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Pedro Goucha Gomes deixou CPBC por falta de apoios

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Pedro Goucha Gomes deixou CPBC por falta de apoios

O coreógrafo e bailarino Pedro Goucha Gomes considera que em Portugal «falta vontade política para apoiar a dança e também falta respeito pelos profissionais» desta área, que «não se desenvolveu da melhor forma» no país.

Três meses após ter entrado como director artístico para a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo (CPBC), Pedro Goucha Gomes concluiu que lhe faltaram «a força e as condições» para se manter no cargo, e por isso decidiu regressar à Holanda, onde está actualmente a apresentar um espectáculo próprio em digressão.

«Foi uma junção de factores que me levou a sair», disse à Agência Lusa, precisando que enfrentou falta de apoios financeiros, divergências no seio da companhia, e falta de condições de trabalho.

Pedro Goucha Gomes, 34 anos, começou a aprender dança na escola da Companhia Nacional de Bailado (CNB), e ainda adolescente foi convidado para dançar no Canadá, ponto de partida para quase duas décadas de trabalho no estrangeiro, passando pela Alemanha, Espanha, Brasil, Estados Unidos e nos últimos anos na Holanda.

Mais recentemente, dividiu com Patrick de Bana a criação das coreografias do filme «Fados», do realizador espanhol Carlos Saura, no qual também dança.

Aceitou o convite de Vasco Wellenkamp - fundador da CPBC e nomeado em 2006 para director da CNB - para dirigir a companhia depois de ter coreografado uma peça no Verão passado.

O desafio a que se propunha era «apaixonante», mas não correu como esperava.

«Não quero criticar os meus colegas, mas habituei-me a uma forma de trabalhar diferente. Respeito as opiniões diferentes, mas também tenho as minhas ideias e, depois de avaliar toda a situação, acabei por sair em Dezembro», recordou, sublinhando que não cortou relações com a CPBC.

A CPBC «é o resultado de um esforço imenso das pessoas, que continuam no projecto apesar de todas as dificuldades, a grande falta de apoios», declarou.

Perante a realidade da companhia que encontrou - «sem apoios da Câmara Municipal de Lisboa ou do Ministério da Cultura, e sem condições de trabalho» - teve que tomar uma opção: «Ou ficava como director artístico ocupando 80 por cento do meu tempo com burocracias, ou então saía», disse à Lusa.

De regresso à Holanda, onde está a fazer uma digressão com um espectáculo da sua autoria - «As of when i used to tell all my secrets to my dog», um dueto em que também participa como bailarino - a realidade é outra.

«Não se pode dizer que o estrangeiro seja um paraíso e em Portugal tudo é mau. Há vários países onde há companhias sem apoios. A crise económica tem influência, mas falta sobretudo vontade política, e também respeito pelos profissionais da dança», criticou.

Por outro lado, considera que «os portugueses são os piores inimigos de si próprios, porque poderiam fazer um esforço maior para mudar. Há questões que têm que ser pensadas com ponderação e pragmatismo», instou.

Pedro Goucha Gomes deu, como exemplo, a forma como os pequenos teatros holandeses procuram cativar o público para a dança, promovendo encontros informais no final dos espectáculos, com debates.

Apesar de estar a reinstalar-se na Holanda, vai passar em Portugal o Dia Mundial da Dança, que se celebra terça-feira, como convidado de honra da Companhia de Dança de Alcobaça, que irá promover diversas iniciativas.

Para o coreógrafo e bailarino português, a efeméride deveria ser celebrada «com um feriado nacional, e todos os teatros a apresentar espectáculos de dança, com o máximo de participação do público».





Fonte:Lusa
 
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