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Historial do Benfica.

G@ngster

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História

* 1904 - Fundação do clube Sport Lisboa, em 28 de Fevereiro, na Farmácia Franco, em Belém, após um treino de futebol entre antigos alunos da Real Casa Pia de Lisboa (secção de futebol ininterrupta).
* 1905 - No dia 1 de Janeiro, realiza o seu primeiro jogo, contra o Campo de Ourique (1-0).
* 1906 - Fundação do clube Grupo Sport Benfica, em 26 de Junho. A 11 de Junho, participa pela primeira vez numa prova de ciclismo. A 2 de Dezembro, a primeira participação numa prova de atletismo (secção ininterrupta).
* 1907 - Inauguração do Campo da Feiteira. A 10 de Fevereiro, primeira vitória contra os "ingleses" do Carcavelos Club, invencíveis desde 1898. Primeira grave crise institucional do Sport Lisboa, com a saída da maioria dos jogadores da primeira categoria para o Sporting. Primeiro jogo realizado contra o clube do Visconde de Alvalade, a 1 de Dezembro (1-2).
* 1908 - A 13 de Setembro, união do Sport Lisboa e do Grupo Sport Benfica, formando assim o Sport Lisboa e Benfica. A 25 de Outubro, a primeira vitória contra o Sporting (2-0).
* 1910 - Conquista o Campeonato de Lisboa de Futebol nas três categorias então existentes.
* 1911 - Disputa o seu primeiro jogo de futebol contra uma equipa estrangeira, o Stade Bordelais (2-4), em Lisboa.
* 1912 - A 11 de Abril, em Lisboa, a primeira vitória (6-1) contra um clube estrangeiro: o Médoc, de França. A 28 de Abril, o primeiro jogo e primeira vitória contra o FC Porto (8-2), disputado no Porto. Em Junho, realiza a sua primeira digressão futebolística a Espanha: defronta o Desportivo da Corunha em três jogos, vencendo o segundo.
* 1913 - Inaugurado o Campo de Sete Rios. A 16 de Fevereiro, é fundado "Os Desportos de Benfica", a primeira delegação. Vence o seu primeiro troféu internacional de futebol, o "3 Cidades". Fundação do jornal do clube, "O Sport Lisboa".
* 1914 - O clube conquista o Campeonato de Lisboa de futebol nas quatro categorias, feito inédito. Primeira participação numa prova de natação.
* 1916 - A 16 de Setembro, o clube integra "Os Desportos de Benfica", beneficiando da utilização de uma sede na Avenida Gomes Pereira, de um campo de futebol e ringue de patinagem.
* 1917 - Inauguração do remodelado Campo de Benfica. A secção de Hóquei em Patins estreia-se na primeira categoria (ininterrupta).
* 1918 - Inicia-se a segunda crise do clube: O futebolista Alberto Rio é suspenso; a 7 de Julho alinha pelo Sporting.
* 1919 - O clube entra em conflito com o futebolista Carlos Sobral. A ruptura entre um grupo de jogadores de Belém, solidários com o regresso de Rio ao clube, é definitiva, forçando o surgimento do clube Os Belenenses. Realiza, em Benfica, o primeiro jogo nocturno de futebol em Portugal, a 10 de Setembro.
* 1920 - Primeiro encontro oficial entre o Benfica e o Belenenses, a 1 de Janeiro (1-2). A crise torna-se real e duradoura com a saída amigável de futebolistas de várias categorias, devido à fundação do Casa Pia Atlético Clube. A 3 de Outubro, realiza-se o primeiro jogo, particular, entre o Benfica e o Casa Pia (1-2).
* 1923 - Estreia a secção de Hóquei em campo.
* 1924 - Estreia da secção de Râguebi, até hoje ininterrupta, tornando-se aquela que tem mais anos de prática da modalidade em Portugal.
* 1925 - Inaugurado o Campo das Amoreiras.
* 1927 - Estreia a secção de basquetebol masculino (secção ininterrupta).
* 1930 - A conquista do primeiro troféu nacional de futebol do clube, o Campeonato de Portugal, marca também o fim do maior número de épocas seguidas (oito) sem a conquista de um título nacional, até aos nossos dias.
* 1931 - José Maria Nicolau vence a Volta a Portugal pela primeira vez.
* 1932 - Estreia a secção de andebol masculino.
* 1936 - Vence pela primeira vez o Campeonato nacional de Futebol.
* 1938 - Estreia a secção de bilhar (secção ininterrupta).
* 1939 - Estreia a secção de Voleibol masculino (secção ininterrupta).
* 1940 - Vence a Taça de Portugal de Futebol pela primeira vez.
* 1941 - Inauguração do Estádio do Campo Grande.
* 1943 - a 5 de Outubro, é fundado o Sport Lisboa e Saudade, a secção de veteranos.
* 1946 - Inaugurada a pista de atletismo, a 24 de Novembro.
* 1950 - Conquista da Taça Latina de Futebol. Realiza o seus primeiros jogos de futebol fora do espaço ibérico contra equipas estrangeiras, numa digressão ao sul de África.
* 1954 - Inaugurado o Estádio da Luz.
* 1956 - Conquista do heptacampeonato nacional consecutivo de Ténis masculino.
* 1960 - Conquista do 10º Campeonato Nacional de Futebol. É inaugurado o terceiro anel do Estádio da Luz.
* 1961 - Conquista da primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus de Futebol.
* 1962 - Conquista da segunda Taça dos Clubes Campeões Europeus de Futebol. Béla Guttmann sai do comando técnico da equipa de futebol, proferindo uma frase que se tornou um mito negro do clube, a célebre "maldição".
* 1963 - A equipa de futebol vence o Torneio Ramón Carranza pela primeira vez.
* 1965 - Conquista do pentacampeonato nacional consecutivo de Basquetebol.
* 1973 - Conquista do 20º Campeonato Nacional de Futebol. Inauguração da nova pista de Atletismo.
* 1975 - As "Marias" conquistam o nono campeonato nacional consecutivo de Voleibol Feminino.
* 1978 - Inauguração da piscina do clube.
* 1981 - Estreia a secção de andebol feminino.
* 1982 - Inaguração do Pavilhão Desportivo Borges Coutinho.
* 1984 - António Leitão conquista a medalha de bronze nos 5000 metros dos Jogos Olímpicos de Los Angeles; Alexandre Yokochi atinge a final A nos 200 metros bruços na mesma competição.
* 1985 - Alexandre Yokochi conquista a medalha de prata em 200 metros bruços no Campeonato da Europa de natação realizado em Sófia. O terceiro anel do estádio fica concluído.
* 1987 - O clube conquista o campeonato nacional de Hóquei em campo pela primeira e única vez na sua História.
* 1988 - Alexandre Yokochi vence a final B de 200 metros bruços nos Jogos Olímpicos de Seul.
* 1991 - Conquista da Taça CERS em Hóquei em Patins.
* 1992 - A 25 de Janeiro é inaugurada a estátua de Eusébio. O clube organiza a 1 de Dezembro a Consagração Nacional ao seu maior vulto desportivo.
* 1994 - Conquista do 30º Campeonato Nacional de Futebol. A secção de andebol feminino é extinta.
* 1995 - Conquista do heptacampeonato nacional consecutivo de Basquetebol.
* 1997 - A secção de Hóquei em campo é extinta.
* 1998 - Conquista do 20º campeonato nacional de Hóquei em Patins.
* 2001 - Estreia da secção de futsal masculino.
* 2003 - Inaugurado o novo Estádio da Luz em 25 de Outubro; o bilharista profissional Dick Jaspers sagra-se campeão europeu no bilhar às 3 tabelas. A secção de Futsal é pela primeira vez campeã nacional.
* 2004 - Morte de Miklos Feher dentro do campo no jogo Vitoria de Guimarães - Benfica[2]
* 2005 - Conquista do 31º Campeonato Nacional de Futebol depois de 11 anos - o maior período - sem vencer o troféu; esta conquista serviu também para homenagear Miklos Feher, malogrado jogador húngaro que falecera em competição, vítima de morte súbita.
* 2006 - Entra para o livro do Guiness por ser o clube no mundo com mais sócios. A triatleta Vanessa Fernandes alcança oficialmente o primeiro lugar do ranking mundial da modalidade.[1]
* 2007 - Em Janeiro é considerado o 20º clube do Mundo com mais rendimentos no ano de 2006. [3]
* 2007 - 16 de Abril: Joe Berardo lança uma OPA amigável sobre o clube com o objectivo de comprar 30% das acções da SAD.
* 2007 - 30 de Julho : Contratação de Telma Monteiro, considerada a melhor judoca portuguesa de todos os tempos[atual lider do ranking mundial]
* 2007 - 20 de Agosto : OPA de Joe Berardo sobre o Benfica fracassa pois só consegue adquirir 1% das acções. [4]
* 2007 - 27 de Agosto: Nélson Évora ganha a medalha de ouro nos mundiais de Osaka no triplo salto.
* 2007 - 1 de Setembro: Vanessa Fernandes ganha a medalha de ouro no Mundial de Triatlo em Hamburgo, Alemanha.
 
