no bolso de Costello, enumerando os lucros ilegais da Máfia provenientes de vários casinos de Las Vegas. O atentado e a exposição pública levaram Costello a retirar-se dos negócios activos da Máfia, mas ele conseguiu vingar-se com a ajuda de Luciano e Meyer Lansky, ao incriminar Genovese e vários aliados com acusações de tráfico de narcóticos. Genovese viria a morrer mais tarde na prisão, enquanto um ataque cardíaco reclamou a vida de Costello, a 18 de Fevereiro de 1973, em Nova Iorque.
 
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Johnny Torrio: A Raposa

John "Papa Johnny" Torrio, também chamado "A Raposa" (1882-1957), tornou-se famoso por ajudar a construir o império do crime conhecido como o "Outfit Chicago" na década de 1920, que foi mais tarde herdado por seu protegido, Al Capone. Também lançou a ideia do Sindicato do Crime Nacional em 1930, e mais tarde se tornou um conselheiro não oficial da família Genovese. Johnny Torrio, às vezes chamado de "O Cérebro", nasceu no sul da Itália, mas não se sabe se em Nápoles ou Amalfi. Seu pai morreu quando ele tinha dois anos e sua mãe, viúva, emigrou com ele para Nova Iorque. Os seus primeiros empregos foram como porteiro em Manhattan.
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Criado nos bairros degradados do Lower East Side, juntou-se ao gangue Five Points, enveredando assim por uma vida de crime. A partir do jogo e do terrorismo em tempo de eleições, expandiu-se para a prostituição, agiotagem, contrabando de droga e actividades ilícitas ligadas ao sector laboral. Em 1909, Torrio mudou-se para Chicago, onde o seu tio «Big Jim» Colosimo estava a ser perseguido pelos extorsionistas da Mão Negra. Torrio aniquilou os renegados e assumiu o seu posto como lugar-tenente de Colosimo para o distrito do vício de Chicago. Em 1918 acolheu o companheiro de Brooklin, Al Capone, em fuga por acusações de homicídio, encarregando-o de gerir o seu maior bordel. Quando Big Jim se recusou a contrabandear bebidas alcoólicas em 1920, Torrio ordenou a sua morte e assumiu o comando do gangue, cabendo a Al Capone fazer cumprir as suas decisões.

O seu maior rival era o gangue irlandês North Side Gang, e Dean O`Banion, cujos membros nunca perdiam uma oportunidade de denegrir os italianos. Torrio organizou o assassínio de O`Banion em Novembro de 1924, e assim inaugurou uma era de guerras sangrentas entre gangues em Chicago.
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Dean O`Banion (1892-1924), Chefe do gangue irlandês
North Side.

Partidários de O`Banion fizeram uma emboscada a Torrio à porta de sua casa em 24 de Janeiro de 1925, e quase o mataram antes de terem ficado sem balas. Após ter recuperado dos ferimentos, Torrio entregou Chicago a Al Capone, e retirou-se para Itália durante os finais dos anos 20. Regressou aos Estados Unidos a tempo da Guerra dos Castellammarese, surgindo com um dos principais arquitectos do novo Sindicato Nacional do Crime. No dia 16 de Abril de 1957, Torrio morreu de ataque cardíaco na cadeira do barbeiro em Manhattan. A Raposa era tão reservada que os jornalistas só souberam da sua morte três semanas após o funeral.
 

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Al Capone "Scarface"

Para sempre ligado ao massacre do Dia de São Valentim e ao contrabando de bebidas alcoólicas, aos bares, aos clubes clandestinos e aos bordéis, fizeram-se mais filmes sobre Al Capone do que qualquer outro mafioso na história da Máfia Americana.

O gângster mais famoso da América nasceu na cidade de Nova Iorque, em Brooklyn, no dia 17 de Janeiro de 1899. Filho de imigrantes italianos oriundos de Nápoles. O seu pai Gabriele Capone (1865-1920), era barbeiro na cidade de Castellammare di Stabia, uma vila situada a 26 km ao sul de Nápoles. A sua mãe era Teresina Raiola (1867-1952), oriunda de Angri, na província de Salerno. A família Capone emigrou para os Estados Unidos em 1894, somando-se aos 42.977 italianos que assim também procederam.
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Alphonsus Gabriel Capone, ou Al Capone, (1899-1947) liderou um grupo criminoso dedicado ao contrabando e venda de bebidas alcoólicas, entre outras actividades ilegais, durante a Lei Seca que vigorou nos Estados Unidos nas décadas de 20 e 30. Considerado por muitos como o maior gângster dos Estados Unidos. Al como era chamado pelo seu círculo íntimo, tinha o apelido de "Scarface", (Cara de Cicatriz), devido a uma cicatriz no seu rosto derivado de uma briga na infância, por causa de uma rapariga.

Al Capone cresceu numa vizinhança muito pobre e pertenceu a pelo menos duas quadrilhas de delinquentes juvenis. Aos 14 anos foi expulso da escola em que cursava o ensino médio por agredir um professor. Integrou o grupo dos Five Points Gang em Manhattan, e trabalhou para o gângster Frank Yale. Em 1918, Capone conheceu Joséphine Coughlin, de ascendência irlandesa. Em 4 de Dezembro de 1918, a sua mulher deu à luz seu filho, Albert "Sonny" Francis. Capone casou-se com ela no dia 30 de Dezembro do mesmo ano.

Contratado como fanfarrão de taberna e atirador pelo patrão da Máfia Frank Yale, fugiu para Chicago em 1919 depois de ter cometido dois homicídios. Antes de deixar Nova Iorque, adquiriu as cicatrizes faciais que seriam a sua imagem de marca às mãos de um tal Frank Gallucio que o golpeou com uma faca depois que Capone ter rudemente proposto à irmã de Gallucio que tivesse relações sexuais com ele, num dos clubes nocturnos de Yale. Daí em diante, os inimigo de Capone passariam a chamá-lo "Scarface", mas nunca de forma que ele conseguisse ouvir. Em Chicago esteve ao serviço do génio da Máfia John Torrio, e ascendeu ao posto de seu lugar-tenente. Al Capone não tinha a inteligência e sofisticação de Torrio, mas compensava essa lacuna com astúcia animal e força bruta, servindo como arma de arremesso de Torrio, quando as negociações com os rivais fracassavam. Quando Torrio foi alvejado por gangues irlandeses, Al Capone passou a liderar os negócios e rapidamente demonstrou que era melhor para comandar a organização do que Torrio, expandindo o sindicato criminoso para outras cidades entre 1925 e 1930.

