Pesca Em Locais Pressionados

Até agora sempre recomendámos o recurso a locais sossegados para a prática desta modalidade. Desta feita vamos explorar e tirar partido da —confusão“.

Em Portugal, salvo raras excepções, não se pode falar propriamente em —pressão de pesca“, ou seja, de locais onde os pesqueiros estejam sujeitos a uma permanente acção de pesca, 24 horas por dia, 365 dias por ano, nem que seja pelo facto de haver uma paragem anual de dois meses por defeso, que decorre de 16 de Março a 15 de Maio, e pelo facto da legislação ainda
não permitir a pesca nocturna.

De qualquer modo, existem locais onde já se regista bastante acção de pesca e, com o permanente aumento do número de praticantes, a tendência será sempre para que esta situação se verifique cada vez mais.

Por outro lado, essa pressão de pesca não está relacionada com o —carpfishing“ propriamente dito mas com as técnicas que são praticadas mais frequentemente em competição como a Francesa, Inglesa ou Bolonhesa.

É então necessário aprender a tirar partido deste facto em nosso benefício, em vez de desistir de uma água por ela ser demasiado batida.

Vamos lá então analisar o que se passa dentro de água, tentar pensar como uma Carpa grande, aplicar uma boa dose de bom senso e levá-la a comer a nossa isca.

DEBAIXO DE AGUA

Nestes locais, os fundos dos pesqueiros estão carregados com elevadíssimas quantidades de asticot, farinhas e sementes que são muito usados nesses tipos de pesca, tornando os fundos em gigantescas cantinas onde se não alimentar os peixes de pequeno porte.

Ora, o movimento desses peixes por andarem em actividade alimentícia faz levantar os sedimentos dos fundos e provoca nuvens e vibrações a que os peixes de maior porte não ficam alheios.

O que se passa é que esses peixes, que são o nosso objectivo, por já terem sido muito possivelmente pescados uma série de vezes, têm alguma relutância em entrar no interior da zona de maior actividade, ficando na maioria dos casos a alimentar-se na orla exterior dessa zona.

Também acontece em determinados locais que os maiores exemplares abandonem pura e simplesmente essas zonas e se refugiem em locais mais fundos ou nas zonas menos batidas
da água, mas quando a fome aperta, sobretudo nas barragens com menores quantidades de alimento natural, é na tal orla, ou mesmo por vezes aventurando-se a penetrar no núcleo de comida, que geralmente se vêm alimentar.

Isso significa que estamos a falar em pescas a distâncias na ordem dos 30mts a 40mts da margem.

Já ficámos a saber onde tentar pescar as nossas amigas. Vamos então lá ver quando e como.

QUANDO

Sem dúvida que a melhor altura para tentar capturar um grande exemplar nestas condições são os dois a três dias após um concurso de pesca, pois durante os concursos são introduzidas
da água elevadas quantidades de alimento e, em geral, são feitas bastantes capturas, o que
faz com que a tal nuvem de sedimentos se levante.

Se tiver vagar, vá assistir ao concurso e verificar as zonas onde sai mais peixe e se possível, pois não é fácil, tente perceber que engodos e aromas foram usados.


COMO

A nível de montagem não tem nada que saber, pesca ao fundo com montagem cabelo

O nosso maior problema está nas iscas e engodos.

No que diz respeito aos engodos, a melhor estratégia é não usar. O local está cheio de engodo e não é por engodar que vai atrair carpas grandes. Vai quanto muito espevitar os peixes mais pequenos. Limite-se a colocar uns 5 a 6 boilies iguais ao iscado num saco, fio ou rede de PVA junto com a montagem e lance o conjunto.

Quanto à isca, embora possa optar por milho doce ou iscas outras iscas como fava, feijoca, massa, batata, etc. a experiência comprova que os boilies são sempre mais eficazes no que à captura do peixe grande diz respeito.

Aqui é que vai ter que escolher uma de duas opções. Ou usa boilies, muito mas mesmo muito simples, ou então tenta descobrir um aroma que não seja habitualmente usado naquela água, que se consiga evidenciar dos aromas que nela flúem mas que não leve o peixe a desconfiar por ser forte e estranho demais.

No primeiro caso pode usar uma mistura 50/50 sem aditivo absolutamente nenhum que leva a que o peixe coma de boa vontade, pois a confusão de sabores e odores presente é tanta que o peixe grande tomará de bom grado uma isca ao natural. Nesta óptica, também uma mistura exclusivamente de farinha de peixe ou de sementes para pássaro deverão proporcionar bons resultados.

No segundo caso, o uso de aditivos como a pimenta, alho, chocolate, whisky, etc. são aromas menos comuns e que poderão conseguir o efeito de atracção.

Se usar as duas canas que a lei permite, poderá apostar em uma de cada e, em função dos resultados, pôr as duas a pescar com a isca que estiver a proporcionar mais actividade.

Esperemos entretanto que quando estiver a ler estas linhas já tenham caído as primeiras chuvas, que tanto são precisas para o país e para as nossas amigas, se não ainda vamos ter que reunir o maior número possível de pescadores de águas interiores e organizar uma mega
—dança da chuva“ …!!!


Original: Diogo Aguas

cumpts
hell