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Camacho igualou 50 anos depois do recorde negativo de Otto Glória

Há 50 anos que não se via nada assim...

ANTÓNIO PIRES


O Benfica terminou a primeira volta com o melhor ataque do Campeonato, mas anteontem não foi além de um nulo diante do Leixões e viu-se ultrapassado nesse item pelo FC Porto, que marcou quatro golos ao Braga e agora tem mais dois que os encarnados.

Feitas as contas, as águias somam 26 golos em 16 jornadas (média de 1,62 golos por jogo), um registo que não sendo brilhante também não é mau. Mau mesmo, é o facto de a equipa orientada por José António Camacho ter completado anteontem o seu sexto encontro sem marcar qualquer golo na Bwin Liga. Ou seja, em 16 jornadas apenas em dez conseguiu alvejar as redes adversárias. Nos seis jogos que não marcou, o Benfica somou quatro empates e duas derrotas que lhe custaram 14 dos 18 pontos perdidos até ao momento.

Um registo bastante negativo e que só encontra paralelo na época de 1957/58, há 50 anos portanto. Nessa temporada, Otto Glória também viu a sua equipa ficar em branco em seis das 16 primeiras jornadas, no entanto, a sua equipa foi ainda assim capaz de marcar 41 golos (!) nos restantes dez jogos.

As dificuldades que o conjunto orientado por José António Camacho tem encontrado para marcar golos são amplificadas pelo facto de o Benfica ter ficado em branco em metade dos encontros disputados no Estádio da Luz. Como se pode ver no quadro, Guimarães, Sporting, FC Porto e Leixões foram capazes de fechar a baliza aos atacantes encarnados aquando das suas deslocações ao recinto da águia, enquanto Braga e Belenenses também não sofreram golos do Benfica, quando o receberam. Refira-se, ainda assim, que os encarnados fizeram 14 golos na condição de visitados e apenas 12 como visitantes. Ou seja, nos quatro jogos que fez golos em casa, as águias conseguiram uma média de 3,5 golos por jogo. Portanto, o problema não é o número de golos marcados pela equipa, mas sim o número de vezes que se mostra incapaz de marcar. Essa é uma lacuna que José António Camacho tem que resolver urgentemente, porque nos 15 jogos que orientou a equipa - Fernando Santos era o treinador na primeira jornada - em mais de um terço (seis partidas) não festejou qualquer tento.
"Ojogo"
 

G@ngster

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- Um novo Camacho





Camacho conquistou facilmente os adeptos do Benfica, quando, em Dezembro de 2002, chegou à Luz para substituir Jesualdo Ferreira. O estilo interventivo, dinâmico, enfim, as tais “ganas”, que já mostrara ao serviço da selecção espanhola durante o Mundial da Coreia/Japão, convenceram a plateia.

Após ano e meio de águia ao peito, o campeonato continuou a ser uma miragem, mas o murciano, até pela conquista da Taça de Portugal diante do FC Porto de Mourinho, deixou muitas saudades na hora da partida. Mais ainda do que Trapattoni, que acabou com o longo jejum de títulos nacionais na temporada seguinte.

