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Negócios furados e perdas de tempo

billshcot

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Introdução e Premissas

Primeiramente é importante dizer que boa parte dos negócios descritos nesta seção são negócios que podem acontecer realmente, que tem sustentação e não são necessariamente fraudes.
Dito isso é importante ressaltar que estes negócios, quando reais, acontecem respeitando regras e modalidades de mercado e são normalmente conduzidos só por profissionais das áreas específicas e dentro de sociedades ou instituições especializadas no setor específico.
Oportunidades de se realizar negócios fora das regras existem, potencialmente, mas são raríssimas ... a quase totalidade dos casos deste tipo que poderão aparecer ao profissional ou empresário comum e não especialista, serão negócios furados e sem sustentação, aplicando regras que não são as de mercado (conhecidas pelos especialistas) e que resultarão em grande perda de tempo (e ás vezes de dinheiro) e nada mais.

Fora os casos de fraudes evidentes, tentei muitas vezes descobrir ou entender porque isso acontece. Até agora não consegui encontrar nenhuma certeza ... só consegui juntar algumas boas teorias e suspeitas :

Uma das hipóteses, baseada em alguns indícios, é que estas operações sejam montadas por gangues de golpistas com a finalidade de obter documentos assinados, nomes, dados e informações de pessoas, empresas e instituições. Isso tudo seria usado, em um segundo tempo, na realização de golpes mais elaborados e tendo, eventualmente, como vítimas pessoas totalmente diferentes das envolvidas nas operações aqui descritas.
Outra teoria (bastante consistente em muitos casos), sempre envolvendo golpistas, é que eles estejam fuçando o mercado em busca de alguns ingênuos aos quais fazer acreditar, mostrando estas operações juntamente com informações e/ou documentos falsos, que eles tem muito dinheiro ou valores ... isso com o intuito de ganhar credibilidade para depois aplicar algum golpe direto, por exemplo propondo, com o respaldo do suposto grande patrimônio a disposição, alguma operação fantástica que deixe as vítimas com água na boca, zonzas e ávidas para depois cobrar algum dinheiro adiantado, para elas participarem da "oportunidade", e finalmente sumir com o adiantamento.

Uma terceira teoria (na minha opinião menos fundamentada) é que estas operações, quando tiverem características de "difusão de boatos", sirvam simplesmente para agitar um mercado e fazer com que alguns preços aumentem.

Uma última hipótese (a meu ver possível, em alguns casos) é que estes boatos ou "operações" sejam montadas por pessoas que tem por objetivo juntar muitos contatos e informações de todos os tipos e origens para poder, no futuro, realizar operações (não necessariamente fraudes) em outras áreas. Ou seja os intermediários seriam "usados" para coletar contatos e informações para que o "organizador" possa futuramente aproveita-los de forma diferente e sem custos.

mf
 

billshcot

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Os "Papeleiros" e os Vultosos Negócios com Títulos e Papéis

Existe todo um complicado mercado de papéis e títulos, administrado por figuras chamadas "papeleiros" e que normalmente não resulta em nada e não tem sustentação.

Os papéis ou títulos envolvidos, muitas vezes, existem realmente (outras vezes não existem ou são falsificados) e, quando não forem prescritos, freqüentemente os reais valores podem ser mais ou menos os que são conversados nestas negociações. Mesmo assim vale a pena tomar cuidado porque existem, também neste setor, golpistas fornecendo informações e documentos falsos.

O problema, normalmente, é que este tipo de negócio não se conduz da forma proposta... o mercado opera de forma diferente e com regras diferentes e, fora do mercado, é virtualmente impossível operar.

Os títulos mais freqüentemente envolvidos nestes negócios são: NTN (Notas do Tesouro Nacional - sobretudo as de tipo "A" ou cambiarias, mas já vi outras), LTN (Letras do Tesouro Nacional - sobretudo as da década de 1970, todas já vencidas e algumas inexistentes), LHBB (Letras Hipotecárias do Banco do Brasil), Obrigações da Eletrobrás, NBC ou LBC (Notas ou Letras do Banco Central), TDA (Títulos da Dívida Agrária), CDP (Certificados da Dívida Publica), CVS (títulos oriundos do FCVS - Fundo de Compensação de Variações Salariais), C-Bonds (verdadeiros ou mal entendidos, agora extintos e substituídos pelos Global Bonds), Brazilian Investment Bonds (mal entendidos e valorizados de forma incorreta)... Repito que vários (mas não todos) destes "papéis", quando autênticos, têm realmente um valor de mercado.

O roteiro típico destes negócios, quando são furados, é o seguinte:

Alguém contata você dizendo que tem uma quantia elevada (muitas vezes num valor de bilhões de R$) de um determinado título para vender ou comprar.
Freqüentemente este contato é feito através ou envolvendo uma pessoa supostamente confiável qual um empresário, advogado ou outro profissional de renome, uma autoridade civil ou militar, um político ou alguém que em geral tenha credibilidade por alguma razão. Esta pessoa na maioria dos casos está em boa fé e acreditando ingenuamente no que lhe foi contado.
O proponente pede para assinar contratos muito elaborados ou assina por sua vez contratos muito elaborados (termos muito usados nestes documentos são "firme de venda", "firme de compra", "lamina", "tela", "paymaster", "grupo de venda/compra", "grade de comissionamento", "LOI"...), nestes contratos aparecem freqüentemente muitas pessoas, todos como "intermediários".

Muitas vezes o esquema envolve uma corretora de valores, que serviria para repassar comissões.

As negociações são muito complicadas porque nunca se chega a um ponto de acordo entre as muitas partes e mesmo quando se chega sempre aparece algum novo aspecto ou empecilho que muda a situação.
Raramente a versão, condições e informações inicialmente fornecidas são mantidas constantes ao longo da negociação, mais normais são mudanças e contradições freqüentes.

Finalmente pode se chegar no ponto da conclusão as parte sentadas numa mesa para fechar e ... o tal título não aparece ou alguém diz "bem agora que vendi vou ver se encontro o título" ou apresenta uma coisa totalmente diferente da conversada (quando não um falso).
Se tiver muito tempo pra perder e contatos pra desgastar, podem tentar ... saibam porém que já vi literalmente centenas de negócios deste tipo em andamento e nunca vi um sequer concluído por pessoas que não fossem profissionais do mercado específico.
Por isso sempre procure operar exclusivamente com operadores qualificados de mercado e não com figuras indefinidas e sem lastro.

