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Lendas populares sobre o Rio Lima
Com relação ao rio Lima, história e lenda encontram-se tão interligadas que nem sempre é fácil delimitar onde acaba uma e começa outra.
Foi sempre a beleza do rio a provocar encómios e o sentimento de incapacidade duma expressão condigna a atrair o poder sugestivo da lenda. Vem dos velhos tempos o processo.
Estrabão designou-o por Beliom e relata ter ocorrido nas suas margens um episódio militar entre Túrdulos e Célticos.
Iam já a atravessá-lo quando surgiu entre os dois povos uma discórdia.
Lutaram e foi o sangue do próprio comandante que se juntou ao de muitos outros a macular a brancura das águas.
Desorientados ficaram os soldados e, sem comando, se dispersaram pelas margens, em luta pela sobrevivência.
Lucano chamou-lhe o "Deus do Tacitus", em virtude da mansidão com que corriam as suas águas.
Tito Lívio denominou-o "Rio do Esquecimento" (Oblivionis fluvis ou flumen).
Surgiu, então, a sua identificação como Lethes da mitologia, que tinha o condão de provocar em todos os que o transpusessem o olvido do passado e da própria pátria.
Campos Elísios passaram, em consequência, a apelidar-se os que circundavam, isto é, as suas margens.
Mais semelhantes a jardins, no conceito mitológico; onde, segundo o testemunho de Políbio, só durante três meses do ano as rosas não floriam.
E ainda Estrabão que nos diz ser esta a terra perfeita por qualquer fugitivo de Roma.
Dentro deste condicionalismo, aqui chegaram um dia, sob o comando de Décios Junos Brutos, as legiões romanas, com as altivas águias a tremularem nos pendões.
Vitoriosas haviam pisado as terras que estavam para sul e propunham-se prosseguir.
Desciam, a justante, dos lados de Ponte de Lima e teriam iniciado a jornada desse dia em Vitorino das Donas:
"Daqui saiu Bruto pelos campos tão celebrados com o nome de Elysios a procurar lugar em que com o se exército pudesse vadear as cristalinas águas do Lethes tão respeitadas com a fabula virtude de encantadoras." (João de Barros, Antiguidades de Entre Douro e Minho).
Encontravam-se no lugar da Passagem e fácil pareceu ao comandante a travessia.
Nesse sentido emitiu ordens, mas encarniçada se revelou a resistência dos soldados, conhecedores como eram dos poderes sortílegos atribuídos às suas águas.
Não perdeu ele a serenidade nem achou conveniente procurar convencê-los por meio de palavras.
Tomou a bandeira, ergueu-a ao alto, transpôs o vau e, já da outra margem, a muitos chamou pelo nome e incitou a seguirem-lhe o exemplo.
Por esse meio os convenceu de que, afinal, não era verdade o que a lenda propalava.
Assim exaltado nos advém, das mais longínquas eras, o fascínio deste rio que até aos nossos dias tem sido cantado por todos quantos puderam contemplá-lo.
Transcrito de: Conde de Bertiandos, in Lendas
Com relação ao rio Lima, história e lenda encontram-se tão interligadas que nem sempre é fácil delimitar onde acaba uma e começa outra.
Foi sempre a beleza do rio a provocar encómios e o sentimento de incapacidade duma expressão condigna a atrair o poder sugestivo da lenda. Vem dos velhos tempos o processo.
Estrabão designou-o por Beliom e relata ter ocorrido nas suas margens um episódio militar entre Túrdulos e Célticos.
Iam já a atravessá-lo quando surgiu entre os dois povos uma discórdia.
Lutaram e foi o sangue do próprio comandante que se juntou ao de muitos outros a macular a brancura das águas.
Desorientados ficaram os soldados e, sem comando, se dispersaram pelas margens, em luta pela sobrevivência.
Lucano chamou-lhe o "Deus do Tacitus", em virtude da mansidão com que corriam as suas águas.
Tito Lívio denominou-o "Rio do Esquecimento" (Oblivionis fluvis ou flumen).
Surgiu, então, a sua identificação como Lethes da mitologia, que tinha o condão de provocar em todos os que o transpusessem o olvido do passado e da própria pátria.
Campos Elísios passaram, em consequência, a apelidar-se os que circundavam, isto é, as suas margens.
Mais semelhantes a jardins, no conceito mitológico; onde, segundo o testemunho de Políbio, só durante três meses do ano as rosas não floriam.
E ainda Estrabão que nos diz ser esta a terra perfeita por qualquer fugitivo de Roma.
Dentro deste condicionalismo, aqui chegaram um dia, sob o comando de Décios Junos Brutos, as legiões romanas, com as altivas águias a tremularem nos pendões.
Vitoriosas haviam pisado as terras que estavam para sul e propunham-se prosseguir.
Desciam, a justante, dos lados de Ponte de Lima e teriam iniciado a jornada desse dia em Vitorino das Donas:
"Daqui saiu Bruto pelos campos tão celebrados com o nome de Elysios a procurar lugar em que com o se exército pudesse vadear as cristalinas águas do Lethes tão respeitadas com a fabula virtude de encantadoras." (João de Barros, Antiguidades de Entre Douro e Minho).
Encontravam-se no lugar da Passagem e fácil pareceu ao comandante a travessia.
Nesse sentido emitiu ordens, mas encarniçada se revelou a resistência dos soldados, conhecedores como eram dos poderes sortílegos atribuídos às suas águas.
Não perdeu ele a serenidade nem achou conveniente procurar convencê-los por meio de palavras.
Tomou a bandeira, ergueu-a ao alto, transpôs o vau e, já da outra margem, a muitos chamou pelo nome e incitou a seguirem-lhe o exemplo.
Por esse meio os convenceu de que, afinal, não era verdade o que a lenda propalava.
Assim exaltado nos advém, das mais longínquas eras, o fascínio deste rio que até aos nossos dias tem sido cantado por todos quantos puderam contemplá-lo.
Transcrito de: Conde de Bertiandos, in Lendas
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