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The Bee Gees

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Jun 8, 2007
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The Bee Gees
Falar dos Bee Gees, sempre foi, ao longo de toda a intervenção na História da Música Rock, um assunto polémico. Dividindo os teóricos da especialidade, estes três irmãos ingleses, que chegaram da Austrália, tiveram contudo um particularidade invulgar: introduziram no circuito, ou na cena, como preferirem, um estilo original que oscilava entre a pureza e a melodia. Todo o arranjo vocal assentou em bases extremamente simples e de grande efeito o que, por si só, foi o suficiente para ocupar um espaço dentro do Rock, que se encontrava vazio. Grupo lamecha para uns, músicos da beleza para outros, os Bee Gees sempre foram notícia. A sua vida divide-se em duas fases perfeitamente distintas, sendo que ambas partem da capital europeia da música rock: Londres.
Tudo começaria na cidade inglesa de Manchester, onde o pai de Hugh Gibb era o chefe de uma pequena orquestra local. No Natal de 1956 o pai Hugh oferecia ao filho mais velho, Barry, uma guitarra. Enquanto Barry ocupava o tempo a tirar de ouvido os velhos êxitos dos seus preferidos, Paul Anka e Everly Brothers, os dois irmãos gémeos, Maurice e Robin, entravam igualmente na onda e cedo, seis meses depois, se apanharam a cantar num pequeno cinema da sua cidade. Interpretando um dos maiores sucessos da altura "Wake Up Little Susie", os irmãos Gibb adoptariam o nome de "The Blue Cats" para se poderem apresentar no mesmo cinema, todos os domingos de manhã.
Em 1958, o pai Hugh decide mudar-se para Sidney, na Austrália, para aí começar uma vida nova, levando consigo toda a família. Passados alguns meses, os manos conseguiam uma audição pública pela Rádio de Brisbaness Station.
Ainda que o sucesso não tivesse sido tentador, tiveram contudo a oportunidade de conhecer Bill Gates (não, não é esse), um disc-jockey que se interessou por eles. Das iniciais dos seus nomes foi tirado um novo nome para o grupo: BEE GEES. Gravam, então, o seu primeiro single, contendo música da sua autoria, tendo o tema "Three Kisses of Love" obtido algum sucesso.
Percorriam entretanto todo o país, a Austrália, dando dezenas de concertos e impondo o seu estilo. Em 1965 e 66 atingiram o primeiro lugar dos tops australianos com os temas "Wine and Women", "I Was a Lover and Leader of Men" e "Spicks and Specks".
Durante dois anos seguidos foram considerados o melhor grupo. Animados pelo sucesso australiano, os irmãos Gibb, decidem tentar a sua sorte no seu País natal, a Inglaterra, onde naquele tempo se escreviam as melhores páginas da História da Música Rock.
Enquanto preparavam a sua partida, Barry Gibb decidiu enviar para Londres todas as gravações ao cuidado do manager dos Beatles, Brian Epstein. Ao certo não se sabe o que aconteceu, mas o que é facto é que todas essas gravações foram parar à mão de um dos agentes amigos de Epstein, o então desconhecido Robert Stigwood.
Talvez motivado com o sucesso que "Spicks" tinha tido na Austrália, Stigwood resolveu promover este tema em Inglaterra, apoiado numa grande campanha de publicidade. Os resultados não foram de todo animadores. É então que os irmãos Gibb escrevem aquele que viria a ser a sua rampa de lançamento definitiva no mundo da pop: "New York Mining Disaster". Primeiro lugar imediato em Inglaterra e em outros países. O caminho estava aberto e os Bee Gees começaram sem hesitações a percorrê-lo.
"New York" venderia mais de um milhão de discos e "Massachusets" ultrapassaria largamente este número. O sucesso da banda crescia por todo o lado, especialmente nos Estados Unidos, onde se tornaram um dos nomes favoritos do público em geral. Na sua primeira apresentação nos States os Bee Gees receberiam a "módica" quantia de 50.000 dólares. Depois é só uma questão de enumerar o que de memória se retém: "World", "I´ve Got a Message ToYou", etc. etc.
Para dar um som mais compacto ao grupo, os Bee Gees decidiram integrar dois músicos australianos Colin e Vince que, inconscientemente, haveriam de servir de prova à popularidade dos Bee Gees. A gente conta como foi. Colin e Vince eram estrangeiros em Inglaterra, razão pela qual precisavam de licença de trabalho. Aconteceu que essas licenças esgotaram a validade e os dois australianos viram-se obrigados a regressar ao seu país. Este assunto fez correr muita tinta, porque envolvia o destino de todo o grupo, que chegou mesmo a anunciar a sua dissolução. Toda a questão se resolveu, ultrapassados os diferentes problemas legais que envolvia. Enquanto decorria todo este processo, dezenas de jovens deslocavam-se diariamente ao Palácio de Buckingham com as mãos amarradas em sinal de protesto.