Se a operação com títulos proposta tiver finalidades fiscais e tributárias (pagamentos ou compensações de tributos com deságios/descontos) lembre que, mesmo se algumas destas operações são, em tese, possíveis, o conselho é sempre que procure um acompanhamento profissional por parte de um advogado tributarista independente e de sua confiança. Isso porque neste meio tem muitas fraudes e sobretudo nem sempre é verdade o que os proponentes alegam ser possível.
Uma das situações mais comuns é a da proposta de operações tributarias ou fiscais fraudulentas, envolvendo títulos sem validade, alegando várias supostas ações que fariam com que tais títulos tivessem como ser usados para realizar pagamentos ou compensações tributarias. Isso se daria, frequentemente, através da entrada da vítima no pólo ativo de algum processo em andamento e através de outras medidas dúbias que permitiriam o aproveitamento imediato de tais “créditos”. Um dos papeis mais usados, recentemente, para estas fraudes são os chamados “Títulos da Dívida Externa” (TDE) que são tratados especificamente em outra matéria .

mf
 

billshcot

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Os Direitos Creditórios e os Precatórios

Outro interessante mercado, muito parecido com o anterior, é o dos "Direitos Creditórios" e dos "Precatórios".
Os direitos creditórios são direitos (ou supostos tais) a receber, normalmente do governo, uma quantia que se encontra ainda em fase de definição ou sujeita a oposição na justiça.

Tais direitos são frequentemente oriundos de desapropriações de terra, em raros casos tem origem tributária. Uma vez definidos na justiça de última instância, e determinados portanto os valores finais e irrevogáveis, tais Direitos Creditórios viram normalmente Precatórios. Em caso de desapropriações realizadas no âmbito da reforma agrária estes direito poderão virar TDA (Títulos da Dívida Agrária).

Os Precatórios podem ser usados com potencial êxito em algumas operações de compensação de dívidas fiscais e portanto existe um mercado.
Existe também um real mercado de investimentos financeiros em Precatórios, sobretudo depois da criação dos FIDC (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) e da Emenda Constitucional (n.30/2000), que determina o pagamento em parcelas anuais dos Precatórios.
Os Direitos Creditórios, segundo alguns, poderiam ser usados da mesma forma, mas existem grandes riscos e até consistentes dúvidas legais quanto a isso.

De qualquer maneira tem toda uma geração de "papeleiros" que só mexem com este tipo de coisas ... muitas vezes são até os mesmos que se propõem operações com "títulos".

Frequentemente aparecem com ofertas de venda ou compra de Precatórios por valores de bilhões (sobretudo os oriundos de desapropriações do INCRA) ... saibam que na grandíssima maioria dos casos estes precatórios não existem ou, se forem reais, tem tantos problemas que são virtualmente impossíveis de se vender.
Tenho conhecimento de precatórios problemáticos (por exemplo alguns ligados à usina de Itaipu, à região de "Apertados" e ao aeroporto do Galeão no RJ) que estão "a venda" há anos, viraram "famosos" e já deram a volta do Brasil inteiro várias vezes. Periodicamente voltam a ser oferecidos, com uma desculpa ou disfarce diferente, quase sempre por intermediários inescrupulosos ou despreparados, mas quem tem algum conhecimento do setor já sabe do que se trata.
Tais negócios, normalmente, resultam só em um grande desgaste de contatos e tempo.

Vale ressaltar novamente que, com as novas regras de liquidação em parcelas anuais corrigidas e garantidas, determinados precatórios, sobretudo federais, orçamentados e juridicamente "seguros", podem vir a ser ótimos investimentos financeiros, se adquiridos em condições vantajosas.

É também interessante mencionar uma safra de golpes envolvendo precatórios, em andamento há alguns anos, onde quadrilhas munidas de documentos falsos tentam sacar valores (justamente oriundos de precatórios) junto a bancos públicos (sobretudo CEF e Banco do Brasil), se passando pelos titulares do direito.
É comum estes estelionatários pedirem a ajuda de terceiros, possivelmente bem relacionados nos bancos acima mencionados, para facilitar tais operações ... alegando 1000 desculpas e prometendo gordas participações !

Obvio que cair nesta conversa e participar de uma coisa destas é um caminho certo para alguma esquadra de policia !

mf
 

billshcot

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Os Créditos Fiscais para venda

Créditos de IPI, créditos de ICMS de vários estados, créditos do INSS, créditos das "cotas de contribuição de café", créditos do IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), créditos de ressarcimentos judiciais, TRF (Títulos de Recuperação Fiscal), títulos ou créditos oriundos de fundos compulsórios, e outros tipos de créditos fiscais são freqüentemente negociados entre as empresas.

Estes créditos muitas vezes são válidos e os negócios podem ser consistentes e reais ... o problema é que existe toda uma categoria de "intermediários" que apresenta tais créditos para venda e depois, na hora do "vamos ver", os créditos não aparecem ou tem características bem diferentes das inicialmente informadas ou tem um preço diferente ou ... ou ... ou !!

O meu conselho é conduzir tais negócios só e exclusivamente com os titulares dos créditos ou no máximo com os advogados ou procuradores (devidamente identificados e qualificados) deles.
Outras classes de intermediários, não qualificados ou sem referências suficientes, devem ser descartados a não ser que produzam previamente provas muito concretas da existência e consistência do que declaram e se comprometam de forma forte e irrevogável (por escrito e prevendo multas por descumprimento contratual) a manter o combinado.

Também é fundamental que este tipo de operações fiscais sejam acompanhadas por um advogado tributarista de sua confiança, para poder avaliar a real possibilidade de se utilizarem, da forma pretendida, os créditos propostos.

mf
 

billshcot

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Petróleo, gasolina e álcool baratos

Aparecem periodicamente ofertas de venda e pedidos de compra para petróleo, gasolina, diesel ou álcool com preços abaixo do mercado normal. Tais negócios podem acontecer na realidade, se bem que muito raramente, mas normalmente quando acontecem é entre profissionais especializados nas respectivas áreas.

Negócios com petróleo cru normalmente aparecem na forma de ofertas de venda originadas no Oriente Médio e relativas a petróleo do IRAQ (ou às vezes IRAN, Líbia...) vendido abaixo do preço normal.

Existem também variantes com petróleo africano ou venezuelano, e, mais raramente, com petróleo russo ou de países da ex URSS.
As histórias contadas para justificar a consistência do negócio são as mais variadas, parentesco/amizade do proponente com autoridades do país vendedor, corrupção etc...
As informações mudam ao longo da negociação e, uma vez encontrado um ponto de acordo, tudo muda novamente com a introdução de novas regras e exigências... estes negócios nunca fecham e resultam só em grande desgaste.