Bastou um empate com o Leixões no Bessa, na 1.ª jornada da Liga, para que Luís Filipe Vieira, já sem José Veiga a estorvá-lo, patrocinasse o regresso do espanhol. E ele veio, três anos depois da transferência para o Real Madrid. Mudou a táctica: o 4x4x2 transformou-se num 4x2x3x1, até porque o plantel apresenta agora jogadores com outras características e graus de eficácia.

Os resultados não melhoraram: pois a hegemonia portista continua a ditar leis. Mas a principal transformação foi a atitude no banco. Antigamente, Camacho tentava transmitir o seu inconformismo para dentro do campo. Gritava e gesticulava numa tentativa de motivar os jogadores. Hoje, senta-se de perna traçada... Não vale a pena dar cabo do coração...
Autor: LUÍS PEDRO SOUSA
 

G@ngster

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Rui Costa e Nuno Gomes lideram vendas






Os dois mais populares craques encarnados estão no topo dos mais valiosos do clube em matéria de comercialização de camisolas.

Segundo Miguel Bento, director de marketing do Benfica, Rui Costa e Nuno Gomes “são os jogadores que mais vendem neste momento”.

O responsável encarnado destacou ainda Petit e a sua “imagem de marca tão forte que, para determinadas situações, é o mais valioso”.
"RC"
 

apolo

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Centenário

2008 ano Histórico para o Sport Lisboa e Benfica, dia 13 de Setembro comemora o seu Centenário.
 

G@ngster

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100 anos de «derby»

Foi a 1 de Dezembro de 1907 que começou a História do jogo mais mítico do futebol português. Benfica-Sporting, Sporting-Benfica: um dos dérbis mais empolgantes em todo o planeta. Lisboa, e Portugal inteiro, em suspenso do desfecho de um jogo de bola. Mesmo que, a rigor, só em 1908 se tenha fixado a designação definitiva de Sport Lisboa e Benfica (até então o clube era o Sport Lisboa, fundado em 1904 por um grupo de casapianos) é consensual que o primeiro capítulo da história do derby lisboeta se escreveu há exactamente cem anos.
Desde esse encontro fundador, em Carcavelos, à actual era dos novos estádios e centros de estágio distantes dos adeptos, águias e leões defrontaram-se em 274 encontros oficiais: para a I Liga, Taça de Portugal, Supertaça e os já extintos Campeonatos de Lisboa e de Portugal. Fora das contas ficam os inúmeros particulares e torneios de pré-temporada que reforçaram o estatuto do dérbi como navio-almirante do futebol português.
Uma das chaves para manter viva a chama do clássico é o equilíbrio: o Benfica leva vantagem, sim, mas de forma ténue ¿ 117 vitórias contra 102 do Sporting e 55 empates. O outro aspecto decisivo para acentuar a sua importância foi o facto de, durante décadas, os dois grandes de Lisboa terem repartido entre si os títulos nacionais, deixando apenas migalhas para a concorrência. O período áureo do clássico coincidiu com as décadas de 30, 40 e 50, quando os famosos «violinos» ajudavam a consolidar um período de supremacia leonina como nunca mais se voltou a registar. Ainda não havia TV: eram os gloriosos dias da rádio a levar as emoções a todo o país, com os jornais, nos dias seguintes, a inundarem os seus leitores com artigos apaixonados que descreviam as incidências à imensa maioria que não podia ir ao estádio.
Depois chegou um fenómeno chamado Eusébio, e a balança do derby inclinou-se de forma decisiva para o lado encarnado. Chegou também a televisão, a levar a paixão pelo clássico a todo o país, de forma ainda mais acesa, mas a retirar igualmente, pouco a pouco, adeptos às bancadas.
As coisas mudaram ainda mais no final da década de 70, com o aparecimento do F.C. Porto, indiscutível dominador do futebol português nos últimos 30 anos, e o gradual eclipse do Sporting, que nesse período conquistou apenas quatro títulos de campeão.
Daí que no final do século XX, do ponto de vista puramente competitivo, os jogos entre Benfica e F.C. Porto tenham, até certo ponto, substituído a importância do dérbi como cimeira mais decisiva do futebol português. Uma realidade que, no entanto, não apaga a certeza de que nenhum outro jogo desperta em jogadores, técnicos, adeptos e comunicação social uma febre tão intensa: a febre reservada aos jogos que são eternos.
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De Cosme Damião e Francisco Stromp a João Pinto

Dos fundadores Cosme Damião e Francisco Stromp até João Pinto, muitos foram os talentos do futebol português a deixar a sua marca no derby. Demasiados para caberem todos nesta lista, que reflecte apenas a influência dos jogadores em jogos entre os dois rivais de Lisboa, e não a sua importância no futebol português em geral, o que explica a ausência de gigantes incontornáveis como Coluna, Humberto Coelho, Paulo Futre ou Figo. Mas nenhum outro deixou marca tão intensa como Peyroteo, autor de 48 golos em jogos oficiais e mais 16 em particulares. E, claro, Eusébio, que 20 anos depois do fabuloso goleador do Sporting, entrou em cena para inverter um saldo que, até aí, era favorável aos leões.
"MF"
 

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100 anos de «derbies»Francisco Stromp

Os maiores protagonistas do «derby»
Foi com a mesma determinação, intransigência e coragem que liderou o Sporting, fosse como fundador, jogador, capitão ou treinador, que Francisco Stromp, eterno sócio nº3, pôs termo à vida, a 1 de Julho de 1930, na estação de comboios do Rego. Tinha 38 anos, o clube comemorava o 24º aniversário.

A história dos derbies não seria possível sem ele, um dos 19 fundadores do Sporting, tal como os irmãos António e José, o primeiro capitão da equipa (entre 1909 e 1924), aquele que mereceu um busto, décadas mais tarde, em frente do Estádio de Alvalade, aquele que deu o apelido a um dos mais prestigiados prémios leoninos, aquele que vestiu o equipamento do centenário.

