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Acordo Ortográfico: Petição on-line contra reforma "desconchavada"

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Acordo Ortográfico: Petição on-line contra reforma "desconchavada"

Um Manifesto/Petição contra o Acordo Ortográfico circula desde sexta-feira on-line, assinado por 19 personalidades ligadas à cultura, política e economia, que acusam esta reforma da maneira de escrever de ser "mal concebida", "desconchavada", "perniciosa" e "desnecessária".

Os signatários sustentam que o Acordo Ortográfico "não tem condições" para servir de base a qualquer proposta normativa.

Descrevem-no como uma "reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor e nas suas prescrições atentatória da defesa da Língua" e do modelo de cultura português. "Reforma não só desnecessária mas perniciosa e de custos financeiros não calculados", afirmam.

Os signatários criticam o "chamado" Acordo Ortográfico pelas suas "imprecisões", "erros" e "ambiguidades".

A Assembleia da República debate a 15 de Maio a proposta de resolução do Governo que contribuirá para a ratificação do Acordo Ortográfico pelo Estado Português.

Consideram nomeadamente "inaceitável" a supressão da acentuação, bem como das impropriamente chamadas consoantes "mudas", lembrando que muitas delas se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.

Contestam o carácter "facultativo" que o texto do Acordo prevê para numerosos casos, considerando que assim fomenta a "confusão".

Exortam a que se estabeleçam "regras claras" para a integração das palavras de outras línguas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, de Timor-Leste e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia de Língua Portuguesa.

Defendem que a transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao Português se façam segundo as normas científicas internacionais, citando como exemplo o caso do árabe.

Os signatários assinalam neste Manifesto/Petição o "aviltamento inaceitável" a que chegou o uso oral e escrito da Língua Portuguesa, considerando que esta degradação "fere irremediavelmente" a identidade multissecular de Portugal e o seu riquíssimo legado civilizacional que urge transmitir aos vindouros.

Responsabilizam em particular os meios de comunicação social por esta degradação mas é ao Estado que apontam baterias por ter "desagregado" o sistema educacional "hoje sem qualidade", designadamente "impondo programas de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História".

Lamentam que se tenha avançado para este Acordo "atabalhoadamente" sem se ter ponderado os pareceres científicos e técnicos, como, por exemplo, o do professor Óscar Lopes, e sem a consulta de escritores, cientistas, historiadores e organizações de carácter cultural e investigação científica.

Finalmente, exortam o Ministério da Educação a "repor o estudo da Literatura Portuguesa na sua dignidade formativa".

O Acordo Ortográfico, que visa unificar a escrita do português, foi alcançado em finais de 1990 e deveria ter entrado em vigor em 1994 mas apenas três dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - aprovaram quer o acordo quer os dois protocolos modificativos entretanto estabelecidos entre os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

O segundo desses protocolos, de 2004, prevê que é suficiente a ratificação do texto por três países para que o mesmo entre em vigor.

Este Protocolo Modificativo foi assinado por todos os países lusófonos, mas apenas ratificado inicialmente pelo Brasil e Cabo Verde, tendo em Agosto de 2006 sido ratificado igualmente por São Tomé e Príncipe.

O Manifesto/Petição em defesa da Língua Portuguesa foi enviado ao presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, presidente da Assembleia da Repúlica, Jaime Gama, e ao primeiro-ministro José Sócrates.

Assinam o manifesto Ana Isabel Buescu, António Emiliano, António Lobo Xavier, Eduardo Lourenço, Helena Buescu, Jorge Morais Barbosa, José Pacheco Pereira, José da Silva Peneda, Laura Bulger, Luís Fagundes Duarte, Maria Alzira Seixo, Mário Cláudio, Miguel Veiga, Paulo Teixeira Pinto, Raul Miguel Rosado Fernandes, Vasco Graça Moura, Vítor Manuel Aguiar e Silva, Vitorino Barbosa de Magalhães Godinho e Zita Seabra.





Fonte:Lusa
 
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