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O que vai na cabeça do meu filho? Dez regras para entendê-lo

Feraida

GF Ouro
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Fev 10, 2012
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Por que é que esta criança não me obedece?

Donde veio esta resposta torta?

Quem é esta pessoa que apareceu no corpo do meu filho?

As perguntas estão na cabeça dos pais.

As respostas passam pelo livro “O que se Passa na Cabeça do Meu Filho?”.

Cristina Valente e os seus dois filhos. Foto: DR

A pergunta do título é uma daquelas questões para um milhão de dólares.

Educar uma criança não é tarefa simples, mas é a ferramenta mais importante para se transformar uma sociedade, diz Cristina Valente, autora do livro “O que se passa na cabeça do meu filho?”.

Como?

Criando “adultos estruturados e com competências de comunicação positivas”.

“Dificilmente percebemos que tudo começa, de facto, no início da vida de cada ser humano e que todos os outros problemas da sociedade – as guerras, as crises – têm sempre a ver com a forma como os primeiros adultos da nossa vida lidaram connosco”, afirma.

Respondendo ao desafio lançado pela editora Manuscrito, e depois de a própria vida a ter aproximado das neurociências, Cristina Valente decidiu ajudar os pais a decifrar o que pensam os seus filhos, melhorando assim a interacção com os mais pequenos, adolescentes incluídos.


Dez regras essenciais para lidar melhor com o seu filho:


1. Permitir a autonomia


Muitas vezes, os pais "querem controlar demasiado tudo o que acontece aos filhos, seja superprotegendo-os, seja escolhendo por eles algumas coisas que devem ser eles a escolher”.

A única maneira de o ser humano aprender é errando.

“Errar à base de amor”.


“A maior parte das queixas que recebo dos pais é que os miúdos não são responsáveis, não respeitam o ponto de vista do outro, não obedecem...

Todas essas queixas têm a ver com a forma como nós programamos o seu cérebro, com a maneira como os deixamos ou não vivenciar determinadas experiências”, explica Cristina Valente, que é também “coach” familiar.


Ao não permitir que as crianças vivam determinadas coisas na idade correcta, estamos a interferir com o desenvolvimento da sua responsabilidade.


2. Comunicar


É na comunicação que está a chave.

Educar é comunicar.

E a comunicação faz-se “em todos os minutos, mesmo quando estamos calados”.

Apenas 7% da nossa comunicação é verbal.

Mas “as competências de comunicação não são inatas”.

A maior parte das pessoas sofre de “uma espécie de analfabetismo emocional, que complica imenso a comunicação com os filhos”.

Quando começamos a comunicar melhor, conseguimos um “retorno positivo” da parte das crianças e estamos “a dar o exemplo”.

“Quando conseguimos resolver as nossas emoções, a nossa comunicação com o outro fica muito mais facilitada”, sublinha.


3. Dar menos ordens

“Somos muito directivos e autoritários e esse é logo um grande erro”, aponta Cristina Valente.

“Quando falamos num tom autoritário com alguém, obviamente essa pessoa está mais preocupada em defender-se do que propriamente em escutar e integrar o que a outra pessoa está a dizer.

E nós todos temos essa experiência do dia-a-dia, quando estamos a falar com um colega ou amigo”, exemplifica.


A maneira como comunicamos e reagimos a uma provocação é a chave. Isto implica uma reprogramação da nossa parte.

Não é fácil, mas é possível.


4. Ensinar a canalizar as emoções


Quando os pais dizem a um filho que ele tem direito de estar triste e lhe explicamos de que forma pode resolver essa tristeza, quando dizemos que pode sentir raiva, porque é normal, e o ajudamos a canalizar esse sentimento “de uma forma que não magoe ninguém, nem destrua objectos”, estão a ensiná-lo a lidar com as suas emoções e a tornar-se um adulto mais estruturado e capaz de lidar com as adversidades.

5. Não personalizar

Muitas atitudes e comportamentos dos filhos mexem com o ego dos pais.

“Quando um miúdo está a desafiar-me e diz, por exemplo, ‘tu não mandas em mim’, o meu ego sofre uma ferida.

A resposta instintiva é negativa e violenta um grito, uma palmada, um castigo e/ou uma ordem", diz Cristina Valente.

Porquê?

Os pais sentem-se inseguros.

“Porque, no fundo, sabemos que não lhes estamos a dar o melhor.

E o melhor é tempo”.


Há que despersonalizar a situação.

"Quando um miúdo diz ‘tu não mandas em mim’ ou ‘não gosto de ti’ “pode ser um grito de ajuda, pode ser um miúdo com falta de regras (porque é desestruturado e não sente segurança, dada pela previsibilidade das rotinas que os adultos lhe devem proporcionar)”, sugere a autora.


Lembre-se: “Tudo o que uma criança diz, pensa ou decide tem uma leitura muito diferente da do adulto, pela simples razão de que o cérebro dela não é igual ao nosso.

