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Tartaruga-verde em perigo vale prémio a fotógrafo português

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Pedro Narra, de Setúbal, conquistou o terceiro lugar num concurso internacional de fotografia com uma reportagem na Guiné-Bissau, sobre o risco de extinção das tartarugas
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Pedro Narra é o primeiro português a conquistar o pódio no concurso internacional Nature Image Awards, um dos mais prestigiados a nível internacional e principal em França, na categoria SOS Espécies Ameaçadas. Uma reportagem sobre as tartarugas-verdes em perigo de extinção, na ilha do Poilão (Guiné-Bissau), valeu um prémio de 500 euros, embora o primeiro lugar chegasse aos quatro mil. O concurso, que junta centenas de fotógrafos de todo o mundo, foi lançado há cinco anos e em 2012. Narra já tinha conseguido uma menção honrosa ao ficar nos vinte primeiros lugares com uma reportagem sobre os golfinhos do Sado."Este prémio acaba por ter mais valor, por ser uma reportagem com 11 fotos feitas ao longo de uma semana", explica este fotógrafo de natureza, que aos 41 anos tem dedicado parte da sua vida a viajar pelo mundo - Antártida, Ásia e África - para fotografar espécies ameaçadas. Foi neste contexto que em 2014 chegou à ilha deserta do Poilão, a maior colónia de desova de tartarugas da África Ocidental, onde também se realizam rituais bijagós, sendo necessária autorização do chefe da tabanca para lá ter acesso. As exceções são abertas apenas a fins científicos.
Só uma em cada 80 sobreviveA estatística é cruel para a espécie. Só uma em cada 80 tartarugas que ali nasce sobrevive. A objetiva de Pedro Narra descreve o ciclo. Vai do acasalamento à posturas dos ovos, testemunha a sua eclosão e o ataque dos predadores, como o abutre- -das-palmeiras. "Cheguei a meio da desova, para apanhar a maior parte do processo, mas perdi um fenómeno em que cerca de mil tartarugas chegam de noite à praia para desovar. Não há espaço para todas e acabam por pôr ovos em cima uns dos outros. Eu não conseguia estar lá três meses", justifica.Mas muitas tartarugas chegam ao mar. São é esperadas por predadores, como tubarões e algumas acabam nas redes de pesca. Não faltam fotos de carapaças de exemplares adultos, "a mostrar como os bijagós continuam a capturar estes animais", diz, mas da reportagem consta uma reunião entre a população local que procura sensibilizar as novas gerações para a necessidade de conservar a espécie.Pedro Narra quer voltar à ilha. Parte da reportagem já saiu na National Geographic Portugal deste ano, com uma abordagem em torno dos bijagós, mas confessa que a sua prioridade para este ano é bem portuguesa. Tenciona terminar um trabalho, já com cinco anos, sobre a biodiversidade do estuário do Sado. Afinal, é quase a sua casa. Foi por aqui que cresceu, sendo há vários anos um dos sócios da Vertigem Azul, que faz observação dos golfinhos aqui residentes. Foi ele que em 2009 lançou o livro sobre o dia-a-dia dos famosos roazes-corvineiros.Mas, porque santos da casa não fazem milagres, é no estuário do Sado que tem encontrado as maiores adversidades à hora de fotografar algumas espécies, mesmo com camuflagem ou abrigos. "Quando começa o pôr do Sol os mosquitos provocam um grande desconforto. Chego a ficar com as costas todas picadas. E há situações em que chego a estar deitado entre quatro a cinco horas à espera de determinado animal que nem aparece", diz, recordando uma lontra que só viu por duas vezes e já foi há quatro anos. As águias-pesqueiras também não têm dado sinal de vida. Mas estão por lá.Bem mais tranquila foi, por exemplo, a reportagem na ilha do Fogo, em Cabo Verde, com o vulcão em erupção, tendo ficado a três metros do rio de lava. "O risco é sempre calculado, desde que se faça o trabalho de casa, para conhecer bem o local e os hábitos dos animais."


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