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Teorias sobre os vulcões podem estar erradas

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Teorias sobre os vulcões podem estar erradas

Redação do Site Inovação Tecnológica

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Os geólogos afirmam que ilustrações como essa devem ser banidas dos livros-textos.[Imagem: Wikipedia/MesserWoland]​

Verdades que mudam

Faça uma pesquisa rápida sobre vulcões, na internet ou nos livros didáticos, e você fatalmente encontrará modelos mostrando estreitos jatos de magma vindo das profundezas da Terra e disparando pelo meio de uma montanha em formato de cone.

"Mas esse quadro está errado," garante o professor Don Anderson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos.

Segundo ele e seu colega James Natland (Universidade de Miami), esses estreitos canais de magma que dariam origem aos vulcões não existem e nem fazem sentido - não existe, por exemplo, uma explicação da energia necessária para trazer o material até a superfície.

"Plumas vindas do manto nunca tiveram uma boa base física ou lógica," diz Anderson, referindo-se ao formato de pena frequentemente usado pelos livros-textos para ilustrar os jatos de lava que alimentam os vulcões.

Segundo as teorias aceitas até agora, esses jatos se originariam a quase 3.000 quilômetros de profundidade - a cerca de metade do caminho até o centro da Terra - e não teriam mais do que 300 quilômetros de largura, estreitando-se até chegar como um "cano de lava" na superfície, indo até a boca do vulcão.

Certamente que isto é teoria, já que os instrumentos existentes não conseguem verificar sua veracidade - o buraco mais fundo já perfurado na Terra tem pouco mais de 12 km.

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Não é o calor do núcleo da Terra que fornece energia para os vulcões, é o frio relativo da superfície, segundo a nova teoria. [Imagem: Anderson/Natland - 10.1073/pnas.1410229111]​

Energia dos vulcões

Na verdade, o que parece existir é justamente o contrário do que a teoria previa, com grandes porções do manto subindo e canais estreitos de material mergulhando de volta.

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Os dados revelam que há grandes pedaços do manto, em movimento ascendente lento, com mais de 1.000 quilômetros de largura. [Imagem: Anderson/Natland - 10.1073/pnas.1410229111]​

Assim, enquanto a teoria anterior não explicava de onde vinha a energia necessária para bombear o fluxo de lava por um canal estreito até a superfície, o novo modelo propõe que não é o calor do núcleo da Terra que impulsiona o manto quente para a superfície; ao contrário, há uma convecção alimentada pelas temperaturas mais frias da superfície da Terra.

Os dois pesquisadores reconhecem que o comportamento de convecção do manto foi proposto há mais de um século por Lord Kelvin - quando o material na crosta do planeta esfria, ele afunda, deslocando material mais profundo do manto e forçando-o para cima.

"Esta é uma demonstração simples de que os vulcões são o resultado de convecção normal em escala ampla e das placas tectônicas," disse Anderson.

Ele chama a teoria de "tectônica de cima para baixo", baseada nos princípios de Kelvin da convecção do manto. Neste quadro, o motor por trás dos processos interiores da Terra não é o calor do núcleo, mas o resfriamento na superfície do planeta.

Esse resfriamento, juntamente com a tectônica de placas, explica a convecção do manto, o resfriamento do núcleo e o campo magnético da Terra.

Vulcões e rachaduras na placa são simplesmente efeitos colaterais, garantem os dois pesquisadores.

Ondas sísmicas

Apesar de ainda não ser possível testar diretamente a nova teoria, os instrumentos têm melhorado, fazendo os dois pesquisadores acreditarem já dispor de elementos suficientes para jogar fora o modelo de vulcões tão cuidadosamente acalentado pelos geólogos há tanto tempo.

Para tentar detectar as hipotéticas plumas, os geólogos analisam a atividade sísmica medida por várias estações espalhadas por uma grande área. O tipo de material que essas ondas atravessam altera suas propriedades, o que pode ser usado para deduzir o tipo de material atravessado.

Mas ninguém detectou os canais estreitos de lava em pesquisas feitas em áreas repletas de vulcões - no Havaí, no Parque de Yellowstone e na Islândia.

Agora, em parte graças a estações sísmicas melhores e mais adensadas, a análise de sismologia do planeta é boa o suficiente para confirmar que não existem "plumas mantélicas" estreitas, garantem Anderson e Natland.

Em vez disso, os dados revelam que há grandes pedaços do manto, em movimento ascendente lento, com mais de 1.000 quilômetros de largura.


Bibliografia:

Mantle updrafts and mechanisms of oceanic volcanism
Don L. Anderson, James H. Natland
Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: Published online
DOI: 10.1073/pnas.1410229111
 
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