- Entrou
- Set 25, 2006
- Mensagens
- 6,031
- Gostos Recebidos
- 0
06 de Julho de 2008, 10:12
Lisboa, 06 Jun (Lusa) - O quotidiano da Corte portuguesa no Brasil, entre 1811 e 1821, é relatado em cartas escritas por um funcionário da Biblioteca Real da Ajuda que acompanhou a Família Real e agora publicadas pela Biblioteca Nacional.
É a primeira vez que é publicada a totalidade dos 206 documentos que compõem a correspondência entre Luís Joaquim dos Santos Marrocos e o seu pai e outros familiares.
"Inicialmente ele critica o clima, o estado da cidade, etc., mas acaba por se afeiçoar e casar no Rio de Janeiro com uma 'sinházinha' como ele diz e de quem teve dois filhos", assinalou à Lusa o director da Biblioteca Nacional, Jorge Couto.
As cartas foram encontradas na escrivaninha do pai na Biblioteca da Ajuda, quando este abandonou o cargo que ali desempenhava. Das 206 cartas, 163 são endereçadas ao pai, as outras à irmã e restantes familiares.
Luís Joaquim Marrocos conseguira emprego como praticante da Biblioteca Real da Ajuda, onde seu pai, um professor laico em Belém, trabalhava como ajudante.
"Tinha frequentado a Universidade de Coimbra, mas era um boémio e o pai consegue-lhe aquele emprego. É nessa condição que acompanha a segunda remessa de volumes da biblioteca para o Rio de Janeiro, em 1811", explicou Jorge Couto.
Segundo Couto, Luís Joaquim Marrocos estava encarregue dos manuscritos e nas suas cartas escreve como "diligencia para cair nas boas graças dos poderosos".
"Ele conta que o Príncipe regente, D. João, levantava-se às sete da manhã e ele pontualmente logo pela manhã ia sempre beijar-lhe a real mão", referiu Couto.
As cartas revelam, porém, outros pormenores para além das questões particulares de Luís Joaquim Marrocos, que cortará relações com a família em 1821, ao decidir ficar no Brasil, onde se torna partidário de D. Pedro, futuro Imperador.
"Ele refere as manobras de bastidores da Corte e os diversos grupos que circulavam, faz alguns comentários sobre determinadas personalidades", disse Jorge Couto.
Frei José Mariano da Conceição Veloso e Manuel Francisco Carvalhosa, filho varão do primeiro visconde de Santarém, "são duas personalidades que menospreza".
"Veloso é um botânico e o autor de 'Florae Fluminensis', e o segundo visconde de Santarém desempenhará um papel importantíssimo, no futuro, na cartografia", salientou Jorge Couto, segundo o qual, "relativamente a Manuel Francisco, Marrocos faz a justiça de afirmar que é um assíduo frequentador da biblioteca".
A publicação com grafia actualizada, de "Cartas do Rio de Janeiro, 1811-1821", de Luís Joaquim dos Santos Marrocos, insere-se na política de publicação de fontes documentais, levada a cabo pela Biblioteca Nacional e ocorre no quadro das comemorações dos 200 anos da partida da Família Real para o Brasil.
A publicação inclui dois estudos, de Ana Cristina Araújo sobre o contexto das cartas e a partida da Família Real para o Brasil, e um outro de Luís Marques sobre as marcas de água.
NL.
Lusa
Lisboa, 06 Jun (Lusa) - O quotidiano da Corte portuguesa no Brasil, entre 1811 e 1821, é relatado em cartas escritas por um funcionário da Biblioteca Real da Ajuda que acompanhou a Família Real e agora publicadas pela Biblioteca Nacional.
É a primeira vez que é publicada a totalidade dos 206 documentos que compõem a correspondência entre Luís Joaquim dos Santos Marrocos e o seu pai e outros familiares.
"Inicialmente ele critica o clima, o estado da cidade, etc., mas acaba por se afeiçoar e casar no Rio de Janeiro com uma 'sinházinha' como ele diz e de quem teve dois filhos", assinalou à Lusa o director da Biblioteca Nacional, Jorge Couto.
As cartas foram encontradas na escrivaninha do pai na Biblioteca da Ajuda, quando este abandonou o cargo que ali desempenhava. Das 206 cartas, 163 são endereçadas ao pai, as outras à irmã e restantes familiares.
Luís Joaquim Marrocos conseguira emprego como praticante da Biblioteca Real da Ajuda, onde seu pai, um professor laico em Belém, trabalhava como ajudante.
"Tinha frequentado a Universidade de Coimbra, mas era um boémio e o pai consegue-lhe aquele emprego. É nessa condição que acompanha a segunda remessa de volumes da biblioteca para o Rio de Janeiro, em 1811", explicou Jorge Couto.
Segundo Couto, Luís Joaquim Marrocos estava encarregue dos manuscritos e nas suas cartas escreve como "diligencia para cair nas boas graças dos poderosos".
"Ele conta que o Príncipe regente, D. João, levantava-se às sete da manhã e ele pontualmente logo pela manhã ia sempre beijar-lhe a real mão", referiu Couto.
As cartas revelam, porém, outros pormenores para além das questões particulares de Luís Joaquim Marrocos, que cortará relações com a família em 1821, ao decidir ficar no Brasil, onde se torna partidário de D. Pedro, futuro Imperador.
"Ele refere as manobras de bastidores da Corte e os diversos grupos que circulavam, faz alguns comentários sobre determinadas personalidades", disse Jorge Couto.
Frei José Mariano da Conceição Veloso e Manuel Francisco Carvalhosa, filho varão do primeiro visconde de Santarém, "são duas personalidades que menospreza".
"Veloso é um botânico e o autor de 'Florae Fluminensis', e o segundo visconde de Santarém desempenhará um papel importantíssimo, no futuro, na cartografia", salientou Jorge Couto, segundo o qual, "relativamente a Manuel Francisco, Marrocos faz a justiça de afirmar que é um assíduo frequentador da biblioteca".
A publicação com grafia actualizada, de "Cartas do Rio de Janeiro, 1811-1821", de Luís Joaquim dos Santos Marrocos, insere-se na política de publicação de fontes documentais, levada a cabo pela Biblioteca Nacional e ocorre no quadro das comemorações dos 200 anos da partida da Família Real para o Brasil.
A publicação inclui dois estudos, de Ana Cristina Araújo sobre o contexto das cartas e a partida da Família Real para o Brasil, e um outro de Luís Marques sobre as marcas de água.
NL.
Lusa