Negócios com gasolina e diesel aparecem de vários lugares. Rússia, Argentina, Venezuela são os mais freqüentes... O conceito é o mesmo do petróleo (sempre muda alguma coisa ao longo da negociação, e inviabiliza tudo) e a isso se pode acrescentar o fato que é extremamente difícil importar gasolina no Brasil por uma série de razões fiscais, legais e logísticas quais a ausência de dutos e tanques disponíveis para transportar e armazenar tal produto importado (os da Petrobrás ela normalmente não aluga, sobretudo pra não favorecer terceiros que operem como concorrentes).

Negócios com álcool são mais complexos ainda. O álcool é produto nacional e se encontra no mercado em duas formas: Anidro, que serve normalmente para ser misturado com gasolina (toda a gasolina no Brasil tem mais ou menos 25% de álcool misturado) e Hidratado, que é o combustível normalmente vendido nos postos para abastecer carros com motor a álcool ou flex.

Os negócios com álcool que aparecem freqüentemente são de dois tipos:

:. ofertas de compra de grandes estoques por preço baixo com ou sem nota (o que, note-se, é ilegal).
:. ofertas de venda de álcool abaixo do preço normal com fornecimentos periódicos prefixados ou na forma de estoques ocasionais, tudo sem ou, às vezes, com nota.

Estes negócios também quase nunca fecham porque as condições do comprador ou do vendedor nunca coincidem e se, por acaso, coincidirem, serão mudadas, sem aviso prévio nem justificação, por uma das partes de forma que não coincidam mais. Isso provavelmente serve só para agitar e/ou sondar o mercado.

Mais recentemente iniciaram a aparecer negócios desta natureza envolvendo biodiesel ou os seus principais óleos componentes (sobretudo o de soja e de mamona).

mf
 

billshcot

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As Toneladas de Ouro para vender

Este negócio circula há anos no mundo todo ... já o encontrei na Itália, na Suíça, na França, na Holanda, no Uruguay, nos EUA e em vários outros países ... o Brasil, que aliás é produtor de ouro, obviamente não é imune !!
É importante ressaltar que tais negócios muito raramente podem acontecer realmente mas, quando verdadeiros, tem normalmente características bem diferentes das propostas aqui descritas.

Tenho, por coincidência, contatos diretos com reais compradores de ouro (grandes operadores do setor, reconhecidos mundialmente) que me explicaram como funciona o mercado e quais são as condições mínimas indispensáveis para fechar negócios reais de compra/venda de ouro. Estas condições não são as que normalmente aparecem.

Na prática alguém o contata dizendo que tem acesso a uma mina ou a um consórcio de garimpos ou a alguma outra fonte fornecedora de dezenas ou centenas de quilos de ouro (por mês ou até por semana), às vezes a proposta envolve um único lote de várias toneladas (disponível na mina ou depositado em algum banco, sobretudo na Suíça), e que quer vender o tal ouro com um desconto de X% sobre o preço oficial, que é normalmente o do segundo pregão da LME (London Metals Exchange - Bolsa de Metais de Londres) ou do LBMA (London Bullion Market Association). Obviamente parte de tal desconto virará comissão para os envolvidos...
O suposto vendedor diz que para finalizar a operação precisa de uma LOI (Letter Of Intent), de um contrato de compra e venda assinado e de uma carta de crédito (Letter of Credit ou LC) condicionada que garanta o pagamento do ouro uma vez entregue.
Os contratos e as ofertas estão cheias de termos técnicos e siglas típicas do mercado de ouro (Bullion=Barra, "Good Delivery"=marca de qualidade reconhecida internacionalmente ... etc.).

Obviamente os proponentes não querem ou não têm a menor condição de fornecer uma evidência verificável e válida da real existência e disponibilidade do tal ouro e nem da propriedade e capacidade produtiva da suposta mina de onde o ouro seria extraído.
Para isso alegam uma série de excelentes desculpas que vão do sigilo profissional até problemas de segurança. Eles, porém, exigem um contrato assinado pelo comprador alegando que caso não entreguem o ouro não terá nenhum problema porque a carta de crédito simplesmente não será paga e o contrato poderá ser revogado ou anulado.

Isso é "papo furado" ... a razão principal para a qual este pessoal quer a carta de crédito e o contrato assinado por um comprador internacional de renome é, normalmente, para depois sair buscando um banco, uma instituição qualquer ou um "tonto" particular que desconte a tal carta de crédito ou a use como lastro/garantia para antecipar algum dinheiro aos golpistas, que contarão um monte de história e usarão a LC como forma de ganhar credibilidade ... depois eles dão o calote e quem assinou o contrato de compra e/ou emitiu a carta de crédito (juntamente com o banco dele) fica com a dor de cabeça de ter que explicar a quem tomou o calote porque não quer pagar o estabelecido no contrato e porque a carta de crédito não pode ser sacada.

Por esta razão, hoje em dia, todos os compradores internacionais de ouro sérios não emitem cartas de crédito a favor de desconhecidos sem antes ter profundamente verificado a origem e disponibilidade real do ouro e, em muitos casos, mesmo depois de verificados estes aspectos, eles só pagam contra entrega do ouro no local determinado assinando um contrato e comprovando os fundos, mas sem emissão de carta de crédito ou, menos ainda, adiantamento de valores.

Só para dar uma idéia de volumes reais saibam que a produção mundial de ouro no ano 2000 (a média anual nunca muda muito de um ano pro outro) foi de 2.580 toneladas, já no Brasil a produção total no mesmo ano foi de 53 toneladas.

Vale dizer que é sabido que existe, no Brasil, uma consistente extração de ouro por garimpos ilegais e portanto não registrados. É muito difícil quantificar tal produção ilegal que, porém, segundo estimativas de profissionais do setor, não chega a ultrapassar a produção oficial e é extremamente fragmentada, tanto geograficamente quanto de um ponto de vista das operações de extração, e portanto não administrável de forma consolidada por qualquer individuo ou organização.
De toda maneira, mesmo que existisse alguém com acesso de forma consolidada (ou seja juntando varias fontes) a tal ouro de garimpos, extraído ilegalmente e portanto fora das estatísticas oficiais, este alguém não poderia oferecer as condições de venda normalmente propostas (com LOI, contratos e LC etc..) pois estas pressupõem uma venda legal, com contratos, pagamentos de impostos, internação legal do dinheiro do pagamento por meios bancários (a LC é um instrumento bancário) etc... coisa impossível de se fazer com ouro ilegal, não declarado e sem origem.

