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Fungo ajuda a compreender mecanismo de suicídio das células

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Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto, em parceria com a Universidade de Berkeley, nos EUA, demonstrou pela primeira vez que é possível induzir a morte celular programada através de um agente exógeno. Num artigo a ser publicado amanhã pela revista "Journal of Biological Chemistry", os cientistas explicam como é que a apoptose nas células do fungo "Neurospora crassa" pode servir de modelo biológico para o estudo de terapêuticas mais específicas para condições como o cancro, doenças neurodegenerativas ou enfartes do miocárdio.




Liderado por Arnaldo Videira, investigador do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), o grupo descobriu que a estirpe mutante de Neurospora crassa, fungo em estudo há mais de 20 anos no laboratório e que tem servido de modelo experimental para a compreensão da cadeia mitocondrial, era mais resistente que a estirpe selvagem (não-mutante) a uma droga que induz a morte celular programada, ou apoptose.

Mas o qual é a importância deste mecanismo? Contactada pelo Ciência Hoje, Ana Castro, primeira autora do estudo e investigadora do IBMC explicou: "No fundo as nossas células têm duas formas de morte, ou morrem por necrose - uma morte passiva, que acontece por exemplo quando uma pessoa se queima -, ou morrem por apoptose, uma morte celular programada que tem um papel fundamental, por exemplo quando os embriões humanos com cerca de cinco semanas perdem as membranas interdigitais ou no ciclo menstrual das mulheres, que corresponde à apoptose das células endometriais do útero".

Acrescentou, salientando a vantagem de não haver resposta inflamatória do organismo: "Quando as células percebem que não estão a cumprir a sua função ou que já não são precisas accionam o seu próprio suicídio".

De acordo com Ana Castro, importa perceber como é que se pode controlar ou induzir esta morte celular programada em situações de excesso ou deficiência, responsáveis por algumas doenças. "Morte celular programada em deficiência leva a situações como cancro, auto-imunidade e infecções persistentes. Quando ocorre em excesso temos Alzheimer, Parkinsons, Sida e enfartes do miocárdio", sublinhou a investigadora.

Antes de pensar em fármacos que possam actuar sobre a morte celular programada, a prioridade é agora perceber todos os mecanismos envolvidos, trabalho com largos horizontes mas que será facilitado pelo facto do fungo que conduziu a esta primeira conclusão ser um material que se consegue facilmente e estar completamente sequenciado.

"Em situações como o cancro, as mitocôndrias têm um papel fundamental (porque apresentam características diferentes das mitocôndrias células normais) e se conseguíssemos controlar ou induzir-lhes morte celular programada seria uma terapêutica específica e não generalista. Para isto é fundamental descobrir os mecanismos básicos", frisou a investigadora.

Questionada sobre o impacto do estudo, Ana Castro disse que este é "mais uma luz", nomeadamente sobre a importância dos radicais livres, formas químicas que destroem as células e cuja produção, pelas próprias células, ainda não está totalmente esclarecida.

"Isto em ciência é tudo muito importante mas no fundo a importância é relativa. A ciência vai-se fazendo com pequenos passos", conclui Ana Castro

Ciência hoje
 
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