Massacre do Dia de São Valentim

Quando Dean O`Banion foi assassinado em 1924, os membros sobreviventes do gangue North Side empreenderam uma guerra contra o sindicato italiano liderado por John Torrio e Al Capone. Em Janeiro de 1925, uma emboscada quase matou Torrio o que levou a abandonar Chicago, e a deixar Al Capone no comando. Depois de mais quatro anos de guerra, Al Capone decidiu por fim ao conflito com um único ataque. Como prelúdio da matança, um telefonema propôs ao líder do North Side, George «Bug» Moran, um carregamento de uísque que tinha sido desviado, para ser entregue na sua garagem de Clark Street a 14 de Fevereiro. Moran atrasou-se a chegar para receber a entrega e viu polícias a entrarem na garagem, pelo que decidiu ir-se embora.
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Dentro da garagem, os seis assassinos vestidos de polícias contratados por Al Capone, alinharam os sete mafiosos irlandeses contra uma parede e dispararam as suas metralhadoras. Alvejaram depois com dois tiros de caçadeira dois deles, que aparentemente tinham sobrevivido. As vítimas do massacre incluíam quatro gângsteres do North Side: os irmãos Frank e Peter Gusenberg, Johnny May e Al Weinshank. Foram também chacinados o mecânico do gangue, James Clark, e o Dr. Reinhardt Schwimmer, um optometrista que gostava de passar tempo com os mafiosos. A polícia calcula que os assassinos de Al Capone confundiram o médico com Bugs Moran, dado que os dois homens eram parecidos.
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Bugs Morn (1893-1957), chefe do gangue North Side.

Quando Bugs Moran soube do acontecimento, disse à imprensa: «Apenas Capone mata desta maneira». Mas Al Capone tinha um alibi perfeito: estava na Flórida a conversar com o Procurador Distrital de Miami, quando ocorreu o massacre. Ninguém foi acusado pelas execuções. A polícia encontrou uma das armas no Michigan, quando deteve o assassino a soldo Fred "Killer" Burke, mas prescindiu da acusação e em vez disso prendeu-o por ter matado um polícia local. O assaltante de bancos Fred Goetz gabou-se de ter participado no massacre, mas nunca foi interrogado e os seus colegas silenciaram-no para sempre em 1934. O alegado líder do grupo e tenente de Capone, "Machine Gun" Jack McGurn foi morto por atiradores desconhecidos sete anos mais tarde, a 14 de Fevereiro de 1936. Os assassinos deixaram um cartão humorístico do Dia de São Valentim junto do seu corpo. O Massacre de São Valentim neutralizou eficazmente o gangue irlandês North Side de Bugs Moran.

A carreira de Al Capone

Aos 26 anos, Al Capone mostrava ser um homem sem escrúpulos, frio e violento. Em 1929 foi nomeado o homem mais importante do ano, junto com personalidades da importância do físico Albert Einstein e do líder pacifista Mahatma Gandhi. Al Capone controlava informantes, pontos de apostas, casas de jogo, bordéis, bancas de apostas em corridas de cavalos, clubes nocturnos, destilarias e cervejarias. Chegou a facturar 100 milhões de dólares norte-americanos por ano, durante a Lei seca; foi um dos que mais a desrespeitaram. Por ser promíscuo, acabou contraindo sífilis, o que o obrigava tomar remédios fortes.

Impedido de fazer parte da Máfia, Al Capone conseguiu obter o controlo da Unione Siciliane de Chicago, e usou para exercer a sua influência sobre os mafiosos italianos. Ao mesmo tempo, criou um Sindicato multi-étnico que incluía italianos, judeus, polacos e irlandeses, que ficou conhecido como «The Outfit» (A Unidade) até aos dias de hoje. Os rendimentos de Al Capone, estimados em 100 milhões de dólares por ano entre 1925 e 1930, permitiam-lhe controlar a maior parte da polícia e dos políticos de Chicago, enquanto instalava postos avançados da Máfia por todo o país e no Canadá. Neste último país, o barão do álcool Samuel Bronfman, abastecia a organização de Al Capone com um fornecimento interminável de uísque barato para revenda a preços inflacionados. Al Capone possuía uma enorme propriedade em Palm Island, na Flórida.
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O extravagante estilo de vida de Al Capone e as festas loucas que dava na sua propriedade na Flórida atraiu a atenção de um dos seus vizinhos, o Presidente dos E.U.A., Herbert Hoover, que exigiu uma acção federal contra Capone. O Departamento do Tesouro enviou Eliot Ness e os seus «intocáveis» a fazer uma razia às destilarias ilegais, enquanto Elmer e Frank Wilson reuniam provas de evasão de imposto sobre o rendimento de Al Capone. Em 1931, Al Capone foi condenado pela justiça americana por fuga aos impostos, com 11 anos de prisão. Cumpriu a pena na Penitenciária Federal de Atlanta, na Geórgia, e depois na Ilha de Alcatraz, na Baía de São Francisco. A sua pena foi revisada em 1939, em decorrência de seu estado de saúde: tinha sífilis em estado avançado e não tratado e apresentava traços de distúrbios mentais e morreu dessa doença em 1947. O seu último ano de vida foi passado no hospital para doente mentais em Baltimore, antes de se retirar para a Flórida. Aí, Al Capone sofreu um AVC em 21 de Janeiro de 1947, falecendo quatro dias mais tarde.

 

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Os Intocáveis (Filme)

"Os Intocáveis", filme de drama policial norte-americano de 1987, foi dirigido por Brian De Palma e escrito por David Mamet. Baseado no livro "Os Intocáveis" de 1957, o filme teve a participação de Kevin Costner como o agente do governo Eliot Ness; Robert De Niro como Al Capone e Sean Connery como director irlandês-americano Jimmy Malone. O filme segue o relato autobiográfico de Ness e dos seus esforços e de seus Intocáveis ​​para trazer à justiça Capone durante a Lei Seca. O filme "Os Intocáveis" ​​foi lançado em 3 de Junho de 1987, e recebeu críticas positivas. Observadores elogiaram o filme por sua abordagem, bem como a sua direcção. O filme também foi um sucesso financeiro, arrecadando 76 milhões de dólares no mercado interno.
[video=youtube_share;XiFguTlYprA]http://youtu.be/XiFguTlYprA[/video]
Na selvagem Chicago dos anos 30, o jovem polícia Eliot Ness decide bater de frente com o crime
organizado do temido Al Capone, recrutando alguns homens sem medo para neutralizar o tráfico de
bebidas do criminoso, durante a Lei Seca americana.
 