Um dado interessante, sobre extração em garimpos ilegais, vem do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) segundo o qual de 1980 a 1990 cerca de 41 toneladas de ouro (ou seja em média 4 toneladas por ano) foram extraídas do famoso garimpo de Serra Pelada (PA), onde trabalhavam dezenas de milhares de garimpeiros (chegaram a ser 80.000).

Outro dado interessante, como referência, são os números das operações do grupo multinacional AngloGold. A AngloGold é uma seriíssima multinacional especializada na exploração e extração de ouro e opera em oito países. No Brasil eles operam 3 grandes complexos minerários que compreendem 4-5 minas de ouro. A produção total do grupo no Brasil é de aproximadamente 13-14 toneladas por ano (ou seja pouco mais de uma tonelada por mês). Para tanto eles empregam um total de aproximadamente 3.000 funcionários, operando equipamentos de alta tecnologia e com investimentos multimilionários.
Se algum desconhecido dizer que pode fornecer uma ou duas toneladas de ouro por mês (como já vi aconteceu várias vezes) extraído de alguma mina no Brasil, lembre-se que isso quer dizer que ele deveria ser responsável por uma produção de 12 a 24 toneladas de ouro por ano, ou seja de 22,5% a 45% da produção nacional total, e que representaria operações envolvendo alguns milhares de funcionários e investimentos comparáveis, no mínimo, aos da multinacional AngloGold !! Julguem vocês se e quando isso pode ser verdade ...

Existe ainda uma variante onde tais operações são na realidade usadas dentro de mais amplas operações de lavagem de dinheiro, usando os altos valores dos contratos de compra e venda e/ou das cartas de crédito, para justificar movimentações de dinheiro ou para dar origem a dinheiro sujo. Não precisa dizer que isso é ainda mais perigoso !

mf
 

billshcot

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Os antigos títulos da dívida pública , aplicácel em muitos países

Existe uma real possibilidade de fazer alguns tipos de negócios nesta área, mesmo que de êxito incerto, sobretudo com relação á postergação temporária do pagamento de dívidas fiscais (através de liminares e ações na justiça).

Os títulos mais usados são normalmente "apólices", federais ou estaduais (existem as municipais também), da época imperial ou da primeira metade de 1900, em alguns casos são propostos títulos de dívida lançados no exterior (que alguns chamam, impropriamente, de C-Bonds ou de Brazilian Investment Bonds) por estados ou municípios, mas também por empresas ou concessões públicas, tipo alguns portos e/ou ferrovias (freqüentes, também, as obrigações da Petrobrás da década de 1950).

Um dos problemas é que existem muitos falsos títulos em circulação e também nem sempre os títulos oferecidos tem o valor que lhes é atribuído e/ou podem ser usados para os fins desejados (ou propostos), mesmo se os proponentes normalmente alegam o contrário.

Portugal está actualmente nesta linha de orientações de dívida pública, pelo que todo o cuidado nesta área será pouco !

O melhor é sempre consultar um especialista independente e de renome neste tipo de títulos, que poderá avaliar a autenticidade dos mesmos e também pedir o auxílio de um advogado de confiança para acompanhar os demais aspetos legais e negociais da transação.

Existem ações nos tribunais para o reconhecimento de vários destes títulos para pagamento de dívidas fiscais, algumas tem liminares, outras já ganharam em primeira instância e muitas (se não todas) já perderam em instâncias superiores, mas a situação ainda não está definida claramente.
O parecer que alguns advogados, especialistas nestes assuntos, me deram é que muito dificilmente será reconhecida na justiça a vigência de apólices e títulos emitidos até a metade de 1900. Conseqüentemente não será provavelmente reconhecido o direito ao crédito de boa parte destes títulos históricos, sobretudo dos emitidos internamente e em moeda nacional (a enorme maioria destes títulos é considerada prescrita).
Isso por uma longa série de boas razões que o governo defende com sucesso, entre as principais das quais estão a Lei nº 4.069 de 11/06/1962 e o Decreto-lei nº 263 de 28/02/1967.
Vale a pena, a respeito deste assunto, visitar este link à uma página específica no site do Tesouro Nacional, e este link à uma página da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (ambos órgãos do Ministério da Fazenda).

À luz das informações que tenho e de tudo o que vi até hoje neste meio, o meu parecer pessoal a respeito do uso destes títulos em operações fiscais é que não existe chance real de utilizá-los para pagamento ou compensação.

Recebi até propostas de alguns querendo vender títulos emitidos na primeira metade de 1900 em moeda estrangeira (tipo o do "Port of Pará", do "State of Bahia" e do Município do Rio de Janeiro) alegando que era possível, em força de uma suposta nova Medida Provisória, converte-los em títulos públicos atuais (sobretudo NTN)... isso não é verdade.
A famosa M.P. normalmente citada nestes casos existiu sim, mas refere-se a títulos recentes e completamente diferentes. Não caiam nessa conversa !!
Muito e impropriamente mencionado, para tentar dar sustentação a tese da validade destes títulos, é também o Decreto Lei n. 6.019 de 23/11/1943.
Alguns chamam erroneamente estes títulos de "C-Bonds" ou "Brazilian Investment Bonds", criando confusão com finalidades obscuras.

Existem porém alguns títulos emitidos no exterior, sobretudo em libras ou dólares, que aparentemente são ainda resgatáveis. O problema neste caso é que para tanto precisa entrar em contato com os agentes pagadores (normalmente bancos estrangeiros) os quais pagam sim o valor de face dos títulos mas não as correções monetárias e boa parte dos juros que o brasileiro médio esperaria.
Ou seja o título tem vigência e valor, só que normalmente este valor é de algumas poucas centenas de dólares ou libras, e não de milhões ou centenas de milhares, como alguns vendedores alegam.
Este títulos são ainda válidos porque são títulos emitidos integralmente no exterior, através de agentes estrangeiros, e portanto sujeitos às leis do país de emissão. Isso faz com que não sejam aplicáveis a eles as leis e normas brasileiras que fizeram prescrever os títulos internos. Pela mesma razão, porém, não se podem aplicar as leis e normas brasileiras que dizem respeito à correções monetárias ou juros sendo aplicáveis somente as leis do país de emissão. Na maioria dos casos estes países tem moedas estáveis que não sofreram nenhum tipo de correção, ou seja um título de 100 libras de 1925 vale hoje 100 libras, mais os juros não prescritos (normalmente os últimos 5 anos).
Também, e pelas mesmas razões, ou seja serem papéis de direito estrangeiro, estes títulos não servem para qualquer operação fiscal no Brasil.

