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Solha e faneca estão a desaparecer do Tejo

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Solha e faneca estão a desaparecer do Tejo, diz especialista


A solha e a faneca estão a desaparecer do rio Tejo, em busca de águas menos aquecidas pelas alterações climáticas, enquanto espécies até agora quase inexistentes, como o sargo do Senegal, chegam cada vez em maior abundância.
O aumento da temperatura da água, de quase dois graus em menos de trinta anos, é a razão desta movimentação de espécies piscícolas no estuário do Tejo, segundo explicou à agência Lusa a bióloga Maria José Costa.

Mas se umas espécies abandonam o Tejo, à procura de águas mais frias, outras vêm de longe para ocupar o lugar das que partiram.

"É o caso do charroco [um peixe muito usado em caldeirada]. Quase não existia e hoje pesca-se com a maior facilidade. Outra espécie que também não havia e agora é a mais abundante do Tejo é o sargo do Senegal, que existia apenas na costa africana", conta a investigadora, que dirige o Instituto Oceanográfico da Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa.

Outro exemplo é a corvina, um peixe muito apreciado pelos portugueses: "Dantes a corvina aparecia esporadicamente. Agora faz a sua reprodução no estuário do Tejo e encontra-se muita", adiantou.

Os primeiros estudos da investigadora no Tejo foram feitos em finais da década de 70. Comparando esses dados com os actuais, a investigadora concluiu que as espécies habitualmente do sul aumentaram devido às alterações climáticas e, em especial, ao aumento da temperatura das águas.

O estuário do Tejo é o maior de toda a Europa Ocidental, com uma área de 320 quilómetros quadrados, e sofre outras ameaças, além das climáticas, como o aumento da população, a poluição, a introdução de espécies exóticas, a destruição de habitats naturais ou até a sobreexploração dos recursos.

Mas as alterações climáticas são das que mais preocupam os especialistas: "Os cenários são catastróficos, não podemos continuar assim", defendeu Maria José Costa.

Por seu lado, o especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos alertou para as consequências da subida da temperatura da água no que respeita à erosão costeira, criticando a falta de monitorização deste fenómeno em Portugal.

Mas nem tudo é mau com as alterações climáticas. Nos últimos anos tem-se registado uma descida da temperatura da água à superfície, por causa do vento e das correntes, a que se chama afloramento costeiro.

"Esse fenómeno faz com que ascendam à superfície águas mais frias, o que tem como consequência o arrefecimento das águas e o seu enriquecimento em sais nutrientes (nitratos, fosfatos e silicatos). Logo há mais alimentação e os peixes reproduzem-se mais", explicou o especialistas

Filipe Duarte Santos considera que existem sinais de uma intensificação desse fenómeno, mas ressalva ser ainda cedo para conclusões seguras sobre esta boa nova para o sector da pesca.


Diário Digital / Lusa
 
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