Quando os pais percebem isso, vão responder de uma forma muito mais positiva e assertiva”.


6. Não entrar no espectáculo


“Das necessidades maiores de uma criança é a atenção.

Na maior parte das vezes, portam-se mal para atrair a atenção do adulto” porque têm noção da “sua própria insignificância e da sua pequenez”.

Montam o espectáculo e vêem no que dá. Se o pai entrar no “show”, está a condicionar o cérebro da criança e a dizer-lhe que só é amada e importante quando o pai/mãe se zanga.

Se, por outro lado, não lhe der atenção, ela vai perceber que só vai captar a atenção quando fizer coisas positivas.


Pai, não compre a guerra.

"[É] muito mais interessante [do ponto de vista educativo] virar-me para o meu filho e dizer-lhe ‘estou a ficar muito zangada, porque tu não estás a fazer determinada coisa e eu gostaria muito que tu fizesses’ do que dar um grito e dizer que ele é desarrumado ou ameaçá-lo com um castigo”.


“Esta é a diferença fundamental que temos de definir se queremos criar adultos estruturados e com competências de comunicação positivas”, diz Cristina Valente.


7. Respeitar os filhos


Se eu quero ser respeitado pelo meu filho, tenho de lhe mostrar como é que isso se faz.

O psicólogo Alfred Adler defendia: “Temos de ter uma relação de respeito, de igualdade com os nossos filhos”. O que não significa perder a autoridade.

“Somos muito bons a exigir respeito, mas somos muito maus a dar o exemplo e a respeitar os nossos filhos”, afirma Cristina Valente.


Uma razão pela qual os miúdos muitas vezes reagem melhor a alguém estranho é que essa pessoa não lhes fala num tom autoritário.

“Nenhum ser humano inteligente reage bem quando alguém se vira para ele, do alto da sua arrogância, e diz: ‘Olha, vais fazer isto porque eu é que mando’”.


8. Apostar no vínculo


Muitas crianças chegam à adolescência distanciados emocional e fisicamente dos seus pais.

“Quase que vivem em casa sem trocar momentos de qualidade com os pais.

Obviamente, estão a responder da mesma moeda”.


O dia-a-dia dos pais actuais não é fácil e conseguir ter tempo de qualidade com os filhos é um desafio cada vez maior.

Muitas vezes, o pouco tempo que se lhes consegue dedicar é passado entre festas, a aula de natação e outras actividades.

Quando ficam em casa, estão “cada um na sua, metido para dentro, a ver televisão, no tablet, no computador, no telemóvel...”.


“Não podemos esperar miúdos saudáveis se continuarmos a dar este exemplo”, avisa a “coach” familiar.


9. Ser líder

Promover a igualdade no respeito e na dignidade é reforçar a disciplina – algo que não tem nada a ver com castigos.

Cristina Valente acredita num paralelismo entre liderança e educação.

Queremos ter discípulos em casa.


“Quando eu lidero, faço-o pelo exemplo. Não tenho de dizer que sou eu que mando.

As pessoas seguem-me, porque eu sou um exemplo, elas reconhecem em mim autoridade.

E é isso que temos de passar a fazer com os nossos miúdos”, afirma a autora de “O que se Passa na Cabeça do Meu Filho?”.


A obediência vai deixar de ser, assim, uma questão, passando a ser uma consequência.


10. Nunca desistir


“Fazermos o melhor pelos miúdos, sermos melhores pessoas e esperar que eles sejam melhores pessoas é sempre possível em qualquer idade.

Nunca desista deles, muito menos na fase da adolescência.

Nós [pais] estamos sempre a tempo de remediar seja o que for”, sublinha Cristina Valente.


Resumindo, o que vai na cabeça das crianças?


As crianças têm uma percepção da realidade muito diferente da dos adultos e ter noção disso é fundamental para se conseguir construir e cimentar a relação pais-filhos.


Quando uma criança diz “não gosto de ti” ou “és má/mau” ou tem um comportamento mais desrespeitoso, isso resulta muitas vezes de frases que ouve e às quais não atribui o sentido total.

Quando lhe atribui sentido, fica à espera da reacção do adulto, porque quer espectáculo e ver até onde vai o pai ou mãe.


A resposta do adulto define em grande medida o comportamento da criança no futuro, diz Cristina Valente.

“O cérebro é como um computador muito poderoso” e, portanto, “funciona com programação”, mas “muitas vezes estamos a programar a mente das nossas crianças da forma errada”, o que leva a maus comportamentos e dificuldade em que façam o que queremos.


“A forma como a criança se comporta pode prever-se e explicar-se, pois processa-se de acordo com determinadas leis.

Se as conhecermos, poderemos actuar de acordo com elas, tornando-se mais fácil descodificar, aceitar e controlar comportamentos”, diz a autora no livro, no qual enumera várias situações difíceis que os pais enfrentam e explica por que é que um miúdo “pode dizer isto e estar a querer dizer exactamente o contrário”.


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