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"Renováveis vão satifazer 50% do consumo"

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"Renováveis vão satifazer 50% do consumo"

Entrevista com António Sá da Costa, presidente da APREN, Associação Portuguesa das Energias Renováveis

Com o crescimento da produção de energias renováveis nos últimos anos, nomeadamente de eólica, é possível garantir que Portugal cumprirá, em 2010, a meta estabelecida pelo Governo de ter 45% do consumo nacional de electricidade sustentado por energias alternativas?

É perfeitamente possível atingir essa meta. Pode não ser exactamente em 2010, mas será em 2011. Vai depender também da redução do consumo, que eu espero que seja uma realidade com ajuda do plano Nacional de Eficiência Energética, lançado pelo Governo há algumas semanas. O certo é que, contando apenas com os projectos que hoje estão em curso, teremos 50% do consumo nacional de electricidade suportado por renováveis em 2015. Nesta percentagem, estou a incluir a produção das grandes hídricas já existentes, com os reforços de potência que a EDP está a fazer em algumas delas. Mas não estou a contabilizar nem a produção da barragem do Sabor nem a de nenhum dos dez projectos que se pretendem construir no âmbito do Plano Nacional de Barragens. Assim, acho que é possível termos em 2015 uma produção de 12 twh ano de eólica, 14 twh ano de hídrica e 4 twh ano de outras renováveis.

No final do ano passado, Portugal já tinha mais de 2000 MW de potência eólica instalada. Quanto poderá crescer a capacidade de produção de energia do vento?

Portugal definiu como objectivo ter 5200 MW de potência eólica instalada até 2015. Neste momento, estão praticamente atribuídos perto de 5000 MW, dos quais 2300 MW já estão em operação. Isto quer dizer que a energia do vento satisfaz 11% das necessidades de consumo do País, de acordo com dados desta semana. Àqueles 2300 MW estou a somar mais 1600 MW, atribuídos nas fases A e B do concurso lançado pelo Governo, cujos parques estão a começar a ser construídos, e mais 800 MW em construção, fruto de várias iniciativas empresariais. Há ainda mais 600 MW que estão em fase final de licenciamento. Além disto, deverão ser atribuídos 200 MW, também até 2015, no âmbito da terceira fase do concurso que o Governo há-de lançar. Tudo isto estará operacional até 2014 ou 2015. O que quer dizer que a energia do vento naquela altura já dará resposta a 20% do consumo nacional, ou seja, poderá abastecer grande parte dos lares portugueses. No ano passado, a energia eólica já representou cerca de 8% do total da produção. Espanha tem 15 mil megawatts instalados. Mas nós não podemos competir com a Espanha, a Alemanha ou os Estados Unidos, em termos de potência, porque não temos a mesma área territorial. Contudo, em termos de peso no consumo global de electricidade ultrapassamos a Espanha.

Com tantos parques eólicos, a partir de 2015 já não deverá haver espaço para muitos mais. Como é que se vai manter o crescimento das energias renováveis a partir desse momento?

O País tem de investir noutras fontes renováveis para manter um crescimento continuado, como é objectivo deste Governo. Tendo isto em conta, é preciso ver quais são as alternativas. A biomassa também terá a sua capacidade de produção esgotada em 2015 ou até antes, porque quando as 15 centrais que foram objecto dos concursos lançados pelo Governo estiverem a operar, consomem todos os excedentes de matéria-prima, ou seja, os resíduos florestais do País, que hoje possam existir. Até porque já há muita biomassa que é aproveitada nas fábricas de papel e de madeira. Com mais 100 MW de potência total instalada com as novas centrais, esgota-se a capacidade nacional de produção do combustível que alimenta as centrais.

Sendo assim, quais os caminhos futuros?

O futuro passa pelo mar e pelo Sol. Hoje a produção de energia solar ainda é limitada, mas vai haver evoluções tecnológicas neste campo. No mar podemos explorar a energia das ondas e investir em parques eólicos offshore, embora a costa portuguesa, pela sua geografia, crie alguns problemas ao desenvolvimento da produção de eólica no mar. Isto porque enquanto noutros países do Norte da Europa se alcança a profundidade considerada razoável em termos de custos para a instalação de um parque offshore a 15 quilómetros da costa, em Portugal essa profundidade de 12 metros existe a menos de dois quilómetros. O quer dizer que aqui os aerogeradores terão de ser instalados junto à costa, ou seja, continuamos a vê-los e temos um problema de impacto visual. Há aspectos que têm de ser estudados. Outro factor que inibe os operadores de investir neste tipo de parques é a tarifa, porque esta é igual para os que se instalam em terra ou no mar , quando os custos no mar são pelo menos 50% mais altos.

Já discutiram isso com o Governo?

Já o referimos, mas não é uma questão pertinente quando ainda há muito para fazer em terra. E os promotores filiados na APREN estão mais preocupados em pôr em funcionamento essa carteira de parques. Alguns estão mesmo mais interessados em investir em outras fontes energéticas, como as ondas ou o solar.

Então a produção de energia eólica no mar poderá ser um último recurso?

Sim. Será uma alternativa de recurso.

Na energia solar há duas vertentes a explorar - a solar termoeléctrica, em centrais com uma potência de mais de 70 MW, como a que está a ser construída em Tavira; e o solar fotovoltaico, para a área da microprodução. No caso das ondas, devemos apostar não só na produção de energia mas também em fábricas de equipamentos, que serão das primeiras do mundo.[/
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ANA TOMÁS RIBEIRO
DN Online
 
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