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Guerra de Castellammare (1929-1931)

Este conflito entre mafiosos italianos, não passou de uma luta pelos seus valores que dividiam os italianos, especialmente os sicilianos e os italo-americanos. Os sicilianos tinham a alcunha de "Mustache Pete", nome dado aos membros da Máfia Siciliana que vieram para os Estados Unidos como adultos, no início de 1900. Ao contrário dos mais jovens sicilianos-americanos conhecidos como os "Jovens Turcos", a Velha Guarda Mustache Petes tinha grandes bigodes e geralmente cometeram seus primeiros assassinatos na Itália. Os membros mais proeminentes deste grupo eram Joe "The Boss" Masseria e Salvatore Maranzano. Muitos deles também tinham ligações com a Máfia Siciliana. Os Mustache Petes queriam manter as suas tradições sicilianas no novo país e estavam mais interessados ​​em trabalhar com os italianos, em vez de outras etnias. Isso iria contra a nova geração de italianos criada nos Estados Unidos, que tinham interesse em trabalhar com os irlandeses e judeus. Além disso, não se interessavam muito pelos valores tradicionais sicilianos, antes preferiam a luta pelo poder.
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Durante a Guerra Castellammarese, Luciano construiu uma rede de mafiosos mais jovem em ambos os campos de Masseria e Maranzano, e secretamente a intenção de assassinar um dos chefes mais velhos, e em seguida, esperar o momento propício antes de matar o outro. Eles finalmente decidiram matar Masseria, e fingir lealdade a Maranzano até que tivessem a oportunidade de eliminá-lo também.
reducirimagen.asp

Após isso, a nova geração de mafiosos italianos reorganizou o novo Sindicato do Crime e fundou a Comissão, tornando-se mais perto da moderna Mafia Americana de hoje. Acredita-se que, após esses eventos, realizou-se a operação conhecida por "Noite das Vésperas Sicilianas", tendo sido eliminado a maioria dos mafiosos da velha guarda siciliana. Algumas histórias do Sindicato Nacional do Crime da América afirmam que na mesma data em que Salvatore Maranzano foi assassinado, pondo fim à Guerra dos Castellammarese, no dia 10 de Setembro de 1931, foram mortos outros 40 mafiosos da velha guarda em todo o país, por ordem de Lucky Luciano. Mas estudos mais recentes contestam esta versão, notando apenas que duas outras vítimas, os mafiosos do Bronx Sam Monaco e Louis Russo foram raptados e mortos na data em questão. Com a sua ascensão ao poder, o crime organizado estava prestes a expandir-se para uma combinação verdadeiramente nacional e multi-étnica. A Mão Negra torna-se então, no novo tipo de Máfia: a Cosa Nostra Americana.

A Comissão

Após a queda de Al Capone, a Máfia Ítalo-Americana assemelha-se a um verdadeiro sindicato criminoso, organizado pelo novo homem forte do submundo: Lucky Luciano.

A Guerra dos Castellemmarese permitiu a Luciano destruir a velha geração de mafiosos de forma a apoderar-se do poder. Vitorioso, Luciano cria em 1931, uma Comissão constituída por 25 Famílias dispersas pelas grandes metrópoles americanas, como Nova Iorque, Chicago, Los Angeles, Cleveland, Nova Orleães, Filadélfia, etc. A Comissão assemelha-se a um tribunal que decide o caso de conflito de interesses entre as famílias.

Actualmente, das 25 Famílias fundadoras da Comissão em 1931, cinco são originárias de Nova Iorque:
- A Família Gambino opera sobretudo no domínio do betão, droga e pornografia.
- A Família Genovese, que teve Vincente Gigante como chefe e a cumprir pena perpétua desde 1997, permanece activa no tráfico de droga, no controlo das docas e na construção civil.
- A Família Bonano infiltrou-se nos sindicatos e pratica a extorsão e o tráfico de drogas.
- A Família Luchese dedica-se aos mesmos negócios que a sua rival, a Família Bonano.
- A Família Colombo controla o jogo, a construção civil, o álcool e a prostituição.
Na época de Luciano, os laços entre a Máfia Americana e a Cosa Nostra Siciliana eram muito estreitos, uma vez que são laços familiares. Até 1957, a CIA não acreditava na existência de uma sociedade criminosa clandestina e estruturada à escala do país.
 

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A Reunião de Apalachin

Em 14 de Novembro de 1957, cerca de 100 homens, entre chefes da Máfia Americana, seus assessores e guarda-costas, reuniram-se na propriedade do mafioso Joseph "Joe the Barber" Barbara em Apalachin, cidade situada ao longo da costa sul do rio Susquehanna, perto da fronteira com a Pensilvânia, a cerca de 200 km a noroeste de Nova Iorque. O objectivo da reunião foi discutir as operações de La Cosa Nostra, tais como jogos de azar, casinos e narcóticos.
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Na época anterior à reunião de 1957, o polícia Edgar Croswell vigiava a casa do mafioso Barbara, e estranhou a presença de muitos carros de luxo estacionados na casa do mafioso. Tomou nota das matrículas e verificou que muitos desses carros pertenciam a mafiosos conhecidos. Imediatamente, chama os reforços policiais estaduais que chegam ao local. Alguns mafiosos conseguiram fugir; outros foram detidos no bloqueio policial; e ainda outros fugiram pelos campos e bosques estragando os seus fatos caros, antes de serem apanhados.

Os moradores locais relataram a descoberta de notas de 100 dólares espalhadas pelo campo durante meses após a reunião. Cerca de 50 homens escaparam, mas 58 foram detidos, incluindo os membros da Comissão, Genovese, Carlos Gambino, Joseph Profaci e Joseph Bonano. A desculpa destes mafiosos à polícia foi que ouviram falar que Joseph Barbara estava doente e que tinham vindo visitá-lo.
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Cerca de 20 mafiosos que participaram da reunião Apalachin foram acusados ​​de conspiração de obstruir a justiça por mentir sobre a natureza da reunião, e considerados culpados em Janeiro de 1959. Todos foram multados em 10.000 dólares e houve penas de prisão que variaram entre três a cinco anos. Mas no ano seguinte, as condenações foram anuladas.

O director do FBI J. Edgar Hoover tinha negado a existência de um Sindicato do Crime Nacional, não acreditando na existência do crime organizado na América. Após a Reunião de Apalachin, J. Edgar Hoover criou o "Top Programa Gorilas" e foi atrás dos poderosos chefes da Cosa Nostra em todo o país. Muitos dos chefes mais poderosos do sindicato, como Genovese, Bonanno, Sam "Momo" Giancana, Stefano Magaddino, Costello, Carlos Marcello, Lansky, Longy Zwillman e Philip "Dandy Phil" Kastel, encontraram-se diante de um maior controlo da aplicação da lei com acusações e grandes intimações da parte do júri.
 
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La Cosa Nosta: Poderosa e Organizada!

Nos anos 30, o fracassado esforço moralizante da Lei Seca obrigou as autoridades do país a realizarem uma reforma da lei a ser publicada no ano de 1933. Pela nova emenda, o comércio e a fabricação de bebidas voltou a ser legalizada, e com isso, a maior fonte de lucros da Máfia seria extinta. Aliás os efeitos do crash de 1929, obrigaram os mafiosos a investir em outras actividades que pudessem ainda sustentar as famílias e seus vultosos lucros. A dificuldade económica trouxe o acirramento entre as diferentes gangues que buscavam preservar cada palmo de suas áreas de influência. A guerra entre Giussepe Masseria e Salvatore Maranzano foi uma das mais conhecidas disputas acontecidas nos primeiros anos de 1930. Depois disso, a nova era na máfia abandonou as rixas pessoais e a influência de poder local, para se infiltrar nos cargos públicos e em redes de crime muito mais amplas.
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As novas gerações da Máfia eram compostas por figuras que completaram seus estudos, e a partir de então, puderam estabelecer vínculo com juízes, polícias e procuradores de Justiça. De facto, a Máfia da década de 1930 foi mais discreta e articulada, não realizando acções criminosas à luz do dia ou promovendo espectáculos públicos de violência.