Acreditava, profundamente, no trabalho árduo, para ele a única forma de ser bem sucedido. Mas, pelo sim pelo não, arrancou da camisola o símbolo de capitão por pressentir que com ela ao peito não ganhava. Exigia dos outros o mesmo que de si e não tinha reservas em levantar o tom ou... o sapato. Conta-se que um dia, Joaquim Ferreira, colega de equipa, com pouca vontade de entrar em campo, mudou de ideias depois de Francisco Stromp lhe atirar com a sua bota à cabeça. Acabou por fazer um grande jogo e no final agradeceu ao capitão.

Disputou 107 jogos pelo Sporting, tanto a médio direito como avançado centro, e conquistou dois campeonatos de Lisboa e um de Portugal. Uma força da natureza que nasceu fraca, como descobriram os seus pais quando Francisco tinha apenas três anos. Por conselho médico trocaram o Largo do Intendente, em Lisboa, pelo Lumiar, que na altura ficava fora da cidade. Foi ali que tudo começou.
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100 anos de «derbies»: Cosme Damião

A primeira vitória dos encarnados em «derbies» passou pelos seus pés.
Não fosse a tenacidade de Cosme Damião em fazer do Sport Lisboa um dos melhores clubes do futebol português e talvez a história do Benfica (e dos derbies, claro!) se escrevesse por linhas tortas. A ausência de um campo próprio em 1905 levou à separação de uma equipa que arrancava os primeiros aplausos, um problema que se transformou em dois.

Foi então que uma ideia de Marcolino Bragança, financiada por Félix Bermudes, ganhou forma nas mãos de Cosme Damião. Agarraram nos jogadores sobreviventes, juntaram-se ao Grupo Sport Benfica, fizeram do campo da Feiteira a catedral de ambos e a 13 de Setembro de 1908 reuniram-se num só, o Sport Lisboa e Benfica. Estava assegurada a sobrevivência dos derbies, a germinação de uma longa rivalidade.

Mas, para Cosme Damião, o Benfica merecia muito mais, também de si. Ali foi um pouco de tudo: médio centro, capitão, treinador e dirigente. Recusou, apenas, ser presidente. Foi, ainda, jornalista.

Depois de duas derrotas nos primeiros derbies (e um autogolo no primeiro de sempre), a 25 de Outubro de 1908, o (oficialmente) Benfica recebeu e venceu o Sporting por 2-0. O golo inaugural foi seu, na certa um prémio atrasado por tudo o que fez em nome do Sport Lisboa. Ganhou, ainda, o derby da segunda volta (2-1). Era, igualmente, o capitão e o treinador, mas perdeu o Campeonato de Lisboa para o Carcavelos.

Como médio conquistou quatro campeonatos de Lisboa, enquanto (apenas) técnico somou o dobro. Foram 18 anos de dedicação. "MF"
 

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100 anos de «derbies»: Valadas

Começou a brilhar no Sporting, o seu clube de coração, mas o seu talento exprimiu-se com mais intensidade no Benfica
O Sporting era o clube do coração, mas pagou cara a traição a este alentejano. 22 golos precisamente, mais de metade no campeonato nacional. Valadas, um extremo esquerdo vigoroso, detém a medalha de bronze dos goleadores em 100 anos de derbies, depois de Peyroteo (48) e Eusébio (27).

Até aos 18 anos alimentou em Beja, onde nasceu, a 16 de Fevereiro de 1912, o sonho de representar o Sporting. Desde os 15 que jogava no Luso local (actual Desportivo), mas a sua cabeça insistia em viajar até Lisboa. O corpo acabou por concretizar a fantasia e lá se apresentou aos leões. Mas ao fim de duas épocas, e após a promessa de um emprego que não chegou a surgir, regressou ao Alentejo e pendurou, temporariamente, as chuteiras.

Acabaria por voltar à capital para jogar no rival Benfica. Não lhe arranjaram emprego, como queria, mas prometeram que o fariam assim que conseguissem. Palavras bem recebidas por Valadas, que entregou-se de corpo e alma ao novo clube. Quis o destino que o primeiro jogo fosse precisamente contra o Sporting, no Campo Grande, a 14 de Outubro de 1934. O Benfica ganhou 3-2, mas o atacante não acertou na baliza. Haveria de consegui-lo no mês seguinte, desta feita nas Amoreiras, quando marcou o golo da sua equipa, na derrota por 1-2, falhando, ainda, uma grande penalidade.

Só em 1936, sob o comando do húngaro Lipo Herczka, fez cinco dos 12 golos obtidos no principal escalão, que culminou, ainda, com o seu primeiro campeonato nacional. A 1 de Março, o Benfica goleou, fora, o Sporting por 4-2, com golos seus aos 43 e 89; na segunda volta fez os três golos na vitória por 3-1 ao rival.

Valadas foi, por duas vezes, o melhor marcador do Benfica, nas duas primeiras temporadas de águia ao peito, conquistando, ainda, seis campeonatos nacionais, um de Lisboa, um de Portugal e três taças, em dez épocas. 11 títulos, para quem em 1944 deixou a camisola 11 para outro vestir.
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100 anos de «derbies»: Peyroteo

O melhor ponta-de-lança da história do Sporting chegou ao clube em Junho de 1937. Durante doze anos, foi a principal inquietação para os adeptos encarnados.
Peyroteo trocou Luanda por Lisboa, mas continuou no Sporting. Foi a 26 de Junho de 1937, tinha 19 anos e na bagagem, além das recordações da Angola que o viu nascer, trazia a palavra de honra que o transformou num dos Cinco Violinos, no melhor ponta-de-lança leonino, no mais eficaz rematador de 100 anos de derbies, com 48 golos em jogos oficiais (mais 16 em particulares)!

O contrato, assinado dias depois de desembarcar em Portugal, resistiu ao interesse do F.C. Porto (e, mais tarde, do Benfica) e garantiu ao Sporting um dos jogadores mais notáveis da história do clube e do futebol nacional. Disso, então, Joseph Szabo não teve dúvida. O treinador húngaro quis observar Peyroteo na privacidade de um treino a dois e, ao fim de uma hora, o teste terminou em papel timbrado.

