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Hospital S. João, Porto, evita cirurgia no tratamento do Pé Boto com método Ponseti

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Fev 4, 2008
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O Hospital de S. João, no Porto, já evita a cirurgia na correcção do Pé Boto em bebés, utilizando o método Ponseti para tratar esta deformação congénita que afecta um a três bebés em cada mil nascimentos
Através deste método, é possível corrigir esta malformação «manipulando» o pé (com as mãos) e engessando-o, entre cinco a sete vezes, evitando-se assim a cirurgia.

Este método Ponseti é utilizado em Portugal em três hospitais da Área Metropolitana de Lisboa (Garcia de Orta, em Almada, e Santa Maria e Dona Estefânia, em Lisboa) e no Funchal, tornando-se o S. João a primeira unidade hospitalar do Norte a adoptá-lo.

Nuno Alegrete, médico ortopedista infantil no S. João, afirmou à Lusa que os bebés com Pé Boto devem ser tratados logo na primeira semana de vida.

«A grande vantagem da aplicação deste método é pôr o pé completamente funcional e indolor», disse, contando que, com a cirurgia, «apesar da correcção ser mais imediata, pode surgir dor a longo prazo».

Segundo referiu, antes de se partir para a cirurgia é sempre utilizado o gesso na sua correcção, mas este método Ponseti marca a diferença pela forma como o pé é manipulado.

«O resultado deste tratamento é espectacular, é possível corrigir os pés sem que fiquem com limitações», disse, «a taxa global de resolução desta malformação é de 95 por cento».

Nuno Alegrete mostrou-se surpreendido como é que este método que classifica ser «o ovo de Colombo» está tão pouco desenvolvido em Portugal, pretendendo criar naquela unidade hospitalar uma «Clínica de Pé Boto», através de consulta aberta às terças-feiras de manhã.

Sofia, de 16 dias de vida, colocou o primeiro gesso uma semana depois de nascer e, em tão pouco tempo, surpreendeu e entusiasmou os pais ao mostrar o seu pequeno pé «quase direito».

«A Sofia nasceu com o pé completamente metido para dentro e a diferença é muito notória em apenas uma semana de gesso», congratulou-se o pai.

A malformação foi-lhe detectada quando a mãe completou as 20 semanas de gestação, através de uma ecografia, e os pais desde logo trataram de pesquisar na Internet o que é, afinal, a doença e como se pode tratar.

Assim que o médico Nuno Alegrete retirou o primeiro gesso da perna de Sofia e adiantou que bastaria, em princípio, repetir o procedimento apenas mais duas vezes, os pais mostraram-se radiantes.

Já Pedro, de seis meses e meio, é um caso «mais complicado», nas palavras de Alegrete, pois só apareceu no S. João recentemente e os seus dois pés Boto tinham sido «mexidos» anteriormente.

Mesmo assim, o pai estava muito entusiasmado quando foi retirado o gesso ao Pedro, porque os pés, que «nasceram mesmo em gancho, já estão muito melhores».

A mãe contou à Lusa que o Pedro está mais que habituado ao gesso, tornando-se apenas desagradável a hora do banho e o ter que ouvir, no dia-a-dia, comentários menos agradáveis na rua.

«Uma vez respondi que ele tinha partido as duas pernas a jogar futebol», afirmou, considerando que o melhor é ironizar.

Após a aplicação dos gessos, é efectuada uma tenotomia do tendão de Aquiles, «um pequeno corte que é feito com anestesia local, em regime de ambulatório», explicou o médico.

Como o Pé Boto tende a recidivar, os bebés têm que usar durante dois a três meses de forma contínua uma tala especial, com umas botas.

Depois, «basta usar esta tala durante a noite até cerca dos três ou quatro anos», concluiu Alegrete.

Este método é indolor para os bebés, que rapidamente se habituam ao gesso e à própria tala, já que são aplicados desde a nascença.

O objectivo de Nuno Alegrete, que realizou formação com o médico Ponseti nos Estados Unidos em Abril, é reduzir no S. João a um por cento a taxa de cirurgia ao Pé Boto.

«A taxa de cirurgia é de cerca de 20 a 30 por cento. Pretendo reduzir a um por cento, utilizando-a apenas em casos rebeldes», concluiu.

Lusa/SOL
 
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