A nova Cosa Nostra ficou alheia às disputas de gangues para buscar o lucro e a cooperação dos grupos. O poder alcançado pela Máfia nos Estados Unidos foi uma clara consequência de condições históricas específicas responsáveis por engrenar esse tipo de situação. Os nomes e o glamour marginal dado à Máfia iam contra os ideais patrióticos, familiares e liberais que tão profundamente marcaram a cultura norte-americana. Em contrapartida, vários indícios sugerem que a Máfia preservou seu poder e influência entre as elites económicas dos Estados Unidos.

No centro destas grandes alterações na Máfia estava um dos maiores mentores, o gângster Charles "Lucky" Luciano, que alcançou uma posição de grande influência dentro da Cosa Nostra e deu seu apoio a uma ideia que estava circulando nos meios mafiosos havia algum tempo: a criação de uma comissão multifamiliar que aprovasse as actividades mafiosas em território nacional. Actualmente, a Comissão vem encolhendo desde a sua formação, e algumas famílias perderam influência e já não enviam representantes. Circula rumores de que ela ainda existe, mas está restrita à costa Leste dos E.U.A., mas já não tem o poder dos tempos de Lucky Luciano.
 
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Charles "Lucky" Luciano: Pai do Crime Organizado

Nasceu na Sicília, doutorou-se nas ruas de Manhattan e foi eleito pela Time um dos 100 génios empresariais mais influentes do século XX.

Salvatore Lucania (1897-1962) nasceu na aldeia de Lercara Friddi, na Sicília, no dia 24 de Novembro de 1897. Emigrou para Nova Iorque com a família aos 10 anos de idade, e instalaram-se no East Side de Nova Iorque em 1906, onde foi preso pela primeira vez em 1907, acusado por furto. O seu primeiro empreendimento criminoso envolvia a extorsão de dois cêntimos por dia aos colegas da escola, cuja alternativa era uma valente tareia. Aqueles que eram suficientemente duros para lhe resistir, como os jovens Meyer Lansky e Benjamim Siegel, rapidamente se tornaram seus parceiros no crime.
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Em 1916, Luciano era membro do Five Points Gang e suspeito de múltiplos assassinatos. No gangue Five Points, Luciano foi instruído por John Torrio, e tornou-se amigo de Al Capone. Começou seu próprio negócio de prostituição em 1920, e em 1925, teve vasto controlo sobre a prostituição em Manhattan, onde na verdade começou a pegar casas de prostituição para seus negócios. Em 1928 isso tinha tornado Charles "Lucky" Luciano um milionário. Em 1929, Luciano foi espancado por 5 homens, e ficou gravemente ferido, sobreviveu e ganhou o apelido de "Lucky"(Sortudo). A polícia chegou a perguntar a ele quem tinham sido os autores, mas não identificou quem o tinha atacado, cumprindo com a omertà (lei do silêncio).

O advento da lei Seca em 1920 veio encontrar Luciano numa lucrativa aliança com Lansky e Siegel, enquanto Salvatore Maranzano e Masseria o pressionavam para que juntasse às suas famílias, visto que os dois amigos dele eram judeus. Relutantemente, Luciano escolheu o lado de Masseria. Ao estalar a Guerra dos Castellammarese em 1930 lançou Maranzano contra Masseria, enquanto Luciano e os seus colegas prosseguiam com os seus planos secretos. De início, Masseria venceu, mas a maré de azar virou-se contra ele, no início de 1931. Oportunista, Luciano negociou com Maranzano para combinar o assassinato de Masseria no restaurante de Doney Island, ascendendo assim à liderança do gangue de Masseria, enquanto Maranzano se proclama a si próprio como «Patrão dos Patrões». Quando em seguida Maranzano exigiu a morte dos amigos judeus de Luciano, este voltou-se contra Maranzano, coordenando a sua execução em Setembro de 1931.

A Nova Máfia

Com a morte destes dois chefes da antiga Máfia, Luciano pode criar uma nova Máfia ou novo Sindicato Nacional do Crime, maior e multiétnico. Seguiram-se cinco anos de paz e prosperidade, até o Procurador Thomas Dewey condenar Luciano em 1936, com base em acusações por escravatura branca, o que resultou numa pena de prisão de 30 a 50 anos. Luciano foi enviado para a prisão de Dannemora, encarada como a Sibéria do sistema penal de Nova Iorque, onde as autoridades acreditavam que Luciano não seria capaz de manter a liderança da sua família criminosa. Mas a Segunda Guerra Mundial iria altera a sua situação.

Na Segunda Guerra Mundial, a Marinha dos Estados Unidos pediu ajuda à Máfia para eliminar a sabotagem da linha costeira na costa Leste. Os estragos causados foram atribuídos a sabotadores nazis, embora alguns historiadores pensam que tenham sido os mafiosos a levar a cabo os ataques com fogo posto, para conseguirem um acordo com Luciano. Quando os oficiais da Marinha abordaram Joseph «Socks» Lanza, conhecido como o patrão da linha costeira de Nova Iorque, foram informados de que apenas uma ordem de Luciano poderia conseguir o resultado desejado. Assim nasceu a "Operação Submundo", que pode ou não ter incluído a ajuda da Máfia à invasão da Sicília pelos Aliados em 1943.

De acordo com uma lenda popular, Luciano terá comunicado aos seus companheiros mafiosos na Sicília, pedindo-lhes ajuda contra as tropas nazis quando os invasores americanos desembarcassem. Quando as forças americanas alcançaram as praias sicilianas, alguns dos seus carros de combate exibiam pequenas bandeiras com a letra «L» (de Luciano) nas suas blindagens. O episódio nunca foi confirmado, e alguns historiadores consideram-no um mito.
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Como recompensa pela ajuda aos Aliados durante a guerra, Luciano saiu em liberdade condicional e foi deportado para a Itália em 1946. Voltou a aparecer em Cuba antes do final do ano, conduzindo os negócios da Máfia a partir de Havana, mas os protestos do agente dos narcóticos Harry Anslinger conduziram pouco depois Luciano de regresso a Itália, deportando-o à força de Cuba em Fevereiro de 1947. Daí, Luciano organizou carregamentos de heroína para a América a partir da Turquia e da Córsega, colaborando com mafiosos franceses para lançar as raízes de uma «French Connection» (Ligação Francesa) do pós-guerra. O tráfico de droga engordou os cofres de Luciano, ao mesmo tempo que continuava a receber tributos dos Estado Unidos.

