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Recuperar deficientes da mobilidade

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Recuperar deficientes da mobilidade

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Oficina era uma dependência da Associação para Recuperação dos Deficientes da Mobilidade, e fora fundada por uma senhora deficiente, com escoliose, Maria José Saraiva Mendes Pinto de Azevedo, Naquela altura a nossa curiosidade foi despertada, quando estávamos no Campo de Santa Clara e vimos entrar numa oficina tipográfica um jovem sem braço.
Fomos informados que aquela oficina era uma dependência da Associação para Recuperação dos Deficientes da Mobilidade, e fora fundada por uma senhora deficiente, com escoliose, Maria José Saraiva Mendes Pinto de Azevedo, a qual coadjuvada por um grupo de pessoas irmanadas pelo mesmo ideal ,defenderam o internamento dos deficientes motores, tornando-os úteis à vida e válidos para o trabalho.
A persistência daquele grupo, porque a obra era pobre, fê-la nascer do nada (na altura funcionava há dezasseis anos ) e muito já havia feito.
Ocupava três dependências, uma delas por detrás da Sé de Lisboa, sendo por essa que iniciámos a nossa reportagem .

Com o braço amputado
Recebido por um aluno a quem perguntámos quantos estavam inscritos, disse-nos:
-Não há limite de idade e admitimos todos os que podem aprender uma profissão.
Excepcionalmente temos agora ( 1969) duas crianças de cinco anos.
Quanto ao número de inscritos, anda à volta dos quarenta.
Na secretaria deparámos com a única aluna admitida excepcionalmente, visto só serem admitidos deficientes do sexo masculino.
Embora com um braço amputado, ela dactilografava um ofício, enquanto o seu colega com a mão esquerda, tratava da escrita associativa.

Recebia lições de encadernação
Na secção de encadernação deparámos com um aluno que ali prestava serviço há onze anos. Na altura reabilitado, ensina aquilo que havia aprendido a doze alunos.
Uma criança de dez anos, sem o braço esquerdo (deficiência congénita) recebia lições de encadernação.
Na sala de costura, vários deficientes trabalhavam na encadernação de diversas obras.
De seguida deparámos com duas máquinas de cortar papel (guilhotinas).
Um aluno sem um braço acertava no momento as folhas de diversos livros recém encadernados, aparando-os com a mesma eficiência de um operário normal.

Micaelense recuperado
Na secção “Acabamentos” apenas dois doentes ali trabalhavam, um com paralisia infantil, o outro com poliomielite, os quais douravam uma obra.
Fomos informado que ali esteve como aluno um micaelense de nome Manuel da Silva Martins, que havia regressado a São Miguel dois meses antes da nossa visita.
Fomos cercados por dois alunos, um menino com poliomielite e uma menina com uma perna amputada pela coxa, devido a um acidente, a qual havia vindo do Hospital, onde esteve uma temporada internada, e usava uma perna artificial, que teria de ser mudada à maneira que fosse crescendo.
Na oficina radiotécnica ensinavam os mais delicados processos da técnica de relojoaria.
Só vendo, como vimos, se pode admirar como aqueles alunos deficientes trabalhavam, com a mesma habilidade dos alunos ditos normais.
Para eles a mobilidade não conta, apenas o saber e, ali não se sentem inválidos.
Este mesmo sentimento podemos constatar nas oficinas de sapataria e tipografia.
Ali, embora os deficientes encontrem certa dificuldade, esta é rapidamente vencida na ânsia de não serem inválidos.
Os rapazes formaram um grupo desportivo, tendo na altura disputado vários jogos de grande competitividade na modalidade que estavam inseridos.
Ali era realmente um caminho novo para um futuro de luz e esperança para muitos deficientes da mobilidade, os quais depois de recuperados, já não se sentirão inválidos.

Declaração de amor, em 1883
“Senhora:
É possuído do mais veemente amor que traço estas linhas, tentando dar-lhe a conhecer que desde o feliz momento em que tive a ventura de a ver, uma constante chama incendeia o meu coração, e fez com que a minha existência seja um viver de angústia, pela incerteza que me acompanha, se serei ou não correspondido por aquela a quem deveras dedico um verdadeiro amor.
Para que esta incerteza se mude em verdade ou desgraça, vejo-me obrigado a escrever-lhe, pedindo-lhe que me diga se sou feliz ou desventurado.
Nem eu quero pensar em tanta ventura e, para me poder resignar à minha fatal sorte, quero esquecer aquela que a meu pesar hei-de sempre amar.”
Abaixo pode ler-se a resposta da senhora.
“Senhor:
Se a sua confissão de amor é sincera e verdadeira, se apenas escreveu o que o coração ditou, devo considerar-me feliz e muito feliz !
Quem porém me certifica que não seja uma zombaria da sua parte uma tal declaração?
Quem me afiança que verdadeiramente lhe mereço amor ?
Por enquanto permita que lhe diga que não tenho completa confiança no que me diz.
Tenho receio de que o julgo uma realidade, seja apenas um sonho, uma ilusão !...
Contudo não imagine que desprezo a sua confissão, estimo-a, e prezo as suas expressões de amor, e mais tarde, depois de ter uma certeza, serei pronta em lhe dizer o que a minha alma sente.
Julgo merecer desculpa da minha hesitação e não ser esquecida.”


Fonte:Açoriano Oriental

 
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