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Lusitânia, a terra que os romanos demoraram 200 anos a ganhar

kokas

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Set 27, 2006
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O Museu Nacional de Arqueologia mostra a partir de hoje uma exposição que reúne estátuas, utensílios e marcas da província que ia do Douro ao Algarve e se estendia até Espanha.
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É preciso recuar a antes de Cristo para situar o nascimento da Lusitânia romana, a província que une parte do território que é hoje Portugal e parte Espanha. Mais precisamente: abaixo do Douro e até ao Algarve, parte da Extremadura espanhola e uma pequena parte da Andaluzia. A época do nascimento de Augusta Emerita, Mérida, fundada do zero , como Brasília, compara José María Álvarez Martínez, diretor do Museu Nacional de Arte Romana da cidade espanhola e comissário da exposição. Foi lá que a exposição Lusitânia Romana se viu primeiro, entre março e . Hoje é inaugurada no Museu Nacional de Arqueologia (MNA).Fronteiras à parte, 20 séculos depois, o museu espanhol e o museu português reuniram 210 peças (81 de Portugal e 129 de Espanha), entre elas vários tesouros nacionais, das guerras pela conquista do território ao legado que este povo deixou em localidades tão distintas como Bobadela, em Oliveira do Hospital, a Quinta das Longas, em Évora ou Almendrejo, perto de Badajoz. O abastecimento das populações faz-se por via marítima, do Mediterrâneo até ao porto de Olissipo, (Lisboa) e também pelo Tejo. "A margem está marcada por um caminho de sirga que servia para os animais puxarem barcaças", explica Carlos Fabião, professor da Faculdade de Letras.
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O primeiro de dez núcleos temáticos da exposição contextualiza começa antes da chegada dos romanos. "Há uma grande diversidade de povos, não há uma unidade étnica", aponta o investigador, também ele comissário científico da exposição.Uma das primeiras peças é uma dessas placas e "foi encontrada dentro de um forno em Arronches e fala de um sacrifício às divindades". Álvarez Martinez sublinha que está escrito em latim com a fonética da Lusitânia. Uma das opções para esta exposição foi traduzir para português de hoje todas as inscrições, nota António Carvalho, o terceiro comissário científico da exposição e anfitrião da exposição como diretor do MNA. Assume-se quando não se consegue ler tudo."[Os romanos] Demoraram dois séculos a impor-se na Península Ibérica", conta o diretor do museu espanhol. "César conquistou a Gália em 25 anos". "Topograficamente é complicado", justifica Álvarez Martinez. Há relatos de como os soldados eram obrigados a comer ervas e animais de caça".Tentam submeter os povos locais e, como provam várias peças da exposição, os indígenas chegam a ter poder no governo romano. É o que diz o relógio oferecido por um cidadão de Augusta Emerita à aldeia onde fica hoje Idanha-a-Velha, recebido por quatro locais. Uma vez vencidos, "continuam a viver como antes", diz o diretor do Museu de Mérida. E submissão não é metáfora. "Dois governadores de províncias hispânicas chegaram a acordo com os locais e esse acordo foi recusado em Roma."Pressão demográficaUma outra teoria é lançada por Carlos Fabião durante a visita à imprensa, ontem de manhã. "O crescimento demográfico implica a reorganização e pressão sobre os recursos". Há relatos que sustentam esta ideia, falando de uma população sempre em marcha, com os seus haveres".Viriato emerge nesta época, no decurso de uma guerra com o "pérfido governador Galba". Fabião relata a história: "Ele diz que se eles se desarmarem lhes dá terras. Eles fazem-no e ele dizima-os". Viriato sobrevive e quando um governador promete instalar a população, ele não acredita. A guerra com os romanos dura até à sua morte. Pelas vitrinas do primeiro núcleo da exposição, desfiam-se capacetes, uma falcata (espécie de pequena espada), pequenas estátuas e várias peças em prata, amalgamadas, em resultado de terem sido escondidas. São testemunhos da empreitada romana para conquistar uma zona que pretendem entregar em forma de agradecimento aos militares e pelo seu minério.Um dos tesouros da exposição é uma placa com um contrato de exploração do couto mineiro de Vipasca (Aljustrel), que contém informações sobre os mercenari (trabalhadores por conta de outrem), legislação sobre o mestre-escola, impostos e outros detalhes da concessão. É uma das duas únicas que se conhecem em todo o império romano.A exposição documenta a vida económica da época e resgatou ânforas destinadas a servir de contentores para preparados de peixe e, acredita-se, vinho. De Mérida vieram dois detalhes da vida em sociedade. Uma telha e uma fragmento de cano para o transporte de água.
A exposição encerra a 30 de junho em Lisboa, encerrando a programação da Mostra España 2015. Viaja até Madrid em julho para se mostrar no Museu Arqueológico Nacional.


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