A estreia oficial foi, precisamente, contra o Benfica, nas Salésias, a 12 de Outubro do mesmo ano, num Torneio Triangular. O Sporting venceu por 5-3 e dois dos seus golos foram apontados por Peyroteo. Foi a primeira de 12 brilhantes épocas, de uma dedicação ao Sporting que não encontrou limites nem na saúde. Como os quatro golos que marcou na vitória por 4-1, fora, frente ao Benfica, a 25 de Abril de 1948, depois de uma noite de febre alta, e que decidiram o título nacional (o Sporting precisava de uma vantagem de três golos).

Peyroteo é o recordista do maior número de golos marcados ao Benfica, 48 em provas de nomeada, num total de 64. Uma distinção à qual se juntam cinco campeonatos nacionais, sete de Lisboa, um de Portugal e quatro taças. 529 golos em 327 jogos oficiais pelo Sporting, dos quais 330 foram em 197 jornadas da principal prova.

Quis retirar-se em Agosto de 1948 para pagar dívidas contraídas, mas um grupo de sócios adiantou-lhe o dinheiro para que continuasse a jogar mais um ano. Aceitou, foi pela sexta vez o melhor marcador do campeonato, disse adeus com mais um título e após a festa de despedida, a 5 de Outubro de 1949, saldou o empréstimo, colocando, em definitivo, um ponto final na carreira. Tinha 31 anos.

A 22 de Julho de 1964, com 46, foi-lhe amputada a perna direita no Hospital de Santa Maria, após duas operações. Faleceu aos 60 anos.
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100 anos de «derbies»: Albano

Um esquerdino talhado para fazer o construir golos que deixou a sua marca nos «derbies» ao longo de 13 temporadas.
Albano foi o mais talentoso canhoto do Sporting, um extremo fadado ao golo, pelo seu pé (118 em 240 jogos no principal escalão) ou pelo de outros, como o de Peyroteo, que fazia brilhar os seus cruzamentos. Foi o mais discreto, mas não menos influente, dos Cinco Violinos, um apaixonado pelo leão, que em pequeno (e se pequeno era) nunca teve dúvidas quanto ao que queria ser quando crescesse.

Os 14 golos que marcou ao Benfica com a camisola leonina - o terceiro melhor registo, a seguir a Peyroteo e Mourão - catapultam-no para o topo da história dos derbies, mas Albano foi muito mais. Um talento genuíno, que não precisava ser trabalhado e que só ele sabia de onde vinha, do coração. Sonhou ser jogador, sonhou vestir a camisola do Sporting, viveu o sonho.

O 5-4 de 16 de Janeiro de 1944, oitava jornada do campeonato nacional, no Campo Grande, foi o seu primeiro derby, uma estreia com um golo, apesar de o resultado premiar o Benfica. À segunda tentativa, experimentou a sensação de ganhar ao rival, bastando, para tal, um golo de Peyroteo, a 19 de Março do mesmo ano.

Nos famosos 7-2 (1946) e 6-1 (1947) esteve em cena: na maior goleada sofrida até à data pelo Sporting, ele e Peyroteo foram os únicos capazes de abalar a baliza de Martins; na vingança do leão, um ano depois, marcou o 4-1, para delírio no Lumiar. Num dos melhores derbies de sempre, a entusiasta final da Taça de Portugal, em 1952, inaugurou o marcador de grande penalidade, brilhou num desafio que não podia ter sido mais cintilante, mas terminou derrotado.

Tal como no final da carreira, após 13 épocas na I Divisão, 12 títulos, oito campeonatos nacionais e quatro taças de Portugal. Quis ficar no Sporting até que o mandassem embora, o que aconteceu. A 29 de Julho de 1957 teve a sua festa de homenagem, então quase nos 35.

Voltou ao Seixal que o viu nascer a 21 de Dezembro de 1922 para abrir um café que não teve o sucesso idealizado. Acabou corticeiro e a lutar pelo pagamento do salário. Morreu a 5 de Março de 1990.
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100 anos de «derbies»: Travassos

O geómetra dos «cinco violinos» estava predestinado nasceu a dois passos do local onde o Sporting viria a construir a sua casa definitiva.
Travassos estava destinado ao Sporting e o Sporting recebeu a sina de braços estendidos. Nasceu a 22 de Fevereiro de 1926, no Lumiar, precisamente onde mais tarde seria erguido o antigo Estádio de Alvalade. Foi um dos Cinco Violinos, oito vezes campeão nacional, um avançado capaz de fazer sonhar o mais céptico, o primeiro português a jogar na Selecção da Europa (1955). Nos derbies ficou pelos sete golos, três logo na estreia, no inesquecível 6-1.

Abriu o marcador aos sete minutos, começando, então, a construir um resultado que só terminaria seis golos depois. A chuva forte que incomodava Lisboa há duas semanas não lhe pesou no pé, que acertaria na baliza de Martins por mais duas ocasiões, aos 28 e aos 80. Foi a 16 de Fevereiro de 1947, o ano da vingança, depois de em 1946 o Sporting ter sido goleado 2-7 pelo Benfica. Uma exibição premiada com um relógio de ouro, oferecido por um... adepto.

Mas não foi fácil conquistar Travassos. Foram necessários dois raptos, primeiro do F.C. Porto e depois do Sporting, para a jovem promessa perceber que era a camisola do leão que queria vestir. Ele que em menino era mais dedicado à caça. Chegou à CUF com 16 anos, mas antes, devido às qualidades de velocista, houve quem lhe augurasse futuro no atletismo. Continuou no futebol e chegou à boca do povo pelas exibições na equipa do Barreiro.

Travassos começou por render-se ao F.C. Porto a troco de 20 contos e uma casa na Invicta. Mas depois de sequestrado cá e lá, decidiu-se pelo Sporting. Foram 12 anos de magia nos relvados, que o estrangeiro também soube reconhecer, nomeadamente em Agosto de 1955, quando foi um dos melhores em campo na vitória da Selecção da Europa, por 4-1, frente à Grã-Bretanha, em Belfast, na Irlanda do Norte.