French Connection (Ligação Francesa)

Nos finais de 1920,começaram a circular carregamento de heroína turca através de França para os Estados Unidos. Mas a polícia de Marselha conseguiu as suas primeiras vitórias em 1937, destruindo vários laboratórios de drogas ilegais detidos pelo mafioso corso Paul Carbone. A ocupação e guerra marítima alemã sufocaram o comércio da droga entre 1940-1945, mas a produção em grande escala foi retomada no final da Segunda Guerra Mundial, auxiliada após 1947 por agentes da CIA e oficiais dos serviços secretos franceses que dependiam dos mafiosos corsos para ajudar a desfazer o partido Comunista Francês e coligações radicais.
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Marselha permaneceu o ponto transatlântico principal, recebendo morfina da Turquia e da Indochina Francesa, e exportando heroína refinada para compradores da Máfia em Nova Iorque. Mas as pequenas percentagens de heroína apreendida pelas autoridades policiais, revelam apenas que houve cumplicidade de ambos os lados do Atlântico. A aplicação da lei e as famosas guerras contra a droga ficaram em segundo plano, com a intriga política e as alegações de que o auxílio do submundo era necessário para a segurança nacional tanto da França como dos Estados Unidos.

Os Incorruptíveis contra a Droga (Filme)

Enquanto as drogas continuavam a fluir de Marselha, a Conexão Francesa tomou de assalto Hollywood.


"The French Connection" (Os Incorruptíveis contra a Droga) é um filme norte-americano realizado em 1971, do género policial, dirigido por William Friedkin e com a participação de Gene Hackman.
[video=youtube_share;nP_7ZopT6oM]http://youtu.be/nP_7ZopT6oM [/video]
O roteiro do filme é uma adaptação de romance policial de Robin Moore, que por sua vez é baseado numa história real. O filme mostra uma Nova Iorque suja, corrupta e violenta, e um polícia durão e nada simpático, o detective Jimmy Popeye Doyle. Juntos, Popeye e o detective Buddy Russo, tentam desmantelar uma rede de tráfico de narcóticos e acabam descobrindo a Operação França. Para além de excelente representação e realização, o filme tornou-se célebre pelas perseguições de carros, revelando um pouco da realidade do narcotráfico de Marselha para Nova Iorque.

Em 1975 Gene Hackman repete novamente o papel para o seguinte filme "Os Incorruptíveis contra a Droga II" (French Connection 2), mas não obteve o mesmo sucesso do anterior.
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"French Connection II" é um drama policial de 1975 dirigido por John Frankenheimer e com a participação de Gene Hackman. É a continuação do filme "The French Connection" de 1971.

Em 1986 foi feito uma tentativa de realizar uma série para televisão com o episódio piloto "Popeye Doyle" tendo o actor Ed O´Neil tomado o lugar de Hackman. Mas as baixas audiências deitaram por terra esta série televisiva.
[video=youtube;yeWV4tLOCfk]https://www.youtube.com/watch?v=yeWV4tLOCfk[/video]

O Fim de Luciano

Na Sicília, Lucky Luciano exilado, continuava a dirigir a Máfia a nível internacional com a toda a impunidade.

No final da década de 50, as relações entre Lucky Luciano e Meyer Lansky tinham azedado. Lucky queixava-se de que as remunerações que lhe chegavam da América estavam reduzidas a uma ninharia, ao mesmo tempo que a sua autoridade entre os antigos colegas americanos estava a decair. Luciano começou a escrever as suas memórias, e sonhava com um filme sobre a sua vida. Em 26 de Janeiro de 1962, foi para o Aeroporto de Nápoles reunir-se com um produtor de cinema americano, que estava interessado na ideia. Enquanto caminhava até ao produtor, preparando para cumprimentá-lo com um aperto de mãos, levou a mão ao tórax e caiu. Luciano morreu devido a ataque de coração.

Após a sua morte, foi alvo de polémica, quando as autoridades norte-americanas recusaram receber o corpo de Luciano. O caso chegou ao tribunal federal onde um juiz decidiu a favor de Luciano, declarando que o governo não podia legalmente impedir o funeral com base em actividade criminosa anterior. Segundo o tribunal federal, um corpo não é cidadão de nenhum país, nem está sujeito às restrições de imigração.
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Vitorioso na morte, Charles Lucky Luciano foi sepultado no cemitério
de St. Johns, no bairro de Queens, Nova Iorque (E.U.A.).

Opinião sobre Lucky Luciano

Charles Lucky Luciano era o homem com quem qualquer mulher com atracção pelo perigo queria casar. «As pessoas que eu mais admiro são aquelas que nunca acabam», escreveu um dia Almada Negreiros. A frase, que poderia descrever o charme de um dos mafiosos mais carismáticos da história, resume a vida de Luciano.

Apreciador do belo, Luciano lançou a tendência do mafioso chique: usava fatos elegantes, camisas de seda, sapatos feitos à mão e casacos de caxemira. Andava sempre rodeado de mulheres bonitas e tinha Frank Sinatra ou George Raft como amigos. Os seus homens também tinham de obedecer a certas regras de estilo. Nada de chapéus de abas largas, camisas ou gravatas espampanantes ou fatos espalhafatosos. «Deixem o Capone e os gajos de Chicago fazer isso. Nós não», afirmava Luciano, segundo o livro "The Last Testament of Lucky Luciano", citado pelo New York Times.
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Nomeado pela Time entre os 100 génios empresariais mais influentes do século XX, a Luciano se deve a modernização da Máfia, a sua transformação no consórcio orientado por objectivos. A organização era formada por duas dezenas de chefes de família que controlavam o contrabando, os narcóticos, a prostituição, mas também empresas legítimas como supermercados, restaurantes, pastelarias, lojas de roupa e escritórios de contabilidade. Um consórcio organizado em rede, uma expressão actualmente muito em voga, mas um conceito em que Luciano foi visionário. Uma rede que se expandiu, infiltrando-se, seduzindo e corrompendo negócios legítimos, políticos e a polícia.
 
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Meyer Lansky: Presidente do Conselho de Administração

Filho de judeus polacos, Meyer Lansky (1902-1983), nasceu em Grodno (actual Hrodna, na Bielorússia), no dia 4 de Julho de 1902. Emigrou para o Lower East Side, Nova Iorque, com a família quando tinha 9 anos de idade. Resistiu violentamente às tentativas de extorsão do jovem Luciano no pátio da escola, que este ficou impressionado e tornaram-se amigos para toda a vida.
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Enriqueceu com a proibição de bebidas alcoólicas na época da Lei Seca. Enquanto Luciano confraternizava com os seus parentes sicilianos na Máfia, Lansky e o seu amigo Siegel lideravam a Máfia do Bug e do Meyer, promovendo uma lucrativa carreira paralela de assassínios por contrato. Luciano manteve a sua associação com Lansky e Siegel apesar das queixas de Joe The Boss Masseria, que recrutou Luciano para a sua família mafiosa. Durante a Guerra dos Castellammarese, Lansky ajudou a planear as mortes de Maseria e do rival Salvatore Maranzano, colocando Luciano à frente da Máfia de Nova Iorque. Entretanto, contrabandeava álcool proveniente de Cuba e das Bahamas, fazendo amigos nas Caraíbas que seriam úteis à Máfia depois da Segunda Guerra Mundial.

