• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Olivença

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Usurpação e Etnocídio

O extermínio de uma população e a negação de uma identidade cultural

A Usurpação

No dia 20 de Maio de 1801, o exército espanhol, num acto de pura traição, toma o concelho de Olivença, usurpando 750 km2 do território de Portugal, incluindo uma das suas vilas mais importantes.



A Vila de Olivença foi conquistada pelos portugueses aos mouros, pela primeira vez em 1166. A sua posse definitiva foi reconhecida em 1297, no Tratado de Alcanises, quando foram fixadas as fronteiras entre Portugal e Castela. Durante mais de 600 Anos a sua população bateu-se contra a investidas de Castela e depois da Espanha (a partir de 1492) para preservar a sua identidade nacional.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Esta usurpação ocorre num momento particularmente dramático para Portugal, dado que vivia sob a ameaça de uma invasão pelo exercito francês. A Espanha aproveita-se desta fragilidade de Portugal, e declara-lhe guerra e num acto de traição, pela força das armas, usurpa um território que não lhe pertencia subjugando uma população indefesa.



Em 1815, após inúmeras manobras negociais, a Espanha compromete-se a devolver aquilo que havia roubado a Portugal, mas acabou por nunca o fazer. Pelo contrário, iniciaram uma sistemática política de genocídio cultural de uma parte do povo português e de ocultação das marcas de um crime.


Apropriaram-se de terras portuguesas

Usurparam património português

Procuram extinguir lentamente as famílias portuguesas

Negaram a identidade cultural aos seus descendentes

Ocultaram nomes e referências históricas de modo a esconderam a usurpação

Fizeram tudo isto, também com a conivência de alguns traidores portugueses.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Não era a primeira vez que a Espanha fazia um genocídio cultural semelhante. Fê-lo quando obrigou à conversão forçada ao cristianismo de centenas de milhares de judeus e muçulmanos. Os que resistiram foram mortos ou fugiram espoliados dos seus bens. Na América Latina, cerca de 70 milhões de Astecas, Maias, Incas e tantos outros povos foram exterminados e de uma forma sistemática esvaziados da sua identidade cultural. O que hoje aqui aí encontramos são povos que perderam o sentido da terra que habitam e dos monumentos que os cercam.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Algo semelhante podemos encontrar também em Olivença. Andado pelas ruas da cidade e pelas antigas aldeias portuguesas, o que encontramos são pessoas que reclamam a propriedade de casas, igrejas, monumentos, ruas que foram erigidos por um outro povo com uma outra cultura, a quem carinhosamente tratam por "hermanos". Esvaziados da sua identidade cultural, a que hoje ostentam e se reclamam são as tradições e a fidelidade à cultura do invasor.



Apenas na Alemanha Nazi e na Ex-União Soviética e na China, no século XX, ocorreram casos semelhantes. É por tudo isto que o caso de Olivença é importante, nomeadamente para compreendermos a forma como se pode exterminar um povo.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Olivença pode ser considerado o primeiro caso de genocídio cultural empreendido na História Contemporânea da Europa. Uma das suas novidades reside na forma quase silenciosa como o crime foi perpetrado e ainda hoje é ocultado, o que pode justificar a forma naturalizada como a questão é encarada. Nenhum remorso ou alusão aos milhares e milhares de homens, mulheres e crianças a quem lhes foi negado o direito a uma identidade, à história das suas raízes, sendo que a única que lhes concediam era a do invasor.


olivenca2.gif
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Resistência

A Vila de Olivença, em frente de Juromenha e a 12 km do Guadiana, foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques. A expansionismo do reino de Castela, ameaçou deste logo a presença dos portugueses no lugar. O assunto foi resolvido no Tratado de Alcanises, em 1297.


Pressentindo o perigo, que corria do lado de Castela, o rei D. Dinis mandou povoá-la e fortificou-a com o seu altaneiro castelo e cintura de muralhas (1298).
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Face a novas ameaças, D. Afonso V (1438-81), mandou reparar as suas muralhas e ampliar a cerca amuralhada. O aumento da sua população tornava imperioso esta medida.


D. João II concedeu-lhe um brasão de armas, e mandou erigir a torre de menagem no centro do castelo (1488). No reinado de D. Manuel (1495-1521), reedificou-se toda a estrutura de defesa da vila, construindo-se uma ponte sobre o Guadiana, permitindo uma melhor ligação com Elvas.