Retirou-se em Setembro de 1958, com o oitavo título nacional consumado e já depois de duas taças de Portugal arrecadadas. Marcou 99 golos em 249 jogos no principal escalão. Da Selecção, despediu-se com 35 internacionalizações e seis golos. Só os joelhos o angustiaram. Foi três vezes operado ao menisco.
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100 anos de «derbies»: José Águas

O inesquecível capitão do bicampeonato europeu também deixou a sua marca no «derby». Começou logo com um bis na estreia.
José Águas fez do jogo de cabeça uma referência e esta retribuiu-lhe com mestria. Um talento angolano, nascido em Luanda, criado no Lobito, idolatrado no Benfica, respeitado em Portugal e distinguido na Europa.

Cinco vezes melhor marcador do campeonato, outros tantos títulos, sete taças e duas (as únicas) Taças dos Campeões Europeus. Em 13 épocas de águia ao peito, fez 290 golos em 281 jogos, 16 deles contra o rival Sporting, precisamente contra quem marcou o último golo pelos encarnados. Foi a 16 de Junho de 1963, na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, ganha, em Alvalade, por 1-0.

Mas para chegar ao fim é preciso começar pelo princípio, uma história com passagem por Lobito, onde o Benfica foi em digressão, após a conquista da Taça Latina, em 1950. José Águas tinha, então, 20 anos, e era a estrela do Lusitano local. Convidado a integrar a selecção distrital que defrontaria o campeão português não fez a coisa por menos e marcou dois dos três golos da vitória dos africanos (3-1).

Deslumbrado, o Benfica assinou imediatamente contrato com o jovem avançado, que fez mais seis golos nos restantes três jogos da viagem por África. Para trás ficou o interesse do F.C. Porto e o poster do Benfica vencedor da Taça Latina, que deu vida ao sonho no escritório de uma empresa de venda de automóveis, onde era dactilógrafo.

Chegou a Lisboa a 18 de Setembro de 1950 e por um dia falhou o derby inaugural da temporada, ganho pelo Sporting (3-1). O seu primeiro foi na segunda volta, a 17 de Dezembro. Bisou, aos 29 e 89, num empate a duas bolas. Entre os muitos derbies disputados, destaque para a fantástica final da Taça de 1952, um dos melhores duelos entre os rivais de Lisboa: aos 73 minutos marcou o 4-4, que abriu caminho à vitória da sua equipa, em cima do apito, por Rogério.

Depois da conquista da segunda Taça dos Campeões Europeus, em 1962, assistiu à despedida de Bela Guttmann e previu a sua própria, com a chegada de Fernando Riera, que o preteriu a Torres. Ao fim de um ano praticamente passado no banco foi para o Áustria FK, a época do adeus definitivo. Terminou como começou, no ramo automóvel, desta feita como vendedor.
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100 anos de «derbies»: Damas

Um caso claro de talento predestinado para a baliza, que começou cedo (19 anos) e acabou tarde (com 41). Tempo suficiente para construir uma lenda em sua volta.
Damas nasceu guarda-redes sem o saber, a 8 de Outubro de 1947, em Lisboa. Queria ser avançado, como Travassos e Vasques, seus ídolos, mas o destino e a altura inadequada para a frente empurraram-no para a baliza do Sporting. Tinha 14 anos e viria a tornar-se um ídolo também para o futebol português, em particular para os leões.

Com a ajuda do Sô Zé [Travassos] nos treinos das camadas jovens fez-se guarda-redes e aos 19 anos chegou à equipa principal. A estreia foi perante o Benfica, num particular que terminou empatado a uma bola, no Restelo, golo sofrido de grande penalidade.

Debutou no campeonato nacional, com os mesmos 19, a 12 de Fevereiro de 1967, frente ao F.C. Porto, em Alvalade, tirando o lugar ao magriço Carvalho, até então indiscutível. Disputou mais sete jogos até ao final da temporada, mas na seguinte devolveu quase por inteiro o protagonismo a Carvalho, que falhou apenas um encontro.

O ano sabático terminou com a ascensão a estrela da equipa, com defesas de cortar a respiração, que o transformaram num gigante entre postes. Em 1968, com 21, agarrou a titularidade para a deixar somente em 1976, quando decidiu ir para o Racing Santander. Permaneceu cinco anos em Espanha para lamento de Pedroto, então treinador do F.C. Porto, que contava com ele na Invicta logo após a saída de Alvalade. Não o conseguiu então, mas não desistiu de contratar Damas, que regressou a Portugal para o Vitória de Guimarães. Seguiu-se o Portimonense e, finalmente, o Sporting, clube do coração, onde terminou a carreira de jogador, aos 41 anos, e iniciou a de treinador.

«Um grande homem» na opinião do não menos grandioso Eusébio, que com ele travou alguns duelos. Como aquele a 9 de Novembro de 1969, vitória do Sporting, por 1-0, em casa, quando o pantera negra cabeceou por cima de Damas e este agigantou-se para uma defesa impossível, surpreendente para o próprio avançado, que não resistiu a felicitar o guarda-redes.

Aos 55 anos, o cancro roubou-lhe a vida. Foi a 13 de Setembro de 2003. Uma vida dedicada ao futebol e ao Sporting, por quem conquistou dois campeonatos nacionais e três taças de Portugal.
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100 anos de «derbies»: Nené

Depois de Eusébio, o filão de Moçambique continuou a enriquecer a História do «derby». Neste caso, com muitos golos.
Dele diz a história que gostava pouco de sujar os calções. Mas se assim era, Nené provou ao Benfica que equipamento imaculado também podia ser sinónimo de excelência dentro de campo. Foi o que sucedeu com o avançado, o terceiro melhor marcador do clube, depois de Eusébio e José Águas: 264 golos em 423 jogos no campeonato. E naqueles que mais despique constituíam, como os encontros com o rival de Alvalade, marcou 17, ficando, apenas, atrás, do pantera negra (27) e de Valadas (24).

Descoberto em Moçambique, na Beira, nasceu, contudo, em Portugal, Leça da Palmeira, a 20 de Novembro de 1949. Com seis anos foi para África. Começou a jogar no Ferroviário da Manga e com 17 é eleito o júnior do ano. O prémio valeu-lhe um bilhete de ida para o Benfica, depois de o primo, Cavém, então distinto jogador dos encarnados, o ter recomendado ao clube.

