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ENERGIA ALTERNATIVA-Brasileiro produz combustível de pneu

jairobel

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Cláudia Macedo - O Globo Online


RIO - Quando o americano Charles Goodyer deixou a borracha cair no fogão e descobriu que a vulcanização deste material poderia ser transformada em pneus, não tinha noção da revolução que causaria nos transportes. Agora a proeza é inversa. O empresário brasileiro Flávio Ortigão está desenvolvendo uma pesquisa para transformar pneus velhos em etanol. De vilões, os pneus podem se transformar em mocinhos na preservação do meio ambiente, como fonte de energia alternativa.

No ano passado o governo do Alabama, Estado Unidos, ofereceu créditos de financiamento de U$ 200 milhões para empresas privadas que desenvolvessem tecnologias ligadas à energia. O projeto de Ortigão foi um dos escolhidos.


- No Brasil, estes pneus já são usados para fazer cimento. Mas é possível gaseificar o pneu. É basicamente fazer o mesmo processo de transformá-lo em gás hulha. Os pneus são primeiramente triturados. Os pedaços são usados como ponto de partida para a destilação seca, quando é produzido o metano. Os pneus são ótimos porque tem mais calor por quilo do que o carvão - disse o empresário.


O resíduo de borracha de pneu, quando queimado, produz 7.500 Unidades Térmicas Britânicas (BTU) por quilo ou 300.000 BTU por pneu. Isto equivale a 80% da quantidade de calor produzida pelo mesmo peso de petróleo cru.


Do gás ao líquido
É com o gás produzido pela combustão de pneus que se inicia o trabalho do grupo liderado por Ortigão. Para ajudar no processo químico, os pesquisadores usam enzimas extremófilas, encontradas na área vulcânica da Ilha da Madeira, em Portugal. Estas enzimas, como indicam o nome, são encontradas em áreas extremas, como águas geladas, locais com salinidade muito elevada, ou áreas com temperatura acima de 74º C. As enzimas já são usadas na indústria farmacêutica, alimentícia e de cosméticos.


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Tinha muita vontade de fazer este trabalho no Brasil. Passei oito meses no Rio tentando fazer esta parceria, mas a coisa não andava
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- Como o gás não é uma energia de fácil transporte. Nosso grupo utiliza enzimas extremófilas no processo de fermentação. Como estão acostumadas com processos em alta temperatura, elas são usadas para produzir um combustível líquido - afirmou.

De acordo com o empresário, o custo do combustível feito a partir do pneu seria 4 vezes mais barato do que o etanol comercializado nos Estado Unidos. Enquanto o galão de etanol custa em média U$ 4, o combustível de pneu custaria U$ 1.

- Há um grande problema com os pneus velhos aqui nos Estados Unidos. Cada ano 250 milhões são jogados em aterros sanitários e se juntam aos 2 bilhões de pneus que já foram descartados - afirmou .

Pesquisa fora do Brasil

A situação no Brasil não é muito diferente. Cerca de 20 milhões de pneus são jogados fora todos os anos no país. Além de levar 100 anos para se decompor, quando cheios de água, podem ser um ótimo esconderijo para o mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue.

Ortigão pensou inicialmente em desenvolver a pesquisa no país natal. Mas diz não ter encontrado apoio e financiamento.


- Tinha muita vontade de fazer este trabalho no Brasil. Passei oito meses no Rio tentando fazer esta parceria, mas a coisa não andava. Foi quando recebi um telefonema do pessoal daqui. Estou há três anos nos Estados Unidos e desde 2007 estamos desenvolvendo este projeto - lamentou.

Apesar de não ter pretensões de atingir a produção em grande escala, Ortigão acredita que a pesquisa pode trazer grandes ganhos para a produção de energia alternativa.

- Acho este projeto muito interessante porque ele resolve o problema dos pneus que estão sendo jogados no lixo - disse.
 
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