O ideal é sempre pagar só depois de ter obtido eventuais benefícios fiscais ou de qualquer outro tipo... a não ser que queira estes títulos para coleção (para este fim eles são lindos mesmo).

Existem por fim várias propostas de negócios "furados" envolvendo títulos prescritos ou inválidos de outros países.
Os mais freqüentes são títulos da Alemanha (normalmente emitidos entre 1925 e 1934) e títulos argentinos. Mas já vi também títulos de países asiáticos e de outras nacionalidades.
Estes títulos todos, diferentemente das histórias que são contadas por quem tenta vende-los, são prescritos ou inválidos por alguma razão legal de acordo com as leis dos respectivos países, e portanto só servem para colecionadores e não para fazer negócios financeiros ou fiscais.

mf
 

billshcot

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Pedras Preciosas de vários tipos e tamanhos

Aparecem periodicamente em muitos países propostas de venda (e muito raramente de compra) de pedras preciosas de vário tipo e tamanho.
Em alguns raros casos (quando o proponente não tem problemas em abrir a origem, apresentar os documentos etc ...) podem ser negócios reais ... Na maioria dos casos, porém, se trata de perdas de tempo. As razões pelas quais tais negócios aparecem são variadas e podem ser resumidas normalmente em um dos seguintes casos:

Pedras de valor elevado (carregando laudos por valores muito diferentes um do outro) e/ou nas quais é preciso arranjar um "safekeeping" para vender. Neste caso as chances são grandes que se trate de lavagem de dinheiro, isso sobretudo se o comprador não é um operador profissional de mercado ou uma instituição financeira. Alternativamente pode se tratar de alguma tentativa de obter documentos para depois executar outras fraudes (veja capítulo sobre safekeeping).
Pedras em lotes com perícias e valor determinado (sobretudo esmeraldas). É muito provável que se trate de golpe aplicado fornecendo pedras de baixa qualidade ou valor juntamente com um laudo forjado ou emitido por um perito cúmplice. Este tipo de negócios normalmente é apresentado como oportunidade única e tem que ser fechado com pressa (para não dar tempo de verificar muita coisa).

Pedras encalhadas ou seja que não tem mercado ... por serem de qualidade ou tipo pouco procurados. Estas pedras são vendidas como investimento supostamente destinado a adquirir valor ... mas na realidade não representam investimento algum porque na hora de vende-las ninguém as quer !!
Pedras para supostas operações financeiras ...

Pedras brutas (sobretudo esmeraldas mas também diamantes) diretamente da mina por um valor bem em conta. Leve em conta que só um especialista (de confiança) pode avaliar quanto uma pedra poderá valer depois de lapidada. A pedra bruta é de dificílima avaliação por ser complicado, sobretudo no caso das esmeraldas, identificar as inclusões e as rachaduras internas. Existem truques, como o de deixar a esmeralda submersa em óleo mineral por um tempo, para fazer a pedra aparecer o que não é (sem rachaduras e outros defeitos), pelo menos aos olhos de um não especialista. Além disso existe sempre o risco de não conseguir lapidar a pedra como previsto por razões técnicas ou por erro do lapidador.

Vale por fim lembrar, em relação aos diamantes, que desde 2002 existe o "Protocolo de Kimberly" que obriga todos os compradores oficiais de diamantes a se certificarem da origem das pedras, através de documentos oficiais por cada pedra. Isso para evitar o contrabando de diamantes extraídos ilegalmente, sobretudo por parte de milícias na África. Com isso também os diamantes extraídos de forma ilegal, ou seja sem as devidas autorizações governamentais, estão sujeitos a fortes restrições de comercio e sua negociação pode configurar alguns crimes.

mf
 

billshcot

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Operações e Variantes envolvendo "Safekeepings"

Operações deste tipo estão pipocando há vários anos em todo o mundo.
Grandes focos são os países em desenvolvimento sobretudo os da Europa do Leste mas também os da América Latina e da Ásia.

O safekeeping é um serviço bancário normal mas em vários casos é usado para finalidades ilícitas ou fraudulentas.
Já tratei em outros capítulos de algumas fraudes envolvendo safekeeping e custódias de títulos (com títulos para "Roll Programs" e com pedras ou outros valores como "garantias" para financiamentos ...).

Neste caso se trata de uma safra relativamente nova de operações furadas envolvendo safekeeping e que tem finalidades variadas (ainda sob investigação internacional).

Na prática tudo começa com alguém propondo alguma boa operação (de investimento, financiamento ou outra) através do safekeeping de alguns títulos ou bens ou outros valores (muitas vezes títulos "podres" sem valor real mas com elevado valor nominal). A vítima deve conseguir fazer o safekeeping junto a algum banco de sua confiança ou em algum caso os próprios proponentes se oferecem para supostamente cuidar do safekeeping junto a bancos do relacionamento deles.

Muito usados ultimamente como desculpa para a finalidade do safekeeping são supostos financiamentos vultosos para projetos sociais ou ambientais supostamente patrocinados pelas Nações Unidas, Banco Mundial, BID ou outras entidades parecidas ... obviamente é prevista uma excelente participação da vítima nos altos lucros da operação que derivarão de comissões, participações ou outras fontes.

O recibo do safekeeping seria depois utilizado para a tal operação proposta. Na realidade a operação nunca vai acontecer e o recibo do safekeeping (quando não for um falso, como acontece muitas vezes) é utilizado, conforme os casos, em um das seguintes maneiras:

Para fraudar outro banco, instituição ou empresa pedindo um financiamento e dando como garantia o recibo do safekeeping de títulos ou valores que não tem mercado (ou seja, não valem nada) mas tem valor nominal elevado. Depois eles dão o calote no financiador.
Usando os documentos do safekeeping, que são em papel timbrado do banco, para dar algum golpe em alguém deixando acreditar que por ser custodiados no banco os bens em questão tem valor reconhecido e garantido pelo mesmo.
Usando os documentos oficiais do safekeeping, juntamente com outros documentos que eles terão conseguido de outras fontes, como base para dar credibilidade e lastro a outros esquemas de golpe mais complexos, tendo como vítimas outras pessoas ou empresas.

Em operações de lavagem de dinheiro, usando o valor nominal elevado dos bens custodiados como justificativa para operações financeiras baseadas em dinheiro sujo ou movimentações e transferências de dinheiro sem origem.
Saibam que por todas estas razões os bancos sérios, hoje em dia, se recusam a fazer o safekeeping fora das normais regras do mercado financeiro e o fazem só em casos claros e muito transparentes, com clientes conhecidos e com títulos ou bens de valor muito bem definido e livre de quaisquer contestações.

