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Museu Traje: Directora Madalena Braz Teixeira sai após 30 anos

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Museu Traje: Directora Madalena Braz Teixeira sai após 30 anos

A directora do Museu Nacional do Traje e da Moda, Madalena Braz Teixeira, deixa o cargo no final da semana, por aposentação, depois de mais de três décadas nesta entidade pioneira na área da museologia em Portugal.

Em declarações à Agência Lusa sobre a despedida da instituição, que será assinalada oficialmente na quinta-feira à noite na inauguração de uma exposição de fotografia e vídeo de Denis Piel intitulada «Facescapes», no Museu do Traje.

Madalena Braz Teixeira entrou como voluntária no Museu do Traje em 1975 e passou a dirigi-lo em 1983, tendo-se ausentado apenas três anos para chefiar a Divisão de Museus no então Instituto Português do Património Cultural (IPPC), um momento importante na carreira da responsável porque acompanhou a génese de muitos museus nas autarquias do país.

«Como estava a acompanhar o início dos projectos tive um contacto directo com a museologia a nível nacional», recorda agora, com 70 anos, acrescentando que também foi muito importante ter entrado no Museu do Traje numa fase de pioneirismo.

O Museu do Traje «foi o primeiro a ser criado depois da Revolução de Abril, foi o primeiro com um serviço educativo oficial, teve exposições temporárias além da exposição permanente, algo inédito na época, fazia uma museologia fora do tradicional», descreveu.

Entre os pontos altos da sua direcção, Madalena Braz Teixeira recorda a exposição «Travessia sobre a época de Fernando Pessoa», que atraiu, nos anos 80, 120 mil visitantes, e a exposição da coroa do Príncipe de Gales, «que ficou três semanas em exposição no Museu, e faziam filas à porta para ver».

«Algumas pessoas até duvidaram, mas foi a coroa autêntica», salientou, como uma das iniciativas de que se orgulha ter sido a responsável neste museu instalado no Palácio Angeja-Palmela, ao Paço do Lumiar, criado com base numa colecção vinda do Museu Nacional dos Coches, constituída por cerca de 7.000 trajes e acessórios que, em parte, pertenceram à Casa Real portuguesa.

Nestas colecções domina o vestuário civil feminino, mas também são compostas por roupas da corte do século XVIII, indumentária masculina e de criança, e ainda malas, chapéus, leques, sapatos, xailes e roupa interior.

«Temos vestuário desde os finais do século XVI e XVII, trajes indo-portugueses em linho bordado e seda creme, colchas, almofadas e capas masculinas, uma excelente colecção da corte portuguesa do século XVIII, trajes orientais, nomeadamente da China, da Índia e do Japão, trajes regionais, brinquedos e bonecas», enumerou a responsável.

Madalena Braz Teixeira disse à Lusa que sai num momento em que «os museus nacionais enfrentam grandes dificuldades, como nunca, com falta de dinheiro e de recursos humanos», um problema que também atinge o Museu do Traje, com «apenas um terço aberto ao público porque precisa de grandes obras na cobertura, telhados, manutenção e na própria museologia».

«Apesar da falta de recursos financeiros eu tentei sempre manter uma dinâmica e fiz exposições temporárias de forma a equilibrar o espólio de carácter local e regional com artistas contemporâneos», sublinhou.

Mestre em História da Arte, Madalena Braz Teixeira sai sexta-feira de um museu onde passou quase toda a sua vida profissional, mas não se desliga completamente porque continuará a frequentar a biblioteca para fazer um doutoramento, observou.

Construído no século XVIII, o palacete pertenceu à família do Marquês de Angeja, grande apreciador da natureza, que mandou plantar um jardim botânico anexo ao palacete inserido no Parque do Monteiro-Mor, embelezado por plantas exóticas e árvores centenárias, uma área verde com 11 hectares onde o museu também desenvolve diversas actividades com as crianças.

Depois de ter estado na posse do Duque de Palmela, o palacete foi adquirido pelo Estado em 1975 para um projecto museológico que daria origem ao Museu Nacional do Traje.

Fonte do IMC disse à Agência Lusa que está a decorrer um concurso público para a substituição da directora, cuja saída se deve à aposentação por idade.


Diário Digital / Lusa
 
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