Depois de sagrar-se campeão de juniores na estreia (1967/68), ascendeu à equipa principal pela mão de Otto Glória, mas não foi além de seis jogos em duas épocas. Com Jimmy Hagan, entre 1970 e 1973, jogou com regularidade a extremo direito e sagrou-se campeão três vezes seguidas. Aos 21 anos disputou o primeiro derby, na Luz, a 27 de Dezembro de 1970. Fez o 3-0, aos 50 minutos, de um jogo que terminou 5-1.

Mas foi com Mário Wilson, que fez dele avançado, que começou a facturar na plenitude. 29 golos nesse ano (1975/76), menos um que Jordão, companheiro de equipa, e que juntos marcaram mais que a quase totalidade dos adversários! Uma temporada em que o Benfica isolou-se no comando à passagem da 23ª jornada, para perder pontos apenas na última (30ª), frente ao F.C. Porto, na Luz, por 2-3. Antes, vencera o Sporting, em Alvalade, por 3-0, com dois golos em seis minutos (82 e 88) de Nené, intercalados com um tento de Jordão (85).

Em 1980/81 viveu uma das melhores épocas: liderou os marcadores com 20 golos, foi campeão, conquistou a Taça de Portugal, a Supertaça e chegou às meias-finais da Taça das Taças. Em 1983/84, com 21 golos, foi, com Gomes (F.C. Porto) o mais concretizador do campeonato. Pendurou as chuteiras no final de 1986, já com 36 anos, mas fôlego ainda para sete golos em 16 jogos. Saiu com dez campeonatos, seis taças e duas supertaças.
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100 anos de «derbies»: Jordão

Começou a brilhar pelo Benfica, mas tornou-se ainda mais marcante quando passou a vestir a camisola do rival.
Muito antes de se dedicar à pintura, Jordão especializou-se em arte nos relvados. Tinha uma visão muito particular do futebol e isso tornou-o, inevitavelmente, um avançado extraordinário, que começou por encantar o Benfica e, mais tarde, maravilhar o Sporting.

A notícia de um novo Eusébio, mas angolano, depressa chegou a Alvalade, que não perdeu tempo a deslocar-se a Benguela para observar a estrela do Sporting local, de apenas 16 anos. Mas tal como sucedera com o pantera negra, anos antes em Moçambique, a hesitação reverteu a favor dos encarnados, dois anos depois, e por módicos 30 contos.

A ascensão não poderia ter sido mais rápida, como os amigos predestinavam desde os primeiros toques de bola nas ruas de Benguela. Começou nos juniores, em 1970, e a 5 de Setembro do ano seguinte estreou a camisola da equipa principal frente ao Sporting, em jogo da Taça de Honra da A.F. Lisboa. O Benfica venceu por 2-1 e um dos golos teve a assinatura de Jordão.

Não foi o substituto de Eusébio que todos desejavam, mas após quatro campeonatos nacionais e uma Taça de Portugal, despediu-se do Benfica em 1976, campeão e com 30 golos em 28 jogos! Então longe de imaginar que se tornaria um dos melhores marcadores dos derbies com 15 golos, para infelicidade do... Benfica, que sofreu 13 deles. O registo terá tempero de vingança, dirão alguns, face ao desinteresse dos encarnados em recuperarem o goleador, na sequência de uma época para esquecer no Saragoça.

Nove anos depois de o ter visto em acção pela primeira vez, o Sporting não hesitou em recuperar Jordão, que por ali ficou até 1986, após dois títulos nacionais, duas taças e uma Supertaça. Em Alvalade estreava-se a 30 de Agosto de 1977, num particular frente aos brasileiros do Vasco da Gama, ganho por 2-1, com dois golos de sua autoria. Era o prenúncio de dias de glória, como os dois golos que marcou na vitória do Sporting por 3-1, a 13 de Abril de 1980, sobre o Benfica, na época em que voltou a ser o melhor marcador do campeonato, com 31 golos em 29 jogos, e novamente campeão.

Disse adeus a Alvalade, consumido pelo desgosto de ter falhado o Mundial de 1986, quando no Europeu de 1984 foi considerado o melhor ponta-de-lança da prova.
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100 anos de «derbies»: Manuel Fernandes

Chegou a Alvalade relativamente tarde, já com 24 anos, mas ainda foi a tempo de tornar-se uma das maiores referências do clube. E de brilhar na noite dos 7-1...
A mãe disse-lhe que haveria de ser jogador do Sporting e Manuel Fernandes assim o fez. Pelo rádio, ainda moço, ganhou estima ao clube, pela televisão, anos mais tarde, revelou-a. Foi um dos melhores avançados da história do clube leonino, suplantado apenas pelos violinos Peyroteo e Vasques. Marcou 189 golos em 326 jogos do campeonato nacional, foi capitão, protagonista de tardes magníficas e no fim de tantas contas inesquecíveis são os quatro golos marcados ao Benfica no 7-1, de 14 de Dezembro de 1986, que insistem em glorificá-lo.

Esta a imagem que marcou Manel no Sporting, a última por sinal, pelo menos enquanto jogador, já que na época seguinte Keith Burkinshaw, treinador inglês que substituíra o Manuel José dos 7-1, no decorrer do campeonato, prescindiu do avançado, após 12 anos de leão ao peito. O capitão saiu magoado com a Direcção, os adeptos ficaram arrasados com a notícia e o Vitória de Setúbal agradeceu a preferência do goleador português. Tinha, então, 36 anos.

Sarilhos Pequenos viu nascer Manuel Fernandes a 5 de Junho de 1951. Foi ali que a sua carreira despertou, no Sarilhense, onde se apresentou aos 16 anos. Entrou para a equipa de juvenis e na época seguinte integrou os seniores, estreando-se na III Divisão. No final da temporada, foi convidado pela CUF. No Barreiro, depois de um ano a marcar golos pelos reservas foi promovido à equipa principal e conheceu a fama com o golo da vitória sobre o F.C. Porto, que garantiu a histórica participação na Taça UEFA, fruto de um quarto lugar no campeonato.

