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O impacto da cultura no ambiente

Satpa

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Não há medida para o impacto da cultura no ambiente


Foi notícia quando o escritor José Saramago decidiu que a edição no Brasil do seu romance As Intermitências da Morte fosse totalmente em papel reciclado. Foi notícia quando a escritora J.K.Rowling, autora da saga Harry Potter, quase boicotou a edição na Suécia do sétimo e último volume da colecção por a sua editora naquele país não estar a cumprir as instruções que dera: a de que o papel usado na impressão do livro obedecesse às normas do FSC (Forest Stewardship Council) indicadas pelo Greenpeace. Foi ainda notícia o número de árvores que deixaram de se abater por se decidir que um livro de Harry Potter fosse publicado em papel reciclado no Canadá, país onde, desde o ano 2000, foram impressos mais de seis milhões de livros naquele tipo de papel.

Os exemplos começam a ser cada vez mais e o espaço dado à notícia sobre edições verdes vai sendo proporcionalmente menor. Como Saramago ou Rowling, escritores como Margaret Atwood, Isabel Allende ou Alice Walker aderiram à ideia de imprimir os seus livros em papel reciclado ou parcialmente reciclado. Sinal dos tempos?

Por cá, como em qualquer assunto que tenha a ver com o mercado dos livros, não há números oficiais e não estão feitas as contas às edições que resultam do reaproveitamento de papel, nem mesmo ao volume de exemplares que todos os anos são colocados à venda, seja em que papel for. Ao contrário do que acontece, por exemplo, em Espanha, país onde há dois anos mais de 450 mil livros foram impressos em papel reciclado ou certificado pelo FSC. Aqui, resta trabalhar os poucos dados que existem. Na Valorsul, entidade que tem a cargo o tratamento de resíduos sólidos urbanos de cinco concelhos da área de Lisboa (Loures, Amadora, Odivelas, Lisboa e Vila Franca de Xira), a entrada de papel/cartão não-embalagem (onde se inclui o livro, jornal, cadernos...) representou 55% do total de papel/cartão retomado. Ainda relativamente ao ano de 2007, e tendo por base esta percentagem, a quantidade de papel/cartão não-embalagem enviado para reciclagem foi de 17 641 toneladas. Isto, sublinhe-se, apenas na área de intervenção da Valorsul.

E se uma tonelada deste tipo de papel equivale a três toneladas de madeira... Façam-se as contas. Corresponde a qualquer coisa como 52 923 toneladas de madeira.

A contabilidade é apressada, simplista. Não tem em conta uma quantidade importante de variáveis, como por exemplo, quanto deste papel já era reciclado, mas dá uma ideia do impacto que pode ter no ambiente uma simples edição equivalente à de um título como O Segredo, de Ronda Byrne, - o livro mais vendido em Portugal, em 2007, com uma circulação de 350 mil exemplares.

Os números mundiais alarmam e os técnicos do Greenpeace apelam cada vez mais à reciclagem, revelando que entre 2003 e 2004 era destruída por minuto, na floresta amazónica, uma área equivalente a seis campos de futebol, ou seja, mais de 26 mil quilómetros quadrados de floresta num ano. Esse impacto só se diminui reciclando. A Greenpeace deu o exemplo de Rowling que, ao editar um volume da sua saga em papel reciclado, poupou mais de 28 mil árvores e impediu a libertação na atmosfera de 1,2 milhões de gases poluentes. |


ISABEL LUCAS
DN
 
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