Durante a década de 30, Lansky colocou os seus bandidos judeus contra os manifestantes nazis da Liga Germano-Americana. Anos mais tarde, descreveria um incidente aos biógrafos: «O palco estava decorado com uma suástica e uma fotografia de Hitler. Os oradores começaram a declamar. Nós eramos apenas 15, mas pusemo-nos em acção. Atirámos alguns deles pela janela fora. A maior parte dos nazis entrou em pânico e fugiu. Fomos atrás deles e espancámo-los. Queríamos mostrar-lhes que os judeus não iam ficar sempre quietos e aceitar ser insultados».

Com o fim da Lei Seca em 1933, Lansky concentrou-se principalmente no jogo ilegal, gerindo casinos sumptuosos de Nova Iorque e Nova Jersey até à Flórida e a Nova Orleães. A condenação de Luciano por escravatura branca em 1936 deixou Lansky como principal porta-voz de Luciano nas negociações com o Sindicato, enquanto Luciano estava na prisão. Nesse papel, em inícios de 1942, Lansky negociou os termos da "Operação Submundo", segundo os quais o Sindicato cooperaria com as chefias dos serviços secretos da Marinha Americana, para eliminar a sabotagem da linha costeira e abrir caminho para uma invasão da Sicília pelos Aliados. A contrapartida, em 1946, foi a libertação condicional de Luciano e a sua deportação para a Itália. Rapidamente, Lansky conseguiu que Luciano ficasse em Havana (Cuba), onde o ditador cubano Fulgêncio Batista acolhia favoravelmente os investimentos da Máfia em casinos, prostituição e o florescente tráfico de heroína.

Lansky estabeleceu novos postos avançados em Las Vegas, no Estado do Nevada, sob a supervisão de Siegel. Uma contabilidade descuidada no Hotel Flamingo selou o destino de Siegel em 1947, mas Lansky permaneceu com o poder nos bastidores de Las Vegas, colaborando com aliados poderosos como o Moe Dalitz, até à chegada do reservado multimilionário Howard Hughes em 1966.
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Moe Dalitz (1899-1989), empresário
e proprietário de casinos, era uma das
grandes figuras que moldaram Las
Vegas. É muitas vezes referido como
Mr. Las Vegas.

Quando Fidel Castro subiu ao poder em Cuba, foram imediatamente encerrados os casinos, mas Lansky recorreu a subornos e abriu caminho até Nassau e fundou um novo império de casinos nas Bahamas. No início da década de 70, Lansky refugiou-se em Israel, esquivando-se às acusações norte-americanas por evasão fiscal, mas Israel expulsou-o ao fim de três anos. Ofereceu 1 milhão de dólares em troca de refúgio, mas vários países recusaram a oferta. Não tendo saída, Lansky regressou aos Estados Unidos para ser julgado. O júri condenou Lansky, mas este ficou pouco tempo na prisão. A saúde debilitada permitiu-lhe ser libertado, acabando por morrer de cancro no pulmão em 15 de Janeiro de 1983, na sua casa em Miami Beach, na Flórida (E.U.A.).
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Na revista Forbes de Setembro de 1982, Lansky surge ao lado de Moe Dalitz, na lista das 400 pessoas mais ricas da América, com uma fortuna estimada em 100 milhões de dólares, contra os 110 milhões de Moe. Após a morte de Lansky, calculou-se que a sua riqueza varia de 3 milhões a 400 milhões de dólares. Existem boatos de que há várias contas de Lansky na Suíça e noutros locais, mas falta documentos para comprovar.

Lenda do Submundo do Crime

Na morte como na vida, Meyer Lansky permanece uma figura lendária na história da Máfia Americana. Vários biógrafos dão-lhe crédito às suas acções no submundo, desde os gangues dedicados ao contrabando que se guerreavam entre si até um Sindicato Nacional do Crime infiltrado em numerosas actividades:
- Condenação de Al Capone de Chicago e Waxey Gordon de Nova Jersey por evasão fiscal, graças às informações dadas por Lansky às finanças.
- O assassinato de Kingfish da Louisiana, por ameaçar o controlo de Lansky sobre os casinos de Nova Orleães.
- O homicídio de Sir Harry Oakes nas Bahaams para eliminar um rival do jogo.
- A execução em 1957 do patrão da Máfia Albert Anastasia por se apossar dos domínios de Lansky em Cuba.
- O suicídio suspeito do mafioso Longy Zwillman, em 1959, rival de Lansky.
No meio de tantos homicídios, assassinatos e execuções, que Lansky mandou discretamente fazer, existe um rumor de que ele poderia estar envolvido no assassinato do Presidente dos E.U.A., John F. Kennedy em 1963, como vingança por não ter libertado Cuba e restabelecido os casinos da Máfia encerrados por Fidel Castro em 1959. Trata-se apenas de uma teoria sem provas.

Mas por outro lado, Lansky foi o pioneiro no branqueamento de capitais a nível internacional. Abriu a sua primeira conta bancária na Suíça em 1934, seguida mais tarde de contas secretas nas Caraíbas e noutros locais. Lansky foi pioneiro em desbastar lucros livres de impostos dos casinos legais do Nevada, e sem dúvida continuou essa prática nas Bahamas, duas décadas mais tarde. Independentemente da fortuna, que restava a Lansky aquando da sua morte, continua a ser uma figura de referência no submundo do crime, cuja influência alcançou uma dimensão que desmente a sua alcunha de "O Homenzinho".
 

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Benjamin Hyman Siegel: O Rei de Las Vegas

Apelidado de "Bugsy" (Insecto), Siegel era conhecido por ser implacável para com os associados mafiosos que a Cosa Nostra considerava traidores e adquiriu notoriedade como um dos gângsteres mais famosos e temidos da sua época. Descrito como atraente e carismático, tornou-se um dos primeiros gângsteres a ganhar celebridade, podendo-se considerá-lo como o impulsionador do desenvolvimento da chamada "Las Vegas Strip".
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Siegel foi um dos fundadores e líder da Murder Incorporated, sendo um assassino psicótico. Ganhou a alcunha de "Bugsy", que no calão do submundo significa "louco". É possível que fosse mentalmente perturbado, do ponto de vista clínico, tendo em conta algumas histórias contadas pelos seus colegas do submundo do crime. Há relatos de que numa ocasião Siegel terá alvejado e assassinado outro jogador durante uma partida de póquer, por suspeitar de que este tinha feito batota. Feito isso, Siegel voltou a colocar o morto na cadeira, deu outra mão de cartas e depois alvejou novamente o homem quando este não subiu a parada. Ao examinar as cartas do morto, Siegel considerou-o chanfrado por o morto não ter apostado tendo na mão um «full house».

