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O barómetro regista a melhor marca do PS desde as legislativas: 39%.
Esquerda contente, direita prevê crise
Está a causar agitação nos meios políticos o barómetro de Julho da Aximage, feito para o Jornal de Negócios e o Correio da Manhã, que mostra o PS a subir e o PSD a descer na intenções de voto. Os dados mostram que junta a esquerda soma 55,8% das preferências dos portugueses – muito acima dos 50,76% conseguidos por PS, BE e CDU em outubro. Mas se as eleições fossem agora, António Costa já podia estar perto de dispensar os comunistas e fazer uma aliança só com o BE. Sinais suficientes para à esquerda haver regozijo com os resultados e à direita se antever uma crise política provocada para reforçar Costa.
O barómetro regista a melhor marca do PS desde as legislativas: 39%. E também o pior resultado dos sociais-democratas, que se ficam pelos 30,5% das intenções de votos, com uma queda de 1,6 pontos face ao mês anterior e de 5,7 pontos desde janeiro.
Juntos, PS e BE têm 49% das preferências, já que os bloquistas reúnem 10% das intenções de voto. O BE perdeu 0,2 pontos neste barómetro, mas fica perto de conseguir dar a maioria a um governo PS sem a CDU, que também reforça a sua base de apoio e chega aos 6,8%.
O CDS também está a subir – fica agora nos 4,9% - mas a descida do PSD faz com que uma coligação à direita não tivesse hipóteses de formar governo. Passos Coelho e Assunção Cristas juntos ficam-se pelos 35,4%, menos do que os 36,86% das últimas legislativas.
Costa o melhor, Passos o pior
O barómetro da Aximage mostra também que a maioria dos portugueses está satisfeita com o Governo de António Costa.
São 31,5% os inquiridos que acham que o desempenho de Costa está acima das expectativas, sendo que apenas 14,8% acha que a governação está a ser pior do que o esperado.
António Costa tem muitos motivos para ficar contente, já que é o líder com a melhor avaliação, com 13,7 pontos. Segue-se Catarina Martins, com 11,7 pontos. Em terceiro aparece Assunção Cristas, com 10,5 valores (há dois meses a descer), e Jerónimo de Sousa com 10,3 pontos.
Passos Coelho é o pior: está com 6,5 pontos, menos 0,2 do que há um mês e em queda desde janeiro.
Socialistas contentes, direita antevê crise
Com estes números, não faltaram as manifestações de agrado no PS, sobretudo no Facebook, onde vários deputados partilharam os dados do barómetro da Aximage.
Depois de semanas marcadas pela pressão de Bruxelas em torno das sanções, os dados deste barómetro são vistos como um sinal positivo à geringonça e um incentivo para as negociações para o Orçamento do Estado de 2017 que já começaram e deverão arrastar-se ao longo de todo o verão.
Estes mesmos números e a tensão em torno do Orçamento são, porém, lidos à direita como um sinal de que pode estar para breve uma crise política. No PSD não falta quem ache que António Costa pode aproveitar as negociações durante o verão para provocar uma crise e conseguir eleições que o legitimariam e o permitiriam ficar no governo só com o apoio do BE.
É, de resto, à luz dessa teoria que se podem ler as palavras de Pedro Passos Coelho que, na semana passada, avisava que vinha aí “o diabo” em setembro e que previa uma crise política para “muito antes das autárquicas” de outubro de 2017.
A tese é, porém, descartada no PS onde se recorda que Costa não quererá ficar com o ónus de provocar a queda do Governo e onde se garante que a melhor forma de legitimação para o líder socialista passa precisamente por provar que a solução governativa à esquerda é estável e duradoura.
De resto, António Costa aproveitou já para responder à tese do “diabo” de Passos, assegurando que “estabilidade” é a palavra-chave da sua estratégia política. "É com os olhos postos no futuro, com estabilidade, com políticas publicas certas e com a aposta na inovação que nós nos livramos do diabo e ganhamos confiança e capacidade para vencer no futuro. Essa tem que ser a nossa trajetória e é para isso que nós temos de trabalhar", avisou o primeiro-ministro este fim de semana, em resposta a Passos.
Por outro lado, não parece haver – pelo menos para já – sinais de que quer o BE quer o PCP queiram quebrar o acordo feito com António Costa. Fontes bloquistas e comunistas asseguram que, até ver, não há motivos para acreditar que o Orçamento de 2017 possa ser o epicentro de uma crise que leve à queda do Governo.
Fonte: Jornal Sol
