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Padeira de Aljubarrota

kidux@

GF Prata
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Padeira de Aljubarrota

Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota, foi uma figura lendária de heroína portuguesa, cujo nome anda associado à vitória dos portugueses, contra as forças castelhanas, na batalha de Aljubarrota (1385). Com a sua pá de padeira, teria morto sete castelhanos que encontrara escondidos num forno.

A lenda

Brites de Almeida teria nascido em Faro, de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna. A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos. Estaria então talhada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira.

Teria 6 dedos nas mãos, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente. Aos 26 anos ela estaria já órfã, facto que se diz não a ter afligido muito.


Brasão da freguesia de Prazeres de Aljubarrota, com a pá de Brites no escudoVendeu os parcos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas são as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua própria espada, até à fuga para Espanha a bordo de um batel assaltado por piratas argelinos que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Mauritânia.

Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em Aljubarrota, onde se tornaria dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida, casando com um lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos. Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saido para ajudar nas escaramuças que ocorriam.

Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os. Diz-se também que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituido uma espécie de milícia que perseguia os inimigos, matando-os sem dó nem piedade.

Os historiadores possuem em linha de conta que Brites de Almeida se trata de uma lenda mas, assim mesmo, é inegável que a história desta padeira se tornou célebre e Brites foi transformada numa personagem lendária portuguesa, uma heroína celebrada pelo povo nas suas canções e histórias tradicionais.
 

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GF Prata
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Batalha de Aljubarrota

A Batalha de Aljubarrota decorreu no final da tarde de 14 de Agosto de 1385, entre tropas portuguesas comandadas por D. João I de Portugal e o seu condestável D. Nuno Álvares Pereira, e o exército castelhano de D. Juan I de Castela. A batalha deu-se no campo de S. Jorge, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre as localidades de Leiria e Alcobaça no centro de Portugal. O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos e o fim da crise de 1383-1385, e a consolidação de D. João I como rei de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. A paz com Castela só veio a estabelecer-se em 1411.

Prelúdio
No fim do século XIV, a Europa encontrava-se a braços com uma época de crise e revolução. A Guerra dos Cem Anos devastava a França, epidemias de peste negra levavam vidas em todo o continente, a instabilidade política dominava e Portugal não era excepção.

Em 1383, el-rei D. Fernando morreu sem um filho varão que herdasse a coroa. A sua única filha era a infanta D. Beatriz, casada com o rei D. João de Castela. A burguesia mostrava-se insatisfeita com a regência da Rainha D. Leonor Teles e do seu favorito, o conde Andeiro e com a ordem da sucessão, uma vez que isso significaria anexação de Portugal por Castela. As pessoas alvoroçaram-se em Lisboa, o conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao mestre de Avis, filho natural de D. Pedro I de Portugal, que ficasse por regedor e defensor do Reino.

O período de interregno que se seguiu ficou conhecido como crise de 1383-1385. Finalmente a 6 de Abril de 1385, D. João, mestre da Ordem de Avis, é aclamado rei pelas cortes reunidas em Coimbra, mas o rei de Castela não desistiu do direito à coroa de Portugal, que entendia advir-lhe do casamento. Em Junho invade Portugal à frente da totalidade do seu exército e auxiliado por um contingente de cavalaria francesa.


Disposição da hoste portuguesa
Quando as notícias da invasão chegaram, João I encontrava-se em Tomar na companhia de D. Nuno Álvares Pereira, o condestável do reino, e do seu exército. A decisão tomada depois de alguma hesitação foi a de enfrentar os castelhanos antes que pudessem levantar novo cerco a Lisboa. Com os aliados ingleses, o exército português intersectou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o terreno favorável para a batalha, assistido pelos experientes ingleses. A opção recaíu sobre uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, perto de Aljubarrota. Pelas dez horas da manhã do dia 14 de Agosto, o exército tomou a sua posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde os castelhanos eram esperados. Seguindo o mesmo plano de outras batalhas do século XIV (Crécy e Poitiers são bons exemplos), as disposições portuguesas foram as seguintes: cavalaria desmontada e infantaria no centro da linha, rodeadas pelos flancos de archeiros ingleses, protegidos por obstáculos naturais (neste caso ribeiros). Na retaguarda, aguardavam os reforços comandados por D. João I de Portugal em pessoa. Desta posição altamente defensiva, os portugueses observaram a chegada do exército castelhano protegidos pela vertente da colina.