A formação que entretanto ocorrera do reino de Espanha (1492), passou a constituir uma ameaça redobrada. O seu fanatismo religioso, aliada a uma crueldade sem limites passou a representar um perigo para a Europa, não apenas para Portugal.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Após a restauração da Independência de Portugal do domínio de Espanha (1580-1640), Olivença passa a estar no centro das incursões do sanguinário exército espanhol, onde abundavam mercenários estrangeiros. A população de Olivença é por diversas vezes vítimas de massacres e saques, mas resiste. As suas muralhas são reforçadas, sob a direcção de Matias de Albuquerque. Estas obras foram custeadas pelo próprio povo de Olivença.



Durante 16 anos, os espanhóis tentaram tomar a vila: Entre os torcionários espanhóis que comandavam estas investidas registam-se as do marquês de Toral (1641), marquês de Leganés (1645), o mercenário e jesuíta flamengo Cosmander (1648). Todas estas tentativas foram frustradas. Em 1657, o mercenário italiano ao serviço de Espanha, o Duque de San Germano, á frente de 8.000 homens teve maior exito e tomou a vila. Dez anos depois, os espanhóis voltam a sair daquilo que se haviam assenhorado, sob o comando de um mercenário. Olivença voltava a fazer parte de Portugal.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Desde o século XII até 1801, Olivença constituiu uma das principais vilas de fronteira de Portugal. Milhares dos seus habitantes ao longo de gerações morreram por Portugal, a sua terra, cultura e identidade. A História de Portugal está indissociavelmente ligada a Olivença e esta a Portugal. Este é um facto incontornável.


olivenca1.gif
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Cultura

Entre o século XII e 1801, desenvolveu-se em Olivença uma notável actividade cultural que ainda hoje é visível nos seus monumentos, apesar do saque e destruição que a Espanha fez ao longo de 200 anos de ocupação.



Ao visitá-la temos a mesma sensação que sentimos quando percorremos as localidades onde existem ruínas dos aztecas, mais, incas e tantos outros povos da América Latina. Tratam-se tão somente de ruínas. É preciso algum esforço da imaginação e informação prévia para as tornarmos vivas, dado que a cultura que encarnam só muito vagamente têm a ver com a população que aí vive.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Ainda que estas populações possam ter origem nos antigos povos que as construíram, a verdade é que as suas memórias colectivas foram cuidadosamente apagadas para permitir a sua substituição pelas referências do invasor. No caso de Olivença os nomes portugueses foram substituídos por espanhóis, brasões arrancados, os símbolos de Portugal destruídos, etc.




Aquilo que eram coisas carregadas de significado, tornaram-se pedras cujo sentido se perdeu. Neste aspecto Olivença constitui um dos melhores exemplos de etnocídios na história contemporânea da Europa.



Temos pois que evocar pessoas e algumas referências históricas para perceber estes vestígios e dar-lhes vida. Fenómeno típico em todos os locais do mundo onde ocorreram etnocídios.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Ainda que estas populações possam ter origem nos antigos povos que as construíram, a verdade é que as suas memórias colectivas foram cuidadosamente apagadas para permitir a sua substituição pelas referências do invasor. No caso de Olivença os nomes portugueses foram substituídos por espanhóis, brasões arrancados, os símbolos de Portugal destruídos, etc.



Aquilo que eram coisas carregadas de significado, tornaram-se pedras cujo sentido se perdeu. Neste aspecto Olivença constitui um dos melhores exemplos de etnocídios na história contemporânea da Europa.


Temos pois que evocar pessoas e algumas referências históricas para perceber estes vestígios e dar-lhes vida. Fenómeno típico em todos os locais do mundo onde ocorreram etnocídios.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Olivença, a nobre e leal terra portuguesa, foi o berço da família de Vasco da Gama aí nasceu o pai deste ilustre navegador.



Apesar de abastardadas as suas casas apalaçadas, não deixam de evocar os seus os seus antigos moradores, como os marçais, os sousas ou os duques do Cadaval. Muitas delas foram usurpadas pelo Estado Espanhol para aí instalar os seus símbolos de poder. No solar dos Duques do Cadaval, que ostenta o seu magnífico portal manuelino, está instado o Ayuntamiento da cidade.