Ficar envolvido neste tipo de operações, além de não dar lucro algum, poderá facilmente comportar um grande desgaste do nome e das relações com os bancos além de possíveis pesadas implicações criminais nos casos mais graves.

Mais recentemente, em vista da quase impossibilidade de se conseguir um safekeeping junto a um banco fora das condições padronizadas, muitos "proponentes" vem tentando conseguir safekeepings junto a empresas de segurança e custodia (como a famosa Brinks), que tem este serviço entre seus produtos. Por esta razão as empresas sérias deste setor iniciaram a aplicar as mesmas regras dos bancos e a recusar todo tipo de situação anômala, sobretudo com clientes desconhecidos.

mf
 

billshcot

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Operações com Commodities de vário tipo

É fundamental dizer que operações com commodities (trading e futuros) acontecem todos os dias entre os operadores e traders profissionais e nas bolsas.

Existe porém toda uma série de operações envolvendo commodities que não tem sustentação ou simplesmente, mesmo parecendo plausíveis, não acontecem quando não são verdadeiras fraudes. Estas operações freqüentemente envolvem soja ou açúcar, mas já vi também com café e outros tipo de commodities (madeira, carnes, couro, minérios, metais, combustíveis e suco de laranja...).

O esquema clássico é você receber uma oferta de venda ou compra por uma quantidade muito grande de alguma commodity.
Às vezes a oferta vem por escrito (na forma de LOI - Letter of Intent) e até acompanhada por referências bancárias de bancos estrangeiros (quase sempre falsas). A partir daí existem numerosas variantes.

Em alguns casos a negociação vai até o fim, com assinatura de contratos e emissão de cartas de crédito etc ... e depois não aparece a mercadoria na hora da entrega ou de eventuais vistorias.
Em outros casos o suposto comprador exige o pagamento de um "performance bond" (quantia depositada pelo vendedor para garantir a entrega) antes de emitir a carta de crédito ... o vendedor deposita o performance bond, a carta de crédito não chega e o performance bond depositado é utilizado de forma indevida ou como lastro para outras picaretagens do suposto comprador.
Existem, em fim, as verdadeiras fraudes descaradas, com cartas de crédito falsas (mas aparentemente perfeitas) entregues ao vendedor para que este libere a mercadoria, que logo depois desaparece.

Neste último caso o vendedor chora na hora do saque da carta de crédito.
Em outra variante, desta vez aos danos do comprador, o vendedor exige uma carta de crédito transferível, depois dentro do prazo para entrega da mercadoria, ele sai tentando descontar uma pequena parcela da carta junto a algum banco (normalmente estrangeiro), normalmente com a desculpa de ter que financiar o performance bond. Se conseguir ele terá alcançado seu objetivo que era o de embolsar algum dinheiro adiantado e sumir. Se não conseguir simplesmente acabará por ai mas o vendedor nunca irá entregar a mercadoria pois ele não a tem.

Normalmente estas operações, quando consistentes e boas, são conduzidas por traders profissionais que conhecem bem o mercado.
O conselho, se realmente quiserem entrar neste tipo de negócios, é de verificar pessoalmente e de forma independente cada palavra, informação, referência e documento apresentado pelas contrapartes. Se houver discrepâncias ou omissões sem uma valida justificação, caiam fora imediatamente.

Outro conselho fundamental é não acreditar em milagres. Quase todas as commodities tem preços determinados em bolsas de valores que existem justamente para este fim.
O preço de bolsa é, na prática, o preço que naquele momento se pode conseguir vendendo o produto através da própria bolsa. Não faz sentido alguém oferecer descontos absurdos para o mesmo produto para venda fora da bolsa.

Por fim é importante salientar que muitas vezes quem faz estas propostas não tem o mínimo de consistência lógica (pra não dizer senso do ridículo) de verificar quais são os números reais de disponibilidade da tal commodity.

mf
 

billshcot

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As promessas do MLM (Multi Level Marketing) e dos "Trabalhos em Casa"

A internet, os anúncios, os amigos, os colegas ... alguém já deve ter feito para você uma proposta de trabalho através do sistema MLM (Multi Level Marketing, ou MMN - Marketing Multi Nível) ou de algum sistema parecido do tipo "Trabalho em Casa", "Marketing de Rede", "Novo Sistema Revolucionário", "Resolva os seus Problemas Financeiros", Trabalho Ideal", "Ganhe quanto Quer", "Seja o seu próprio patrão" etc...

Na grande maioria, estas propostas são negócios furados quando não são verdadeiras fraudes.
É importante, porém, salientar que existem sim algumas poucas oportunidades reais e consistentes.
Mesmo nestes casos, deve-se saber que conseguir resultados significativos é normalmente muito mais difícil do que foi inicialmente apresentado, propagandado ou insinuado.
É um fato que a maioria dos recrutadores mente descaradamente (raras vezes em boa fé e quase sempre sabendo de mentir) na hora em que deve fazer seu novo candidato acreditar que ele (o recrutador) se deu bem ou virou rico entrando no sistema, ou que é relativamente esimples ganhar muito dinheiro com isso.

O conceito do verdadeiro MLM é simples. A empresa quer vender um produto e contrata você para vendê-lo pagando uma comissão. Além disso a empresa quer também que você ajude a recrutar e treinar outros vendedores. Para isso ela também paga na forma de uma comissão sobre as vendas das pessoas que você recrutou e/ou treinou e de todos aqueles que estas pessoas recrutaram ou recrutarão por sua vez e assim em diante... criando uma espécie de "arvore ou pirâmide de comissões sobre vendas".
O conceito em si não tem nada de errado, o problema é que para ser estável e eticamente válido o grosso do lucro de quem participa deveria vir das vendas e não do "recrutamento" de novos vendedores. Infelizmente a maioria dos planos exalta a criação e ampliação da rede, e não a venda, como fonte prioritária de rendas, caindo assim no erro comum de achar que a rede pode facilmente crescer ao infinito.

É sempre bom lembrar que, matematicamente falando, se alguém conseguir 10 novos "adeptos" pro sistema (sendo o primeiro "nível") e cada um deles conseguir mais 10 (sendo o segundo "nível"), no décimo nível teremos mais do que a população inteira do planeta terra trabalhando no nosso sistema (e vendendo não se sabe pra quem mais) !! Não existem milagres.
Existem algumas empresas legítimas que oferecem oportunidades deste tipo e não é impossível ganhar alguma coisa (muito dificilmente, porém, virará rico ou até só sobreviverá com isso). O que é importante entender é que não vai ser nem um pouco fácil e menos ainda rápido.

