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Peixes ganham alimentação mais saudável

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Já estão a ser feitos testes para a produção de dourada e linguado recorrendo a um tipo de ração que usa menos farinha de peixe. Parte deste último componente é substituído por um concentrado de ervilha e também farinha de soja.

Portugal coordena um projecto europeu, o SEACASE, que procura soluções para uma aquacultura extensiva e semi-intensiva com menos impacto no meio ambiente próximo e distante. Cientistas que integram o Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMAR) desenvolveram uma fórmula alimentar que integra sub-produtos da soja, trigo e milho, bem como concentrado de ervilha. O intuito é reduzir o teor habitual de 32% de farinha de peixe para uma margem de 12,5%. O recurso ao óleo de peixe também pode ser reduzido de 100% para 30 ou 40%. Só não é encarada a eliminação total do óleo de peixe para não ser assim eliminada a fonte de Omega-3.

As experiências têm vindo a ser feitas nas unidades do IPIMAR (Instituto das Pescas e do Mar), no Algarve, onde em breve, na estação de Olhão, vai começar a validação final.

O interesse deste tipo de pesquisa decorre de duas circunstâncias. Em primeiro lugar, a aquacultura, sobretudo a intensiva, recorre a rações que têm na sua composição elevada percentagem de farinha e óleo de peixe.

Este facto torna controversa a produção de um alimento com base noutro alimento e mesmo departamentos das Nações Unidas já chamaram a atenção para tal paradoxo. Sobretudo porque há práticas ilegais de pesca que arrasam os fundos marinhos para fornecerem matéria-prima a alguma indústria de farinhas que não se contenta com os sub-produtos da actividade pesqueira.

Em segundo lugar, a aquacultura não é isenta de impactos ambientais directos, maiores ou menores, consoante a intensidade da produção e a existência ou não de tratamento de efluentes, que até pode ser inviável nas unidades instaladas ao largo.

O projecto de desenvolvimento de uma ração com menor percentagem de farinha e óleo de peixe visa melhorar impactos da produção e melhorar o produto, disse ao JN o investigador Luís Conceição, que pertence ao Laboratório Associado do Estado CIMAR, um núcleo que agrega departamentos de ciências marinhas e ambientais das Universidades do Porto e do Algarve.

Está a ser testada a produção de dourada e também linguado nestas condições. A ideia fundamental é a de aumentar a produção sem impactos no meio ambiente e com melhor qualidade do peixe. Os destinatários são as aquaculturas semi-intensivas, as que, por enquanto estão a funcionar em Portugal. Nelas, parte do alimento é natural, enquanto que nos sistemas intensivos "o controlo é quase absoluto" e no final da produção há o rendimento de 15 a 30 quilos por cada metro cúbico, segundo esclarece Luís Conceição, da Universidade do Algarve. No regime semi-intensivo, os resultados cifram-se entre 1,5 a três quilos. Essa é uma das razões pelas quais os investigadores consideram que a produção se pode diferenciar, em termos de qualidade, daquela que sai da aquacultura intensiva.

Este tipo de aquacultura "pode recuperar zonas de salinas abandonadas", refere o mesmo especialista, acrescentando que as formas menos densas de produção de peixe para alimentação humana sofrem a competição da aquacultura intensiva e enfrentam as restrições impostas pela urbanização costeira.

O projecto SEACASE, que se trata de uma encomenda da Comissão Europeia, está a ser desenvolvido por núcleos de pesquisa em Espanha, França, Itália, Grécia e Portugal, sendo este país que o coordena. Os outros parceiros mediterrânicos testam outras soluções com outras espécies. A produção extensiva de enguia é uma das situações em estudo. Os dados das experiências vão sendo, entretanto, partilhados. A pesquisa deverá estar concluída em Dezembro de 2009.

JN
 
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