 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Igrejas

Os padres espanhóis, acumulando uma longa experiência histórica de conversões forçadas de muçulmanos e judeus, dedicaram-se a converter à cultura espanhola o que restava das populações portuguesas. Tiveram um papel importante neste etnocídio. Não foram contudo capazes de destruir os templos construídos pelos portugueses, muito embora os saques continuem até aos nossos dias

Entre as igrejas de Olivença, destacam-se a manuelina Igreja da Madalena, antiga Sé da Diocese de Ceuta, a cidade que hoje é reclamada à Espanha por Marrocos e que durante séculos foi administrada por Portugal. A construção desta Igreja ficou a dever-se a ao Bispo Henrique de Coimbra, companheiro de Pedro Alvares Cabral no descobrimento do Brasil

Imadelana.jpg


A Igreja da Santa Maria dos Castelo, de traça renascentista e posteriores acrescentos barrocos.

Entre as mais notáveis está todavia a Igreja da Misericórdia, fundada em 1501, onde mesmo depois da ocupação espanhola se manteve mais viva a especificidade desta terra portuguesa.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Fortificações

Símbolos da defesa de uma identidade usurpada pela Espanha, continuam a erguer-se altaneiros malgrado a sistemática destruição que este país paulatinamente vai realizando.

Em lugar estratégico ergue-se o seu castelo e a sua torre de menagem medievais (37 metros de altura). Devem ainda referir-se os baluartes seiscentistas com a elegante Porta do Calvário e a torre do quartel do Dragões de Olivença datado do período pombalino (século XVIII).

olivenca4.jpg
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Traçado da Cidade

Onde melhor podemos observar os vestígios de Olivença é no tipo de construção de muitas das suas casas (alvenaria, cal, cantaria, imponentes chaminés, etc), cujos elementos são em tudo idênticos às vilas portuguesas do Alentejo.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Comida

Ainda até meados do século XX, Olivença distinguia-se da Extremadura espanhola pela excelência da sua gastronomia e doçaria. O etnocídio que aqui ocorreu destruiu entretanto uma das maiores riquezas desta terra.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
A Tradição de Balboa

Olivença está hoje integrada na região da Extremadura Espanhola, contra a qual teve que lutar durante séculos.



Foi nesta região de Espanha que nasceram e se formaram algumas das mais odientas personagens da História da Humanidade. Ainda hoje custa a crer como podem ter existido semelhantes carniceiros. Foram os responsáveis pela morte de milhões e milhões de pessoas na na América. Até aos nossos dias continuam a ser lembrados em Espanha, como heróis, mas apontados como criminosos em todo o mundo. Através deles e da Inquisição, a pulsão da morte, passou a fazer parte integrante da alma de Espanha. Tornou-se o seu traço inconfundível, sem o qual não é possível explicar muitas das formas de comportamento colectivo que aqui ocorrem.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Ora este fundo cultural de barbárie estava ainda bem vivo quando Olivença foi tomada, e deve ser tida conta na compreensão do etnocídio da população portuguesa que se lhe seguiu. Em Olivença foi o culminar de uma longa experiência histórica dos espanhóis em matéria de etnocídos que começou no século XVI e que se havia de prolongar durante séculos. Se quisermos ver retratados os que as executavam, ao tempo da tomada de Olivença, veja-se as obras de Goya. As personagens que ali aparecem tem essa mistura a pura crueldade, ganância, fanatismo religioso, loucura e sobretudo de exaltação da morte do Outro, que caracterizavam os conquistadores da extremadura no século XVI.
 

Antonio A Alves

GF Ouro
Entrou
Mai 14, 2016
Mensagens
999
Gostos Recebidos
0
Núñez de Balboa

Aventureiro sem escrúpulos, no Haiti, os chefes indios ter-lhe-ão falado em ouro. Á procura deste metal Balboa (1475-1517), natural de Jerez de los Cabaleiros, contemplou pela primeira vez o Oceano Pacífico. Os povos se lhe atravessavam pelo caminho, como os do Panamá foram literalmente exterminados. Face a tanta carnificina, o rei de Espanha, em 1517, mandou-o executar.
 
Topo