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Associação de deficientes encerra formação

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Processo de acreditação foi indeferido à instituição com sede em Beja

Associação de deficientes encerra formação

Ao longo de uma década, a AEDA deu formação a 25 pessoas de vários concelhos do distrito, sobretudo na área do artesanato, conseguindo empregar uma fatia de 60 por cento.

A Associação para o Emprego de Deficientes do Alentejo (AEDA), com sede em Beja, tem encerrada, desde o início do ano, a sua vertente de formação profissional, depois de uma década de actividade certificada. O indeferimento da acreditação enquanto entidade formadora, por parte da Direcção de Serviços de Qualidade e Acreditação (DSQA), adstrita à Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, foi dado como definitivo há duas semanas, depois de uma contestação, que a lei permite, em finais de 2007.

A decisão reduz a actividade da AEDA apenas à componente de informação, que dispensa a existência de um espaço físico, uma vez que não é possível manter o apartamento alugado onde tem funcionava a sede.

Francisco Cid, da direcção da AEDA, não compreende e não aceita as razões da recusa e diz mesmo "não reconhecer idoneidade" aos técnicos daquele organismo certificador, já que, "para tal, teriam que vir cá, ver o nosso trabalho, conhecer os problemas dos nossos deficientes e isso não aconteceu". Aliás, adianta, um dos argumentos utilizados foi a ausência de um verdadeiro diagnóstico de necessidades, o que o responsável desmente categoricamente:

"Nós, desde sempre, contactámos os autarcas, nas juntas e câmaras municipais, para nos informarem dos deficientes aí existentes. Andámos praticamente de aldeia em aldeia tendo reuniões com essas pessoas, e fazendo o inquérito que é necessário para perceber as necessidades, inclusivamente ao nível da formação. Daí saíram os formandos que vieram frequentar a nossa associação durante estes 10 anos. Dizer que não fizemos um diagnóstico de necessidades é ter um desconhecimento total da nossa realidade".

Ao longo de uma década, a instituição de Utilidade Pública deu formação a 25 pessoas de vários concelhos do distrito de Beja, sobretudo na área do artesanato, conseguindo integrar uma fatia de 60 por cento no mercado de trabalho. Na altura em que foi anunciado o indeferimento da acreditação, a AEDA tinha a seu cargo 14 formandos, "muitos com hipóteses de colocação", cujas aulas foram interrompidas.

Outros tantos aguardavam vez para a abertura de um novo curso de quatro anos. "Entre eles há deficientes visuais, sendo que não há nenhuma instituição aqui na zona, a sul do Tejo, que dê formação a deficientes visuais, com técnicos preparados para o ensino do Braille, da locomoção. Na totalidade, são à volta de 30 pessoas que ficam com a sua esperança de vida, ao nível do trabalho, cerceada.

E nada pode justificar isto", lamenta, indignado, Francisco Cid. Quanto aos três funcionários do quadro da instituição – dois monitores e um motorista – o destino é, para já, o desemprego.

A AEDA tinha uma despesa anual de perto de 160 mil euros na sua componente de formação, custeada na íntegra por dinheiros do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Nos últimos anos, vinha diversificando a oferta, apostando cada vez mais na formação em posto de trabalho, em colaboração com vários empregadores do distrito.

"Sem acreditação, não podemos receber essas verbas necessárias à nossa continuidade", lamenta Francisco Cid, que já enviou cartas para a secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, para o primeiro-ministro e, inclusivamente, para o próprio Presidente da República, tendo apenas obtido, até ao momento, a informação de que o assunto seria reencaminhado para o secretário de Estado do Emprego. 


Diario do Alentejo
C.F.
 
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