Siegel foi um dos principais contrabandistas de bebidas durante a Lei Seca. Quando a Lei Seca foi revogada em 1933, os seus interesses criminosos voltaram-se para o jogo. Em 1936, por ordem de Charlie Luciano, deixou Nova Iorque e mudou-se para a Califórnia, para dirigir as actividades da Máfia em Hollywood. Em 1939, suspeito da autoria do assassinato do colega mafioso Harry Greenberg, foi preso e julgado mas acabou por ser absolvido em 1942, por falta de provas.

Entretanto, aproveitando-se do seu temível estatuto, frequentava a alta-roda artística e convivia com os mais famosos actores cinematográficos como Gary Cooper e George Raft. As actrizes sentiam-se atraídas por ele, convidando para as suas camas, bem como as bailarinas da época. Dorothy Taylor, filha de negociantes milionários, casada com o conde italiano Di Frasso, fascista convicto, também deitava o famoso bandido na sua cama. Conta-se que, em viagem a Itália, Siegel ficou instalado na Villa Madama, em Roma, propriedade dos condes Frasso. Na sua juventude, Siegel violava jovens raparigas, crime que esteve na origem de uma das suas primeiras detenções em 1926, mas que ele repetiu ao longo da vida.

Benjamin Siegel nasceu no dia 28 de Fevereiro de 1906, em Williamsburg, no Brooklyn, Nova Iorque. Era filho de pais judeus pobres emigrados de Letychiv, Podólia Governorate, pertencente ao Império Russo (actualmente, pertence à Ucrânia). Outras fontes afirmam que a sua família era oriunda da Áustria. Siegel, o segundo de cinco filhos, prometeu-lhes que subiria na vida e dar-lhes-ia uma vida melhor. Ainda menino, Siegel abandonou a escola e juntou-se a um gangue da Lafayette Street, no Lower East Side de Manhattan. Cometia essencialmente pequenos roubos, até que conheceu Sedway Moe. Com Sedway, Siegel desenvolveu um esquema de protecção em que os comerciantes eram obrigados a pagar-lhes um dólar contra a ameaça de ser destruída as suas mercadorias. A ficha criminal de Siegel incluía assaltos à mão armada, violação e assassinato, numa espiral de crimes que remontava à sua adolescência.

No decorrer da juventude, fez amizade com Meyer Lansky, especializando-se nos negócios de jogo e roubo de carros. Em 1930, o seu gangue juntou-se com a de Charles Luciano para formar a Murder Inc., na qual ele era o terceiro membro. Siegel teria liquidado o adversário Joe "The Boss" Masseria o que coincidiu com o final da guerra dos gangues. Siegel continuou a levar a cabo assassinatos para Luciano, e por volta de 1937, havia um grande número de contratos de Siegel, nomeadamente a eliminação violenta de membros de outros gangues, o que lhe granjeou bastante ódio por parte de muitos chefes da Máfia. Para o proteger, Lansky e Luciano persuadiram-no a mudar-se para a Califórnia.

Na Califórnia, Siegel era o homem chave no gangue de Luciano e Lansky e extorquía dinheiro aos proprietários dos estúdios de filmes. Mais tarde, Siegel pediu 5 milhões de dólares ao sindicato do crime para construir o primeiro casino/hotel em Las Vegas, o Flamingo Las Vegas. Devido a diversos factores, mas principalmente por má gestão, o Flamingo Las Vegas tornou-se num desastre financeiro. Luciano exigiu o pagamento da dívida mas Siegel, julgando-se mais poderoso, recusou. Então, Luciano ordenou a sua morte. Embora Siegel tenha sido avisado por Lansky deste plano, continuou a recusar pagar, o que lhe foi fatal.
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Em 20 de Junho de 1947, um mafioso a mando de Charlie "Lucky" Luciano, entrou por uma janela aberta no apartamento da namorada de Bugsy (a qual, avisada a tempo, saíra para arejar), matou-o com sete tiros de uma pistola a que acrescentou uma rajada de metralhadora.
 
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John Gotti: O Padrinho da Máfia

O mais famoso gângster da América desde Al Capone ou Lucky Luciano, John Gotti Júnior nasceu na cidade de Nova Iorque, no dia 27 de Outubro de 1940. Sendo um de cinco irmãos, todos eles dedicados a carreiras no submundo do crime. Gotti e os seus irmãos cresceram na pobreza e entraram cedo para a vida do crime. Nenhum dos seus irmãos, Gene, Peter, Richard e Vincent, rivalizava com a reputação de John entre os mafiosos. A maioria das fontes concorda que John Gotti começou o mandato com a Família Gambino como soldado às ordens do capo (subchefe) Carmine Fatico, ganhando reputação tanto como assassino eficiente como na qualidade de fonte produtiva de rendimentos. Com o tempo, acabou por liderar a sua própria equipa da Máfia na Família de Paul Castellano, mas a equipa de Gotti que incluía os seus irmãos, desobedeceram a Castellano que os proibiu de negociar drogas. Por isso, Castellano pretendia desmantelar a equipa de Gotti. Esta decisão foi fatal.

No dia 16 de Dezembro de 1985, os partidários de Gotti fizeram uma emboscada a Castellano à porta de um restaurante em Manhattan, matando-o a ele e ao subchefe Thomas Biloti. Com o assassinato de Paul Castellano, John Gotti foi escolhido como novo chefe da Família Gambino, uma das famílias criminosas mais poderosas da América. Fez centenas de milhões de dólares por ano a partir da construção, rapto, agiotagem, jogos de azar, extorsão e outras actividades criminosas.
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Gotti foi um dos chefes do crime mais poderosos da sua época e se tornou amplamente conhecido por sua personalidade franca e estilo extravagante, que ganhou a simpatia de grande parte do público em geral. Enquanto seus colegas evitavam chamar a atenção, Gotti ficou conhecido como o "The Don Dapper" por suas roupas caras e por sua personalidade em frente as câmaras dos noticiários. Mais tarde, foi dado o apelido de "The DonTeflon" após três julgamentos de grande visibilidade na década de 80 que resultarem na sua absolvição, ainda que mais tarde fosse revelado que os veredictos foram resultado da adulteração do júri, má conduta dos jurados e intimidação das testemunhas. No entanto, as autoridades policiais não ficaram impressionadas com o seu estilo ou sua reputação, e continuaram a juntar provas contra Gotti, que posteriormente ajudaram a levar à sua queda.

