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Mahmud Ahmadinejad: O xiismo messiânico no poder

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Mahmud Ahmadinejad: O xiismo messiânico no poder


ANTÓNIO RODRIGUES
Irão. O isolamento do país conheceu novo impulso com a eleição para a Presidência de Ahmadinejad, o homem que acredita ser preciso preparar o país para a chegada do 12.º imã, Mahdi, o Imã Escondido, espécie de D. Sebastião do xiismo
A família do Presidente iraniano mudou o apelido nos anos 50, quando o patriarca decidiu que era tempo de deixar Garmsar (perto de Aradan) e tentar a sorte um pouco mais a norte na grande capital, Teerão. Saborjhian está muito bem para a aldeia, onde todos se conhecem, mas, no anonimato da grande cidade, aquele sufixo "ian" podia ser facilmente confundido com alguma origem arménia ou, pior ainda, judaica. O pequeno Mahmud, nascido a 28 de Outubro de 1956, cresceu assim em Teerão como Ahmadinejad, estudou, entrou na universidade, tornou-se engenheiro, professor, doutor em Engenharia de Transportes, fez a guerra Irão-Iraque nos serviços secretos e de segurança dos Guardas da Revolução, unidade militar de elite do Irão, meteu-se na política, foi governador e, mais importante, tornou-se presidente da câmara dessa cidade que recebeu a família nos anos 50.

Nessa altura, em 2003, quando ganhou a câmara da capital ainda era um perfeito desconhecido, rosto principal de uma coligação de pequenos partidos e organizações religiosas (Abadgaran - Aliança dos Construtores do Irão Islâmico) que primava pelo seu conservadorismo e se opunha firmemente às políticas reformistas do Presidente Mohammad Khatami.

A religião é uma parte fundamental da visão política de Ahmadinejad, senão mesmo a única. Qualquer dimensão da vida se rege segundo os preceitos do Alcorão, ponto de partida e de chegada de uma filosofia política que pretende regressar ao purismo da Revolução islâmica que derrubou o Xá Reza Pahlavi, entronizou o ayatollah Khomeiny, vestiu de preto o Irão e sonha agora com exportar o xiismo.

"Esta revolução tenta criar um governo de alcance mundial", disse Mahmud Ahmadinejad durante a sua campanha eleitoral para a presidência em 2005, uma frase encarada como um exagero de eleições que se vem afirmando cada vez mais como um objectivo. A forma como o Irão aproveitou o caos do Iraque para fazer valer as suas pretensões, demonstra como o Presidente está empenhado nessa matéria.

O programa nuclear iraniano, o ostensivamente público antagonismo em relação aos israelitas, mesmo a negação do Holocausto parecem etapas de um processo cujo objectivo mais próximo é aumentar a influência do Irão (e do xiismo) no Médio Oriente e que tem como fim longínquo o domínio do mundo.

O messianismo de Ahmadinejad é uma componente muito forte da sua visão. O Presidente está convencido que é preciso preparar o país para a chegada do 12.º imã, Mahdi, o Imã Escondido, espécie de D. Sebastião do xiismo - uma das primeiras acções do seu Governo foi a doação de 12,5 milhões de euros para a mesquita de Jamkaran, um popular centro de peregrinação onde os mais religiosos lançam num poço mensagens para o imã. O mais interessante do regresso do 12.º imã é que, segundo as profecias, este chegará depois do caos, da guerra e da carnificina.

Ahmadinejad é um devoto do ayatollah Mohammd Mesbah Yazdi, o mais conservador entre os poderosos e influentes oligarcas clericais iranianos. Este clérigo de Qom - cidade santa e principal centro de estudos religiosos xiitas - defende o isolamento total do Irão das influências do Ocidente e considera heréticas todas as interpretações não literais do Alcorão. É o principal teórico dos que se opõem às reformas no Irão.

Não estranha, portanto, que assim que tomou conta dos destinos de Teerão (e depois do país), a ênfase de Ahmadinejad tenha sido inverter quase tudo o que os reformistas alcançaram nos oito anos em que Khatami esteve no poder. Segregação das mulheres, redução da cultura aos estudos religiosos, imposição de códigos estritos de comportamento e indumentária, erradicação das ideias reformistas das universidades, restrições à liberdade de imprensa com o fecho de jornais e de rádios, violação dos direitos humanos. |
DN
 
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