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«Mein Kampf»: Historiadores alemães querem edição comentada

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«Mein Kampf»: Historiadores alemães querem edição comentada

Historiadores alemães voltaram a exigir a publicação de uma edição comentada do «Mein Kampf» (A Minha Luta), de Adolf Hitler, antes que expirem os direitos de autor, em 2015, e possa haver edições para fins propagandísticos.

Desta vez, o pedido veio do centro de Documentação da História do Nacional-Socialismo, em Nuremberga, cujos responsáveis defendem que deve haver uma edição científica, crítica e comentada antes de expirarem, 70 anos após a morte do ditador nazi, os direitos de autor do livro, confiados ao governo regional da Baviera.

A Baviera, um dos 16 estados federados alemães, passou a ter, em 1946, os direitos sobre «Mein Kampf», concedidos pelas potências aliadas que derrotaram a Alemanha nazi (Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), com a condição expressa de não autorizar a respectiva publicação.

O livro, publicado por Hitler em duas partes, em 1925 e 1926, é uma espécie de «Bíblia» do nazismo, em que o ditador destila ódio contra os judeus e os considera responsáveis por todos os males da Alemanha de então, e expõe prematuramente a sua estratégia belicista, por exemplo.

A atribuição dos direitos de autor pelos aliados tem sido uma dor de cabeça para as autoridades alemãs, que nos últimos anos tem tentado impedir, quase sempre sem êxito, a publicação de «Mein Kampf» no estrangeiro.

Até em Israel, pátria dos judeus vítimas do Holocausto, há edições novas do livro, enquanto edições mais antigas podem também ser adquiridas com relativa facilidade nos antiquários.

Hoje em dia, quem não quiser gastar dinheiro poderá mesmo encontrar o texto integral de «Mein Kampf» na Internet.

Há anos que o Instituto de História Contemporânea de Munique (IfZ) vem pedindo autorização para publicar uma edição crítica do livro, cientificamente comentada.

Até agora, porém, os detentores dos direitos de autor têm hesitado, por respeito para com as vítimas do III Reich, embora compreendam os objectivos da ideia.

«Assim poderíamos dar a todos a possibilidade de renir argumentos para a discusssão com os incorrigíveis», afirmou o director do IfZ, Udo Wengst, ao jornal Sueddeutsche Zeitung.

O IfZ tenciona publicar a referida edição comentada antes de 2015, e o tempo urge, porque tal exige, segundo Wengst, que um especialista em história do nazismo se ocupe da obra pelo menos durante três anos.

Segundo um dos historiadores do IfZ habilitado para fazer esse traballho, Dieter Pohl, será necessário «um enorme esforço», sobretudo porque no seu livro Hitler faz muitas afirmações não sustentadas por factos, e praticamente todas as linhas teriam de ser comentadas.

Para evitar uma edição de proporções desmedidas e inacessível ao grande público, o IfZ pretende, no entanto, limitar-se a descodificar as diversas versões existentes, e a explicar a origem dos pensamentos e afirmações de Hitler.

O reputado instituto já editou numerosas obras da época nazi, mas trata-se de publicações científicas, exaustivamente comentadas, e muito caras para serem adquiridas por neofascistas comuns.

Para a edição comentada do «Mein Kampf» atingir os fins pedagógicos em vista, teria de ser vendida, no entanto, por um preço razoável, ou mesmo colocada gratuitamente na Internet, propõe o IfZ.

Até agora, todas as tentativas para levar por diante o projecto científico esbarraram com a recusa do governo regional da Baviera, por respeito à memória das vítimas do Holocausto e para protecção dos judeus.

O professor Wengst considera este argumento «honroso», mas errado, e refere que, em recente conversa com um jornalista israelita, este lhe disse: «não precisamos dessa protecção».





Fonte:Lusa
 
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