O convite do Sporting não tardou, em 1975, tal como o do F.C. Porto e o do Belenenses. As recordações de menino favoreceram o leão e na época de estreia Manuel Fernandes marcou... 26 golos, ainda que nenhum ao Benfica. Uma prova largamente superada pelo novo avançado do Sporting, que entrava para o lugar do fenomenal argentino Yazalde, o melhor marcador europeu, e contrariava o cepticismo dos adeptos.

Em Alvalade, conquistou cinco títulos, dois campeonatos, duas taças de Portugal e uma Supertaça.
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100 anos de «derbies»: Artur José Pereira

Artur José Pereira foi o primeiro grande jogador da história do futebol português. Autodidacta, pensava o futebol pela sua cabeça, ele que nunca se interessou pelos manuais e acabou, inevitavelmente, por fazer parte deles.
Em Belém nasceu, a 16 de Novembro de 1889, a Belém voltou, trinta anos depois. O nome num banco de jardim da Praça Afonso Albuquerque disso é testemunha, ainda hoje. Artur José Pereira foi o primeiro grande jogador da história do futebol português, um homem sem instrução que se tornou mestre na arte de manusear a bola. O Benfica, então Sport Lisboa, atraiu-o para as suas fileiras em 1907 e ali brilhou durante sete épocas. Seguiram-se cinco anos no rival Sporting até, finalmente, conseguir jogar no clube que idealizou e concretizou, o Belenenses.

Artur José Pereira foi um autodidacta, um médio acima do seu tempo, um jogador completo, inteligente, que se deixava levar pela intuição, que pensava o futebol apenas na sua cabeça, ele que nunca se interessou pelos manuais e acabou, inevitavelmente, por fazer parte deles. E foi com muito do seu talento que nos primeiros anos de vida o Benfica arrecadou quatro campeonatos de Lisboa, três consecutivos, o último a marcar a despedida para o rival Sporting.

Com 18 anos, integrou a equipa encarnada que venceu o primeiro derby (já como Benfica) a 25 de Outubro de 1908, por 2-0. Na segunda volta, a 24 de Janeiro de 1909, no Lumiar, estreou-se a marcar ao Sporting, ao assinar o 2-1, de grande penalidade, na segunda derrota consecutiva do leão. Despediu-se do Benfica e dos derbies pela águia na época 1913/14, com uma goleada ao Sporting, a 12 de Outubro, marcando o segundo de quatro golos sem resposta; e um 3-0, a 8 de Março, com um bis do irmão Francisco Pereira.

Uniu-se ao Sporting em 1914. Apuradas as qualidades desde sempre evidenciadas, viveu um dos melhores períodos desportivos, então com 25 anos. O álcool começava, contudo, a querer correr-lhe no sangue, mas Francisco Stromp tratou de colocá-lo na linha. Ao fim de cinco anos, e mais dois títulos de Lisboa, um na primeira época, o outro na última, com uma vitória por 2-1, na segunda mão do desempate para apuramento de campeão, frente ao Benfica, a 20 de Julho de 1919, pediu dispensa.

Numa noite de Agosto desse mesmo ano, num distinto banco do jardim de Belém, sonhou o Belenenses, que seria fundado a 23 de Setembro. Morreu vítima de tuberculose, em 1943.
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100 anos de «derbies»: Azevedo

17 de Novembro de 1946, no Campo Grande, é a sua grande data. O guarda-redes do Sporting garantiu o campeonato de Lisboa na última jornada frente ao Benfica com o braço esquerdo... ao peito.
Azevedo soube como ninguém transformar os centímetros a menos para guarda-redes em metros dentro da baliza. Rejeitado pelo Benfica, recebido pelo Sporting, disputou mais de 50 derbies em 17 anos de carreira. Uma lenda entre os postes, para quem uma luxação da clavícula, 12 pontos na cabeça ou um pé partido não foram impedimento para continuar... em jogo.

Como aquela tarde de 17 de Novembro de 1946, no Campo Grande, que determinaria o campeão de Lisboa, Benfica ou Sporting. A equipa leonina vencia por 1-0, com golo de Jesus Correia, aos 40. Dois minutos depois, Azevedo deslocou a clavícula, teve de sair e foi substituído na baliza pelo violino, que marcara momentos antes. Imobilizado o braço esquerdo, o guarda-redes reentrou aos 65 minutos, já depois de Arsénio ter empatado. Com a coragem que sempre o caracterizou, foi a figura do derby, ele que não lidava (nem ligava) com a fama.

Defendeu o que havia para defender e nos últimos dez minutos, outros dois violinos, Albano e Peyroteo, trataram de garantir o título da capital. No dia seguinte, era ele quem fazia as delícias dos jornais, com a prova fotográfica do apreço dos companheiros de equipa, que o carregaram em ombros após mais de meia hora a defender só com um braço. Uma época que terminaria, ainda, com o campeonato nacional arrecadado.

Nada mau para quem já tinha 32 anos e outros cinco de glória o esperavam no Sporting, numa carreira que cedo iniciou, nos infantis do Barreirense. Azevedo, nascido a 10 de Julho de 1915, no Barreiro, fincou o pé à baliza, quando o perfil de guarda-redes teimava em não se enquadrar. Depois da sorte lhe virar as costas no Benfica, apresentou-se ao Sporting com 19 anos e por ali ficou até aos 37. Foi suplente de Dyson durante uns tempos e a meio da época seguinte, 1935/36, este lesionou-se gravemente na cabeça, atirando Azevedo para a frente de batalha. Estreou-se a 26 de Abril de 1936, nas Amoreiras, frente ao Benfica, e logo com uma derrota (3-1). Mas o melhor seguiu-se, como testemunham sete campeonatos nacionais, nove de Lisboa, dois de Portugal e três taças.

Menos gloriosa foi a despedida, ao fim de 17 anos. Soube da dispensa quando foi levantar o ordenado. Depois de duas épocas no Oriental, emigrou uns anos depois para Inglaterra, onde foi motorista de um colégio. Regressou em 1982, vivendo tranquilamente até aos últimos dias.
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