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Salman Rushdie continua a provocar o islão

kokas

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O escritor Salman Rushdie





O novo romance do escritor Salman Rushdie evoca um filósofo árabe do século XII que não concordava com a interpretação única do Alcorão.






O que faz um escritor que já escreveu sobre tudo e todos, principalmente, sobre coisas proibidas, como no polémico livro Os Versículos Satânicos, e sobreviveu até a estes últimos dias, quando está a lançar a nível mundial mais um romance ,com um título tão pouco apelativo como é o caso de Dois Anos, Oito Meses e Oito Noites? Como o escritor se chama Salman Rushdie, a resposta é simples: pode fazer o que quiser. Afinal, já há muitos anos que quando se fala dos livros de Rushdie é impossível esquecer a pessoa Salman. Quanto mais não seja porque ele ultrapassa cada vez mais a sua própria literatura, situação que após a última narrativa, o autobiográfico Joseph Anton - Uma Memória, ainda deixou mais entrelaçadas a pessoa e o escritor.Salman Rushdie veio esta semana até à Península Ibérica apresentar a tradução espanhola deste romance - Portugal não está incluído na digressão. Em Madrid, explicou que era uma obra híbrida pois tem o "futuro como cenário" e a "antiguidade como motivo". Mas não se ficou por aí, abriu as portas do romance e comparou-o a uma espécie de As Mil e Uma Noites, o que se pode confirmar ainda o romance vai nas cinco páginas - está tudo logo no princípio do livro, diga-se - por via de uma frase pouco picaresca: "A sua descoberta de que o ardor físico dela podia ser apaziguado através de narrativas proporcionou-lhe algum alívio. «Conta-me uma história», dizia ela. E ele pensava, estou dispensado esta noite."Estranhamente, a parte erótica da personagem feminina não está tão imponente, ou explorada, como em muitos dos onze anteriores romances do escritor. Talvez porque o seu lado religioso necessite ser suavizado de forma a evitarem-se polémicas com setores e questões religiosas. No entanto, o autor não resiste ao vácuo erótico e à página 8 coloca a protagonista feminina sob uma caracterização pouco abonatória, fruto dos desejos de um Deus que tanto pode ser "bondoso e liberal" como "agreste". Então, retirada a carga erótica que lhe estaria destinada oferece-lhe um passado pouco correto: "Deitava-se, ou assim o cria, com uma judia conversa a quem salvara da casa das putas".Será por isso que as mais recentes notícias sobre a Feira do Livro de Frankfurt são as de um anunciado boicote promovido pelo Irão ao escritor? Sem dúvida, é que Rushdie foi convidado pela Feira como orador especial e os líderes iranianos apelaram ao boicote de todas as nações muçulmanas a Frankfurt nos seguintes termos: "Sob o pretexto da liberdade de expressão, convidam uma pessoa que é detestada no mundo islâmico".Mesmo face a estas declarações, não se pode afirmar que o romance seja muito ofensivo ao islão. Tem passagens sim, não se fuja à verdade, mas para o escritor o romance é mais um amontoado de histórias de amor do que um arrazoado de situações verídicas, principalmente porque, garante, um final feliz em vez de se assemelhar à realidade. Acredita que no futuro a vida pode ser bem melhor do que agora.Voltando ao novo romance, apesar de ser um dos seus livros menos espessos - a edição portuguesa tem 313 páginas -, foi uma escrita que demorou cerca de três anos a terminar. Se parte da ação decorre no século XII, o presente fica a uns anos de hoje, com uma descrição apocalíptica: "Antes de faltar a energia elétrica, a televisão mostrou imagens filmadas do céu de uma imensa espiral branca a rodopiar por cima de uma nave espacial extraterrestre invasora."



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