Resolvida esta trapalhada, tudo parecia retomar o ritmo normal, mas não foi isso que aconteceu. Em 1969, por razões tão diferentes quão inesperadas, os elementos do grupo anunciaram a sua separação. Vince decide regressar à Austrália, o que Colin faria igualmente, algum tempo depois. O que parecia impensável, tornou-se numa realidade, os irmãos Gibb zangaram-se e Robin parte para construir a sua própria carreira de solista. Enquanto se desenrolava este "drama" os irmãos casavam-se. Maurice casou com uma cantora famosa na altura, "Lulu". Mas, em 1970, Robert Stigwood corria desenfreado para todos os jornais a dar a boa nova! Os Bee Gees vão regressar. E regressaram, com um novo baterista, Geoff Bridgford, e dois temas de grande impacto: "Lonely Days" e "How Can You Mend a Broken Heart".
Grandes nomes do music-hall começaram então a cantar as músicas dos irmãos Gibb: Frank Sinatra, Tom Jones, Elvis Presley, Nina Simone, José Feliciano e muitos outros. Dos temas "To Love Somebody" e "Morning of My Life" seriam feitas dezenas de diferentes versões.
O que não deixa de ser interessante constatar na vida destes três irmãos ingleses, enquanto músicos, é o facto de que embora perturbados pela separação do grupo, os seus nomes nunca deixaram individualmente de merecer o respeito e a admiração de todos. Os dois álbuns que antecederam a sua separação, "Ideia" e "Odessa", chegaram mesmo a gozar de maior popularidade, por exemplo na Alemanha, do que qualquer outro trabalho dos Beatles ou dos Rolling Stones.
Os álbuns que se seguiram à nova fase da vida do grupo, apresentam características diferentes de toda a sua obra anterior. Com efeito, "Two Years On", "Main Course" e "Children of the World", embora mantendo a originalidade dos arranjos vocais, abrem novas perspectivas à expansão criadora do grupo, assentando na reformulação musical de toda a obra. Projectados que são, agora, para os quase ilimitados horizontes da fama, a que não é alheio de maneira nenhuma o seu trabalho em "Saturday Night Fever", o balanço da obra dos Bee Gees é, sem dúvida, compensador para os músicos e para os seus admiradores. Uma obra que se divide, como dissemos no princípio, em duas fases distintas: entre a pureza e a melodia e a intervenção mais efectiva num circuito mais amplo da história do Rock.
Em "Saturday Night Fever", os Bee Gees responsabilizaram-se por quase toda a Banda Sonora. No entanto, o cinema não os quer exclusivamente como músicos, daí a sua participação na adaptação cinematográfica da mais indiscutível obra-prima da música rock: "Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band", dos Beatles.
O ano de 1978 parecia não acabar para os Bee Gees. Em Novembro, iniciam a gravação de um novo álbum: "Spirits Having Flown". Três singles fizeram a festa: "Too Much Heaven", "Tragedy" e "Love You Inside Out", todos com passagem pelos primeiros lugares das tabelas de venda, nos dois lados do Atlântico. O álbum vendeu mais de 20 milhões de cópias em todo o mundo.
A década fechou com os manos Gibb em alta: entre 77 e 80, eles comandaram o grupo pop mais bem sucedido de todo o planeta. Mas logo a seguir, o reverso da medalha, com o álbum "Living Eyes" a realizar uma carreira quase confidencial. Resolveram fazer uma pausa nas actividades da equipa e dedicar-se à família.
Robin e Barry aproveitaram para gravar a solo e estenderam a "marca" Gibb a uma série de outros artistas: Barbra Streisand ("Woman In Love"), Diana Ross ("Chain Reaction"), Dionne Warwick ("Heartbreaker") e a dupla Dolly Parton/Kenny Rogers ("Island In the Stream").
Em 1987, Bee Gees de novo em acção com o álbum "E.S.P." e o single "You Win Again". Voltaram também ao palco, com uma digressão que passou por três continentes. Começou aqui um ciclo de actividades bienais que, invariavelmente, constou de um álbum, um ou dois singles de sucesso, uma ou outra aparição ao vivo e um qualquer prémio. Uma espécie de período de manutenção, que correspondeu aos álbuns "One" (1989), "High Civilization" (1991) e "Size Isn’t Everything" (1993).
Na segunda metade dos anos 90, os Gibb continuaram a ver canções deles nos primeiros lugares dos tops, ainda que por interposta pessoa. Assim aconteceu com "Stayin’ Alive (pelos Ntrance), "How Deep Is Your Love" (Take That) e "Words" (Boyzone). Para não perderem a mão, os próprios Gibb refizeram "First of May", de molde a chegar a "top one" e, deste modo, abriram caminho para um novo álbum de originais. O disco chama-se "Still Waters", comemora 30 anos de carreira e antecede a maior digressão de sempre dos Bee Gees, que vai correr, a partir deste Verão, quatro continentes em 18 meses.
Com mais de 100 milhões dediscos vendidos, que os colocam no "top five" de todos os tempos (atrás de Elvis Presley, Beatles, Michael Jackson e Paul McCartney), os Bee Gees preparam-se, não só para vencer mais uma década, mas, sobretudo, para dobrar o milénio nos primeiros lugares das tabelas de venda.


Nota: Parte desta biografia foi publicada no número especial de Música & Som dedicado ao filme "Saturday Night Fever".
 
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