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António Calvário edita CD e autobiografia nos 50 anos de carreira

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Música: António Calvário edita CD e autobiografia nos 50 anos de carreira de "cantor recreativo"


Lisboa, 01 Jun (Lusa) - António Calvário está a celebrar 50 anos de carreira tendo já editado um disco, em que inclui dois inéditos, e uma autobiografia, pois sentiu necessidade de contar "algumas histórias de uma grande história", como disse à Lusa.

"Cantor recreativo" como se define, Calvário, que venceu o primeiro Festival RTP da Canção (1964), pretendia ser pianista clássico.

Natural de Lourenço Marques (actual Maputo), António Calvário, 69 anos, começou a estudar piano, pois pretendia "seguir a carreira de pianista clássico", mas um "acaso" levou-o a cantar.

"No colégio, em Portimão, o director decidiu que eu ia cantar na festa, pois confundiu-me com outro miúdo. Falei nisso à minha professora de piano, que ao me experimentar, disse que era afinadíssimo e tinha boa voz, depois vim para Lisboa, tive aulas com Corina Freire, inscrevi-me no concurso da Emissora Nacional e entrei para os seus quadros, em 1958, sem ter de passar pelo famoso Centro de Preparação de Artistas", contou.

Corina Freire tem um capítulo na sua autobiografia, não por ser sua prima mas "para que nunca se esqueçam de alguém tanto fez pelo seu país". Eleita "o mais bonito sorriso de Paris", Corina teve uma carreira internacional como artista de variedades.

António Calvário conquistou legiões de fãs e foi eleito Rei da Rádio e também da Televisão.

Em declarações à Lusa, o intérprete de "Oração" afirmou que "a popularidade e os fãs" condicionaram-lhe as opções de vida, incluindo a de se casar.

"Os fãs mudaram em parte a minha vida, nomeadamente a opção do casamento, tive sempre um enorme respeito pelo público e nunca lhe quis desagradar e fui maleável", disse.

À Lusa contou histórias de "colegas que nunca revelavam os seus casamentos pois não caía bem naqueles tempos ser-se casado, e antes de irem para o palco tiravam a aliança".

Na sua autobiografia, "Histórias da minha vida", editada pela Guerra & Paz, conta "outras histórias e encontros" ao longo de uma carreira que afirma "ter sido sempre constante, mesmo quando as coisas não estavam de feição".

O cantor referia-se ao período após o 25 de Abril de 1974, em que deixou de cantar "nos palcos em que estava habituado, para cantar em night-clubs e cabarets".

"As músicas mais requisitadas na época não se integravam no estilo ligeiro e romântico que era o meu, mas nunca deixei de cantar e fi-lo com dignidade onde me davam trabalho", sublinhou.

Aliás, pouco tempo enfrentara também dificuldades para pagar dívidas que contraíra como produtor do filme "O diabo era outro", que protagonizou com Leonor Poeira, Milú e Hermínia Silva.

"As filmagens foram-se arrastando, o realizador não dava o filme por terminado e como produtor tive de contrair um empréstimo junto da banca, mas paguei tudo, cantando onde me davam trabalho, até em circos e fiz digressões às ex-colónias por minha conta e risco que correram bem e me permitiram saldar tudo", disse orgulhoso.

O filme foi aliás obstáculo para encetar uma carreira internacional a partir do México, depois do sucesso alcançado no I Festival da Canção Latina (1969) em que foi o melhor europeu, tendo terminado em 4º lugar.

"Havia projectos concretos para gravar e fazer espectáculos, mas tinha de ficar a residir lá e queria acabar o filme e não pude aceitar", recordou.

Uma carreira internacional que lhe passou "sempre ao lado, apesar dos convites" como quando representou Portugal, em 1964, no Festival da Eurovisão, com "Oração".

"Uma editora francesa mostrou interesse em gravar `Oração` em francês e outras canções, mas a minha editora portuguesa, a Valentim de Carvalho, na altura não autorizou", lembrou.

A sua actuação em Copenhaga foi aliás atribulada, depois de ter cantado houve protestos contra o regime político de então.

"Felizmente que tinha já terminado de cantar, pois nervoso como estava, tinha sido dirigido por um maestro estrangeiro, fui aliás o único que não levou maestro, e teria sido complicado, eu fui logo avisado pelo cônsul de Portugal que os jornalistas me iam apertar com questões de política, mas eu não percebia nada de política, só muitos anos depois do 25 de Abril, é que fui entendendo. Vivia só para as cantigas e a minha música", disse.

O cinquentenário artístico é uma efeméride que está a ser assinalada.

"Estive em cena durante quatro meses com uma revista em Portimão, sai este CD e estão ainda previstos outros dois, um apenas com inéditos, e esta autobiografia".

O CD, "Nos palcos da vida", editado pela Farol, reúne predominantemente temas gravados nas décadas de 1970, 1980 e 1990, no total de 20, entre eles, "Mocidade, mocidade".

Os dois inéditos do CD são "Cheguei estou aqui" e "Só a cantar", ambos de Ondina Santos e Vítor Talhas.

"A Valentim de Carvalho editará um álbum com êxitos das décadas de 1960 e 1970 e estou a preparar um de inéditos", disse.


NL.

Lusa/Fim
 
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