Alguns números interessantes extraídos de estudos e estatísticas sobre MLM nos EUA (desenvolvidos em 2006/2008, mas ainda validos):

Somente cerca de 10% dos participantes conseguem receber algum pagamento de comissão mensal. Deste 10%, 80% não ganha o suficiente para sobreviver com esta fonte de lucro.
Em média 90% dos participantes saem do sistema (por decepção) num período de até 2 anos. Esta mesma percentual (90%) é a daqueles para os quais o sistema não funciona em nada, na prática.
Os participantes que ganham dinheiro acima da média, ou seja valores consistentes, representam um grupo de elite de 0,1% do total de participantes.
Veja, no nosso site, o capítulo sobre "correntes" e "esquemas a pirâmide" (que usam uma lógica muito parecida) para entender porque não existe milagre.

O negócio é furado ou pode virar uma fraude quando os proponentes aliciam novas recrutas prometendo ganhos escandalosamente rápidos e elevados.

Um outro caso perigosíssimo é o das propostas cujo único ou principal produto real a vender é a própria pirâmide (ou rede, ou sistema), e a principal ou única fonte de renda é o aliciamento de novos "participantes" no esquema. Neste caso a chance que seja fraude é de 100%.
Outros sinais perigosos são propostas para vender produtos intangíveis ou virtuais.
Fique muito atento aos custos para entrar e operar no sistema e se estes custos são justificados e compatíveis com o que você recebe em troca (que tem que ter uma utilidade e valor real, não só como propaganda, e ter preço de custo já que é para promoção), se não forem é outro sinal ruim.
Preste por fim atenção a quantos níveis de vendedores abaixo de você geram comissão... se forem muitos é sinal péssimo porque todas estas comissões aumentam sensivelmente o preço do produto final e fazem com que o negócio verdadeiro seja aliciar pessoas e não vender (o que alias seria difícil no caso de um produto caro demais).

Sempre verifique e pesquise profundamente a empresa que propõe o MLM (ou a oportunidade de "Trabalho em Casa"), veja com os seus olhos se os produtos são válidos e tem preço competitivo e compatível com a qualidade. Se os produtos não forem válidos (de todos os pontos de vista) ou se encontrar indícios ruins sobre a empresa caia fora.
Não acredite no conto dos testemunhos dos supostos novos ricos graças ao "sistema inovador" etc... Você não conhece aquelas pessoas ! Neste mundo tem filhos que matam os pais por 5.000 R$, não deve ser difícil convencer alguém a declarar falsamente que virou rico com o tal sistema !!

Este setor está cheio de lendas de gente que virou milionária vendendo pelo sistema de MLM ou coisas parecidas... deve ter umas poucas centenas de pessoas no mundo todo que ganhou razoavelmente bem com isso porque inventaram o esquema ou chegaram primeiro (quanto mais for próximo dos "primeiros", maior a chance de ganhar alguma coisa a mais)... todos os outros ganharam muito pouco ou nada, quando não perderam dinheiro, tempo e amigos (o que alias é bastante comum).

Um dos problemas maiores dos programas de MLM ou de "Trabalho em Casa" é que são freqüentemente propostos como solução dos problemas a pessoas que estão em más condições financeiras e que em função disso são presas mais fáceis e acabam se arruinando definitivamente ou, no mínimo, perdendo tempo precioso.

Cuidado também com os ditos "programas ou seminários de treinamento"... na maioria dos casos se trata de reuniões de auto convencimento, auto exaltação e "lavagem cerebral" sobre as supostas maravilhas do sistema, sem a menor substância e sem algum valor de treinamento, nunca aceite pagar para participar de tais "eventos".

mf
 

billshcot

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Os produtos para saúde e os remédios milagrosos

Desde a antiguidade aparecem periodicamente remédios supostamente milagrosos para os mais diferentes tipos de doenças.
Um dos primeiros neste sentido foi a famosa Theriaca, ou Triaca, proposta em inúmeras versões ao longo dos séculos, para ser remédio para qualquer doença e contra venenos. Uma das primeiras Theriacas foi provavelmente aquela que Mitridate (133-64 a.C.), rei de Ponto, mandou produzir como remédio contra venenos.
Uma das composições mais famosas de Theriaca foi a proposta por Galeno (129-199 d.C.), médico latino na corte dos imperadores romanos que por volta do ano 165 d.C. desenvolveu uma versão contendo cerca de 65 ingredientes.
Na época de ouro da República de Veneza, a partir do século décimo segundo, surgiram versões de Theriaca muito exaltadas por médicos daquele tempo. Na maioria dos casos estas composições, á luz dos modernos conhecimentos, seriam tóxicas e prejudiciais à saúde.
Na América (mas também na França e em vários outros países) do século décimo nono, eram comuns os "Elixires", composições de ervas e outros ingredientes, quase sempre em base alcoólica, que supostamente curavam uma amplo espetro de doenças (entre as quais tuberculoses, infecções de todo tipo, feridas etc...).

Nos tempos modernos não é diferente, mudam os nomes e as origens mas, periodicamente, aparecem remédios milagrosos por esta ou aquela doença, quando não para qualquer doença.

Na maioria dos casos se trata de compostos sem algum específico efeito medicinal comprovado e/ou que não tem a autorização para venda como remédio emitida pelos órgãos sanitários competentes.

Na melhor das hipóteses se trata de compostos naturais sem particulares propriedades terapêuticas, mas também não tóxicos ou prejudiciais à saúde.
Em alguns casos alguns componentes destes compostos podem efetivamente ser úteis como suplementos nutricionais, por aportar algumas vitaminas ou outros nutrientes.
Raramente alguns dos ingredientes propostos tem algum efeito terapêutico conhecido, mas não do tipo ou intensidade sugeridos.

O problema é que, em quase todos os casos, estes compostos são propostos como panacéias ou remédios milagrosos, e vendidos por preços altíssimos através de SPAM ou de "redes" e canais comerciais alternativos (sobretudo sistemas de MLM).

Em seguida listamos alguns dor principais compostos deste tipo que apareceram recentemente (tem realmente muitos em circulação), na lista tem nomes fantasia de compostos (em vermelho) e nomes de supostos princípios ativos ou plantas comumente oferecidas como remédios (em azul):



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billshcot

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E-mail de "ganhador" de prémios diversos

Recebemos numerosas denúncias e solicitações a respeito de e-mails recebidos (tanto em inglês quanto em português) aparentemente informando que o destinatário teria sido sorteado pela empresa freelotto.com e portanto seria ganhador de um vultoso prêmio em dinheiro.

