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Etanol da aldeia do Ladoeiro promete dar milhões

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Etanol da aldeia do Ladoeiro promete dar milhões

Foram necessários dez anos para conseguir a sobrevivência da cana-de-açúcar.

É num terreno despovoado, na aldeia de Ladoeiro, no concelho de Idanha-a-nova, que se encontra a única plantação de cana-de-açúcar da Europa, capaz de sobreviver na latitude de 39 graus. O responsável por esta espécie de milagre é Dilip Cumar, um indiano que veio viver para Portugal e precisava desta planta para as cerimónias religiosas. “Necessitava de cana-de-açúcar fresca para o Divali, uma celebração hindu”, explica o empresário agrícola.

Dilip, de 50 anos, pediu à mãe, residente no Malawi, que lhe trouxesse um caule deste país africano. A primeira tentativa correu mal e, quando chegava o Inverno, a planta acabava por morrer. Por isso, decidiu tentar uma inovação: cruzar a cana do Malawi com outras variedades proveniente da Índia. “Foram dez anos de espera até conseguir a sobrevivência da planta”, explica.

A partir desse momento, o empresário percebeu que podia conciliar a parte religiosa com a económica.

Através da produção de cana-de-açúcar é possível fabricar etanol, um biocombustível líquido menos poluente que os tradicionais. Por isso, Dilip fundou a empresa Global Green (E.U.), S.A, com o objectivo de criar uma biorefinaria na região e um centro de investigação na área da produção de cana-de-açúcar e de outras matérias-primas para energias renováveis.

Para desenvolver o negócio Dilip pediu ajuda à Escola Superior Agrária de Castelo Branco (ESACB). É nos laboratórios desta escola que a produção de etanol está a ser testada. “É preciso esmagar a cana e pô-la a fermentar entre 48 a 72 horas. Depois, faz-se uma destilação do líquido a 78,5 graus e o que sobra é etanol a 96%. Para chegar aos 99,8% tem que se utilizar umas partículas de argila com poros que absorvem o resto da água”, explica José Monteiro, professor adjunto, que está a fazer um doutoramento em energia renováveis.

José Paulo Sequeira e Luís Manso, colaboradores da empresa Global Green, completam o núcleo de investigadores dedicados ao negócio. Na plantação de Idanha-a-Nova consegue-se fabricar 120 toneladas de cana-de-açúcar por hectare. O projecto da empresa prevê uma área de sete mil hectares. Como em cada mil quilos desta planta se fabricam 92 litros de etanol e o lucro em cada litro ronda os 32 cêntimos, o negócio pode valer mais de 24,5 milhões de euros.

“Vou tentar exportar para o estrangeiro porque em Portugal não há medidas que obriguem as gasolineiras a apostar neste combustível. Espanha é uma hipótese e os Estados Unidos são outra. Por exemplo, no campeonato de Fórmula Indy, os carros de corrida usam o etanol”, afirma Dilip..

Números

- A plantação dá para fabricar 120 toneladas de cana. Em cada mil quilos fabricam-se 92 litros de etanol e o lucro em cada litro é de 32 cêntimos. O negócio pode valer todos os anos 24,5 milhões de euros.

- Etapas para a produção de etanol: pôr a cana-de-açúcar a fermentar entre 48 a 72 horas. Depois, faz-se uma destilação do líquido a 78,5 graus e o que sobra é etanol a 96%. Para chegar aos 99,8 % tem que se utilizar umas partículas de argila com poros que absorvem o resto da água.


António Sarmento
DE
 
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