Atentado e queda de Gotti

Quando Joh Gotti tornou-se chefe da Família Gambino, Vincent Gigante, chefe da Família Genovese, preparou um plano para o assassinar juntamente com Vittorio "Vic" Amusio, chefe da Família Luchese. Em 13 de Abril de 1986, a armadilha preparada para Gotti, vitimou seu subchefe Frank DeCicco enquanto este se dirigia para uma reunião com os caporegimes da Família. Segundo o plano de Gigante, uma bomba seria colocada no carro utilizado para reunião. Carro que ele pensava que estaria John Gotti e não DeCicco. Após a prisão de seu primeiro sucessor, Joseph Armone, Salvatore "Sammy The Bull" Gravano se tornou o novo sottocapo da Família.

John Gotti seria indiciado pela justiça pelo menos três vezes, sendo inocentado em todas. Mas a sorte de John teve fim, quando uma escuta foi plantada no local em que este costumava organizar suas reuniões, no discreto apartamento em Little Italy. Nas conversas, a polícia ouviu John organizando suas operações ilegais e reclamando sobre muitos de seus subordinados. Entre eles, "Sammy" Gravano, que temendo por sua integridade, tornou-se testemunha de acusação. Em Abril de 1992, sob o testemunho de Gravano, John Gotti e seu consiglieri Frank LoCascio foram condenados a prisão perpétua por diversos crimes. Depois da prisão de John Gotti, seu filho de mesmo nome, assumiu o posto de chefe no lugar do pai, que ainda comandava a organização da cadeia.
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No entanto, John "Junior" Gotti, como era chamado,
foi preso em 1999, sendo condenado a 77 meses de
prisão por extorsão.

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Funeral do Padrinho da Máfia, John Goti, da Família Gambino.

Em 2002, o velho John Gotti morreu na prisão, e o seu irmão Peter Gotti assumiu o comando por um tempo, antes de ser preso em 2003. Hoje em dia, a Família Gambino ainda controla operações em portos do Brooklyn e de Staten Island, infiltrados em sindicatos e associações trabalhistas. Diversas operações e investigações entre 2009 e 2010 mostram que a Família Gambino ainda está muito activa na cidade de Nova Iorque. Durante o ano de 2009, muitos membros importantes da organização foram libertados da prisão.
 
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Os Negócios da Máfia Americana

Após a proibição da venda de bebidas alcoólicas terem sido levantadas em 1933, a Máfia Ítalo-Americana volta a centrar-se nos sectores tradicionais:
- A extorsão no comércio, na construção civil e nos sindicatos.
- No jogo e na prostituição.
Entre outros negócios rentáveis, é no tráfico de drogas que reside a sua enorme força financeira. O controlo dos portos e das docas é um elemento essencial no tráfico. A influência dos casinos permitiu branquear enormes quantias de dinheiro anualmente. O atractivo do lucro também explica o interesse da Máfia Americana por Hollywood. É evidente na extorsão de artistas e produtores. Ao longo de décadas, a Máfia Americana teve lucros na ordem de milhares de milhões de dólares. Toda uma equipa corrupta constituída por contabilistas, advogados, correctores, trabalham para a organização do crime.

Esse poderio é possível graças a cumplicidade de políticos corruptos que até aceitaram dinheiro da Máfia para as suas campanhas eleitorais, como é o caso de alguns presidentes dos Estados Unidos. Sabe-se que Joseph Kennedy, pai de John Kennedy, era amigo de dois mafiosos, Sam Giancana de Chicago e Frank Costelo de Nova Iorque. Hoje parece certo que o pai de John Kennedy se aproveitou das relações para financiar as campanhas do seu filho para a presidência. Terá John Kennedy concordado com estas práticas? O mistério persiste.

Cosa Nostra estende a sua rede na Internet

Através dos tempos, a Máfia soube adaptar-se a novos tipos de negócios. Uma vasta investigação policial iniciada em 2001 provou que a Cosa Nostra se tinha infiltrado na Bolsa de Valores para fazer negócios chorudos. Mas as operações bolseiras exigem novas estratégias que os mafiosos não tardam a organizar: criação de sociedades fictícias supostamente em crescimento, introdução e posterior revenda das respectivas acções em alta, através de correctores corruptos. Em 1997, um negócio deste tipo lesou 10 milhões de pequenos accionistas. Por fim, temos um negócio florescente e lucrativo: a pornografia.
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Com efeito, a Máfia financia não só os filmes mas também a indústria do sexo, nomeadamente através da Internet. Estima-se que é impossível trabalhar nesta área de negócio sem ter contacto com a Cosa Nostra. A incursão na indústria do sexo na Internet permite assim à Máfia estar presente no mundo da alta tecnologia que criará as novas riquezas do futuro.
 

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GF Platina
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A Máfia no Cinema

Entre inúmeros filmes sobre a Máfia realizados em Hollywood, a trilogia "O Padrinho" de Francis Ford Coppola, realizados no período de 1972, 1974 e 1990, respectivamente, aborda a saga da Cosa Nostra. A Máfia impõe-se assim no ecrã, porque a imagem de um país onde a violência e o sucesso financeiro de ex-repatriados decididos a enriquecer, são características da América.

Baseado no livro de Mário Puzo, o "Padrinho I" foi realizado em 1972 pelo realizador norte-americano Francis Ford Coppola (também ele descendente de italianos). Teve a participação de Marlon Brando como Padrinho da Máfia, Don Vito Andolini Corleone. Recebeu 10 Óscares.
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O filme "Padrinho I" conta a história da Família mafiosa Corleone, de 1945 até 1955. O American
Film Institute apontou o como o melhor filme de gângster de todos os tempos e o segundo melhor
filme da história na Lista dos melhores filmes norte-americanos.

O "Padrinho II" realizado em 1974 é uma sequência do primeiro filme de 1972, ambos com roteiro baseado no romance de Mário Puzo. Neste segundo filme, o Padrinho da Máfia é Michael Corleone, interpretado por Al Pacino. O jovem Vito Corleone é interpretado por Roberto de Niro. Recebeu 11 indicações ao Óscar, mas só ganhou em seis categorias, incluindo o melhor filme do ano. O filme foi considerado culturalmente, historicamente ou esteticamente significante e seleccionado pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, para ser preservado no National Film Registry.
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Na segunda parte da saga da família Corleone, que terminou em 1974, são contadas duas histórias
paralelas. Agora, Michael está mais maduro e ousado no controle da família, e os Corleones tentam
expandir seu império actuando na costa leste dos Estados Unidos. Paralelamente, o filme apresenta
toda a infância e a juventude de Vito Andolini, que mais tarde seria conhecido como Don Vito Corleone.

O "Padrinho III" foi realizado em 1990, também baseado no livro de Mário Puzo. Neste terceiro filme, Michael Corleone continua a ser o Padrinho da Máfia, tentando legalizar os seus negócios. No final do filme, Michael já velho, convida Vincent Mancini (interpretado por Andy Garcia), filho ilegítimo de Sonny Corleone, morto no primeiro filme.
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Neste filme entra versões de conspiração que mistura eventos reais com ficção: a súbita morte do Papa
João Paulo I em 1978; e o escândalo do Banco Ambrosiano (1981-1982).
 
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