Normalmente estes e-mails vem com uma lista de nomes, entre os quais consta também o do destinatário, e com uma série de valores de supostos prêmios ao lado. No caso do destinatário existe uma pequena nota que o identifica como "Pendente".

No corpo do e-mail, escrito de forma pouco clara para induzir as pessoas a acharem que realmente já ganharam alguma coisa, se diz que algum patrocinador ou o próprio freelotto pagam habitualmente prêmios milionários e que se seu nome estiver na tal lista estará "qualificado a receber um cheque, mediante a devida apresentação de aposta premiada em conformidade com as normas do patrocinador".

Isso não quer dizer que ganhou, mas quer dizer que, se participar da loteria deles (muitas vezes pagando pra isso) e se for sorteado (e poderá portanto apresentar a tal "aposta premiada") então receberá o prêmio na forma de um cheque, o que é muito diferente.

Para participar existem toda uma série de regras, cadastros a serem feitos, jogos a serem jogados (para futuro sorteio) e sobretudo tem que fornecer provas de que viu e leu com atenção um certo número de mensagens publicitárias dos tais patrocinadores.

Na realidade este e-mail, mesmo não configurando uma verdadeira fraude, é uma jogada de marketing, bem no limite da legalidade e com uma ética muito discutível, que visa conseguir mais "jogadores" ou melhor "leitores de suas publicidades" (esta é a fonte de lucro deles) deixando sutilmente acreditar aos desavisados que existe um prêmio já ganho ou fácil de ganhar.

Existe uma variante deste golpe onde, para receber o suposto prêmio (sempre nas condições acima mencionadas, ou seja se for sorteado) é solicitado um número de cartão de crédito. Com isso eles iniciarão a fazer cobranças neste cartão com a motivação de compra de bilhetes/apostas na tal loteria alegando que, ao responder ao e-mail confuso deles fornecendo o número do seu cartão, você pediu para participar. Veja abaixo um exemplo destes e-mails (na versão em português, a versão em inglês é praticamente idêntica):

From: XXX
To: XXX
Sent: Monday, March 10, 2008 1:17 AM
Subject: FreeLotto

For information on advertising to FreeLotto® players, please call our sales department at (212) 931-6760.

Business Development:
To reach someone in our Business Development area please email us at: bizdev@mail.freelotto.com

CAN'T READ THIS EMAIL? CLICK HERE TO READ IT IN ENGLISH*.
To ensure that you NEVER miss an important prize notification from FreeLotto, please add FreeLotto.com to your address book. WHY?
Dear XXX,
You are receiving this message because you joined FreeLotto on Friday December 7th, 2007, from IP Address 201.6.160.157. When you registered you agreed to receive messages from FreeLotto. FreeLotto NEVER sends JUNK or SPAM messages. We never send mail to anyone unless they requested it when they registered. If you somehow didn't understand that you were agreeing to receive messages from us at the time you joined PLEASE CLICK HERE TO BE PERMANENTLY REMOVED FROM OUR LIST. In doing so you will also cancel your FreeLotto membership and you will no longer be eligible to play FreeLotto or receive up to $11,000,000.00 in daily prizes. We regret any inconvenience.
Thank you,
FreeLotto Member Services

PAGO E PENDENTE DA NOTIFICAÇÃO DE ESTADO DE CHEQUE ENVIADO
N°. de Conta 4977XXXX
N°. de PIN (Número de Identificação Pessoal) 1244XXXXX
Login - Accounts | FreeLotto


O PCC (Centro de Pedido de Pagamento), uma divisão da PNI, já atribuiu mais de setenta e sete milhões de dólares americanos a centenas de milhares de beneficiários afortunados em 41 países; criando catorze milionários e quatro ganhadores de dez milhões de dólares americanos. A PNI, uma patrocinadora de sorteios on-line, concede diariamente prémios com montantes até dez milhões de dólares americanos. XXX DE San Paul, verifique a lista oficial abaixo para saber se está qualificado a receber um cheque, mediante a devida apresentação de aposta premiada em conformidade com as normas do patrocinador.

NOME APELIDO CIDADE PAÍS VALOR STATUS DO PRÉMIO
William Herriott Glasgow UK $1,000,000.00 PAGO
XXX San Paul br $300.00 PENDENTE
Roger B. Lancaster USA $300.00 PENDENTE
Kenneth Barker Benidorm Spain $300.00 PAGO
XXX San Paul br $10,000.00 PENDENTE
Uwe Horing Sindelfingen Germany $1,000,000.00 PAGO
Claudio Segneri Roma Italy $50,000.00 PAGO
Eric Prevost Calvados France $10,000,000.00 PAGO
Martin Pusic Oakville Canada $100,000.00 PAGO
Ariel J. Las Vegas USA $10,000.00 PENDENTE
Paulo Renato Morais Pinho Monte Estoril Portugal $10,000.00 PAGO
Loukakis Nicolaos Brussel Belgium $300.00 PAGO
XXX San Paul morumbi $1,000,000.00 PENDENTE
Robert Meier-Lim Santa Clara USA $100,000.00 PAGO
Alexander Birnbaum Friedberg Germany $300.00 PAGO

XXX, se o seu nome consta na lista de Pago e Pendente acima, o próximo passo é verificar o seu N°. PIN (Número de Identificação Pessoal) na página seguinte. Isso garante-lhe que, mediante a apresentação da aposta premiada em conformidade com as Regulamentações do FreeLotto, usando o conveniente serviço F.A.S.T. (Subscrição de Apostas Automáticas do FreeLotto) ou o método on-line grátis de apresentação de aposta, XXX e apenas XXX receberá $1 Milhão (Um Milhão de Dólares americanos) no Jogo Classic FreeLotto ou outros prémios a que possa vir a ter direito.

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Sincerely,
Kevin J. Aronin
Chairman & CEO

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Já foram registrados esquemas parecidos de origem Brasileira e Portuguesa. O foco é sempre conseguir realizar uma venda de alguma coisa ou outro tipo de prestação por parte da vítima em troca de uma suposta possibilidade de ganhar algum prêmio relevante. O prêmio é sempre proposto de forma que parece ser já ganho ou, pelo menos, quase garantido.
Exemplos disso são os e-mails enviados pelo "Grupo Virtual" onde para participar de um concurso, cujos prêmios parecem quase "na mão", é necessário comprar produtos para emagrecer.
Outro exemplo, com modalidades bem parecidas às acima descritas, são algumas "campanhas promocionais" da famosa "Seleções do Readers Digest".

mf
 
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