A chegada dos castelhanos
A vanguarda do exército de Castela chegou ao teatro da batalha pela hora do almoço, sob o Sol escaldante de Agosto. Ao ver a posição defensiva ocupada por aquilo que considerava os rebeldes, o rei de Castela tomou a acertada decisão de evitar o combate nestes termos. Lentamente, devido aos 30,000 soldados que constituíam o seu efectivo, o exército castelhano começou a contornar a colina pela estrada a nascente. As patrulhas castelhanas tinham verificado que a vertente Sul da colina tinha um desnível mais suave e era por aí que pretendiam atacar.

Em resposta a este movimento, o exército português inverteu a sua disposição e dirigiu-se à vertente Sul da colina. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha um percurso mais pequeno pela frente, o contingente português atingiu a sua posição final ao início da tarde. Para evitar o nervosismo dos soldados e manter a moral elevada, D. Nuno Álvares Pereira ordenou a construção de um conjunto de trincheiras e covas de lobo em frente à linha de infantaria. Esta táctica defensiva, muito típica dos exércitos ingleses, foi talvez uma sugestão dos aliados britânicos presentes no terreno.

Pelas seis da tarde, os castelhanos estão prontos para a batalha. De acordo com o registo escrito por el-rei de Castela depois da batalha, os seus soldados estavam bastante cansados do dia de marcha em condições de muito calor. Mas não havia tempo para voltar atrás e a batalha começou.


A batalha
O verdadeiro nome pelo qual a batalha ficou conhecida foi o de "Batalha Real", designação que atesta a presença dos dois reis em campo, qual luta travada num tabuleiro de xadrez.

A iniciativa de começar a batalha partiu de Castela, com uma típica carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em força, de forma a romper a linha de infantaria adversária. Mas tal como sucedeu na batalha de Crécy, os archeiros colocados nos flancos e o sistema de trincheiras fizeram a maior parte do trabalho. Muito antes de sequer entrar em contacto com a infantaria portuguesa, já a cavalaria se encontrava desorganizada e confusa, dado o medo dos cavalos em progredir em terreno irregular e à eficácia da chuva de flechas que sobre eles caía. As baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque nulo. A retaguarda castelhana demorou em prestar auxílio e em consequência, os cavaleiros que não morreram foram feitos prisioneiros pelos portugueses.

Depois deste percalço, a restante e mais substancial parte do exército castelhano entrou na contenda. A sua linha era bastante extensa, pelo elevado número de soldados. Ao avançar em direcção aos portugueses, os castelhanos foram forçados a desorganizar as suas próprias fileiras, de modo a caber no espaço situado entre os ribeiros. Enquanto os castelhanos se desorganizavam, os portugueses redispuseram as suas forças dividindo a vanguarda de D. Nuno Álvares em dois sectores, de modo a enfrentar a nova ameaça. Vendo que o pior ainda estava para chegar, D. João I de Portugal ordenou a retirada dos archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente. Foi então que os portugueses necessitaram chamar todos os homens ao combate e tomaram a decisão de executar os prisioneiros franceses.

Esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos lutaram desesperadamente por uma vitória. Nesta fase da batalha, as baixas foram pesadas para ambos os lados, principalmente no lado de Castela e no flanco esquerdo português, recordado com o nome Ala dos Namorados. Ao pôr-do-sol a posição castelhana era já indefensável e com o dia perdido, D. João de Castela ordenou a retirada. Os castelhanos debandaram desordenados do campo de batalha. Soldados e povo das redondezas seguiam no seu encalço e não hesitavam em matar os fugitivos.

Da perseguição popular surgiu uma tradição portuguesa em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, muito forte alta e com seis dedos em cada mão, emboscou e matou pelas próprias mãos muitos castelhanos em fuga. Esta história é uma lenda popular e o massacre que se seguiu à batalha também não se comprova, já que se sabe que o próprio Condestável terá ordenado a libertação de todos os prisioneiros, a sua não molestação e ordenado imediatamente a punição severa de qualquer soldado português que participasse num saque e agressão aos castelhanos em fuga, tendo recusado, inclusivamente, a aceitar troféus de guerra, os quais deveriam ser imediatamente devolvidos ao inimigo, fossem eles armas, munições ou objectos de outro tipo.


O dia seguinte
Na manhã de 15 de Agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros que flanqueavam a colina. Para além de soldados, morreram também muitos fidalgos castelhanos, o que causou luto em Castela até 1387. A cavalaria francesa sofreu em Aljubarrota mais uma derrota contra tácticas defensivas de infantaria, depois de Crécy e Poitiers. A batalha de Azincourt, já no século XV, mostrou que Aljubarrota não foi o último exemplo.

Com esta vitória, D. João I tornou-se no rei incontestado de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino que acreditava ter recebido, D. João I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila da Batalha
 

Johny89

GF Ouro
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