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Padre António Vieira/400 Anos: Jesuíta protagonizou acção militante em sentido radica

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Padre António Vieira/400 Anos: Jesuíta protagonizou acção militante em sentido radical - Eduardo Lourenço

6 de Fevereiro de 2008, 21:54


Lisboa, 06 Fev (Lusa) - A vida do Padre António Vieira, que se distinguiu como orador, diplomata e missionário, foi "uma acção militante no sentido mais radical da palavra", defendeu hoje o ensaísta Eduardo Lourenço.
O jesuíta português do século XVII foi o "sonhador de uma reconquista universal" que caberia aos portugueses, povo escolhido, segundo Vieira, para espalhar a palavra divina e construir o Quinto Império, disse Lourenço na conferência de abertura das Comemorações do IV Centenário do Nascimento do Padre António Vieira (1607-1697), realizada ao fim da tarde no salão nobre da Academia das Ciências de Lisboa.
"António Vieira é um pregador da palavra divina - é mesmo o pregador maior dessa palavra", sublinhou.
Mas foi também, contrapôs, "um homem do mundo, quando a situação ameaçava ou o reclamava", transformando-se "numa espécie de James Bond jesuíta, com a sua espada".
Segundo o pensador, "a verdadeira originalidade do Quinto Império é o facto de Vieira achar que um novo mundo podia ser construído - uma espécie de paraíso reencontrado".
Declarando-se admirador de Vieira mas não "o que se chama um vieirista" - "sou, no sentido próprio, apenas um amador", referiu - Eduardo Lourenço salientou que Fernando Pessoa encontrou em Vieira uma das suas referências mais poderosas.
"Pessoa celebrou a grande certeza sinfónica da prosa de Vieira", a quem chamou "Imperador da Língua Portuguesa", afirmou o ensaísta, destacando a sua "autonomia do verbo", o verbo como "corpo visível, sonoro, da verdade".
"Os limites do nosso pensamento são os limites da nossa linguagem", sustentou Lourenço, que encara o Padre António Vieira como "um louco de Deus", "um profeta num tempo de profecias" e, ao mesmo tempo, "um implacável observador da realidade", "como se fosse um Voltaire inconsciente (...), com uma lucidez destemida, nesse utopismo, nessa busca de um mundo tão profundamente humano".
"Em sentido literal, os seus sermões são propaganda, teatralização", observou.
Para o pensador, "tudo em António Vieira é extraordinário" mas "a coisa mais extraordinária é uma espécie de anacronismo sublime: a realidade é medida, explicada, lida, em termos de sentido".
A realidade é vista "em função da única coisa que lhe importava: não só, como a 'Hamlet', 'ser ou não ser', mas 'ter sentido ou não ter sentido', frisou.
"O Antigo Testamento foi para ele uma espécie de romance em que ele se nutriu", uma "espécie de geometria ideal onde tudo nasce já certo, como se fosse uma geometria da ordem do coração e não da ordem das verdades, do espaço", indicou.
Isso fazia com que reagisse perante as injustiças, como a escravização dos negros e a exploração dos índios no Brasil, "com indignação, como se o próprio Deus tivesse abandonado a história", prosseguiu.
António Vieira era "apóstolo de um Deus ao mesmo tempo omnipresente e insondável" e revoltou-se contra isso, defendeu Eduardo Lourenço.
"O século XVII, na Península Ibérica, foi, por excelência, o século do desengano, o século do Dom Quixote e do seu combate perdido e ganho no céu da nostalgia. E Vieira parece sentir um enorme prazer em contribuir para esse desengano", comentou.
ANC.
Lusa/fim
 
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